Música
clássica
Artigo Mauricio berwald
fonte wikipedia
Música
clássica, ou Música erudita, é o nome dado à principal variedade de música
produzida ou enraizada nas tradições da música secular e litúrgica ocidental,
que abrange um período amplo que vai aproximadamente do século IX até o
presente,[1] e segue cânones pré- estabelecidos no decorrer da história musical
. As normas centrais desta tradição foram codificadas entre 1675 e 1900,
intervalo de tempo conhecido como o período da prática comum.
Segundo o
Dicionário Grove de Música, música erudita é música que é fruto da erudição e
não das práticas folclóricas e populares. O termo é aplicado a toda uma
variedade de músicas de diferentes culturas, e que é usado para indicar
qualquer música que não pertença às tradições folclóricas ou populares.
A música
ocidental distingue-se de outras formas de música, principalmente, por seu
sistema de notação em partituras, em uso desde o século XVI. O sistema
ocidental de partituras é utilizado pelos compositores para prescrever, a quem
executa a obra, a altura, a velocidade, a métrica, o ritmo e a exata maneira de
se executar uma peça musical. Isto deixa menos espaço para práticas como a
improvisação e a ornamentação ad libitum, que são ouvidas frequentemente em músicas
não europeias (ver música clássica da Índia e música tradicional japonesa) e
populares.
O gosto do
público pela apreciação da música formal deste gênero vem entrando em declínio
desde o fim do século XX, marcadamente nos países anglófonos.[6] Este período
viu a música clássica ficar para trás do imenso sucesso comercial da música
popular, embora o número de CDs vendidos não seja o único indicador da
popularidade do gênero.[7] Oposto aos termos música popular, música folclórica
ou música oriental, o termo "música clássica" abrange uma série de
estilos musicais, desde intricadas técnicas composicionais (como a fuga) até
simples entretenimento (operetas).
O termo só apareceu originalmente no início do
século XIX, numa tentativa de se "canonizar" o período que vai de
Bach até Beethoven como uma era de ouro.Na língua inglesa, a primeira
referência ao termo foi registrada pelo Oxford English Dictionary, em cerca de
1836. Hoje em dia, o termo "clássico" aplica-se aos dois usos:
"música clássica" no sentido que alude à música escrita
"modelar," "exemplar," ou seja, "de mais alta
qualidade", e, stricto sensu, para se referir à música do classicismo, que
abrange o final do século XVIII e parte do século XIX.
Características
Devido à
forma extremamente diversificada de formas, estilos, gêneros e períodos
históricos que geralmente são descritos pelo termo "música clássica",
é uma tarefa complexa listar características que possam ser atribuídas a todas
as obras deste tipo de música. Existem, no entanto, características que a
música clássica tem e que poucos (ou até mesmo nenhum outro) tipo de música
apresenta.
Instrumentação
A música
clássica frequentemente se distingue pelo amplo uso que faz de instrumentos
musicais de diferentes timbres e tonalidades, criando um som profundo e rico.
Os diferentes movimentos da música clássica foram afetados principalmente pela
invenção e modificação destes instrumentos ao longo do tempo. Embora a música
clássica não tenha um "conjunto" de instrumentos necessários para que
certos padrões de sua execução sejam preenchidos, os compositores escrevem suas
obras tendo em mente diferentes conjuntos instrumentais:
orquestras:
Uma orquestra composta por todas as famílias instrumentais acústicas: as cordas
(violino, viola, violoncelo e contrabaixo), as madeiras (flauta, oboé,
clarineta, fagote,etc.), os metais (trompete,trompa trombone, tuba) e a
percussão (tímpano, gongo, xilofone etc.). Saxofone e violão eventualmente
também participam de uma orquestra, além de pianos, órgãos e celestas. Para as
orquestras são escritas as sinfonias. Quando se destaca um instrumento da
orquestra que será a voz principal, para o qual a melodia foi composta,
trata-se de um concerto.Mesmo destacando-se um instrumento ou conjunto de
instrumentos nos concertos, a orquestra toda pode estar presente. As orquestras
também realizam os acompanhamentos das óperas, que são compostas para a voz
humana. A voz pode ser classificada da mesma maneira que os instrumentos,
observando-se a extensão de notas alcançada por ela. As vozes mais agudas são
chamadas "soprano", as vozes mais graves são os "baixo",
que alcançam as notas mais graves.
Os
instrumentos usados na música clássica foram, em grande parte, inventados antes
de meados do século XIX (frequentemente muito antes disso), e seu uso foi
codificado nos séculos XVII e XIX; consistem de todos os instrumentos
tipicamente encontrados numa orquestra, acrescidos de outros como o piano, o
cravo e o órgão.
