É possível ser íntegro em meio à corrupção? É possível sujeitar-se a Deus quando ao nosso redor estamos cercados de exemplos contrários ao ideal divino? Estas são as perguntas norteadoras desta sétima lição.
A história
O capítulo seis de Daniel revela que o profeta fora colocado como um alto oficial do Império de Babilônia no governo de Nabucodonosor e, posteriormente, Dario o assentara como líder de governo do império Medo-Persa. Dario dividiu a escala de poder do império Medo-Persa da seguinte maneira: três príncipes supervisionavam os 120 presidentes constituídos nas províncias do império (w. 1,2). Daniel era um dos príncipes. Mas entre os três o profeta se destacara.
Os príncipes e os presidentes armaram uma cilada política envolvendo a religião do império. Não podiam sujar o caráter de Daniel nas esferas sociais, morais e políticas, então os príncipes e presidentes do império usaram a religião para atingir a vida de Daniel. O plano: durante trinta dias quem dirigisse uma prece a Deus ou a um homem seria lançado na cova dos leões. Ainda assim, o profeta Daniel não alterou a sua rotina. Todos os dias, Daniel dirigia-se para uma sala no andar superior da sua casa, onde se punha de joelhos para orar (além de ajoelhar-se, os judeus ficavam de pé com as mãos erguidas para o céu e também prostravam-se como diante de Deus). Até que foi denunciado pelos seus colegas de governo e Daniel condenado a cova dos leões.
Política e Religião
A história da humanidade registra testemunhos contundentes acerca da mistura entre a religião e a política. A exemplo dos inimigos de Daniel, muitos usaram a religião para se beneficiarem politicamente. Eles não criam em nada: no culto que praticavam e no deus que diziam servir. Apenas usavam e abusavam desses expedientes da religião com o fim de colocar os seus interesses políticos em primeiro lugar. A história da igreja confirma a tragédia do Corpo Institucional de Cristo quando se misturou o poder temporal e o espiritual. "O meu Reino não é deste mundo" disse Jesus.
A Igreja Católica Romana perdeu-se no caminho por se achar detentora do poder temporal do "Sacro Império Romano". Algumas Igrejas Protestantes se amalgamaram com o Estado. Vide a divisão da Anglicana, Luterana e Reformada na Europa! O que dizer das igrejas brasileiras envolvidas com a política partidária?
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 39.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O relato do capítulo 6 de Daniel é uma história que obedece a organização cronológica na cabeça do escritor, por isso, os fatos dessa história acontecem dentro do segundo império depois da Babilônia, de Nabucodonosor. Assume o reino o novo império, com dois aliados da Média e da Pérsia e passou identificado como o reino medo-persa, inicialmente, com Dario, o medo, de 522 a 486 a.C. Neste tempo, Daniel não era um jovem quando iniciou-se o governo do novo reino. Já haviam se passado, aproximadamente, 60 anos e Daniel estava com mais de 80 anos de idade e ainda gozava de prestígio e confiança no novo reino.
Porém, a história do capítulo 6 é um testemunho pessoal de Daniel. É uma história que destaca o valor da integridade moral e espiritual em meio à corrupção que dominava o coração de alguns políticos do novo reino medo-persa. Daniel era um ancião respeitado, não só pela idade avançada, mas pela história de fidelidade aos demais monarcas, desde Nabucodonosor. Desde jovem, quando fora como exilado judeu para a Babilônia até o início do novo império (medo-persa) haviam se passado uns 60 anos. Durante todo esse tempo Daniel foi leal aos reis que passaram e nunca se descuidou de sua relação com o seu Deus.
Diferente dos outros homens do palácio, Daniel era um homem que tinha a lealdade como um princípio de vida. Sabia ser fiel e leal aos seus chefes sem trair seus valores morais e espirituais. Sua integridade moral chamava a atenção e causava inveja dos outros príncipes dentro do palácio. “A vida de Daniel prova que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade”, como escreveu Hernandes Dias Lopes, em seu Comentário de Daniel. O sábio Salomão citou um provérbio que retrata a pessoa de Daniel, quando diz: “A integridade dos retos os guia; mas, aos pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói”(Pv 11.3 —ARA).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 89-90.
