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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O Deus que intervem na história (1)




O livro do profeta Daniel, através do sonho do rei Nabucodonosor, resume os grandes impérios do mundo: Babilônia, Média/Persia, Grécia e Roma. O capítulo dois se divide em Introdução, Três episódios e Conclusão.

Introdução (v.1)
O primeiro versículo introduz o sonho de Nabucodonosor como ocorrência do segundo ano de reinado. Os estudiosos do Antigo Testamento concordam que neste tempo o profeta Daniel era bem jovem e há três anos ele fora deportado para a Babilônia.
Primeiro Episódio (vv.2-13)
O primeiro relato do sonho imperial revela Nabucodonosor chamando os Magos, os Astrólogos, os Encantadores, e os Caldeus, isto é, todos os sábios e os feiticeiros do império para interpretarem o sonho. Os intérpretes pediram ao rei que lhes contasse o sonho para em seguida o decifrarem. Nabucodonosor recusou afirmando: "se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo". O rei não se contentava somente com a interpretação, pois os adivinhadores teriam também de prenunciar o sonho.
Segundo Episódio (vv.14.24)
O capitão da guarda do rei, Arioque, saiu para matar os sábios. Quando Daniel prudentemente o interrogou sobre a ordem imperial. Recebendo a explicação de Arioque o profeta solicitou uma audiência ao rei e pediu um tempo para contar o sonho e dar a interpretação. Daniel procurou os seus amigos para buscarem a Deus. O Senhor os respondeu!
Terceiro e Ultimo Episódio (vv.25-45)
Levado por Arioque ao rei Nabucodonosor, Daniel lhe contou o sonho e o interpretou. Chocado, o rei da Babilônia prostrou-se aos pés de Daniel e reconheceu a sabedoria que lhe fora dada pelo Deus de Israel.
Conclusão (vv.46-49)
A conclusão do capítulo dois é surpreendente. Nabucodonosor promoveu Daniel ao mais alto cargo imperial e a pedido do profeta elevou os seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego às altas posições.
O segundo capítulo revela-nos que o Reino de Deus não se confunde com o reino dos homens. Segundo o conselho da sua soberania, o Eterno intervém na história humana. Ele trabalha a fim de que todos os moradores da Terra reconheçam a sua majestade e, em Cristo, resistamos as injustiças do governo humano.
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O capítulo dois do livro de Daniel se constitui da revelação do plano divino para com o povo judeu e os povos gentios, para os quais Deus revela a sua soberania sobre os governos mundiais e o estabelecimento do reino messiânico. Deus intervém na história para fazer valer seus desígnios na vida da humanidade. Neste capítulo, a Babilônia aparece como dona do mundo e Nabucodonosor é o grande rei. Aproximadamente em 604 a.C., num período em que a Babilônia atingiu o seu apogeu, quando, de repente, a tranquilidade de Nabucodonosor foi ameaçada por um sonho perturbador que o deixou sem dormir. Por providência divina, o rei esqueceu o sonho para que os desígnios divinos fossem revelados ao profeta visionário Daniel. Na primeira parte do capítulo 2 temos a intervenção divina para salvar Daniel e seus amigos. A ordem do texto ajudará a entender como Deus trabalha nas circunstâncias adversas.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 37.
O livro de Daniel compõe-se essencialmente de seis histórias e quatro visões. As histórias ocupam os capítulos 1-6, e as visões os capítulos 7-12. Quanto a detalhes a respeito, ver a seção “Ao Leitor”, quinto e sexto parágrafo, antes da exposição a Dan. 1.1. Agora movemo-nos para a segunda história: O sonho de Nabucodonosor. Este longo capítulo, como é natural, divide-se em duas grandes parles: vss. 1-13, prólogo; e vss. 14-45, Daniel como intérprete de sonhos. Esta história ensina a debilidade da sabedoria humana, em comparação com a sabedoria conferida por Deus” [O xford Annotated Bible, na Introdução ao capítulo). A história é um paralelo da experiência de José, em Gên. 41. Há uma correspondência na fraseologia, o que provavelmente mostra que o autor sacro tinha aquela história na mente, quando escreveu o relato presente. Os temas principais são: Toda a sabedoria humana é destituída de valor quando confrontada com a sabedoria conferida por Deus; uma filosofia da história; as eras deste mundo são guiadas pelo decreto divino; Deus humilha os orgulhosos e eventualmente faz com que eles O reconheçam. Ver como o teism o domina o relato. O Criador continua presente em toda a Sua criação — intervindo, recompensando e punindo. 
