Dn 3.4: “E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ópovos, nações e gente de todas as línguas”.
"... o arauto...” Em toda a extensão da Bíblia, apenas aqui, há referência especificada a esta palavra. Verdade é, que em o Novo Testamento o vocábulo grego “kêryx” se traduz como “pregador” em 1 Tm 2.7 e 2 Tm 1.11 e 2 Pe 2.5. No idioma aramaico, o verbo “kãrôz” se traduz por “o que clama”, derivado, provavelmente, não como se tem pensado, do termo grego “kêryx”, mas do persa antigo “khraus”, que quer dizer: “o que clama”. Aqui, no presente texto, o vocábulo é aplicado ao locutor (em termos modernos) encarregado da divulgação feita por expressa ordem do rei, para a consagração da estátua. Diz-se que ele “apregoava em alta voz”. A forma causativa da raiz verbal, “krz”, é encontrada em Daniel 5.29, onde lemos: "... e proclamassem a respeito dele...”. Nos dias hodiernos se traduz, na versão portuguesa, o vocábulo grego .kêryx como “pregoeiro”, mensageiro, etc. Seja como for, o arauto era um homem revestido de grande autoridade, na proclamação daquela corte.
Dn 3.5: “Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado”.
"... buzina...” Essa palavra tem um sentido lato nas Escrituras Sagradas, sendo, porém, no grego clássico, traduzida também por trombeta. Como trombeta, há menção freqüente desse instrumento, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Tratava-se de um instrumento feito de um chifre longo com uma extremidade virada: era dessa forma a trombeta nacional dos israelitas. Era usada em ocasiões militares e religiosas. Paulo fala que o arrebatamento da Igreja, será precedido pela trombeta de Deus (1 Ts 4.16).
"... pífaro...” Essa é a tradução dada por nossa versão do termo aramaico “mashrôqitâ”. Ocorre apenas no presente versículo e naqueles que se seguem. Deriva-se da raiz “shãraq”, uma palavra onomatopéica que significa “assobiar” ou “chiar”. O som deste instrumento é acompanhado por um som sibilante. E razoável, embora improvável, que o instrumento acima mencionado pertencia a uma classe de flata.
"... harpa...” Originalmente, esse instrumento tinha um formato triangular, com sete cordas. Mais tarde, o número de cordas foi aumentado para onze (11) e Josefo menciona em seus escritos harpas contendo dez cordas, as quais eram tangidas com um “plectum” ou pequena peça de marfim. A harpa é instrumento já mencionado em Gn 4.21. Também nos salmos há alusão a esse instrumento em várias conexões (SI 33.2; 98.5; 147.7).
"... sambuca...” Sobre esse instrumento há várias opiniões: 1) “Um instrumento de sopro, usado na Idade Média, consistindo de um longo tubo de bronze, com uma chave móvel para mudar o som das notas da música, à semelhança de um trombone. 2) O instrumento mencionado em Dn 3.5, pertence a uma classe muito diversa: é instrumento de cordas, que em aramaico se denomina “sabbe- kã”. 3) A “sabbekã” é usualmente identificada com o grego “sambykê” sendo esse o vocábulo usado para traduzi-lo no texto em foco, e na Septuaginta. Tem sido descrita como uma pequena harpa triangular. Seja como for, era um instrumento de cordas, e não de sopro, que, segundo Estrabão, era de origem bárbara.
"... saltério...” Esta palavra se deriva do vocábulo grego “psaltêrion”, que denota um instrumento tocado com os dedos, e não com um plectro. O verbo grego “psaltõ” significa tocar vigorosamente. Para nós, essa palavra “saltério” se traduzia também por “viola”. O saltério era bem conhecido do povo de Israel. (Ver 1 Sm 10.5; SI 33.2 e ss.) O saltério, como já ficou demonstrado acima, era um instrumento de dez cordas, sempre citado em conexão com o louvor.
"... gaita de foles...” Essa é a tradução de nossa versão da palavra aramaica “sumpônyã”, que é geralmente considerada como uma palavra emprestada do grego. Em toda a extensão da Bíblia ocorre apenas no presente capítulo. Todavia, parece que tal tradução é bem adequada, pois trata- se, realmente, de alguma espécie de instrumento de sopro. “A tradução italiana moderna é ‘sanpogna’, uma espécie de gaita de foles em uso corrente naquele país”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 54-57.
