II - A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-9)
1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5).
Usando como gancho o fato de que mesmo os mestres são passíveis de erro, Tiago insere o tema da língua, ao falar do “tropeço na palavra”, isto é, o tropeço na fala: “Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2b).
Para realçar diante de seus leitores o poder da língua, o apóstolo usa duas metáforas: a do freio na boca dos cavalos e a do leme do navio (Tg 3.3,4). As duas ilustrações evidenciam como esses dois objetos menores, essas pequenas partes de um todo, têm o poder de influenciar completamente o todo, de direcionar e dirigir todo o conjunto — o freio dirige as ações dos cavalos e o leme conduz o imenso navio na direção que o capitão deseja. Apesar de alguns comentaristas verem nessas metáforas ilustrações para o importante papel de influência que os mestres teriam na igreja, entendendo que Tiago se refere aqui à “língua” dos mestres como controlando todo o “corpo” da Igreja, na verdade uma leitura atenta dessa passagem mostra que o assunto aqui já é outro. Os mestres já não estão no foco. O fato de também tropeçarem na fala como qualquer outra pessoa (Tg 3.2b) é que foi usado como gancho para o assunto “língua” — ou poder da língua. Ou seja, Tiago já não está se dirigindo à questão dos mestres, mas a um problema que todos os crentes enfrentam individualmente: a necessidade de controlarem suas línguas, de serem bons mordomos do que falam.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 98.
Tg 3.3-5 A palavra “refrear” (v. 2) levou Tiago a usar a ilustração do freio nas bocas dos cavalos (v. 3). A língua é um pequeno membro (v. 5), mas ele nos lembra que o tamanho do instrumento não é a verdadeira medida da significância das nossas palavras. Três figuras marcantes são usadas para chamar a atenção do leitor para essa verdade. As primeiras duas ilustram os valores positivos do falar controlado. O freio nas bocas dos cavalos (v. 3) é uma coisa pequena, mas ao usar o freio, literalmente ao controlar a língua do cavalo, guiamos o animal e atingimos os nossos propósitos. O leme (v. 4) é bem pequeno em comparação com o navio, mas ao controlar o leme, o piloto guia o navio de maneira segura.
Nas duas ilustrações, o autor mostra que algumas coisas muito pequenas podem produzir resultados bastante significativos. O mesmo ocorre com a nossa fala: “E isto que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas!” (NTLH).4 Embora os efeitos do falar estejam, com frequência, fora de proporção em relação ao tamanho da língua, esses efeitos podem ser salutares e construtivos. A chave é o controle, e esse controle é nosso dever cristão.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 174-175.
Tg 3.3-5 Freio... leme... língua... pequeno fogo.
O que estas coisas têm em comum? Todas elas são pequenas, mas são controladores muito eficientes - elas controlam alguma coisa muito maior que elas mesmas. Tiago está explicando o poder destruidor das nossas palavras. Nós vemos isto evidenciado na história, quando ditadores como Adolf Hitler, o aiatolá Khomeini, Josef Stalin e Saddam Hussein usaram suas palavras para mobilizar as pessoas para destruir outras. Nós vemos isto evidenciado nas divisões da igreja e na ruína da reputação de um pastor. E nós vemos como a violência verbal no lar pode destruir a própria personalidade e a natureza humana de cônjuges e crianças. Satanás usa a língua para dividir as pessoas e colocá-las umas contra as outras. As palavras ociosas são prejudiciais porque elas espalham a destruição rapidamente. Não devemos ser descuidados com as nossas palavras, pensando que poderemos pedir desculpas mais tarde, porque, mesmo fazendo isto, o estrago permanecerá. Poucas palavras pronunciadas com ira podem destruir um relacionamento que levou anos para ser construído. Lembre-se de que as palavras são como o fogo; elas não podem controlar nem reverter o estrago que fazem.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 678.
Tg 3.3-5 Nós podemos conduzir uma multidão pela maneira como falamos, tanto para o bem como para o mal. Martin Luther King foi um pastor batista, cujo pai e avô também tinham sido pastores. Sua liderança foi fundamental para o sucesso do movimento de igualdade de direitos civis entre negros e brancos nos Estados Unidos, nos idos de 1960. Enquanto exercia seu ministério em Montgomery, Alabama, relacionou-se com um grupo de militantes dos direitos civis e tornou-se conhecido ao liderar um movimento contra a segregação racial nos ônibus da cidade.