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Esse capítulo é histórico, mas é a história de uma profecia, por meio de um sonho e sua interpretação. O sonho de Faraó e a interpretação de José diziam respeito somente aos anos de fartura e de fome e o interesse do Israel de Deus neles. Mas o sonho de Nabucodonosor aqui, e a interpretação de Daniel deste sonho, parecem muito mais elevados, para as quatro monarquias, e os interesses de Israel nelas, e o reino do Messias, que deveria ser estabelecido no mundo sobre as suas ruínas. Nesse capítulo temos: I. A grande perplexidade em que ficou Nabucodonosor por um sonho que havia esquecido, e a sua ordem aos magos para lhe dizer do que se tratava. Algo que eles não podiam fazer (w. 1-11). II. Ordens dadas para a destruição de todos os sábios da Babilônia, e de Daniel entre os demais, com os seus companheiros (w. 12-15). III. A revelação do segredo a ele, em resposta à oração, e a ação de graças que ele ofereceu a Deus por isso (w. 16-23). IV A sua aceitação por parte do rei, e a revelação que ele lhe fez tanto do seu sonho como de sua interpretação (w. 24-45). V A grande honra que Nabucodonosor pôs sobre Daniel, como recompensa por esse serviço, e a honra dos seus companheiros, com ele (w. 46-49).
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
I – O SONHO PERTURBADOR DE NABUCODONOSOR
 (Dn 2.1-15)
1. Tempo do sonho(v.1).
“E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor” (2.1). Daniel volta aos primeiros anos de sua vida no Palácio da Babilônia entre os anos 603 e 602 a.C., e relata a experiência que teve com Nabucodonosor quando o mesmo teve um sonho. O texto apresenta um aparente conflito de datas quando fala do “segundo ano do reinado de Nabucodonosor”, porque no primeiro capítulo nos deparamos com os três anos de treinamento de Daniel e seus companheiros. Segundo os historiadores, tanto os judeus quanto os babilônios contavam as frações de um ano como um ano inteiro, por isso, a vigência do terceiro ano, obedecia a cronologia do calendário da Babilônia. Os estudiosos procuram aclarar essa cronologia em que explicam o seguinte: No ano 605 a 604 a.C., Nabucodonosor torna-se rei. Era seu primeiro ano de reinado, quando Daniel e seus companheiros tiveram o seu primeiro treinamento palaciano. Em 604-603 a.C., no segundo ano de Nabucodonosor, foi quando o mesmo teve o sonho e ficou perturbado pela lembrança e os detalhes do mesmo. Já era o terceiro ano de treinamento de Daniel e seus companheiros, quando deveriam se apresentar diante do rei.
“Nabucodonosor teve sonhos” (2.1). Entre os muitos modos de Deus falar e revelar a sua vontade aos homens estão os sonhos. É uma via especial pela qual Deus revela sua vontade. Segundo o Dicionário Aurélio, “sonho pode ser “sequência de fenômenos psíquicos com imagens, atos, figuras e ideias que, involuntariamente ocorrem durante sono de uma pessoa”. Pode ser a sequência de pensamentos, de ideias vagas, mais ou menos agradáveis, mais ou menos incoerentes, às quais o espírito se entrega em estado de vigília. Naturalmente, temos que entender que nem todo sonho é alguma revelação. Sabe-se, também, que os sonhos podem advir de imagens que o subconsciente absorve durante o dia e que se manifestam durante o sono. As vezes, incompreensíveis e fantasiosos e, outras vezes, com sequência de imagens que se formam na mente e expressam a preocupação que está na mente da pessoa. No campo espiritual, Deus se utiliza desses recursos da natureza humana para falar aos seus servos. Não existe uma regra que favoreça a ideia de que Deus tenha que falar por meios de sonhos e visões. E apenas um modo pelo qual Deus se revela, tanto a crentes como a não crentes. Nabucodonosor era um rei pagão que servia a outros deuses, mas o Deus de Daniel usou uma via indireta de revelar a esse rei o seu próprio futuro e o das nações do mundo.