Instrumentos
elétricos: Alguns instrumentos elétricos como a guitarra aparecem ocasionalmente
na música clássica dos séculos XX e XXI. Tanto músicos clássicos como populares
experimentaram, nas últimas décadas o uso de instrumentos eletrônicos, o
sintetizador, técnicas elétricas e digitais como o uso de samplers e efeitos
gerados por computadores, além de instrumentos pertencentes a outras culturas,
como o gamelão.
Nenhum dos
instrumentos categorizados como baixo existiam até o Renascimento. Na música
medieval os instrumentos dividiam-se em duas categorias: instrumentos de volume
mais alto, utilizados ao ar livre ou em igrejas, e os instrumentos mais
silenciosos, usados internamente. Diversos dos instrumentos associados hoje em
dia com a música popular costumavam ter um papel importante na música clássica
arcaica, tais como gaitas de fole, vihuelas, hurdy-gurdies e algumas madeiras.
Por outro lado, instrumentos como o violão, que eram associados principalmente
à música popular, ganharam destaque na música clássica ao longo dos séculos XIX
e XX.
Embora o
temperamento igual tenha passado gradualmente a ser aceito como o temperamento
dominante durante o século XIX, diferentes temperamentos foram usados,
historicamente, nas músicas dos períodos mais arcaicos. Por exemplo, a música
do Renascimento Inglês frequentemente é executada no temperamento mesotônico.
Os instrumentos de teclado quase todos partilham a mesma disposição das teclas
(chamado frequentemente de 'teclado de piano'), embora sejam quase sempre
tocados com técnicas diferentes de acordo com cada instrumento.
Forma e
técnicas de execução
Enquanto a
maior parte dos estilos de música popular utilize o formato de canções, a
música clássica utiliza outras formas como o concerto, a sinfonia, a ópera, a
música de dança, a suíte, o estudo, o poema sinfônico, entre outros.
Os
compositores clássicos frequentemente aspiram instilar em sua obra um complexa
relação entre seu conteúdo afetivo (emocional) e os meios intelectuais usados
para obter este conteúdo. Muitas das obras mais apreciadas da música clássica
utilizam o desenvolvimento musical, processo pelo qual um motivo ou ideia
musical é repetido em diferentes contextos, ou em formatos e formas alterados.
Os gêneros clássicos como a forma sonata e a fuga empregam formas rigorosas de
desenvolvimento musical.
O desejo da
parte dos compositores da música clássica de obter grandes feitos técnicos ao
compor sua música, partilhado pelos músicos do estilo, que se deparam com metas
similares de domínio técnico, é demonstrado pela quantidade proporcionalmente
alta de tempo que dedicam a instrução e estudo, comparado aos músicos
"populares", e pelo grande número de escolas secundárias, incluindo
conservatórios, dedicados ao estudo e ensino da música clássica. O único outro
gênero de música, no Ocidente, que apresenta oportunidades comparáveis de
educação secundária é o jazz.
Complexidade
A performance
do repertório de música clássica frequentemente exige um nível significativo de
domínio técnico por parte do músico; a proficiência na leitura à primeira vista
e na execução em conjunto, a compreensão minuciosa dos princípios tonais e
harmônicos, o conhecimento da prática de performance e uma familiaridade com o
idioma estilístico e musical inerente a determinado período, compositor e obra
musical estão entre as aptidões mais essenciais para um músico com treinamento
clássico. Obras do repertório clássico frequentemente exibem uma complexidade
artística através do uso do desenvolvimento temático, do fraseado, da
modulação, dos períodos, seções e movimentos.
A análise musical de uma composição tem como
meta atingir uma maior compreensão desta obra, levando a uma audição mais plena
de significado, e com maior apreciação, do estilo de um compositor.
Sociedade
Frequentemente
tida como opulenta, ou representante da sociedade refinada, a música clássica
geralmente nunca foi popular com a sociedade proletária. No entanto, a
tradicional percepção de que apenas as classes mais abastadas têm acesso e
apreciam a música clássica, ou até mesmo que a música clássica representa esta
sociedade de classes altas, é cada vez mais vista como incorreta, visto que
diversos dos músicos clássicos em atividade têm origem na classe média e que os
frequentadores de concertos e compradores de CDs do gênero não pertencem
necessariamente às classes mais altas. Até mesmo no período clássico, as óperas
bufas de Mozart, como Così fan tutte, eram popular entre as camadas mais comuns
da sociedade.