Em agosto de 1963, a campanha anti-racista atingiu o auge, quando mais de 200.000 pessoas participaram de uma concentração diante do monumento de Lincoln, em Washington. Na ocasião, Luther King pronunciou seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”. Ele disse à multidão presente, bem como aos pósteros: “Eu tenho um sonho, de que um dia, em meu país, os meus filhos sejam julgados não pela cor da sua pele, mas pela dignidade de seu caráter”.
Em 1964, ano em que Martin Luther King ganhou o Prêmio Nobel da Paz, o governo americano sancionou a lei dos direitos civis, favorável às minorias raciais. Martin Luther King foi assassinado por um atirador branco em Memphis, no Tennessee, em 4 de abril de 1968. Ele tombou como mártir da sua causa, mas deixou depois de si, um país melhor, mais justo e mais humano.
Mas a língua também pode induzir as pessoas à prática do mal. Adolf Hitler era um orador que eletrizava as massas e conduzia multidões inteiras à loucura e às práticas extremamente cruéis e desumanas. Ele usou sua oratória para levar a Alemanha à guerra. Suas ideias foram despejadas como ácido do inferno sobre a mente do povo alemão. Até hoje ficamos perplexos e atordoados ao vermos filmes como O Holocausto, A Lista de Schindler e O Pianista. Esses filmes retratam a realidade crua e perversa dá destruição em massa do povo judeu nos campos de concentração nazistas.
A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: o freio e o leme (3.3,4). Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso.
Tiago usa também a figura do leme. Um navio transatlântico é dirigido para lá ou para cá, pelo timoneiro, por meio de um pequeno leme. Imagine o que seria um navio sem o leme. Colocaria em risco a vida dos tripulantes, a vida dos passageiros e a carga que transporta. Isso seria um grande desastre. Sem leme, um navio seria um instrumento de morte, de naufrágio, de loucura. O leme, porém, pode conduzir esse grande transatlântico, fugindo dos rochedos, das rochas submersas e pode transportar em paz e segurança os passageiros, os tripulantes e a carga que nele está.
O que Tiago está dizendo é que se nós não controlarmos a nossa língua, nós seremos como um transatlântico sem leme e sem direção. Se não controlarmos nossa língua, vamos nos arrebentar nos rochedos, vamos nos destruir e vamos ainda destruir quem está perto de nós, porque a língua tem poder de dirigir para bem ou para o mal.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 61-63.
Tg 3.3 a) “Ora, quando pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, (também) lhes dirigimos o corpo inteiro”: com o freio se exerce o domínio sobre o animal todo. “Acima” do cavalo está o freio; por meio dele se decide sobre o cavalo. E “acima” do freio está o cavaleiro que move o freio. A pequena língua se assemelha ao pequeno freio. Nesse ponto predominante são tomadas as decisões acerca do que uma pessoa é e realiza, acerca da influência que ela exerce. Ademais, é sobretudo perante Deus que nossas palavras possuem um grande peso: “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda” (Sl 139.4). “As pessoas terão de prestar contas de cada palavra má que sai de sua boca” (Mt 12.36). Nossa tendência é não atribuir às palavras um significado tão grande. Atentamos para as ações, mas nem de longe na mesma medida para nosso falar. Contudo a Bíblia não diferencia dessa forma entre palavra e ação. Também palavras são ações. – Em toda essa metáfora a nossa existência corresponde ao corpo do cavalo, e nossa língua, nossa capacidade de falar, ao freio que o move. A questão decisiva é a identidade do cavaleiro! Será que somos realmente nós mesmos? Nós humanos nunca somos apenas dirigentes, mas sempre também dirigidos, nunca somos apenas sujeitos, mas sempre também objetos. Quem está em nossa “sela”? O Espírito do alto ou o espírito de baixo? Paulo escreve: “Os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14).
Tg 3.4 b) “Observai, igualmente, os navios! Eles, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro”: a pequena língua, em geral pouco notada, nossa capacidade de falar, tão natural para nós, é comparada agora com o pequeno leme, quase submerso na água. O pequeno leme determina o rumo do navio, apesar do tamanho da embarcação e da fúria das tempestades. Eis o navio, e “acima” dele, por assim dizer (não em sentido espacial, mas no que tange à importância), está o leme, e acima do leme está o timoneiro. Novamente levanta-se a pergunta: em nosso caso, quem está “no leme”, quem é o “timoneiro”, e permitimos que nosso Senhor “conduza o barco”? “Soberano, governa; Vitorioso, vence; Rei, usa teu poder” – sobre mim!
3 – Até agora Tiago falou apenas do grande efeito produzido pela língua. Com uma terceira ilustração ele passa a relatar, com realismo bíblico, que efeitos devastadores partem da língua, e também exatamente de onde vêm esses efeitos (v. 5s).