“e o seu espírito se perturbou, e passou-lhe o sono” (2.1). Não foi a primeira vez que Deus falou a pessoas que não lhe serviam nem o reconheciam como Deus. Nos tempos de Faraó do Egito, quando a família de Israel ainda se formava, para ser o grande povo, posteriormente, Jeová deu sonhos a Faraó. José, como escravo no Egito, e vendido por seus irmãos, foi o homem que Deus escolheu para aparecer diante de Faraó e revelar-lhe os detalhes do seu sonho (Gn 41). O sonho de Faraó tinha a ver com o seu próprio reino no Egito. Porém, a Nabucodonosor, rei da Babilônia, Deus revelou em sonho a política mundial a partir do seu próprio império. Naturalmente, o seu sonho era fruto de sua preocupação com o futuro do seu império. Ele se perturbou em espírito porque precisava entender do que se tratava aquele sonho. Deus intervém de modo espetacular para honrar os seus servos que viviam naquele palácio e Daniel foi lembrado como alguém que sabia interpretar sonhos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 37-39.
Esta história é datada no segundo ano do reinado de Nabucodonosor. “Desde os dias de Josefo, tem sido exercida grande engenhosidade para explicar como Daniel pôde ter estado ativo em alguma capacidade oficial, no segundo ano do rei, quando se declarou que somente após três anos de treinamento é que Daniel foi introduzido à presença de Nabucodonosor. Mas a data precisa é apenas um artificio literário que pertence ao arcabouço histórico, e a incoerência que nos impressiona nada teria significado para o escritor sacro e seus contemporâneos” (Arthur Jeffery, in Ioc.).
2.1 No segundo ano do reinado de Nabucodonosor. Ao rei foram dados por Deus alguns sonhos inspirados — esse é o sentido óbvio do versículo. Ele ficou perturbado e foi forçado a apelar para a ajuda de Daniel a fim de compreender esses sonhos. Se a maioria dos sonhos é inspirada pelo cumprimento dos desejos, existem sonhos espirituais e psíquicos que vão além desses limites. Assim sendo, os homens idosos sonham, e os jovens vêem visões (Joel 2.28), por divina direção e inspiração.
Nabucodonosor, sendo um grande rei, naturalmente sonharia com coisas seculares. E também não precisava ser um judeu para ser guiado pelo Espírito Santo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
A perplexidade em que se encontrava Nabucodonosor por motivo de um sonho que havia tido, mas que havia esquecido (v. 1): Ele teve uns sonhos, isto é, um sonho que consistia de diversas partes distintas, ou que encheu o seu pensamento como se tivessem sido muitos sonhos. Salomão fala de uma multidão de sonhos, estranhamente incoerentes, nos quais há diversas vaidades (Ec 5.7). Esse sonho de Nabucodonosor não tinha nada de mais em si além do que poderia ser comparado com muitos sonhos comuns, nos quais são freqüentemente representadas aos homens coisas tão estanhas quanto as que são mencionadas aqui. Mas houve algo na impressão que causou nele, que trouxe consigo uma incontestável evidência da sua origem divina e do seu significado profético. Observe que os maiores homens não estão isentos, mas estão ainda mais expostos aos cuidados e aflições da mente que perturbam o seu descanso à noite, enquanto o sono do homem trabalhador é doce e profundo, e o sono do homem sóbrio e moderado é livre dos sonhos confusos. A abundância dos ricos não deixará que eles durmam por causa da preocupação, e os excessos dos glutões e bêbados não deixarão que eles durmam tranquilos por causa dos sonhos. Mas o que foi registrado aqui não foi fruto de causas naturais. Nabucodonosor era um perturbador do Israel de Deus. Mas Deus aqui o perturbou, sim, porque aquele que criou a alma pode fazer a sua espada se aproximar dela. Ele tinha os seus guardas ao seu redor, mas eles não podiam impedir a perturbação do seu espírito. Não conhecemos a inquietude de muitos que vivem em grande pompa e prazeres deste mundo. Olhamos para dentro das suas casas, e somos tentados a invejá-los. Mas, se pudéssemos olhar para dentro dos seus corações, sentiríamos pena deles. Todos os tesouros e todos os prazeres dos filhos dos homens que estavam sob o domínio desse poderoso monarca, não podiam lhe conseguir um pequeno repouso quando o seu sono fugia devido às perturbações da sua mente. Mas Deus dá aos seus amados o sono, sim, àqueles que consideram o Senhor como o seu descanso.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 828.