II – O DESAFIO À IDOLATRIA
1. A ordem do rei a todos os seus súditos (vv.4-7).
A tentativa de criar uma religião totalitária (3.7). Ele queria uma religião que fosse capaz de garantir a devoção e a lealdade dos súditos pela força imposta por seus decretos. Na verdade, ele queria conquistar as pessoas, não pelo coração, mas pela subserviência moral e física. Os súditos do reino dobrariam os seus joelhos por medo, não por devoção. Nos tempos modernos nos deparamos com religiões que causam terror e medo. A imposição de Nabucodonosor era, de fato, uma inquisição instituída para obrigar as pessoas a se submeterem às exigências do império.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 58.
Dn 3.6 Qualquer que se não prostrar e não a adorar. Urn modo temível de execução esperava os desobedientes ao decreto. O tipo de fornalha evidentemente recebia o combustível pelo alto, ao passo que era fechado por tijolos nos quatro lados. Execuções pelo fogo eram comuns entre os antigos, em altares munidos de fogueiras, grelhas em brasa, na fogueira ou em fornalhas. O código de Hamurabi (25,110,157) menciona as fornalhas, embora essa forma de execução parecesse reservada a criminosos especialmente perigosos. Heródoto (Hist. I.86; IV.69) diznos que Ciro e os citas executavam dessa m aneira bárbara. Ver Diodoro Sículo (1.58.1-4; 77.8). Os hebreus antigos também não devem ser isentados. Ver Gên. 38.24; Lev. 21.9; Jos. 7.15,25; Jer. 29.22; Jubileus 20.4; 30.7. E II Macabeus 7.3 ss. e IV Macabeus 18.20 mostram-nos que essa forma de execução foi usada nos tempos dos monarcas selêucidas. No caso presente, a alegada impiedade religiosa era punida dessa maneira, e podemos supor que a desobediência era considerada um crime sério contra o Estado.
Dn 3.7 Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta. A Adoração da Imagem. Ao ouvir o som de todos os instrumentos listados no vs. 5 (com a exceção única da gaita de foles), todos os povos, de todas as classes, de todas as nações, prostraram-se e adoraram a grotesca imagem de Nabucodonosor. Quem enfrentaria o horroroso castigo ameaçado contra os desobedientes à ordem real? Representantes de todo o povo adoravam, e em breve todos “lá fora" estavam fazendo a mesma coisa. A superstição e a idolatria ganharam o dia. Mas ainda raiaria outro dia quando a bondade e a justiça seriam as vitoriosas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3384.
A concordância geral da assembléia a essa ordem (v. 7). Eles ouviram o som dos instrumentos musicais, tanto instrumentos de sopro como instrumentos de mão, a buzina e o pífaro, a harpa, a sambuca, o saltério, e a gaita de foles, a melodia dos quais eles a consideraram arrebatadora (e adequada o bastante para estimular uma devoção que eles deveriam então prestar), e imediatamente todos eles, como um só homem, como soldados que estão acostumados a se exercitar pela batida de tambores, todos os povos, nações, e línguas, caíram prostradas e adoraram a imagem de ouro. E não foi surpresa quando foi proclamado que qualquer que não adorasse essa imagem de ouro deveria ser imediatamente lançado no meio de uma fornalha de fogo ardente, preparada para esse propósito (v. 6). Aqui estavam os encantos da música para atraí-los a uma submissão, e os terrores da fornalha de fogo para aterrorizá-los até a submissão. Assim cercados pela tentação, todos cederam (exceto os servos de Deus). Note que a maioria seguirá o caminho que lhe for indicado. Não há nada tão ruim que não possa atrair o mundo negligente por meio de um concerto musical, ou que faça com que seja impelido por uma fornalha de fogo ardente. E através de métodos como esses, a falsa adoração tem sido estabelecida e mantida.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 839.
Dn 3.6: “E qualquer que se não prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente”.
“E qualquer que não se prostrar...” O presente versículo nos mostra a crueldade existente naquela corte. A punição para qualquer um que fosse insensato (segundo o rei) seria a sua morte iminente no lago de fogo ardente, que, sem dúvida, ficava ali perto do grande cortejo religioso. O presente texto e outros - correlatos nos dão a entender que a fornalha de fogo seria fechada por uma porta, pois a pessoa tinha de ser lançada ali no seu interior; isso também, segundo a tecnologia, era um meio natural de aumentar o calor forçando a entrada de ar e eliminando o oxigênio. E difícil vislumbrar qual teria sido a aparência daquela fornalha na velha Babilônia, a não ser o que pode ser depreendido dos textos em foco, pois a despeito de escavações, raramente dispomos de maquetes ou desenhos com dimensões apropriadas.