Tg 3.5 Inicialmente Tiago volta a sintetizar o que expôs até aqui: “Assim, também a língua é (apenas) um pequeno órgão e (não obstante) se gaba de grandes coisas.” Então, porém, continua: “Vede uma fagulha! Que grande selva ela põe em brasas.” Alguém larga descuidadamente um fósforo ou um toco de cigarro, ou um grupo de excursão assa linguiças e vai embora sem apagar o fogo.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
2. “A língua também é um ‘ fogo” (vv.6,7).
O apóstolo lembra que a língua “é um fogo”. A forte imagem que ele apresenta nos versículos 5 e 6, ao comparar a língua como um pequeno fogo que incendeia um bosque, objetiva justamente enfatizar os resultados trágicos de uma língua fora de controle. Ela é extremamente destrutiva, destruidora. Nesse caso, é uma língua que não tem freio, que não é controlada pela pessoa. Nessas condições, ela passa a ser um instrumento do “inferno” (v. 6).
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 98-99.
A terceira figura de Tiago que contrasta a magnitude da causa e a extensão dos efeitos também introduz a ideia dos resultados trágicos do falar incontrolado: Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo (w. 5-6). Tiago agora descreve a língua perversa. Easton traduz: “Neste mundo de injustiça, a língua é colocada entre os nossos membros”.5 Esse fogo destrói com o seu calor e contamina todo o corpo (v. 6) com sua fumaça. O incêndio inflamado por uma língua descontrolada é causado pelo Diabo; é inflamada pelo inferno. O curso da natureza é interpretado da seguinte forma: “O curso normal dos afazeres humanos é inflamado — tornando-se destrutivo para a humanidade — por línguas perversas”.
“Você e eu não existimos meramente como entidades separadas. Cada um de nós não é como uma casa separada da outra [...] Tiago nos vê como casas que estão reunidas em uma grande cidade. Um fogo que acende uma casa, logo se espalhará e se tomará um grande incêndio destrutivo”. O sentido do versículo todo é bastante claro na Bíblia Viva: “E a língua é uma chama de fogo. Está cheia de maldade e envenena todos os membros do corpo. E é o próprio inferno que ateia fogo à língua, que pode transformar toda a nossa vida numa chama ardente de destruição e desastre”.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 175.
Tg 3.6 A língua é um mundo de iniquidade por causa do estrago que ela pode causar ao mundo e ao resto da comunidade cristã. A língua sem controle pode transformar a vida de uma pessoa em um fogo de destruição. Isto significa que a língua pode destruir todo o bem que nós construímos durante toda a vida. Embora tenhamos ministrado durante anos e anos, e vejamos frutos abundantes, se deixarmos de controlar a nossa língua, podemos vir a desfazer todo o bem que construímos durante os nossos anos no ministério. As nossas palavras têm um poder que poucas outras habilidades têm, pois a nossa língua é inflamada pelo inferno. As chamas do ódio, do preconceito, da calúnia, dos ciúmes e da inveja parecem vir do mesmo lago de fogo onde Satanás será punido (veja Ap 20.10,14,15, para mais informações sobre o lago de fogo).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 678.
Tg 3.5-7 Tiago lança mão de outras duas figuras; o fogo e o veneno (3.5-8). Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda uma floresta. Você já parou para perceber que um incêndio de proporções tremendas pode ser causado por uma simples guimba de cigarro ou por um mero palito de fósforo? Aquela chama inicial é tão pequena que, se você der um sopro, ela se apaga. Mas o que adianta você soprar um fogo que se alastra por uma floresta? Aí não adianta mais. O fogo, depois que se agiganta e alastra torna-se indomável e deixa atrás de si grande devastação. Assim é o poder da língua. Onde um comentário maledicente se espalha, onde a boataria medra e onde a fofoca se infiltra, como labaredas de fogo, vai se alastrando e provocando destruição. Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói e provoca sofrimento, prejuízo e destruição, assim também é o poder da língua.
No dia 8 de outubro de 1871, às oito horas e trinta minutos da noite, durante uma campanha evangelística de Dwight Liman Moody, em Chicago, aconteceu um terrível incêndio. Mais de cem mil pessoas ficaram sem casas, dezessete mil e quinhentos prédios foram destruídos e centenas de pessoas morreram. Aquele incêndio Como conhecer o poder da língua começou tênue e pequeno, mas atingiu proporções avassaladoras. Assim é o poder da língua, diz Tiago.