Nabucodonozor teve um sonho que lhe tirou o sono. Seu sonho perturbou seu espírito (v.l). A palavra “perturbou” significa golpear. O rei foi golpeado e encheu-se de ansiedade, insegurança e medo.
Seu sonho revelou a fragilidade dos poderosos. Aparentemente nada nem ninguém podia ameaçar a fortaleza do reino de Nabucodonosor. Ele tinha poder, riqueza e fama. Sua palavra era lei. Suas ordens não podiam ser questionadas. Mas, agora o rei foi abalado. Sentiu que alguém maior que ele o ameaçava. A segurança de seu império estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Ficou inseguro, inquieto e perturbado.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 41-42.
2. A habilidade dos sábios é desafiada no palácio (2.2).
“o rei mandou chamar” (2.2). O rei desafiou a habilidade desse grupo de sábios, magos, adivinhos e encantadores dentro do palácio para que revelassem o seu sonho e dessem a interpretação. Nabucodonosor ficou agitado pelo sonho, mas o esqueceu. Entretanto, o rei sabia que o sonho era importante e que trazia uma simbologia relacionada com o seu reino e o seu futuro. Naqueles tempos os reis tinham a pretensão de serem privilegiados com sonhos divinamente inspirados (1 Rs 3.5-14; Gn 20.3). Porém, quando não podiam interpretá-los, convocava os sacerdotes caldeus que serviam na corte para que adivinhassem e interpretassem os sonhos (1.4).
"magos, os astrólogos, os encantadores e os caldeus” (2.2). O Império Babilônico tinha uma mescla de culturas e religiões. Essa casta de “magos, astrólogos, encantadores e caldeus (sábios)” serviam no palácio para prescreverem, adivinharem, promoverem encantamentos e os caldeus eram próprios da Babilônia. Os magos possuíam conhecimentos nas ciências ocultas; os astrólogos procuravam ler os corpos celestes para predizerem eventos futuros; os encantadores realizavam exorcismos e invocavam os espíritos malignos e dos mortos; os caldeus pertenciam a uma casta de sacerdotes dentro do Palácio que lidavam com mistérios e códigos próprios para adivinharem e interpretarem sonhos. Neste contexto, Daniel e seus companheiros ainda não faziam parte oficialmente dos que se apresentavam diante do Rei, porque estavam no período do treinamento imposto pelo Rei. Porém, a ira de Nabucodonosor se acendeu de tal modo que não escaparia ninguém que estivesse dentro do palácio sem sofrer a pena do rei.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 39-40.
MAGOS
Magos (do grego emagoi») significa Astrólogos ou Mágicos. Algumas vezes a palavra se refere àqueles que se ocupavam das ciências, geralmente acompanhadas de magia e fraude. A tradução homens sábios não é bem entendida. A antiga interpretação da história, o seu sentido espiritual que vem dos pais Inicio, Justino, Tertuliano, Origenes e Hilário é que a «astrologia» e a «magia» se curavam, reconhecendo e confessando que seus dias estavam contados, em face do saber que vem do alto. Essa interpretação parece concordar com o objetivo do autor. Tais pessoas teriam observado algo de diferente no céu, algum fenômeno comum dos planetas, ou algum sinal especial de Deus. Nada mais de definido se sabe sobre eles, como seus nomes, número e posição na vida, e as tradições criadas em torno deles são forçadas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 27.
Dn 2.2 Então o rei mandou chamar os magos... A m aior parte dos povos antigos levava a sério os sonhos. Certamente isso se dava com os hebreus. Aqui e ali na Bíblia encontramos sonhos espirituais que são quase visões. Em minha própria experiência, tenho tido sonhos que definitivamente não podem ser classificados como sonhos comuns e profanos. Sonhar é, de modo geral, uma herança espiritual, e ocasionalmente uma pessoa atinge o outro mundo e traz dali algo de especial. Cf. este versículo com Dan. 1.17,21. Daniel tinha habilidades especiais como intérprete. Dos sábios da Babilônia, esperava-se que tivessem discernimento profético.