“A lição desta história é a lição da lealdade aos mandamentos de Deus sobre a fé religiosa. Ele sempre honrará os que observarem -fielmente esses preceitos. A religião consiste não somente nas observâncias públicas, mas também nas devoções particulares. No cativeiro, os judeus tinham poucas oportunidades de realizar a parte pública de suas práticas cúlticas. Portanto, as devoções pessoais e particulares tiveram de ocupar o lugar da devoção pública. Potentados poderosos, ou mesmo grupos de pessoas, que manobravam o Estado ocasionalmente esforçaram-se por interferir na fé particular... Antioco Epifânio fez precisamente isso (ver I Macabeus 1.42; II Macabeus 6.6). No entanto, Deus pode intervir e realmente intervém em favor dos que permanecem fiéis. Ele pode humilhar e realmente humilha governantes poderosos” (Arthur Jeffery, in loc.).
Este relato bíblico também tem por finalidade assegurar-nos que os judeus, embora oprimidos, foram ajudados por Yahweh e exaltados a despeito dos ataques pagãos. Os deuses e a idolatria pagã não podiam igualar tais feitos, pelo que o paganismo saiu derrotado, enquanto o judaísm o foi exaltado, por meio das seis histórias do autor sagrado (Dan. 1-6).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397.
A INTEGRIDADE PARECE SER Uma virtude em extinção. Vivemos uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Mudam os governos, mudam os partidos, mudam as leis, mas a corrupção continua instalada em todos os segmentos da política nacional e internacional. As CPIs destampam os esgotos nauseabundos de contínuos atos de corrupção nos corredores do poder, em que transitam desavergonhadamente as ratazanas esfaimadas que mordem sem piedade o erário público. Os escândalos se multiplicam. Políticos sem escrúpulo se abastecem das riquezas da nação e deixam os pobres de estômago vazio.
Há falta de integridade na família.
A fidelidade conjugal está ameaçada. A multiplicação dos divórcios por motivos banais é proclamada como uma conquista. O Brasil realizou, com ufanismo, a maior parada gay do mundo, com 1,5 milhão de pessoas, em São Paulo, no ano de 2004, sob os aplausos de eminentes políticos da nossa nação.
Há falta de integridade moral nos vários segmentos da sociedade. A integridade está ausente na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras e nos acordos firmados, nos palácios e até nas igrejas. Rui Barbosa, o grande tribuno brasileiro, chegou mesmo a vaticinar que chegaria o tempo em que os homens teriam vergonha de ser honestos. Esse tempo chegou.
A história, porém, nos mostra que em meio à corrupção há pessoas que se mantêm íntegras. O homem não é produto do meio como pensava o filósofo John Locke. Há abundantes exemplos dignos de serem seguidos nessa área da integridade. O jovem José, do Egito, foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. O profeta Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista, o precursor de Jesus, por ser íntegro, preferiu perder a cabeça a perder a honra.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 79-80.
O versículo final do capítulo 5 e o primeiro versículo do capítulo 6 nos introduzem ao novo governo. Embora Ciro fosse o conquistador, Dario, o medo, é apresentado como o monarca no poder na Babilônia. Parece que a política de Ciro era deixar a administração do governo nas mãos de outros, enquanto seguia em frente com novas conquistas.
Durante muitos anos um dos problemas cruciais do livro de Daniel tem sido a identidade de Dario, o medo, o filho de Assuero (5.31; 9.1). A história secular não fornece nenhum tipo de ajuda para solucionar esse problema. O mesmo se podia dizer de Belsazar, até que as inscrições cuneiformes começaram a revelar seus segredos. Josefo acreditava que Dario era filho de Astiages, conhecido pelos gregos por outro nome.13 Isso significaria que ele era neto de Ciaxeres, o grande aliado medo de Nabucodonosor.