A música
clássica é também frequentemente retratada na cultura pop como música de fundo
para filmes, programas de televisão e anúncios publicitários; como resultado
disto, a maior parte das pessoas no Ocidente regularmente - muitas vezes de
maneira desavisada - escuta peças de música clássica. Pode-se, assim,
argumentar que os níveis relativamente baixos de vendagem das gravações de
música clássica não são um bom indicador de sua popularidade real. Em tempos
mais recentes a associação de certas peças clássicas com alguns eventos
relevantes levou a breves aumentos no interesse por determinados gêneros
clássicos. Um bom exemplo disto foi a escolha da ária "Nessun dorma",
da ópera Turandot, de Giacomo Puccini, como música-tema da Copa do Mundo de
1990, o que levou a um notável aumento no interesse popular pela ópera e, em
particular, pelas árias cantadas por tenores, o que eventualmente levou aos
concertos e álbuns de grande sucesso dos Três Tenores.
A atmosfera
dos concertos
Interior de
uma casa de ópera barroca
Para nós,
hoje acostumados com uma atmosfera solene e silenciosa nos concertos, é difícil
acreditar que nos teatros italianos dos séculos XVII e XVIII, a plateia
assistia às óperas e concertos em verdadeiro caos, conversando, se provocando e
até mesmo jantando durante as apresentações! Toda a confusão apenas parava
quando o grande solista da noite se apresentava, como, na época dos Castrati,
acontecia quando um grande nome como Cafarelli ou Farinelli apresentava uma de
suas grandes árias do repertório.
Outra
característica do público erudito é a exigência que se tem com relação aos
intérpretes - podendo ser até vaiados em apresentações - mas também a devoção
que demonstram àqueles que não carecem de qualidade - numerosos são os
"Bravíssimos!" a estes artistas.
A atmosfera
do concerto sempre estará intimamente ligada à natureza da música apresentada -
talvez seja leve como uma comédia de Rossini ou tensa como as aventuras do Peer
Gynt de Edward Grieg. O público erudito, como qualquer público de qualquer
estilo de música, liga muito seus sentimentos àquilo que escuta.
Hoje também
se tem um contato menos frio do artista-público. Hoje é comum o maestro ou o
solista se dirigirem à sua plateia, do mesmo jeito que perdeu-se o costume de
usar traje social nestes concertos - estas atitudes tem, como principal
objetivo, fazer com que a população toda volte a ter mais contato com a música
erudita e perca o preconceito de que a música erudita seja "chata" ou
para ricos.
E cada vez
mais frequentemente, surgem os espetáculos que pretendem desmitificar esse lado
"snob". Os concertos Promenade, na Inglaterra; a Folle Journée na
França (em Nantes); a "Festa da Música" em Portugal, no Centro
Cultural de Belém e O "Festival Internacional de Inverno" no Brasil
(em Domingos Martins) são iniciativas que marcam a democratização de um gênero
musical que faz, sem dúvida, parte do patrimônio cultural da humanidade.
Interpretação
das obras
Trecho de
música em notação moderna com detalhadas indicações para interpretação:
Pagodes, de Debussy
A transmissão
escrita, juntamente com o profundo respeito guardado às obras clássicas, têm
implicações relevantes na interpretação musical. Espera-se, de uma forma
razoável, que os intérpretes executem a obra de acordo com as intenções
originais do compositor. Intenções essas que, geralmente, estão explicitadas
nos mais pormenorizados detalhes, na própria partitura. De facto, qualquer
desvio àquela que é considerada a intenção original do compositor pode ser
considerada, por determinado grupo de melómanos mais conservadores, como uma
traição à pureza de uma obra de arte que deve ser respeitada a todo o custo. A
este nível encontramos os intérpretes e maestros mais "técnicos", que
se "limitam" a executar escrupulosamente as indicações da partitura.
Como quase tudo o que envolve o gosto estético, há quem concorde e quem
discorde. Um exemplo de maestro que defendia esse gênero de execução das obras
musicais foi Arturo Toscanini, muitas vezes apelidado de "frio" por
alguns ouvintes que preferem as interpretações mais pessoais, que acrescentam
algo à obra original.
O pianista
Glenn Gould é um exemplo claro do intérprete-autor, que, por uma nova abordagem
das obras eruditas, acabou por contribuir com a sua capacidade e maestria
musical para a criação de algo novo, mas desviante dos padrões tradicionais.