É do conhecimento geral o que aconteceu no ano 64 d.C. na cidade de Roma. O imperador romano Nero, em sua insanidade, pôs fogo em Roma, assistindo o espetáculo horrendo das chamas lambendo a cidade com fúria e à destruição do alto da torre de Mecenas. Dos quatorze bairros de Roma, dez foram devastados e destruídos pelas chamas. O que Tiago está querendo nos alertar é que a língua tem o poder do fogo, o poder de destruir. Como o fogo destrói, também a língua destrói.
No final do século 19, na cidade de Denver, Colorado, Estados Unidos, quatro repórteres aguardavam ansiosamente a chegada de um famoso político, um senador, que haveria de visitar a cidade. Os repórteres posicionaram-se para receber o dito senador, um homem de projeção no país. Entrementes, para a frustração deles, o senador não chegou, e eles ficaram tão decepcionados e desiludidos que resolveram ir para o Oxford Hotel e começaram a beber. Durante toda aquela noite, beberam em excesso. Depois de embriagados, eles resolveram escrever uma matéria para o jornal que pudesse chamar a atenção da população. De forma contundente, escreveram um artigo cuja manchete era: “A China anuncia a derribada de suas multisseculares muralhas”.
A notícia chegou à China como uma bomba explosiva e provocou uma grande confusão. Os chineses reagiram furiosamente, abrigando um grande ódio pelos ocidentais.
Os cristãos ocidentais que moravam na China passaram a ser perseguidos. Essa malfadada notícia provocou na China a sangrenta Revolução dos Boxers.
Em maio de 1900 essa revolução se alastrou, provocando grandes tragédias e a perda de milhares de vidas. Foi preciso que os Estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha, a França e o Japão se unissem para defender os ocidentais. Dezenove mil soldados aliados capturaram Pequim no dia 14 de agosto de 1900, mas, naquele mesmo dia, duzentos e cinquenta ocidentais foram assassinados naquela cidade.
Só um ano depois é que o tratado de paz foi assinado.
Contudo, os chineses expulsaram os estrangeiros da China. Esse fato medonho, provocado por uma mentira, foi o combustível para inflamar o nacionalismo chinês, encarnado na revolução comunista de 1949. Aqueles quatro repórteres de Denver jamais poderiam imaginar que uma notícia inconsequente pudesse trazer transtornos, prejuízos e tragédias tão gigantescas, de proporções tão avassaladoras. Assim é a língua, diz Tiago.
Muitas vezes, faz-se comentários acerca de uma pessoa, ou de uma determinada situação, em um tom jocoso, em tom de brincadeira, mas não podemos imaginar o que uma palavra irrefletida, mal colocada, pode provocar na vida de uma pessoa. E, então, Tiago está nos alertando que a língua tem de igual modo o poder destruidor. Tiago diz no versículo 6 que a língua é fogo. Ele não disse que é como fogo, mas é fogo. Tiago faz uma afirmação categórica. Ele diz também que a língua é um mundo de iniquidade. A língua corrompe. Mais do que isso, a língua contamina, fermenta, joga uma pessoa contra a outra. Tiago diz no versículo 6 que a língua está situada entre os membros do nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também ela mesma é posta em chamas no inferno. Ela não só leva à destruição, como também será destruída.
Três coisas precisam ser destacadas no pensamento de Tiago.
Em primeiro lugar, a língua é perigosa (3.6). Ela é mundo de iniquidade, ela é fogo, ela coloca em destruição toda a carreira da vida humana.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 63-66.
Tg 3.6 “Também a língua é um fogo”: um fogo pequeno, insignificante, pouco considerado. “A língua se mostra entre os membros de nosso corpo como mundo da injustiça”: constitui um ponto de entrada singular para um espírito maligno em nossa vida, mas também o ponto de extravasamento desse espírito para nosso ambiente. Dessa maneira pode partir de nós uma influência profundamente consternadora, que deve nos assustar do mesmo modo como um incêndio florestal que causamos. Sem ponderar as palavras, relatamos algo, emitimos ou até mesmo sugerimos um juízo, e depois nos espantamos profundamente com o efeito disso e com o que outros fizeram disso (com os correspondentes acréscimos e exageros).
“Contamina o corpo inteiro”: Nosso Senhor Jesus Cristo diz: “Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso, sim, contamina o homem” (Mt 15.11).
“Põe em chamas o círculo da vida”: a idéia do “círculo da vida” ou da “roda da vida” pode vir do mundo intelectual indiano – como supõem muitos pesquisadores. Mas Tiago emprega a expressão simplesmente no sentido do “entorno” do ser humano, de nosso horizonte de vida e de todo o âmbito de nossa existência terrena.