Alguns têm tentado identificar Dario com Gobrias, o general do exército de Ciro que venceu a Babilônia. Acredita-se que seu reinado foi breve. Mas, sua morte dentro de dois meses após a captura da Babilônia dificilmente apoiaria essa teoria.
Em seu livro Darius the Mede (Dario, o medo), John C. Whitcomb oferece fortes indícios que identificam Dario, o medo, com um Gubaru, cujo nome estava separado nos registros cuneiformes. Esse Gubaru é chamado de “Governador da Babilônia e do Distrito Além do Rio”. Debaixo da autoridade de Ciro, Gubaru nomeou governadores para governar com ele na ausência de Ciro, que residia por longos períodos em sua capital em Ecbatana. Gubaru recebeu um poder praticamente ilimitado sobre a imensa satrapia da Babilônia. Mesmo no governo de Cambises, o filho de Ciro, Gubaru continuou a exercer sua autoridade.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 518.
I - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO CORRUPTO (Dn 6.1-6)
Depois da conquista medo-persa, Dario, era um tipo de vice-rei de Ciro, da Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o reino, especialmente, sobre os caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da Persia que era rei sobre todo o império, e vários textos bíblicos comprovam esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr 36.22,23; Ed 1.1-4). Independente da discussão sobre quem reinava, de fato, é o nome de Dario que aparece no início do capítulo 6.
Mais de 60 anos já se haviam passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o Palácio da Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade na sua crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas. Agora, com 85 a 90 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que tinha ganhado a confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora, no início do segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis, Dario, o medo e Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a gozar da confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 90.
1. Dario reorganiza o governo e delega autoridade administrativa (Dn 6.1-3).
“Pareceu bem a Dario” (6.1). Coube a Dario a tarefa de governar o Império Babilónico que estava em crise política desde os tempos de Belsazar. Dificuldades administrativas enormes se avolumavam e Dario, inteligentemente, colocou os negócios do império nas mãos de 120 “sátrapas”, ou seja, 120 homens especiais que cuidariam de vários assuntos do império.
Esses sátrapas eram, de fato, presidentes nomeados e delegados para dirigir os negócios do reino, e Dario os submeteu à liderança de três príncipes, entre os quais, Daniel (6.2).
Logo Daniel se destacou entre todos porque Dario percebeu que havia nele “um espirito excelente”(6.3). Daniel gozava da confiança do rei e estava apto a servir os interesses do reino com lealdade. De algum modo, os outros presidentes souberam que Dario pretendia constituí-lo com autoridade sobre todo o reino (Dn 6.3). Essa possibilidade causou ciúmes e invejas dos demais que se fizeram inimigos de Daniel.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 90-91.
Dn 6.1 Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino. O autor sacro recupera aqui o fio de Dan. 5.31, e agora nos diz como Dario, o medo, perpetrou um ato abominável contra o profeta Daniel, instigado pelas classes governantes invejosas do “cativo de Judá" que tinha subido tão alto no favor divino. Foi Dario I quem estabeleceu satrapias (isto é, províncias), cada qual com seu governador. Mas Dario aqui é o medo referido em 5.31, onde apresento notas expositivas.
Em Dan. 5.31 e no artigo mencionado, discuto os problemas históricos que circundam o Dario deste texto.
A divisão do pais em satrapias foi descrita por Heródoto [Hist. III.89-94), que afirmou que Dario I dividiu o reino em vinte divisões. Essa mesma informação figura em inscrições da época. As tradições judaicas, no entanto, aumentam esse número para 127 divisões (ver Est. 1.1; 8.9). Josefo então aumentou o número das satrapias para 1201 (A ntiq. X.11.4). É provável que os judeus usassem o termo “satrapias” em um sentido mais amplo do que faziam os persas. Note o leitor que o vs. 1 deste capítulo dá o número judaico de 120 satrapias.