Acontece, porém, que assim como há compositores que felicitam os intérpretes
por melhorarem as suas criações, para lá do que para eles era imaginável,
outros, como Maurice Ravel, quando ouviu, em 1930, a condução do seu
"Bolero" por Toscanini, ficam agastados. Ravel terá dito a Toscanini,
que foi antes mencionado como exemplo do maestro perfeccionista, que o que
ouvira era interessante… Mas não era o seu Bolero. Toscanini havia acelerado os
tempos, especialmente no final, o que ia totalmente contra as intenções de
Ravel.
Esse respeito
quase religioso às intenções originais do compositor levaram mesmo à criação de
peças musicais que quase parecem, ou são mesmo, reflexões sobre o poder do
compositor sobre os intérpretes - as mais extravagantes exigências de alguns
autores são respeitadas. No entanto, é certo que o intérprete tem uma
importância extrema na música erudita - ou como um transmissor fiel da
partitura ou como um segundo autor da obra - mesmo que pouco ou nada saibam,
formalmente, sobre composição. Alguns teóricos, como Umberto Eco no seu ensaio
"A Obra Aberta" (Opera aperta), chamam a atenção para a
irrepetibilidade de qualquer execução musical. Mesmo os mais fiéis executores
da composição não tocam o mesmo trecho, da mesma forma, duas vezes, o que leva
à apologia da recriação do reportório erudito e da improvisação, para a qual a
música erudita contemporânea continua pouco sensível, ao contrário de certos
gêneros como o jazz no qual a improvisação tem lugar central.
Durante a
época barroca, a improvisação era muito comum. Interpretações recentes das
obras pertencentes a esse período pretendem fazer reviver a prática da
improvisação, tal como era feita nessa fase da história da música. Durante o
período clássico, Mozart e Beethoven improvisavam, por exemplo, as cadenzas dos
seus concertos para piano, quando eram eles mesmos os solistas - dando menos
liberdade se o pianista fosse qualquer outro; razão para dizer que não deixavam
a sua reputação em mãos alheias.
Outra
polémica que costuma existir como consequência da veneração da obra original do
compositor tem a ver com a utilização ou não de instrumentos da época da
composição da obra, nas interpretações modernas das peças musicais mais
antigas. Alguns intérpretes e condutores, como Jordi Savall, têm uma abordagem
mais historicista: pretende-se tocar a obra nas mesmas condições em que foi
criada, ainda que os instrumentos actuais sejam perfeitamente idóneos, ou
superiores, em termos técnicos. Outros, como o já citado Glenn Gould, não se
preocupam ao adaptar ou mesmo melhorar obras eruditas escritas para um
instrumento, tocando-as noutro, mais moderno. Nesse último caso está a
interpretação em piano de obras escritas para cravo, por Johann Sebastian Bach.
História
As principais
divisões cronológicas da música clássica são: o período da música antiga, que
inclui a música medieval (476 – 1400) e a renascentista (1400 – 1600), o
período da prática comum, que inclui os períodos barroco (1600 – 1750),
clássico (1730 – 1820) e romântico (1815 – 1910), e os períodos moderno e
contemporâneo, que incluem a música clássica do século XX (1900 – 2000) e a
música clássica contemporânea (1975 – presente).
As datas são
generalizações, já que os períodos frequentemente se sobrepõem, e as categorias
são um tanto arbitrárias. O uso, por exemplo, do contraponto e da fuga,
considerados característico do período barroco, foi continuado por Haydn, que é
classificado como um compositor típico do período clássico. Beethoven, que
frequentemente é descrito como o fundador do período romântico, e Brahms, que é
classificado como um romântico, também usavam o contraponto e a fuga - porém
outras características de suas obras definiram esta categorização.
O prefixo
neo- é utilizado para descrever uma obra feita no século XX ou contemporânea
porém composta no estilo de um período anterior, como clássico ou romântico. O
balé Pulcinella, de Stravinsky, por exemplo, é uma composição neoclássica
porque é estilisticamente semelhante a obras do período clássico.
Raízes
As raízes da
música clássica ocidental estão na música litúrgica cristã, embora tenha
influências que datam da Grécia Antiga; o desenvolvimento de determinadas
tonalidades e escalas já havia sido estabelecido por antigos gregos como
Aristoxeno e Pitágoras.[18] Pitágoras criou um sistema de afinação, e ajudou a
codificar a notação musical em uso na época. Antigos instrumentos usados na
Grécia, como o aulo (um instrumento de palheta) e a lira (semelhante a uma
pequena harpa) levaram ao eventual desenvolvimento dos instrumentos usados
atualmente nas orquestras clássicas ocidentais.[19] Este período na história da
música, que vai até a queda do Império Romano (476 d.C.), é chamado de música
da Antiguidade; pouco restou do período, no entanto, em termos de evidências
musicais, e a sua maior parte veio do mundo grego.
