3. Reação à intimidade (Dn 3.16-18).
“Eis que o nosso Deus, a quem servimos; é que nos pode livrar” (3.17). Esta declaração dos três judeus tinha a convicção da intervenção de Deus naquela situação. O rei ficou enfurecido e intimidado, além dos jovens terem sido desafiados na sua fé com a ousadia do Rei em dizer-lhes: “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3.15), eles não tiveram dúvidas de que valia a pena permanecerem fiéis a Deus. Então, sem temor e com grande fé responderam ao Rei: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.17,18). Esta resposta dos jovens hebreus se confrontada com o cristianismo de muitos crentes hoje nos deixa preocupados. Quão facilmente cedemos; negamos nossa fé; fugimos do caminho da provação, mas Deus conta com crentes fiéis que sejam capazes de responder às ameaças satânicas de que não as tememos.
“E, se não” (3.18). Duas palavras pequenas foram capazes de mostrar a todo o Império da Babilônia que aqueles jovens tinham um Deus diferente que lhes dava a certeza de que ninguém pode confrontar Jeová. Eles sabiam que nada os demoveria de sua fé e eles não a negariam, mesmo que fossem queimados vivos naquela fornalha. Na vida cristã, estas duas palavrinhas “se não” estão fazendo na confissão de fé de tantos crentes. Satanás, nosso arqui-inimi- go, quer que nos rendamos às ameaças e armadilhas preparadas para sufocar a nossa fé (1 Pe 5.8).
“não serviremos a teus deuses” (3.18). Os três jovens foram ousados. Não transigiram, nem cederam às ameaças. Eles não trocaram o seu Deus pelos deuses de Nabucodonosor. A ira do rei manifestou-se com exagero ao ordenar que se aquecesse muito mais a fornalha. Eles não foram livrados da fornalha porque Deus os esperava dentro daquela fornalha ardente. A fornalha tem o poder da intimidação, que pode nos levar à desistência de nossos valores espirituais. A verdade é que nem sempre podemos evitar a fornalha das angústias, das decepções pessoais, das enfermidades físicas. Aqueles jovens hebreus não se deixaram intimidar, mas foram ousados em não transigir, nem ceder às ameaças.
Eles enfrentaram a fornalha ardente sem temor (3.19-22)
Os judeus foram lançados na fornalha. Diz o texto que tudo que dizia respeito a eles em termos materiais, suas roupas e chapéus foram atados juntamente com eles e lançados na fornalha ardente. Os homens que os lançaram caíram mortos pela chama do fogo e todos inimigos do lado de fora imaginavam que os judeus seriam reduzidos a cinza dentro da fornalha.
“O aspecto do quarto homem é semelhante ao filho dos deuses" (3.23-25). Foram lançados três judeus, mas um quarto homem os esperava dentro da fornalha. O poder do quarto homem visto pelo rei dentro da fornalha os tornou incólumes e nenhum fio de cabelo se queimou. Esse quarto homem não era outro senão o próprio Deus entre eles que os tornou aptos a superarem a força do fogo destruidor. E uma perfeita identificação com a Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Não era um anjo enviado de Deus. Ele era, teofanicamente, o próprio Deus. É interessante que Ele não apagou o fogo, nem tirou os três hebreus da fornalha. Ele os capacitou a estarem e passarem pelo meio do fogo sem serem destruídos. Tudo isso porque aqueles hebreus confiaram na providência divina que tem o poder de intervir, a tempo e fora de tempo, para nos livrar da destruição. As vezes, a vontade permissiva de Deus nos ensina que Deus pode permitir que soframos tribulações, angústias e dissabores como o fogo da fornalha, mas Ele nos livra no tempo próprio. Sua presença imanente é capaz de impedir que as chamas das tribulações nos destruam.
O poder providencial de Deus os tornou incólumes no meio da fornalha (3.26-28). O impacto ante à visão que o rei teve ao olhar para dentro da fornalha deixou o rei perplexo e todos os que estavam com ele. Os jovens hebreus estavam vivos e tranquilos andando no meio da fornalha. Deus honrou aqueles judeus. O rei e seus príncipes tiveram que reconhecer o poder do Deus de Israel. A providência divina não só os protegeu da força do fogo, mas os manteve vivos para testemunharem da grandeza desse Deus. O rei reconhecia que o Deus dos judeus era poderoso, mas não o aceitava como seu Deus. Para o rei, era mais um entre outros deuses, mas na mente e no coração dos jovens hebreus, Ele era o Único Deus sobre todos os demais. O apóstolo Paulo nos dá uma lição preciosa de fé e disposição para servir a Deus, quando diz: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos, quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Uma doxologia do rei ao Deus de Israel (3.29,30). Ainda que Nabucodonosor não tenha desistido dos seus deuses, reconheceu a religião judaica em seu império, especialmente, para os exilados judeus. Ele fez um decreto reconhecendo a grandeza do Deus dos judeus e admitiu que nenhum outro deus poderia fazer o que Ele fez ao livrar os judeus dentro da fornalha ardente.