Dn 3.7: “Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, e de toda a sorte de música, prostraram- se todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado”.
"... prostraram-se todos os povos...” O original traz literalmente, “assim que começaram a ouvir, começaram a prostrar-se”. Houve uma resposta total e imediata. O rei havia atingido seu objetivo e a unidade que buscava. Devemos observar como são repetidas na narrativa, as expressões: “o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, etc”. (Ver os vv. 5, 7, 10,15). “Nesse culto religioso de Nabucodonosor não havia coisa alguma para a alma. Consistia apenas de coisas para agradar os olhos e ouvidos. Era apenas um culto de formalismo com cerimônias atraentes perante a imagem grande em tamanho, mas tudo tão-somente para despertar as emoções do povo. Tudo era muito oco e vazio. Não havia coisa alguma de sacrifício, de sangue, de perdão de pecados, do Espírito Santo, nem do novo nascimento com poder de livrar o pecador de seus pecados. Tudo era fantasia”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 57-58.
2. A intenção do rei e o espírito do anticristo.
Nabucodonosor teve duas motivações principais para construir a grande estátua. A primeira motivação era exibir perante os povos do mundo representados naquele evento a sua soberba e vanglória. O texto diz literalmente que “ele fez uma estátua de ouro” (3.1). As dimensões e a magnitude da estátua eram impressionantes. Imaginem uma estátua de Tl metros de altura e 6 metros de largura aproximadamente. A soberba do Rei o tornou altamente arrogante e insolente, sem limites. A Bíblia diz que “a soberba precede a ruína”(Pv 16.18).
A segunda motivação de Nabucodonosor era o anelo de ser adorado como deus pelos seus súditos, por isso Ele deu ordens de que todos os oficiais do reino se reunissem naquele evento no campo de Dura (Dn 3.1) para adorarem à sua estátua. Sua intenção prenunciava o espírito do Anticristo que levantará a imagem da Besta para ser adorada no tempo do Fim (Mt 4.8-10; Ap 13.14-17). A intenção do Rei era impor a religião diabólica de sua imagem para dominar o mundo, não só no campo material e político, mas espiritualmente.
A acusação dos caldeus contra os judeus (3.8-12). Os três hebreus estavam lá na grande praça por força da ordem do rei. Todos os ilustres homens do império, os chefes de governos, os sátrapas, os governadores das províncias, os sábios, os sacerdotes dos vários cultos pagãos, todos estavam lá. A ordem era que quando a música fosse tocada todos deveriam ajoelhar-se e adorar a estátua do rei. Quem não obedecesse seria lançado na fornalha de fogo ardente. Os três jovens hebreus preferiam morrer queimados naquela fornalha do que negar a fé no Deus de Israel. Os três jovens hebreus, Ananias, Misael e Azarias quando foram para a Babilônia não tinham mais que 18 a 20 anos de idade. Nesta experiência do capítulo três, eles estavam na faixa dos 40 anos de idade, mas não sucumbiram nem fizeram concessões que comprometessem a sua fé em Deus. Eles não esmoreceram moral ou espiritualmente ante a ameaça de Nabucodonosor e a discriminação dos outros príncipes do Palácio. Diante da ameaça da fornalha ardente eles estavam seguros do cuidado de Deus, como falou o profeta Isaías: “Quando passares pelas águas, estarei contigo e, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 58-59.
I. Definição e caracteristica Geral da IDOLATRIA
1. Essa palavra vem do grego, eídolo. «idolo»., e latreueín, «adorar». Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo, todos os homens, com bastante freqüência, se não mesmo continuamente, são idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos totalmente de todas as formas de idolatria. Paulo, em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma idolatria.
2. ~A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum bjeto ou imagem. Esse termo usualmente inclui a idéia da dendrolatria, da litolatria, da necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é radicalmente incompativel com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se às perversões de valor representadas por aquela imagem».
3. Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4. Uma Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do' mundo, da Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se, quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos religiosos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-207.
O Anticristo e seu falso profeta.