Dn 6.2,3 E sobre eles três presidentes. “Uma das primeiras responsabilidades de Dario foi reorganizar o reino da Babilônia recentemente conquistado. Eie nomeou 120 sátrapas (cf. Dan. 3.2) para governar o reino e colocou-os sob as ordens de três administradores, um dos quais era Daniel. Os sátrapas eram responsáveis diante dos três presidentes ou administradores, talvez 40 sátrapas para cada presidente. Daniel foi um adm inistrador extraordinário, em parte por causa de sua experiência de 39 anos sob Nabucodonosor (ver Dan. 2.48). Assim sendo, Dario planejava torná-lo responsável pela administração do reino inteiro. Isso, naturalmente, criou atrito entre Daniel e os outros administradores e os 120 sátrapas" (J. Dwight Pentecost, in loc.).
Daniel tinha um “espírito excelente”, provável alusão a como o espirito dos deuses (segundo a term inologia pagã) estava com ele (ver Dan. 4.8,9,18). Cf. Dan. 5.12, que nos transmite a mesma mensagem. Daniel era "preferido acima de outros administradores, ou, literalmente, brilhava mais do que eles”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3397-3398.
Avanço Político de Daniel (6.1-3)
Na reorganização do governo, Dario seguiu a política liberal de Ciro e logo dividiu a responsabilidade da administração. A nomeação de 120 presidentes (1), sobre os quais foram colocados três príncipes (2), pode ter sido um arranjo temporário para assegurar a coleta regular dos impostos e manter um sistema de arrecadação e contabilidade. A breve explicação do versículo 2 parece indicar isso: aos quais esses presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano.
Dos três presidentes, Daniel se distinguiu. E Dario encontrou nele um espírito excelente (3) e planejava estender sua autoridade sobre todo o reino.
Daniel devia ter em torno de 85 anos ou talvez se aproximasse dos 90 anos. Ele tinha passado por diversas crises políticas. Agora, a sua reputação de homem íntegro e honesto chegara ao conhecimento dos novos governantes. Talvez informantes tenham aconselhado os novos governantes acerca da posição de Daniel na noite fatal da queda de Belsazar. Quaisquer que fossem as circunstâncias, o homem de Deus estava pronto para servir onde fosse necessário.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 518.
Um homem íntegro num meio encharcado de corrupção (Dn 6.1-6)
A Babilônia tinha caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos. O absolutismo do rei no império babilônico mudou para a descentralização do poder no império medo-persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos. Mudam-se as figuras, mas o espírito e a cultura do aproveitamento são os mesmos.
O rei Dario estava preocupado com o problema da corrupção, por isso, constituiu 120 prefeitos e três governadores. Constituiu fiscais do erário público. Mas aqueles que deveriam vigiar e fiscalizar se corromperam.
As riquezas caíram no ralo dos desvios. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do governo de Dario.
Nesse mar de lama, floresce um lírio puro. A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção. Daniel mantém-se íntegro a despeito do ambiente. O homem não é produto do meio. Daniel não vende sua consciência. Ele não negocia os seus valores absolutos. Ele não se corrompe. A base de sua integridade é sua fidelidade a Deus. Concordo com a afirmação de Stuart Olyott: “A espiritualidade de Daniel é o alicerce de sua fidelidade diante dos homens”. Sua fé é a pedra de esquina de sua moralidade privada e pública. Os amigos de Daniel apagaram as chamas do fogo pela fé. Agora, Daniel fecha a boca dos leões pela fé.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 80-81.
Dn 6.1: “E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte presidentes, que estivessem sobre todo o reino”.