Quando há um incêndio qualquer no mundo e vemos, na sequência, um monturo de escombros, pequenos ou grandes, é certo que a língua humana estava envolvida desde o começo. “O mundo da injustiça” parte da língua, derrama-se para dentro do mundo em redor do ser humano, confundindo e destruindo-o. Há uma legião de possibilidades para exercer uma influência tão maligna através da palavra humana falada, escrita e difundida pelos veículos de comunicação: mentira, desencaminhamento, suspeição, manipulação, instigação, agitação. As consequências: preconceito, inveja, ódio, fanatismo, ideologização, cupidez, indisciplina… No ataque-mor do inimigo e de seu séquito demoníaco na fase escatológica deste mundo, a língua que desencadeia o fogo maligno (Ap 13.5,11) terá um papel singular. É nisso que o pecado transforma a maravilhosa dádiva da fala!
Agora Tiago diz expressamente de onde vem, em última análise, esse fogo: “Pelo inferno é que ela é posta em chamas.” Novamente vemos aqui “acima”, ou “uma atrás da outra”, a “floresta”, ou seja, o mundo, que é incendiado e destruído, a palavra humana, que solta o estopim e causa o incêndio, e finalmente o fogo com o qual o estopim é aceso.
Tg 3.7 – Não conseguimos resolver tudo isso por nós mesmos, humanamente (v. 7s). É verdade que somos capazes de um espantoso número de coisas: “Toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido (definitivamente) domada pelo gênero humano”. Além dos animais poderíamos acrescentar muitas outras coisas: também a eletricidade e a energia atômica. É espantoso como o ser humano aprendeu a colocar a força da natureza que o cerca a seu serviço. Assume controle de tudo, menos de si mesmo, e isso se explicita com singular clareza em sua língua, em sua maneira de falar. As forças intelectuais do ser humano que se expressam nas ciências naturais e na tecnologia são muito maiores que suas forças éticas e de caráter. Isso ameaça causar, enfim, uma catástrofe.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
Pv 18.21 A morte e a vida estão no poder da língua. As questões da vida e da morte estão na língua; ela pode abençoar e pode amaldiçoar. Pode dar vida e pode matar. Pode curar ou pode ser como uma serpente que pica e fere. Existem palavras que são como espadas e palavras que são como dardos, mas também existem palavras que curam. O falar demais envolve a transgressão (ver Pro. 10.19); o falar precipitado causa o dano (ver Pro. 17.28); o silêncio é elogiável, especialmente o silêncio de um homem insensato, que se torna temporariamente sábio por manter a boca fechada (ver Pro. 17.28); o engano pode ganhar vantagens, mas acaba sendo maléfico (ver Pro. 20.17); a maledicência é uma arma temível (ver Pro. 11.13); uma resposta branda pode aquietar águas agitadas (ver Pro. 15.1). Ver sobre Pro. 11.9 e 13 quanto a notas de sumário sobre o assunto, e ver também, no Dicionário, o verbete intitulado Linguagem, Uso Apropriado da. No livro de Provérbios há cerca de cem provérbios que tratam desse assunto.
Sinônimo. Considere o leitor estes dois pontos:
1. Um bom discurso é como uma fruta (vs. 20), e aqueles que o apreciam comerão com satisfação.
2. Mas essa porção do versículo pode significar que as pessoas que falam muito amam o seu muito falar, mas sofrerão as consequências de seu excesso de palavras. Ver Pro. 10.19; 18.2; 20.19.
Se a primeira dessas duas interpretações é a correta, então é um paralelo à vida referida na primeira linha métrica. Mas se a segunda é que está correta, então ela é paralela à morte referida na primeira linha. Cf. Tia. 1.19,25; 3.6,8. Ver também Pro. 12.13 e 4.23, onde se diz o mesmo tipo de coisa sobre o coração que é dito sobre a língua. Pense o leitor nos oradores eloquentes, cheios de vigor, e o bem ou o mal que eles projetam contra os homens cuja mente é conduzida por causas boas ou más.
‘“Falar é barato’. 'Palavras, palavras, nada senão palavras’. ‘Ele é apenas um falador’. Essas declarações ilustram uma comum depreciação da importância da fala. Porém, haverá alguma coisa no mundo mais potente para o bem ou para o mal do que as palavras? A fala é a faculdade que diferencia os homens dos animais. A fala é sinal de personalidade. A autoconsciência se manifesta somente na fala. O pensamento é impossível sem as palavras, as quais representam ideias. As ações são precedidas por pensamentos, conforme Hence colocou a questão: ‘O pensamento antecede as ações como os relâmpagos antecedem os trovões'. Mas o pensamento é impelido por sugestões verbais. Toda a cooperação entre os seres humanos depende das comunicações verbais para haver sucesso. A solidariedade cultural de um grupo se baseia em uma linguagem comum. O caráter se revela pela linguagem de cada indivíduo. ‘O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau, do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração’ (Luc. 6.45). Assim sendo, Tiago (capítulo terceiro) não está equivocado quando dá tanta ênfase à língua” (Easton, comentando sobre Tia. 3.2).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2630-2631.