Tanto o Anticristo como o seu profeta aparecem aqui no capítulo 13, sob a figura de duas bestas. O Anticristo é a besta que sobe do mar em 13.1. O Falso Profeta é a besta que sobe da terra em 13.11. O Anticristo é assim chamado por duas razões. Ele se opõe a Cristo no sentido de resistir e hostilizar. Mas também se chama assim porque procura imitar a Cristo no seu papel de redentor.
Satanás estará na terra já durante a primeira metade da 70ª semana, mas não se revelará como o Anticristo até a metade da semana, quando cancelará sua aliança com Israel. As duas testemunhas profetizarão durante a primeira metade da semana, quando ele as perseguirá e as matará. É provável que nesse tempo a Besta coloque sua imagem no templo, já reconstruído em Jerusalém e exija adoração à sua pessoa.
A segunda besta ou o Falso Profeta procura imitar o Espírito Santo, como veremos ao estudarmos sobre ela neste mesmo capítulo.
l. A besta que subiu do mar - o Anticristo (13.1-10).
Versículo 1. "uma besta". A palavra usada no original indica animal selvagem. Isso mostra o caráter bestial, animalesco, baixo e vil do Anticristo, quando ele se manifestar abertamente. "Dez chifres... e sobre os chifres, dez diademas", o que indica a sua procedência satânica, pois o dragão aparece em 12.3 com sete cabeças e dez chifres. Mas há uma diferença entre os dois. Os diademas do dragão estavam nas cabeças (12.3), e os da besta nos chifres (13.1). Deste modo, os diademas do dragão eram sete, é os da besta dez. O profeta Daniel viu esse animal sob outro ângulo, porém tinha também sete cabeças e dez chifres (Dn 7.23,24).
Versículo 2. Aqui temos o que podemos chamar um retrato da besta: Parecida com leopardo, com pés de urso e boca de leão. Isso nos leva ao capítulo 7 de Daniel. Ali o leopardo é a Grécia; o urso é a Pérsia e o leão é Babilônia. O leopardo fala de rapidez; o urso, de força e o leão, de soberba. Certamente isso também significa que o domínio da besta será caracterizado por princípios que predominaram em Babilônia, na Pérsia e na Grécia e também no Império Romano, porque os dez chifres, como veremos logo mais, figuram uma expressão última daquele império. "E deu-lhe o dragão o seu poder". Assim, temos no início do capítulo a revelação de uma trindade satânica operando nesse tempo: o Dragão, que procura imitar Deus; a Besta, que imita o Senhor Jesus; e o Falso Profeta (a segunda besta), que imita o Espírito Santo. Que dias tenebrosos serão esses!
Versículo 5. O domínio da Besta será de 3 anos e meio. "Quarenta e dois meses", diz o versículo. "Foi-lhe dada uma boca que..." A Besta terá inigualável habilidade de influenciar as massas à ação com seus discursos inflamados. Com os modernos meios de comunicação por satélites, alcançará o mundo todo com sua demagogia saturada de poder maligno.
Versículo 7. Os "santos" aqui são aqueles que crerão durante a Grande Tribulação: judeus e gentios. Eles morrerão como mártires. A superigreja mundial encabeçada pelo Falso Profeta matará nesse tempo muito dos santos. Apocalipse 17.6: "Então vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus..."
Versículo 8. "dó Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo". Significa que cada cordeiro que era imolado como sacrifício no Antigo Testamento, desde o primeiro que Abel imolou (Gn 4.4), era uma prefiguração do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Portanto, Cristo e sua obra redentora é o tema central das Escrituras. Em 1 Pedro 1.20 confirma isto: "conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vos".
2. A besta que subiu da terra - o Falso Profeta (13.11-18). Ele é chamado por esse nome em três lugares do Apocalipse: 16.13; 19.20; 20.10.
Versículo 11. "possuía dois chifres". O chifre é símbolo de poder em qualquer sentido. Podem indicar seu poder político e religioso, pois no versículo 12 está dito que ela exerce a autoridade da primeira besta e compele todos à adoração da primeira besta, "parecendo cordeiro, mas falava como dragão". A segunda besta é descrita como cordeiro, o que indica o seu caráter religioso, que é confirmado pelo seu título "falso profeta". Profeta de quê? Só pode ser uma falsa religião.