Período
antigo
Manuscrito do
Agnus Dei da Missa Barcelona, século XIV. Biblioteca da Catalunha, Barcelona.
O período
medieval inclui a música feita a partir da queda de Roma até por volta de 1400.
O canto monofônico, também conhecido como canto gregoriano, foi a forma
dominante até cerca de 1100.[20] A música polifônica (com múltiplas vozes) se
desenvolveu na segunda metade da Idade Média e ao longo do Renascimento,
período em que se desenvolveram as formas mais sofisticadas, como os motetos. O
período renascentista, que durou aproximadamente de 1400 a 1600, foi
caracterizado pelo uso cada vez maior da instrumentação, de linhas melódicas
que se entrelaçam, e dos primeiros instrumentos descritos como baixos. A dança
como forma de evento social tornou-se cada vez mais difundida, e por
consequência formas musicais apropriadas a acompanhar estas ocasiões passaram a
ser padronizadas.
Foi neste
período que a anotação da notas numa pauta e outros elementos da notação
musical começaram a tomar forma.[21] Este fato tornou possível a separação da
composição de uma peça de música de sua transmissão; sem a música escrita, a
transmissão era oral, e estava sujeita a mudanças cada vez que era
retransmitida. Com uma partitura, uma obra musical podia ser executada em toda
a sua integridade sem a necessidade da presença do compositor A invenção da
prensa de tipos móveis, no século XV, teve grandes consequências na conservação
e transmissão da música feita a partir deste período.
Entre os
instrumentos de corda típicos do período antigo estão a harpa, o alaúde, a
viela e o saltério, enquanto instrumentos de sopro incluíam a família da flauta
(incluindo a flauta doce), a charamela (um membro antigo da família do oboé), o
trompete e a gaita de foles. Alguns órgãos existiam, porém estavam em sua
maioria restritos a igrejas, embora existissem variantes razoavelmente
portáteis.[24] Posteriormente, ao fim do período, começaram a surgiram versões
antigas dos instrumentos de teclado, como o clavicórdio e o cravo. Instrumentos
de corda como a viola da gamba também começaram a aparecer no século XVI,
juntamente com uma ampla gama de instrumentos de metais e madeiras. A impressão
permitiu a padronização das descrições e das especificações destes
instrumentos, juntamente com uma maior difusão das instruções de seu uso.
Em termos de
características musicais, durante o período da chamada música renascentista, no
século XIII, começa-se a repetição de melodias inteiras e surge a notação
métrica, abandonando-se os ritmos medievais. Em substituição ao sistema modal
surgem as tonalidades maiores e menores. Surge o cromatismo e aumenta-se o uso
de instrumentação. um dos principais estilos da época foi o madrigal.
Período da
prática comum
O chamado
período da prática comum ocorreu quando a maior parte das ideias que pautam a
música clássica ocidental tomou forma, foi padronizada e codificada. Iniciou-se
com o período barroco, que vai aproximadamente de 1600 até a metade do século
XVIII; seguiu-se o período clássico, que terminou aproximadamente em 1820, com
o advento do período romântico, que percorreu todo o século XIX e terminou por
volta de 1910.
Período
barroco
A música
barroca caracteriza-se pelo uso de complexos contrapontos tonais e pelo uso de
uma linha contínua de baixo. Os inícios da forma sonata foram estabelecidos na
canzona, bem como uma noção mais formal de tema e variações. As tonalidades
maior e menor também tomaram forma como meio de administrar a dissonância e o
cromatismo na música.
Durante o
período, a música tocada em instrumentos de teclado, como o cravo e o órgão
tornaram-se gradativamente mais populares, e a família de instrumentos de corda
do violino assumiu a forma pela qual é conhecida hoje. A ópera, uma forma de
drama musical sobre o palco, começou a se diferenciar das outras formas
musicais e dramáticas, e outras formas vocais como a cantata e o oratório
também se tornaram mais comuns.