Pv 18.21 Observe: 1. Um homem pode fazer uma grande quantidade de bem ou uma grande quantidade de mal, tanto para os outros como a si mesmo, conforme o uso que faz da sua língua. Muitos provocaram a sua própria morte, por uma língua traiçoeira, ou a morte de outros por uma língua mentirosa; e, por outro lado, muitos salvaram a sua própria vida. ou buscaram a sua consolação, por uma língua gentil e prudente, e salvaram as vidas de outros, por um oportuno testemunho ou intercessão a favor deles. E, se pelas nossas palavras nós devemos ser justificados ou condenados, a vida e a morte, sem dúvida, estão no poder da língua. A língua foi o melhor alimento de Esopo, e o pior. 2. As palavras dos homens serão julgadas pelos sentimentos com que falam; aquele que não somente fala de maneira correta (o que um homem ímpio pode fazer, para salvar sua reputação ou agradar a seus amigos), mas ama falar bem, fazendo-o voluntariamente, e com prazer, para o tal a língua será a vida; e aquele que não somente fala de maneira equivocada (o que um homem bom pode fazer, inadvertidamente), mas ama falar assim (SI 52.4), para este a língua será a morte. Conforme os homens a amem, comerão os seus frutos correspondentes.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 815.
3. Para dominar a língua.
A língua só pode ser domada pela ação do Espírito Santo no coração
O apóstolo Tiago afirma que embora os animais mais bravos possam ser amansados pelo homem, a sua própria língua não pode ser domada por ele (Tg 3.7,8). Ele assevera claramente que a língua “é um mal que não se pode refrear, está cheia de peçonha mortal” (Tg 3.8b). Ou seja, não adianta tentarmos, por nossas próprias forças, domarmos a nossa língua. Então, como fazê-lo? A Palavra de Deus é clara: somente pela ação do Espírito Santo.
Tiago está falando aqui da língua como um fogo que tem o poder de colocar em chamas, no sentido de destruição, todo o curso da existência de uma pessoa — “...inflama o curso da natureza...” (Tg 3.6b) —, porém a Bíblia fala de um fogo santo, advindo do Espírito Santo, que incendeia positivamente nossa fala (Lc 3.16; At 2.2,3; 1 Ts 5.19), purificando-a, santificando-a, restaurando-a e tornando-a canal de bênção. Aliás, o próprio Tiago afirma que da língua pode proceder tanto a bênção quanto a mediação (no sentiam-se raiar o bem e bendizer, e de falar o mal e maldizer), e adverte seus leitores a não viverem nessa inconstância, mas a terem suas línguas apenas como canais de bênção (Tg 3.9,10). Ora, somente o Espírito Santo pode fazer isso, porque Ele vai até o centro do problema: o coração humano.
Lembremos que “língua” é uma expressão que se refere à linguagem, à fala, uma vez que a língua é apenas um veículo que expressa uma realidade interior, uma realidade que se encontra na mente, no coração do ser humano. O que determina se a língua será canal do mal ou do bem é o estado do coração da pessoa. Disse Jesus: “Do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mt 12.34). Logo, o que Tiago está dizendo aqui é que tudo é uma questão de ter a nossa vontade, o nosso coração, controlados por Deus. Se é a vontade que põe freio na língua, e nossa vontade é continuamente má por causa do pecado, não poderemos frear a língua, a não ser que Deus reine em nossa coração, a não ser que permitamos que o Espírito Santo nos guie, reine sobre nossa vontade, nos governe (Rm 8.5-11). Isso ocorre quando buscamos a presença de Deus e somos, assim, cheios do Espírito; então, o fruto do Espírito em nós gerado produz temperança, autocontrole (Ef 5.18-21; G1 5.16,22), e domamos nossa língua.
Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 99-100.