Restaurados e promovidos dentro do império (3.30). Os três jovens foram restaurados às suas posições palacianas e investidos de autoridade da parte do rei. Segundo o Comentário de Charles Pfeiffer, da Editora Batista Regular: “A vitória da fé tinha cinco objetivos: (1) Foram soltos de suas amarras (v. 25); (2) Foram protegidos do mal (v. 27); (3) Foram confortados na provação (vv. 24,25,28); (4) Seu Deus foi glorificado (v. 29); (5) Como servos de Deus foram recompensados (v. 30).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 61-63.
O equilíbrio e a calma dos três servos do Deus Altíssimo estavam em claro contraste com a fúria incontida do rei. A ousadia da fé deles era equiparada à sua serenidade. Os três responderam ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder (“defender-nos”, NVI) sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste (16-18).
A verdadeira fé não está ligada às circunstâncias nem às conseqüências. Ela está fundada na imutável fidelidade de Deus. E a fé é decisiva no que tange à questão da fidelidade no crente. Poderia ter parecido algo de menor valor racionalizar apenas um pouco. Afinal, eles não deviam uma certa consideração ao rei? Porventura, eles não poderiam dobrar seus joelhos, mas ficar em pé em seus corações? Uma pequena concessão à limitada compreensão das coisas divinas por parte do rei seria uma questão insignificante.
Mas não! A reputação do caráter do Deus vivo e verdadeiro dependia desse momento. Multidões de pagãos de muitos países estavam observando. Quer Deus os libertasse das chamas, quer não, eles deveriam ser fiéis em honrar o seu nome.
Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pag. 510.
A firmeza (v. 13-18)
E importante entender que não fomos chamados para sermos advogados de Deus, mas Suas testemunhas (v.16-18). Os três jovens não entraram numa discussão infrutífera. Eles não tentaram defender Deus. Eles apenas testemunharam dEle, mostrando que estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Deus. Nabucodonosor tenta intimidá-los, dizendo que deus nenhum poderia livrá-los de sua mão (v. 15). Mas eles não tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-Lo (v. 16,17).
É importante entender, também, que nossa fé náo pode ser arrogante (v. 17,18). Os três jovens dizem que Deus pode livrar, mas náo dizem que Deus o fará. Eles não são donos da agenda de Deus. Eles não decretam nada para Deus. Eles não dizem: “Eu não aceito isto”; “Eu rejeito aquilo”; “Eu repreendo o fogo”; “O rei está amarrado”.
Eles não determinam o que Deus deve fazer. Nem sempre é da vontade de Deus livrar Seus filhos dos padecimentos e da morte. O patriarca Jó, no auge da sua dor gritou: “Ainda que Deus me mate, eu ainda confiarei nele” (Jó 13:15 ARA). Tiago, Paulo, John Huss, W illiam Tyndale foram mortos, não poupados. Às vezes, Deus livra Seus filhos da morte; outras vezes, da morte. Não importa, pois “se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8).
Devemos ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é (v. 17,18). Aqueles jovens não serviam a Deus por causa dos benefícios recebidos. A religião deles não era um negócio, uma barganha com Deus. Eles serviam a Deus por causa do caráter de Deus.
Eles tinham uma fé teocêntrica, não antropocêntrica.
Hoje as pessoas buscam a Deus, não por causa de Deus, mas por causa das dádivas de Deus. Querem bênçãos, não Deus.
Devemos fazer o que é certo e deixar as conseqüências nas mãos de Deus (v. 17,18). Nossa função é sermos fiéis, não administrar resultados. Olyott, corretamente, diz que é melhor ser morto prematuramente e encontrar o reto Juiz em paz que viver um pouco mais com vida repreensível e encontrá-Lo em terror.17 Precisamos continuar crendo em Deus apesar das circunstâncias. Viver não é preciso, andar com Deus sim. A morte por causa de Cristo não é uma tragédia, mas uma promoção. Os que morrem no Senhor são bem-aventurados. Ainda hoje, muitos cristãos preferem a morte nas prisões à liberdade no pecado. Prova disso é que mais da metade de todos os mártires da história viveram no século 20.LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 54-56.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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