Versículos 12,13. A leitura desses versículos mostra que haverá muita religiosidade naqueles dias. O versículo 13 indica que será um período de muitos milagres. Porém em 2 Tessalonicenses 2.9, o Espírito Santo, falando
por meio de Paulo, diz: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios da mentira". Portanto, serão como sempre, milagres falsos, como acontece hoje em dia no espiritismo. Quando, por meio do espiritismo, o demônio sai de uma pessoa, muitos outros ficam doentes. O que acontece lá não é cura nem libertação, é um acordo entre os demônios, mas sempre com prejuízo do ser humano escravizado.
É a operação do erro, para crerem na mentira, como está escrito em 2 Tessalonicenses 2.11.
O Falso Profeta será, pois, um superlíder religioso. Pelos versículos 12 e 15 vê-se que ele promoverá uma religião universal em torno da primeira besta. O movimento religioso do ecumenismo já bem configurado por toda parte, visando unir todas as igrejas, e aceitando pessoas de todas as procedências religiosas (bastando que "creiam" em Deus) está aí. O palco já está armado; só faltam os atores para o drama...
Versículo 15. A imagem da Besta falará. Sim, falará como atualmente os demônios falam através dos médiuns espíritas.
Versículos 16-18. O nome e o número da Besta. Será fácil saber isto pelos que estiverem aqui quando a Besta surgir no cenário mundial. Para nós, os salvos, aguardamos o arrebatamento da Igreja, muito antes da manifestação desse Anticristo. "Número de homem" (v. 18). A Besta não será o Diabo, nem um homem ressuscitado, masi um homem personificando o Diabo. Três coisas são ditas dela, no versículo 17: sua marca, seu nome, e seu número.
O número "666" é número de homem ou humano (v. 18). O homem foi criado no sexto dia. Ao homem foi determinado que trabalhe seis dias na semana. O escravo hebreu servia por seis anos de cada vez. O homem cultivava a terra por seis anos de cada vez. Encontramos o número "666" no Antigo Testamento, mas sem qualquer relacionamento com o da Besta (1 Rs 10.14; 2 Cr 9.13). Muitos, através dos tempos, têm encontrado o número "666" nos nomes de muitas personagens da história, mas tudo não passa de especulação.
Conclusão sobre as duas bestas. Estes dois homens de que acabamos de tratar representam dois grandes movimentos mundiais nos últimos dias dos tempos dos gentios: uma confederação de nações para fins políticos, e uma confederação (também mundial) de igrejas para fins religiosos.
Observando com atenção a profecia, vemos que os tempos dos gentios começaram com a adoração compulsória de uma imagem idolátrica (Dn 3), e findarão, como acabamos de ver, com a adoração, também compulsória, de uma imagem, desta vez, da Besta, o último governante mundial dos tempos dos gentios.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
VIII - A Segunda Besta que se Levanta da Terra (Ap 13.11,12)
"E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada."
A primeira besta levantou-se do mar (isto é, das nações do mundo). Agora, a segunda besta há de se levantar da terra. Está claro, pois, que não vem do céu, apesar de sua proclamação e da ostentação que faz de seus poderes sobrenaturais. E "uma outra" besta; ou seja: é do mesmo tipo que a primeira. Sua aparência de cordeiro contrasta com suas palavras, pois fala "como dragão".
Ela procura dar a impressão de ser um cordeiro - gentil e cuidadoso, cheio de amor. Mas tudo não passa de encenação. Ela é má. Suas palavras, embora convincentes, são enganosas. Faz parte do trio diabólico, que é uma imitação da trindade. A verdadeira Trindade é uma tri-unidade composta por três pessoas divinas num único Ser Eterno. Este trio, porém, é constituído de seres separados; formam uma unidade somente nos planos satânicos.
A segunda besta exercerá toda a autoridade e poder diante da primeira besta. Isto significa que o dragão, o próprio Satanás, é também a fonte de poder da segunda besta.
Com seu poder, ela ajudará a primeira besta. Forçará a terra e todos os seus habitantes a adorá-la, mostrando como aquela ferida mortal foi curada. Fica claro, pois, que não somente a sua cabeça, mas todo o seu corpo achava-se mortalmente ferido. Todavia, foi esta restaurada. (Ver comentário no versículo 3). Observamos que a preocupação da segunda besta será com a religião; ela é, portanto, identificada como o Falso Profeta (16.13; 19.20; 20.10).