Portanto, foi apenas natural que o rei os convocasse para testar suas habilidades. O termo “caldeus” fala da casta coletiva dos sábios. Os sonhos e as visões são a mesma coisa e originam-se da alma e da psique humana. Fazem parte do estoque inerente de conhecimentos dos homens. Algumas vezes, porém, um bom intérprete pode ter discernimentos que ultrapassam suas próprias habilidades, e podemos com razão supor que, vez por outra, nossos anjos guardiães nos ajudam em nossos sonhos, concedendo-nos entendimento. Talvez o Espírito Santo ocasionalmente condescenda em intervir pessoalmente na questão. Freud escreveu o primeiro estudo científico sobre os sonhos, com consideráveis habilidades de interpretação, embora tenha exagerado nas questões sexuais. Atualmente, grande riqueza de literatura ajuda-nos a com preender melhor os sonhos.
“Parece que Daniel ultrapassava todas as classes da erudição mágica, sem importar se isso requeria conhecimento, sabedoria ou sonhos” (Ellicott, in Ioc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3376.
Dn 2.2. Os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus. Sobre os magos e encantadores, veja observações em 1:20. Feiticeiros. No hebraico, mekashshepîm. Possivelmente de uma raiz semita significando "cortar"; daí, picar os elementos para poções mágicas e fórmulas. Conseqüentemente o grego pharmakoi, isto é, farmacêutico. Mestres modernos preferem uma ideia complementar de "recitadores de ditos mágicos, feiticeiros". A mesma raiz aparece no acadiano em relação a feiticeiros e feiticeiras. A prática da feitiçaria é proibida pelo V.T. (Êx. 22:18, na Bíblia Hebraica, v. 17, feitiçaria, no feminino; Dt. 18:10; Is. 47:9). Caldeus. Não usado no amplo sentido etnológico de 1:4, mas no estreito sentido profissional, indicando a classe sacerdotal da religião babilônica. Embora seja usado neste sentido apenas em Daniel, dentro dos livros bíblicos, era comumente usado assim pelos escritores clássicos, dos quais o mais antigo é Heródoto (Histories 1, 181, c. 440 A.C.; veja Driver, op. cit., págs. 12-16 e Young, op. cit., págs. 271-273). A maioria das autoridades concorda que os quatro termos não foram usados indicativamente mas antes distributivamente para incluir todas as categorias de conselheiros reais.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 506.
3. O fracasso da sabedoria pagã (2.3-13).
“E os caldeus disseram ao rei em aramaico” (2.4). É interessante destacar que o aramaico era a língua dos caldeus que se originou na Mesopotâmia e se estendeu até o Ocidente. Como o aramaico era a língua oficial do império, Daniel, conhecedor da língua, não só falava o aramaico, mas a partir de Daniel 2.4 até ao final do capítulo 7 do seu livro, Daniel escreveu somente em aramaico, que era a língua popular imposta pela Babilônia. Posteriormente, o povo judeu adotou o aramaico como língua do dia a dia judaico até a chegada do domínio grego. A língua grega foi adotada pelo povo judeu, mesmo que não tivessem abandonado o hebraico tradicional do povo judeu.
A dificuldade dos caldeus e seus magos para trazerem à tona 0 sonho do rei (2.4). Nabucodonosor suspeita que os seus magos e encantadores se aproveitavam da situação para quererem usar de engano com vãs palavras e os ameaça com pena de morte (2.13). Essa casta de sábios, magos e encantadores era mantida pelo palácio para prestarem serviços especiais ao Rei. Porém, diante do desafio, eles foram incapazes e inoperantes para revelarem o sonho do rei. Pof isso, o rei deu o decreto segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios do palácio, uma vez que não podiam resolver o problema do rei.
O conflitivo diálogo do Rei com os sábios e magos do palácio (2.5-9). Nenhum homem das castas sacerdotais e dos sábios conseguiu descobrir o sonho do rei. A tensão palaciana provocou a ira do rei que esperava daqueles homens respostas que eles não podiam dar. Nenhum deles pode trazer à lembrança o sonho do rei. O rei ameaçou com a pena de morte para aqueles sábios e magos que viviam à custa do palácio e não podiam resolver o problema do rei. Estava entre os sábios do palácio, Daniel e seus companheiros, ainda não oficialmente apresentados diante do rei, acabaram por correr o risco de morte com os outros sábios do palácio.