"... pareceu bem a Dario...” Daniel menciona quatro reis da Babilônia e da Pérsia: - Nabucodonosor; Belsazar; Dario, o Medo, e Ciro. O primeiro é bem conhecido, O segundo é citado em Daniel como sendo filho de Nabucodonosor (já se deu explicação sobre isso no capítulo anterior). Heródoto, o historiador (185-188) registra que Belsazar era filho de Nabonido. As inscrições recentes, encontradas, declaram que o exército persa, sob Gobrias, tomou Babilônia sem luta; que foi morto o filho do rei; e que Ciro entrou mais tarde. Sob o reinado de Dario, Daniel foi lançado à cova dos leões, isso não é mencionado nas inscrições, mas é evidenciado no capítulo em foco. Pensa-se que ele foi o Gobrias, referido nas placas babilónicas, ou, como diz Jo- sefo, Ciaxares, medo, sogro de Ciro. Seja como for, Dario comandou também os exércitos que conquistaram Babilônia; enquanto Ciro se ocupava em suas guerras, no Norte e no Oeste, Dario reinava em seu lugar. Fora predito que os medos seriam os conquistadores de Babilônia. (Ver Is 13.17; Jr 5 1.11, 29). Até Ciro assumir o poder, a ordem era “medos e persas” (5.28 e 6.8). Depois, falava-se “persas e medos” (Et 1.14,18,19 etc). (Ver notas sobre isso em 5.31).
Dn 6.2: “E sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um, aos quais, estes presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano”.
“E sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um”. O presente versículo é continuidade do versículo primeiro desta série de 28 que este capítulo contém. Dario nomeou 120 “sátrapas” ou “protetores do reino” para cuidar do novo país conquistado. O texto em foco nos informa que, desde que Daniel se distinguiu em sua posição, a inveja apareceu entre os outros e procuravam um meio de destruí-lo. Na simbologia profética das Escrituras, o número cento e vinte tem sentido especial: 1) Deus reduziu a idade humana para “cento e vinte anos” (Gn 6.3). Essa expressa ordem de Deus teve cumprimento real na vida de Moisés que, viveu “cento e vinte anos” (Dt 34.7). 2) Deus fez referência a “120.000” ninivitas a seu servo Jonas (Jn 4.11). 3) No Pentecoste, o Espírito Santo desceu sobre “120” irmãos que estavam reunidos (At 1.15; 2.1-13 e ss). Seja como for, no presente texto, cada príncipe dos acima mencionados, tinha sob sua regência cerca de “40 satrapias” e Daniel era um deles naquela corte.
Dn 6.3: “Então o mesmo Daniel se distinguiu destes príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino”.
"... um espírito excelente”. O espírito humano representa a natureza suprema do homem, e nessa peculiaridade rege a qualidade de seu caráter. Aquilo que domina o espírito torna-se atributo de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um “espírito altivo” (Pv 16.18). Conforme as influências respectivas que dominem, o homem pode ter: um espírito perverso (Is 19.14); um espírito rebelde (SI 106.33); um espírito impaciente (Pv 14.29); um espírito perturbado (Gn 41.18). Pode estar dominado por um espírito de servidão (Rm 8.15), ou ser impelido pelo espírito de inveja, (Nm 5.14). Essa é a lista negra daqueles que não dominam seu espírito; porém, é evidente que, aqueles que, como Daniel, têm “um espírito excelente”, devem: dominar seu espírito (Pv 16.32); guardar seu espírito (Ml 2.15); pelo arrependimento, criar um novo espírito (Ez 18.31) e, finalmente, confiar em Deus, para que Ele transforme seu espírito (Ez 11.19). Daniel era possuidor de todas essas qualidades em grau supremo (v. 2).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 109-111.
2. Daniel se torna alvo de uma conspiração (Dn 6.4,5).
Dario, distinguiu três desses presidentes para tratarem dos negócios do reino com autoridade sobre os demais. Daniel, um dos três presidentes, se destacou entre todos pela sabedoria, prudência, fidelidade e integridade. O rei chegou a pensar em estabelecer Daniel como líder sobre todo o reino (v. 3). Essa possibilidade encheu de inveja e ciúme os demais presidentes, os quais não queriam a Daniel com tão importante posição uma vez que isso o faria superior a todos os demais e seria o representante mais próximo do Rei Dario. Aqueles homens não tinham outros motivos para afastá-lo dessa posição de destaque. Eles não tinham do que acusar a Daniel por qualquer deslize político ou moral contra o imperador. Ele não era inimigo de nenhum deles, mas era um dos poucos que viera dos antigos oficiais e logo conquistou a confiança e o respeito de Dario, e posteriormente, de Ciro, o persa.