Grupos instrumentais passaram a ficar cada vez
mais diversificados, e suas formações foram se padronizando; surgiram os
grandes grupos de músicos, as primeiras orquestras, e a música de câmara,
composta para grupos menores de instrumentos, onde cada parte era executada por
um instrumento individual, no lugar de um grupo de instrumentos semelhantes. O
concerto, como veículo para uma performance solo acompanhada de uma orquestra,
tornou-se extremamente difundido - embora a relação entre solista e orquestra
ainda fosse relativamente simples. As teorias em torno do temperamento igual começaram
a ser postas em prática, na medida em que possibilitavam uma amplitude maior de
possibilidades cromáticas em instrumentos de teclado de difícil afinação. O
temperamento igual possibilitou, por exemplo, a composição do Cravo Bem
Temperado, de Johann Sebastian Bach.[28]
Período
clássico
O período
clássico, que vai de cerca de 1750 a 1820, estabeleceu muitas das normas de
composição, apresentação e estilo do gênero. Foi durante este período que o
piano se tornou o principal instrumento de teclado. As forças básicas
necessárias para uma orquestra tornaram-se razoavelmente padronizadas (embora
viessem a crescer à medida que o potencial de uma gama maior de instrumentos
passou a ser desenvolvido nos séculos seguintes). A música de câmara cresceu e
passou a abranger grupos com 8 ou até 10 músicos, em serenatas.
A ópera
continuou seu desenvolvimento, com estilos regionais evoluindo paralelamente na
Itália, na França e nos países de fala alemã, e a ópera-bufa, ou ópera cômica,
conquistou maior popularidade. A sinfonia despontou como forma musical, e o
concerto foi desenvolvido até se tornar um veículo para demonstrações de
virtuosismo técnico dos instrumentistas. As orquestras dispensaram o cravo (que
fazia parte do tradicional continuo, no estilo barroco) e passaram a ser
regidas pelo primeiro-violino (conhecido como o spalla).
Instrumentos
de sopro se tornaram mais refinados durante o período clássico. Enquanto
instrumentos de palheta dupla como o oboé e o fagote eram razoavelmente
padronizados no barroco, a família da clarinete, de palheta simples, não eram
utilizados com frequência até que Mozart ampliasse o seu papel nos contextos
orquestrais, de câmara e de concerto.
O Classicismo
na música é caracterizado pela claridade, simetria e equilíbrio, seu período
coincidiu com o Iluminismo, que enfatizava a razão e a lógica.
Como já foi
dito, a "música clássica", propriamente dita, corresponde a um
período da história da música, também referido como Classicismo vienense.
Alguns autores preferem escrever, para evitar confusões, música Clássica (com o
C maiúsculo) para referir-se a música Erudita composta no período do
Classicismo.
Período
romântico
A música do
período romântico, que vai aproximadamente da segunda década do século XIX ao
início do século XX, caracterizou-se por uma atenção cada vez maior a uma linha
melódica extensa, assim como elementos expressivos e emotivos, paralelando o
Romantismo nas outras formas de arte. As formas musicais começaram a se
distanciar dos moldes usados na era clássica (mesmo aqueles que já haviam sido
codificados), e surgem peças em forma livre como noturnos, fantasias e
prelúdios, ao mesmo tempo em que as ideias preconcebidas a respeito da
exposição e do desenvolvimento destes temas passaram a ser minimizadas ou mesmo
ignoradas.[30] p. 200</ref> A música tornou-se mais cromática,
dissonante, com tonalidades mais coloridas e um aumento nas tensões (no que diz
respeito às normas aceitas pelas formas anteriores) envolvendo as armaduras
tonais.[31] A canção de arte (ou Lied) amadureceu neste período, bem como as
proporções épicas da grand opéra, que culminaram com o Ciclo dos Aneis, de
Richard Wagner. Este período foi marcado por Beethowen.
Pintura de
Josef Danhauser imaginando uma reunião com Liszt ao piano cercado de amigos: Alexandre
Dumas, George Sand, Marie d'Agoult; em pé, Hector Berlioz ou Victor Hugo,
Niccolò Paganini e Gioachino Rossini Karlheinz Stockhausen em 1994 com um
equipamento para criação de música eletrônica.
No século
cocó, as instituições musicais saíram do controle dos patronos ricos, à medida
que os compositores e músicos podiam construir vidas independentes da nobreza.
Um crescente interesse pela música por parte das classes médias por toda a
Europa ocidental incentivou a criação de organizações dedicadas ao ensino,
performance e preservação da música. O piano, que atingiu sua forma atual neste
período (graças, em parte, aos avanços industriais da metalurgia) tornou-se
imensamente popular entre essas classes média, e a demanda pelo instrumento fez
surgir um grande número de fabricantes do instrumento. Muitas orquestras
sinfônicas datam deste período; alguns músicos e compositores da época
tornaram-se verdadeiras estrelas em seus respectivos campos, e alguns, como
Franz Liszt e Niccolò Paganini, chegavam mesmo a sê-lo em ambos.