O desespero dos caldeus e sábios do palácio (2.10,11). Os caldeus e todos os sábios do palácio, desesperados ante a ameaça de Nabucodonosor, apenas disseram ao rei: “Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei” (2.10). No versículo 11 está escrito assim: “Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei”. Ora, esses sábios e magos do palácio não só confessavam sua incapacidade de revelar o sonho, mas admitiam que, apesar de suas pretensões de comunicação com os espíritos, reconheciam que havia algo mais poderoso que eles referem-se a “deuses cuja morada não é com a carne” (v. 11). Todos os demais sábios do palácio eram politeístas. Somente Daniel e seus amigos eram monoteístas. Quando Daniel teve a oportunidade de se apresentar diante do Rei, disse-lhe: “Há um Deus no céu, o qual revela os mistérios” (2.28).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 40-41.
Dn 2.6 Mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação... Qualquer indivíduo, dentre os magos, ou a coletividade deles, se fosse capaz de dizer qual fora o sonho esquecido do rei, e então o interpretasse corretamente, obteria riquezas e honras e seria elevado a um alto ofício no reino. E o rei disse: “Portanto, agora façam isso!”. Talvez o rei tenha raciocinado que, se um vidente não pudesse lembrar o passado, então também não poderia predizer o futuro Os estudos dos fenômenos psíquicos têm demonstrado que o retroconhecimento e a precognição não andam de mãos dadas, necessariamente, na mesma pessoa. Mas é verdade que a maioria das pessoas que onde prever o futuro tem outras habilidades psíquicas, de alguma sorte. Todas as pessoas, em seus sonhos, têm discernimento quanto ao futuro, especialmente nos sonhos que ocorrem ao alvorecer do dia.
Dn 2.7,8 Responderam segunda vez, e disseram. Os magos insistiram em ouvir primeiramente o sonho, mas este desaparecera da memória do rei. Para preservar os sonhos, uma pessoa geralmente tem de anotá-los por escrito imediatamente. Se não fizer isso, na maior parte dos casos, os sonhos são esquecidos. Eles se encontram nos arquivos do cérebro, mas não podem ser lembrados conscientemente. A hipnose, entretanto, pode trazê-los de volta, O rei acusou os “magos” de tentarem “ganhar tempo”, pois falavam e não agiam (vs. 8). O rei mencionou novamente despedaçá-los e destruir suas casas (vs. 5), caso eles não conseguissem fazer o que era requisitado. E por causa dessa tremenda ameaça eles tentavam ganhar tempo, esperando que algo acontecesse, sem que tivessem de revelar sua total ignorância. Se eles continuassem tentando ganhar tempo, o rei poderia esquecer a questão ou então relembrar o sonho.
Dn 2.9 Isto é: Se não me fazeis saber o sonho... A queles psíquicos profissionais ocupavam sua posição de confiança com o conselheiros do rei, por serem capazes de realizar o seu serviço. Os fenômenos psíquicos funcionam melhor quando não são forçados, mas o rei não sabia disso nem ouviria tal argumento.
Se os magos não dessem resposta ao rei, não passariam de mentirosos com uns. O rei chegou a acusá-los de consolação. Eles tinham acordado em enganar ao monarca. Continuavam a contar mentiras, esperando algum a mudança da parte do rei, conforme é sugerido no vs. 8. Alguns psíquicos muito poderosos podem produzir fenômenos quando solicitados, mas não são muitos os que conseguem esse feito. E aqueles que conseguem nem por isso solucionam os problemas das pessoas. Este versículo revela a crença de que tais poderes operam melhor em certos dias. Cf. Est 3.7. Estudos demonstram que, de fato, há dias melhores e piores para os fenômenos psíquicos, e outro tanto acontece no caso dos sonhos. Algumas vezes, sonhos significativos nos ocorrem como se fossem enxurradas. Mas não entendem os a razão de tudo isso. Essas razões podem ser cósmicas ou pessoais. Se tais poderes se devem a energias genuínas da personalidade humana, então tais energias podem ser influenciadas pelos campos magnéticos que nos rodeiam ou por outras energias naturais. Ou, então, conforme diz certo cântico popular: “Em um dia claro, pode-se ver para sempre"
Dn 2.10,11 Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige. Os psíquicos profissionais da Babilônia apelaram então para a história. Não havia nenhum caso registrado de homem, rei ou não, que tivesse feito tal exigência a um psíquico, para receber com sucesso a resposta que buscava. Nabucodonosor exigia o tipo de coisa que som ente um deus seria capaz de realizar (vs. 11). A queles homens confessaram as limitações de sua profissão, limitações que desaparecem quando o Espírito de Deus está envolvido.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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