Tg 3.7-8 A figura do fogo enfurecido e fora de controle sugere uma nova comparação. A palavra porque (v. 7) indica uma explanação adicional dos resultados trágicos da fala descontrolada. Feras selvagens de todo tipo têm sido domadas e submetidas a servir o homem, mas nenhum homem pode domar a língua. E um mal que não se pode refrear (v. 8). A referência à domesticação de animais selvagens parece uma alusão “ao domínio dado originalmente ao homem sobre as criaturas inferiores, que não foi perdido, como infelizmente aconteceu com o controle da língua”.9 No versículo 7, o autor novamente mostra o seu prazer pela repetição e aliteração: toda natureza (physis) de bestas-feras foi domada pela natureza humana. A língua teimosa está cheia de peçonha mortal (cf. SI 58.4; 140.1-3). Alguns intérpretes entendem que esse texto quer dizer que uma pessoa não pode controlar a língua de outra. No entanto, todo contexto parece mostrar claramente que Tiago está falando de autocontrole. Nenhum homem pode domar sua própria língua porque sua motivação para o mal vem de impulsos poderosos não por escolha própria — a língua é incendiada pelo inferno.
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 175-176.
Tg 3.7,8 Embora as pessoas possam domar todas as criaturas (versão NTLH), nenhum homem pode domar a Língua. Por que? Porque ela é um mal que náo se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. A língua é sempre capaz de fazer o mal; ela permanece indomada ao longo da vida. Com a nossa língua, nós podemos atacar e destruir. Ao reconhecermos a capacidade mortal da língua, podemos dar os primeiros passos para mantê-la sob controle.
Nenhum homem pode domar a língua, mas Cristo pode. Para fazer isto, Ele vai diretamente ao coração (Mc 7.14,15; Sl 51.10) e à mente (Rm 12.1,2). Não devemos tentar controlar a nossa língua somente através de nossos próprios esforços; devemos confiar no Espírito Santo. Ele nos dará um poder crescente para monitorar e controlar o que dizemos. Pois, quando nós nos sentirmos ofendidos ou criticados injustamente, o Espírito nos lembrará do amor de Deus e nos impedirá de reagir. O Espírito Santo curará a mágoa e impedirá que ataquemos. Podemos nos certificar de que estamos sob o controle do Espírito incorporando as Escrituras à nossa vida e pedindo ao Espírito que oriente os nossos pensamentos e atos todos os dias.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 678-679.
Tg 3. 7 A língua é indom ável (3.7). O homem, com o seu gênio, consegue domar os animais do campo, os répteis, os voláteis e também os animais aquáticos. O homem doma todas as criaturas do ar, da terra e do mar. Porém, o homem não consegue domar a própria língua. Se o homem conseguisse domar sua língua, diz Tiago, então ele seria um perfeito varão. O apóstolo Paulo diz que antes de abrirmos a boca, precisamos avaliar se a nossa palavra é verdadeira, amorosa, boa e edificante (Ef 4.29). Sócrates, o pai da filosofia, costumava falar sobre a necessidade de passarmos tudo que ouvimos por três peneiras.
Quando alguém chegava para contar-lhe alguma coisa, geralmente perguntava o seguinte: “Você já passou o que está me contando pelas três peneiras?” A primeira é a peneira da verdade. O que você está me falando é verdade? Se a pessoa titubeasse, dizendo: “Eu escutei falar que é verdade”. Sócrates, prontamente dizia: “Bom, se você escutou falar, você não tem certeza”. A segunda peneira é: “Você já falou para a pessoa envolvida o que você está me falando?”
A terceira peneira: “O que você vai me contar, vai ajudar essa pessoa? Vai ser uma palavra boa, útil, edificante para ajudar na solução do problema?” Se a pessoa não podia responder positivamente ao crivo das três peneiras, então, Sócrates era enfático: “Por favor, não me conte nada, eu não quero saber”.
O que Tiago está dizendo é que a língua é indomável.
As vezes, nós conseguimos dominar o universículo.
mas não conseguimos domar nossa língua. Benjamim Franklin costumava dizer que o animal mais terrível do mundo tem a sua toca atrás dos dentes, e Tiago diz que este animal indomável e venenoso é a língua. Esse animal feroz e venenoso é pior que um escorpião, pior que uma jararaca peçonhenta. A picada de um escorpião ou de uma cobra pode ser tratada, mas muitas vezes, o veneno da língua é incurável.
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag. 66-67.
Tg 3.8 “A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido”: quanto cada ser humano fala durante um só ano de sua vida! E “no muito falar não falta transgressão” (Pv 10.19). – “… carregado de veneno mortífero”: o farmacêutico teria conflito com as leis se vendesse veneno irrestritamente. No entanto, quanta peçonha, quanta coisa que envenena as pessoas é dita, impressa e transmitida impunemente!