A família de
instrumentos utilizada na música clássica, especialmente pelas orquestras,
cresceu. Um número maior de instrumentos de percussão apareceu, e os metais
assumiram papeis de maior relevância, à medida que a introdução das válvulas
rotativas aumentou a amplitude de notas que podiam alcançar. O tamanho da
orquestra, que era composta tipicamente por 40 músicos durante o período
clássico, foi expandido, chegando a mais de 100 indivíduos.[33] A Sinfonia dos
Mil, de Gustav Mahler (1906), por exemplo, já foi executada por uma orquestra
com mais de 150 instrumentistas, e um coro de mais de 400 cantores.
As ideias e
instituições culturais europeias passaram a seguir a expansão colonial para
diferentes partes do mundo. Houve um aumento, especialmente no final do
período, das ideias nacionalistas na música (ecoando, em alguns casos, os
sentimentos políticos da época); compositores como Edvard Grieg, Nikolai
Rimsky-Korsakov e Antonín Dvorák ecoaram a música tradicional de suas pátrias
em suas composições.
Períodos
moderno e contemporâneo
O período
moderno se iniciou com a música impressionista, de 1910 a 1920, dominada por
compositores franceses (em oposição ao domínio existente até então dos alemães
na arte e, principalmente, na música). Compositores impressionistas como Erik
Satie, Claude Debussy e Maurice Ravel usavam escalas pentatônicas, um fraseado
longo e ondulante, e ritmos livres. O modernismo (1905 - 1985) marcou um
período no qual diversos compositores rejeitaram determinados valores do
período da prática comum, tais como a tonalidade, a melodia, a instrumentação e
a estrutura tradicionais. Compositores, acadêmicos e músicos desenvolveram
extensões da teoria e da técnica musical. A música clássica do século XX
engloba uma ampla variedade de estilos pós-românticos, inclui os estilos de
composição do romântico tardio, expressionista, modernista e pós-modernista, e
a música de vanguarda.
O termo
"música contemporânea" costuma ser utilizado para descrever a música
composta no fim do século XX até os dias de hoje e incluí a música eletrônica
de vanguarda, música eletroacústica, a música concreta francesa, neo
romantismo, minimalismo, entre outros. Seus maiores expoentes incluem John
Cage, Karlheinz Stockhausen, Iannis Xenakis, Philip Glass e Steve Reich.
Relacionamento
com a música popular
Esta página
ou secção não cita fontes confiáveis e independentes, o que compromete sua
credibilidade (desde dezembro de 2009). Por favor, adicione referências e
insira-as corretamente no texto ou no rodapé. Conteúdo sem fontes poderá ser
removido.
A relação
entre a música erudita e a música popular é uma questão polêmica
(principalmente o valor estético de cada uma). Os adeptos da música erudita
reclamam que este gênero constitui arte (e, por isso é menos vulgarizada)
enquanto que a música popular é mero entretenimento (o que implica um público
mais numeroso). Contudo, muitas peças musicais da chamada música pop, do rock
ou outro gênero denominado "ligeiro" são, reconhecidamente, peças de elevado
valor artístico (e, curiosamente, chamadas também de "clássicos",
como a música dos Beatles, Genesis, de Jacques Brel, Edith Piaf e Billie
Holiday, enquanto que algumas peças de música erudita se tornam datadas,
consideradas de mau gosto (consoante as épocas, podendo mais tarde ser
recuperadas, ou não) ou, mesmo, tornarem-se populares, ao serem incluídas em
filmes ou anúncios publicitários, por exemplo.
Quase toda a
gente conhece e chega a trautear algumas melodias de música erudita, mesmo sem
saber quem foi o compositor. É comum, por exemplo, associar árias de ópera com
momentos desportivos (no futebol, por exemplo, em que a ária "Nessun
dorma" da Turandot é explorada até à exaustão).
Pode-se
argumentar que a música erudita, em grande parte, mas nem sempre, tem como
característica uma maior complexidade. Mais especificamente, a música erudita
envolve um maior número de modulações (mudança da tónica), recorre menos à
repetição de trechos substanciais da peça musical (na música popular o refrão é
comum), além de recorrer a um uso mais vasto das frases musicais, que não são
limitadas por uma extensão conveniente para a sua popularidade entre o público
(ou seja, que permita à música "entrar no ouvido" ou seja, na
memória).