A integridade e a lealdade de Daniel eram tão pungentes que eles não encontravam nada de que pudessem acusá-lo. Então tramaram alguma coisa que prejudicasse as relações de Daniel com o rei e com o reino. Mas o quê? Nada relacionado com dinheiro, ou com uso indevido de pi'opriedades do reino, ou alguma desobediência às ordens do rei, nem mesmo qualquer tipo de vício (6.4).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 91.
Dn 6.4 Então os presidentes e os sátrapas. Daniel voava alto demais; as coisas corriam bem demais; o homem precisava ser submetido a teste. Ele era um administrador bom demais para que seus rivais encontrassem falhas nele. Portanto, a solução foi levantar o antigo espírito de perseguição religiosa. O homem sustentava sua fé judaica em meio à idolatria pagã; seus inimigos manipulariam isso para vantagem própria, e fá-lo-iam ser executado oficialmente pelo Estado, por meio de Dario, o medo, naturalmente. Dario tinha reputação de ser fraco e vacilante, pelo que a tarefa deles seria fácil. Era preciso, porém, encontrar m otivos para acusar Daniel com uma ‘illah, ou seja, uma acusação legal. Eles não queriam apenas dim inuir o ritmo de Daniel. Queriam vê-lo morto. E buscaram encontrar alguma talha (no hebraico, shehithah, “ação incorreta”) ou erro (no hebraico, shalu, algum “deslize” ou “rem issão”), mas Daniel e seu trabalho mostravam-se imaculados. Cf. Esd. 4.22 e 6.9, onde temos as idéias de negligência ou relaxamento na execução das ordens oficiais. Daniel, porém, estava acima dessas pequenas falhas humanas.
Dn 6.5 Disseram, pois, estes homens. O judaísmo nada era sem a prática da lei mosaica, que exigia, antes de mais nada, lealdade a Yahweh, protesto contra qualquer forma de idolatria e observância de uma longa série de leis e regulamentos que governavam toda a vida. Ver sobre a distinção de Israel, em Deu. 4.4-8. O termo “lei” usado neste versículo é o vocábulo iraniano dath, que indica a torah dos hebreus, a lei como código ou conjunto de preceitos e práticas religiosos (cf. Dan. 7.25). Ver também Esd. 7.12,14. Daniel era conhecido pelos frutos que produzia tanto em sua vida profissional como em sua vida pessoal. Seus oponentes haveriam de distorcer as coisas, colocando-o em uma situação perigosa. Tentariam desacreditálo e livrar-se dele, o que é o abc da política. Eles diriam a “grande mentira', o instrumento mais usado pelos políticos. Por outra parte, “a vida correta é mais importante que o rótulo correto. O público, entretanto, por muitas vezes anela escolher o rótulo acima da realidade” (Gerald Kennedy, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3398.
A vida de Daniel nos prova que um homem pode permanecer íntegro mesmo quando é vítima de conspiração (Dn 6.4-5). O versúculo 4 nos informa que eles procuravam uma “ocasião” para acusar Daniel. Essa palavra significa aqui que eles buscavam um pretexto, um motivo.48 Procuraram também uma brecha na vida de Daniel. Assim, tentaram pegá-lo em seu ponto forte. As circunstâncias adversas não alteraram as convicções de Daniel. A promoção e a honra dos íntegros incomodam as pessoas invejosas. A Bíblia diz: “Cruel é o furor, e impetuosa é a ira; mas quem pode resistir à inveja?” (Pv 27.4).
Porque Daniel era fiel a Deus, ele era fiel ao seu senhor terreno. Porque era diferente dos outros líderes foi perseguido, e conspiraram contra ele para mata-lo. Os inimigos de Daniel queriam afasta-lo do caminho deles. Mas como? Nada encontraram para atacar em sua vida moral, assim, conspiraram contra ele por intermédio de sua religião.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 81-82.
