SUBSIDIO
JUVENIS CPAD ÉTICA
CRISTÃ NA FAMÍLIA
TERCEIRO TRIMESTRE N.4
INTRODUÇÃO
Decálogo: Os Dez Mandamentos revelados
por Deus, por meio de Moisés. Os primeiros cinco dizem respeito aos deveres do
homem para com o Senhor; os outros cinco, do homem para com o semelhante.Jesus
declarou enfaticamente no Sermão do Monte que não veio descumprir a lei e, sim,
cumpri-la, e o fez, de forma plena em relação ao que o povo de Israel praticava
na antiga aliança. Assim, podemos ver que a ética cristã tem por base o
decálogo, no que concerne a seu aspecto espiritual e moral, e posta em prática
através do amor e da graça de Deus. A ética procedente dos dez mandamentos tem
seu apogeu na ética cristã, no ensino e na vida de Cristo, como nos mostram os
Evangelhos.
I. JESUS VALORIZOU OS DEZ MANDAMENTOS
1. Uma questão fundamental. Um jovem
judeu aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: “Bom Mestre, que farei para
conseguir a vida eterna?” (Mt 19.16). A pergunta do rapaz reflete o desejo
consciente ou inconsciente de todas as pessoas. O jovem pensava que podia fazer
por si mesmo alguma coisa, alguma boa obra, para assim, ser salvo. E entendia
que a salvação dependia de seu esforço pessoal.
2. A resposta inquietadora de Jesus.
Deixando de lado o lisonjeiro tratamento do jovem, Jesus lhe respondeu: “Por
que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar
na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17). Jesus sabia que estava diante de um
moço educado sob as regras éticas do judaísmo, em que a prática de atos
exteriores era mais importante do que o ser e o sentir espiritual; o formal era
mais valioso do que o real; o exterior era mais valioso do que o interior.
3. A guarda dos mandamentos. Indagado
pelo jovem sobre quais mandamentos para se entrar na vida, Jesus disse: “Não
matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;
honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19.18,19).
O moço disse que cumpria tudo desde a sua mocidade. Jesus, conhecendo seu
coração, lhe ordenou que vendesse o que tinha para dar aos pobres. Diante desse
mandato, o jovem saiu triste e decepcionado. O moço não era um tão terrível
pecador, mas não estava disposto a abrir mão da sua fortuna para cumprir o
“amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Jesus começou por Êxodo 20.13 e
terminou com Levítico 19.18. À luz da ética cristã, o que importa não é só o
não fazer, mas o praticar o que é justo e reto, movido pelo amor e de acordo
com a vontade de Deus.
4. O cumprimento da lei. No Sermão da
Montanha, Jesus foi categórico, ao afirmar que não veio para revogar a lei, mas
para cumpri-la (Mt 5.17-19). Com tal expressão, Jesus quis mostrar que, não
obstante ter Ele instaurado uma nova aliança, o essencial do decálogo não
estava ab-rogado. Tão somente, Ele trouxe uma nova maneira de cumprir a Lei,
valorizando o interior, muito mais do que o exterior. Tal entendimento é
fundamental para a consistência e solidez da ética cristã.
II. UM NOVO SENTIDO PARA O DECÁLOGO
1. “Não matarás” (Êx 20.13).
a) No Antigo Testamento. O sexto
mandamento da Lei de Moisés proibia tirar a vida de uma pessoa. Em Mateus 5.21,
Jesus disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que
matar será réu de juízo”. O matar em Êxodo 20.13 refere-se, no original, a
matar de modo premeditado, deliberado e doloso.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos
digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de
juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio! e qualquer
que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.21,22). Na ética de
Cristo, a prevenção é mais importante que a correção. Ele condena, não apenas o
ato de matar, mas as causas que levaram ao crime: a ira, a cólera e a agressão
verbal, entre outras. No Antigo Testamento, só era condenado quem matasse. No
Novo, é condenado quem se encoleriza ou maltrata seu irmão. Veremos outras
implicações éticas em lições posteriores. A reconciliação é o remédio para a
ira (vv.22-26).
2. “Não adulterarás” (Êx 20.14; Dt
5.18). O sétimo mandamento visava valorizar e proteger a família e o casamento,
livrando-o dos males funestos e destruidores da infidelidade conjugal, bem como
defender a pureza sexual.
a) No Antigo Testamento. “Ouviste o que
foi dito aos antigos: Não cometerás adultério” (Mt 5.27). O adultério só era
realmente condenado se ocorresse a conjunção carnal.
b) Na ética de Cristo. “Eu porém, vos
digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração
cometeu adultério com ela” (Mt 5.28). A exigência agora é muito maior, porque
parte dos motivos, e não apenas do ato. Cristo não apenas condena o ato, mas os
pensamentos impuros, as fantasias sexuais, envolvendo uma pessoa que não é o
cônjuge do transgressor. É condenado o “adultério mental”. O décimo mandamento
abrange esse pecado (Êx 20.17 e Dt 5.21).
3. O divórcio (Dt 24.1). O homem podia
desquitar-se ou divorciar-se de sua esposa por motivos os mais diversos, mesmo
que não houvesse infidelidade.
a) No Antigo Testamento. “Também foi
dito: qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite” (Mt 5.31).