Na música erudita, o minimalismo vai contra
estas tendências que se acabaram de aplicar. No entanto, é normal que a música
erudita permita a execução de obras mais vastas em termos de duração (variando
de meia hora a três horas), usualmente divididas em partes mais pequenas (os
"movimentos"). Também aqui existem excepções: as miniaturas, as
bagatelas e as canções (como as de Schubert).
A música
popular pode no entanto ser bastante complexa em diferentes dimensões. O jazz
pode fazer uso de uma complexidade rítmica que não acontece numa larga maioria
de obras clássicas. A música popular pode recorrer também a acordes complexos
que destoariam (ou não, mas, em todo o caso são pouco usados) numa peça
erudita. A verdade é que aquilo a que se chama de música erudita é um campo de
uma vastidão enorme, difícil de espartilhar numa ou noutra regra.
A escolha dos
instrumentos utilizados para a execução das obras também pode diferir muito. No
início, a música erudita apenas se utilizou de instrumentos acústicos, não
elétricos, e que foram, na sua maioria, inventados antes de meados do século
XIX, ou muito antes disso. Consistem, essencialmente, nos instrumentos que
fazem parte de uma orquestra, em conjunto com alguns instrumentos solistas (o
piano, a harpa, o órgão…). Na música popular (pelo menos na moderna), a guitarra
eléctrica tem um grande protagonismo, enquanto que sua participação só passou a
ser considerada anos depois por parte dos compositores contemporâneos.
partir daí,
os dois gêneros vem experimentando instrumentos eletrônicos e elétricos (como o
sintetizador, a banda magnética…) bem como instrumentos de outras culturas até
agora afastadas da tradição musical ocidental (como o conjunto de instrumentos
de percussão orientais chamados de gamelan).
Outra
especulação interessante é saber se as peças de música popular continuarão a
ser ouvidas, ao longo do tempo, permanecendo tanto quanto as peças de música
erudita. Enquanto que estas permaneciam devido à sua natureza escrita, a música
popular (bem como as interpretações individuais das obras clássicas) tem hoje à
sua disposição os registros gravados em suporte de qualidade. Se é certo que
algumas peças de música popular que eram sucessos enormes há poucos anos atrás
já estão praticamente esquecidos, a verdade é que também muitas peças musicais
ditas eruditas deixam de fazer parte do repertório das orquestras, reaparecendo
pontualmente, quando algum intérprete as "descobre".
Os adeptos da música erudita podem acreditar
que o seu gênero tende mais para a intemporalidade. No entanto, muitos artistas
populares poderão permanecer e ganhar o estatuto de músicos de culto. Ainda que
quando alguém ouve música popular relativamente antiga (de algumas décadas
atrás) se utilize mais a expressão "nostalgia" por algo passado, que
não pertence ao presente; sentimento que raramente se encontra entre os adeptos
da música erudita. Só o tempo poderá demonstrar qual a música que permanecerá.
Erudita ou popular, a qualidade de cada uma estará sempre sujeita à avaliação
subjectiva dos ouvintes do futuro.
Papel da
música erudita na educação
Esta página
ou secção não cita fontes confiáveis e independentes, o que compromete sua
credibilidade (desde dezembro de 2009). Por favor, adicione referências e
insira-as corretamente no texto ou no rodapé. Conteúdo sem fontes poderá ser
removido.
Ao longo da
história da civilização ocidental, as famílias mais abastadas tinham
frequentemente a preocupação de que os seus filhos fossem instruídos na música
erudita desde cedo. Uma aprendizagem precoce de interpretação musical abre
caminho a estudos mais sérios em idades mais avançadas. Outros pais querem que
os filhos aprendam música por razões de estatuto social (as meninas aprendiam a
tocar piano, no século XIX - o que fazia, quase, parte do dote) ou para incutir
auto-disciplina. Existem estudos que parecem comprovar uma melhoria no
rendimento académico das crianças que aprendem música. Outros consideram que
conhecer as grandes obras da música erudita é uma obrigação cultural, fazendo
parte da chamada "cultura geral" mais ou menos elevada, mas geralmente
valorizada em termos sociais.
Diversos
compositores eruditos apresentaram abordagens para a educação musical. O alemão
Carl Orff propôs o instrumental Orff, um método para que crianças pudessem
aprender música. Tal método usa formas rudimentares de atividades diárias para
jovens, como cantar em grupo, praticar rimas e tocar instrumentos de percussão.
É baseado amplamente na improvisação e em construções tonais originais para que
a pessoa ganhe confiança e interesse no processo de pensar criativamente.
Fonte
Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.