Dn 6.4: “Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa”.
"... ele era fiel. Hodge, declara: “A grande exigência básica para o ofício dos despenseiros é a fidelidade. Um ministro (político ou religioso) deve, acima de tudo, primar pela fidelidade. Daniel foi exemplo durante a sua vida naquela corte. No campo religioso, o despenseiro é um servo e, como tal, deve ser fiel ao seu Senhor. Na qualidade de um discípulo, deve ser fiel àquele que o supervisiona. O despenseiro não deve mostrar-se negligente ao distribuir o alimento; não deve adulterá-lo nem substituí-lo por um inferior. Assim também se dá no caso dos ministros da Palavra”. Os servos infiéis se empenham mais em servirem-se a si mesmos: esquecem-se das verdadeiras funções de um servo de Deus, que consiste em anunciar a mensagem do Senhor, dedicando-se inteiramente a Ele. Daniel era fiel em tudo que fazia, tanto para o rei como para Deus. Por isso foi perseguido, mas triunfou!
Dn 6.5: “Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus”.
“Nunca acharemos ocasião...” O espírito de inveja é, sem dúvida alguma, um espírito destruidor. O rei Saul era um rei poderoso, mas a inveja o destruiu. Ele, após o grande triunfo do jovem guerreiro Davi, ao invés de agradecer o que ele fez, quis matá-lo (1 Sm cap. 18). O jovem José era justo e santo e seus irmãos o venderam como escravo para o Egito (At 7.9). Em toda a extensão da Bíblia, encontramos sempre a inveja associada à traição. Evidentemente, o invejoso é um traidor. Judas Iscariotes traía a Jesus e, por essa razão, “buscava oportunidade para entregá-lo sem alvoroço” (Lc 22.1-6). O verdadeiro obreiro pode ter sido no passado até um Pedro (precipitado), mas nunca um Judas (traidor). Daniel, em sua missão de estadista naquela corte, foi sempre traído, mas nunca foi traidor!
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 111-112.
3. O perigo das confabulações políticas.
“e não se achava nele nenhum vicio ou culpa” (6.4) Quando abrimos os jornais ou constatamos na mídia televisiva a realidade das confabulações mentirosas, caluniosas envolvendo nossos políticos podemos entender como é difícil a vida política. Os políticos cristãos que exercem suas atividades nas câmaras municipais, estaduais e federais, precisam estar atentos para não negociarem a fé. Por causa da fé, são desafiados com leis injustas e que afrontam os princípios divinos. Para serem fiéis a Deus, essas pessoas tornam-se alvo de calúnias, mentiras para serem prejudicadas. No mundo político, há possibilidade de confabulações que denigrem a imagem moral daqueles que lutam por justiça e moralidade. Daniel foi alvo dessa maldade dos seus pares dentro do palácio da Babilônia. Aqueles homens se tornaram inimigos de Daniel, sem que ele tivesse ofendido a qualquer um deles. Confabularam contra Daniel buscando alguma falha moral, material e mesmo religiosa, mas foram frustrados pela integridade dele (Dn 6.4,5). Osvaldo Litz escreveu em seu livro: “A estátua e a Pedra” que “o sucesso sempre exige um tributo. Também o sucesso conseguido através da fidelidade e do esmero. A intenção do rei de promover a Daniel para o posto de maior poder no governo suscitou a inveja dos outros presidentes. Eles seriam passados para trás e um estrangeiro teria poder sobre eles”. A integridade moral e política de Daniel para com o rei eram incontestáveis. Porém, destacava-se, também, a fidelidade de Daniel para com o seu Deus que era conhecida pelos seus inimigos.
“Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus” (6.5) A armadilha preparada para que Daniel caísse deveria ser pela sua fidelidade ao seu Deus, e não por qualquer transgressão. Nossos políticos cristãos são constantemente desafiados na sua fé para fazerem concessões e desonrarem a Deus.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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