Se Tiago fosse um “pregador da lei”, como defendem alguns, se ele, portanto, pretendesse impor às pessoas apenas um “dever”, não poderia de forma alguma falar desse modo negativo acerca das possibilidades humanas. Teria de declarar: “Deves e podes!” Aliás, teria de apresentar mais instruções e sugerir às pessoas otimismo em vista de suas possibilidades. Mas Tiago fala com a mesma sobriedade bíblica como faz também Paulo em Rm 1.18 a 3.20. O ser humano não consegue se ajudar. “Quem comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). O inferno, o inimigo está agindo. Por isso vale: “A minha força nada faz; sozinho estou perdido” [Martinho Lutero – hino “Castelo Forte”, HPD 97,2] Tiago afirma como Paulo: não consegues ajudar a ti mesmo e tampouco tens de ajudar a ti mesmo. Ele conhece a “misericórdia” de Deus (Tg 2.13), que não permite que nos debatamos em nossa incapacidade. Cristo diz: “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). O veneno, que desde Gn 3 praticamente circula em nossas veias e somos obrigados a disseminar, é eliminado pelo fato de que Deus passa a habitar em nós por intermédio de seu Espírito (Ef 3.17; Rm 8.11). O mais forte lança para fora da casa o assaltante forte (Lc 11.22). O fogo de baixo é superado pelo fogo do alto, o fogo do inferno pelo fogo de Deus (Lc 12.49; At 2.3). “Sede ardentes por meio do Espírito” (Rm 12.11). Fogo contra fogo! Jesus Cristo, Deus e seu Espírito têm de assumir a “montaria” e o “leme” em nós. Seu Espírito precisa nos incendiar. “… Que a língua toda vire fogo, que nada diga senão louvor a ti na terra e o que ao irmão edifica” (Ambrosius Blarer).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
III - NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)
1. Bênção e maldição (v.10).
Outro detalhe é que quando Tiago fala que com a língua “bendizemos a Deus” (v. 9), provavelmente ele tinha em mente também o fato de que os cristãos de sua época cultivavam o costume dos judeus daqueles dias — igualmente comum entre alguns judeus ortodoxos de hoje — de sempre acrescentar a expressão “Bendito seja Ele!” ao final de toda menção que faziam ao nome de Deus em uma fala. Ora, como os crentes da Igreja Primitiva nessa época eram todos judeus, e estes eram o público alvo da Epístola de Tiago, “essa era uma expressão apropriada de reverência para cada cristão primitivo”.
Como salienta A. F. Harper, a contradição moral de muitos dos cristãos judeus dos dias de Tiago em relação à língua consistia no fato de que, “esquecendo o segundo grande mandamento de nosso Senhor (Mt 22.36-29), e provocados pela ira, eles estavam amaldiçoando os seus irmãos, que foram feitos à imagem e semelhança de Deus, isto é, feitos à imagem de Deus (cf. Gn 1.26,27). O Novo Testamento ensina que mesmo uma maldição murmurada ou qualquer disposição irada contra o próximo é uma contradição à nossa fé cristã (cf. Mt 5.22). Não convém que isso se faça assim (Tg 3.10) entre os cristãos, porque essas atitudes e atos são contrários a Deus”. E Harper continua, explorando o significado das ilustrações que Tiago usa para realçar essa contradição moral na língua, e que ressaltam que essa contradição moral é, na verdade, sobretudo e intrinsecamente, uma contradição desnaturai:
“Essa contradição na conduta é tão desnaturai quanto imoral. A palavra ‘Porventura’ (v. 11 — meti) espera um claro ‘Não’ como resposta. O sentido é: ‘Você certamente não espera isso, espera?’. Ninguém que visita fontes salgadas, como podem ser encontradas próximo ao Mar Morto, esperaria encontrar água salgada e água doce saindo da mesma fonte. E se isso ocorresse, a água salgada estragaria a doce; a má estragaria a boa. O pomar e a vinha ensinam a mesma verdade. ‘Conhece-se o fruto pela árvore’. Jesus lembrou aos seus ouvintes que não se colhem ‘uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos’ (Mt 7.16). Tiago faz eco a essa verdade quando pergunta: ‘Pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos?’ (Tg 3.12)”.
Ou seja, a língua indomada, inconstante e dobre é uma contradição moral e desnaturai. Pense nisso: todas as vezes que você permite que sua velha natureza, isto é, sua natureza pecaminosa, domine por alguns momentos a sua língua, então você está cometendo um ato contra Deus, mas também contra a nova condição que você ganhou em Cristo, contra a nova natureza que foi gerada em você pelo Espírito Santo através da exposição da Palavra de Deus (Tg 1.18). Se você é uma nova pessoa em Cristo, então o que você fala deve estar em sintonia com sua nova maneira de viver, com sua nova natureza em Cristo. Afinai, “se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã” (Tg 1.26).Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 100-102.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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