O marido podia repudiar sua mulher, caso não achasse “graça em seus olhos”, ou
por “achar nela coisa feia”, e a mandava embora de casa.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos
digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição,
faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete
adultério” (Mt 5.32). Na vigência da Lei, o homem podia deixar sua mulher “por
qualquer motivo” (Mt 19.3); a partir de Cristo, só a infidelidade (em suas
diversas formas) justifica a separação, caso não haja perdão do cônjuge
ofendido. Em nossos tempos, tal caso piora em relação à mulher como
transgressora, como se o homem não fosse igualmente transgressor.
4. Não tomar o nome do Senhor em vão
(Êx 20.7 e Lv 19.12). Era o terceiro mandamento, que proibia o homem jurar
falsamente em nome do Senhor.
a) No Antigo Testamento. “Outrossim,
ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus
juramentos ao Senhor” (Mt 5.33).
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos
digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus,
nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a
cidade do grande Rei, nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um
cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque
o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.34-37). Com Cristo, a
integridade no falar é mais importante do que fazer juramentos formais.
5. Olho por olho, e dente por dente (Êx
21.24). A “pena de Talião” funcionava no Antigo Testamento.
a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que
foi dito: Olho por olho e dente por dente” (Mt 5.38).
b) Ética de Cristo. “Eu, porém, vos
digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita,
oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a
vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma
milha, vai com ele duas” (Mt 5.39-41). A conduta cristã é, no Novo Testamento,
mais exigente do que era no Antigo. Dar a outra face a quem lhe bater, mesmo no
sentido figurado, não é comportamento comum ou fácil de praticar, mesmo pelo
mais santo dos crentes. Só com a graça de Deus e o poder do Espírito Santo é
possível cumprir esse preceito ético. Isso ocorre com frequência em tempos de
perseguição à Igreja. Numa época como a atual em que há um endeusamento dos
direitos humanos, um crente precisa ter um acurado discernimento espiritual se
vier a perseguição.
6. O amor ao próximo. A Lei mandava
amar o próximo (Lv 19.18b). Mas os religiosos acrescentavam à Lei: “Aborrecerás
o teu inimigo”; algo que Deus nunca ordenou.
a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que
foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” (Mt 5.43). O
“próximo” eram só os judeus, suas famílias e suas autoridades; o “inimigo”, os
gentios.
b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos
digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que
vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem para que sejais
filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o sol se levante sobre maus e
bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.44,45). Esta visão
engrandece o conceito do amor, sendo também um verdadeiro teste para o cristão
em todos os tempos. O Mestre não admite o sentimento do ódio, nem mesmo a um
inimigo. Deus ama a todos (Jo 3.16); devemos fazê-lo também para sermos seus
filhos. Ver 1 Pe 2.23.Nesta lição, vemos que os princípios espirituais e morais
do Decálogo integram-se às leis do reino de Cristo, expostas no Sermão do
Monte. Os antigos cumpriam os mandamentos e estatutos, em Israel, de modo
formal e frio; se, para os homicidas havia condenação, os que odiavam ficavam
impunes. Contudo, Jesus deu aos mandamentos um sentido muito mais elevado,
aprofundando e ampliando o seu entendimento, tornando-os instrumentos da
justiça, bondade e amor de Deus.
VOCABULÁRIO
Ab-rogar: Pôr em desuso; anular,
suprimir, revogar, derrogar.
Categórico: Claro, explícito, positivo.
Escabelo: Banco pequeno para descanso
dos pés.
Funesto: Que fere mortalmente; fatal,
mortal; danoso, nocivo, ruinoso.
Incisivo: Decisivo, pronto, direto, sem
rodeios.
Lisonjeiro: lisonjear servilmente,
adulador, bajulador.
Revogar: Tornar nulo, sem efeito;
anular, invalidar.
Sinédrio: Supremo tribunal dos judeus,
formado por sacerdotes, anciãos e escribas — julgava os atos criminosos e
administrativos, referentes às tribos ou a cidades, até a destruição de
Jerusalém em 70 d.C. Ocupava-se, também, da religião prática: o cuidado com o
Templo e a investigação dos direitos dos mestres religiosos.
Mais Subsídio Teológico
“Assim, todas as normas cerimoniais,
morais ou cívicas da lei mosaica, apesar do seu caráter local e transitório,
não cabendo à igreja observá-las na realidade cultural contemporânea, foram
embasadas nos princípios de caráter explicitamente moral e espiritual que
aparecem na mesma lei, cuja universalidade está clara nas Escrituras. São
válidas para ‘todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares’. São
esses princípios que o Senhor reitera no Sermão do Monte e declara de maneira
contundente a sua importância como marco distintivo do Reino de Deus. São
referenciais permanentes e imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e
expressam não só o padrão de santidade exigido por Deus, mas também o tipo de
reação que se espera do crente diante das diferentes circunstâncias da vida” (A
Transparência da Vida Cristã. CPAD, p.71).(Mauricio Berwald).
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PAZ DO SENHOR
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