Alguns creem que o Falso Profeta estará à frente da igreja apóstata durante a primeira parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados para o encontro com Senhor Jesus nos ares). Assim, o Falso Profeta tornar-se-á o líder do sistema religioso mundial que o Anticristo estabelecerá na última parte da Grande Tribulação. Ao glorificar a besta e a sua falsa ressurreição, o Falso Profeta imita o Espírito Santo, cuja missão é, entre outras coisas, glorificar o Cristo ressuscitado. IX - Milagres Enganosos e Falsos (Ap 13.13-15)
"E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E foi- lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta."
A segunda besta, o falso profeta, opera muitos sinais e milagres ("sinais" no versículo 13 é a tradução da mesma palavra grega (semeia) usada no Evangelho de João para descrever os milagres de Jesus). Na presença dos povos, o falso profeta faz até com que fogo, aparentemente vindo do céu, caia na terra. Trata-se de uma imitação clara do milagre realizado por Elias ao desafiar os israelitas a decidirem entre o Senhor e Baal. Apesar dos sacerdotes de Baal não puderem realizar o prodígio (1 Rs 18.22-34), o Falso Profeta, através do poder de Satanás, o fará. Todos ficarão impressionados. Até mesmo nesta era tão científica, há pessoas ingênuas dispostas a seguir os falsos profetas; são enganadas pelos milagres que não têm por objetivo a glorificação de Deus.
Os pretensos milagres do Falso Profeta têm por objetivo enganar a humanidade (1 Ts 2.9-12). Mas Israel é advertido em Deuteronômio 13.1-3 a precaver-se contra os profetas que, apesar dos sinais e milagres que operam, levam o povo a desviar-se do verdadeiro Deus. Os tais devem ser considerados impostores.
Pois os verdadeiros profetas falam por Deus, e encorajam o povo a servi-lo e a adorar a Cristo.
Pode ser que o Falso Profeta tente criar uma igreja ecumênica, aglutinando todas as religiões numa só, fazendo com que todos adorem o Anticristo. Seus pretensos milagres serão uma imitação dos sinais e portentos bíblicos; constituir-se-ão numa tentativa de copiar o ministério do Espírito Santo (ver comentário no versículo três).
Com os seus falsos sinais e milagres, a segunda besta confundirá os habitante da terra (isto é, os incrédulos que forem aqui deixados). Estes, afinal, já se encontram no caminho largo da destruição por rejeitarem o Cordeiro de Deus. Jesus advertiu que falsos profetas e falsos cristos levantar-se-iam no final dos tempos (Mt 24.24). O Anticristo e o Falso Profeta representam o clímax de todos estes enganos. As pessoas, contudo, não conseguirão enxergar que os milagres do Falso Profeta são enganosos. Hão de aceitá-los como prova de que a besta é o Cristo verdadeiro.
Na realidade, o Falso Profeta persuade a todos a dedicar uma estátua ao Anticristo - a besta que sobreviveu a ferida mortal. Tal estátua será como a idealizada por Nabucodonosor visando a adoração de si mesmo (Dn 3.1). A estátua, ao que parece, será colocada no templo a ser reconstruído em Jerusalém (Dn 9.26; Mt 24.15; 2 Ts 2.4). Consequentemente, ela tornar-se-á num ponto central de adoração à Besta.
Ao Falso Profeta é dado poder para comunicar vida à estátua da besta. O termo grego pneuma que pode ser usado como referência a qualquer tipo de espírito. Que tipo de trapaça, ou fraude, capacitou a besta a realizar tal portento, a Bíblia não revela. Talvez o Falso Profeta tenha ordenado ao espírito demoníaco que animasse a estátua. Ao fazê-lo, o Falso Profeta reivindica poder divino para si mesmo e à primeira besta - o Anticristo. Este é um dos seus maiores enganos. A Bíblia deixa claro que somente Deus pode criar e dar a vida. O verbo hebraico bara, "criar", é sempre mostrado na Bíblia em estreito relacionamento com Deus. De diversas formas a Bíblia proclama o Senhor Deus tanto Criador como Redentor.
Através deste "espírito" a estátua da besta põe-se a falar, induzindo a humanidade a crer que o Anticristo seja realmente um ser divino. A estátua da besta, então, baixa um decreto, determinando que sejam mortos os que se recusarem a adorar o Anticristo. Isto reforçará a exigência do Falso Profeta quanto a uma religião única. Mas os que resistirem ao Anticristo e continuarem a adorar a Jesus, serão martirizados por sua fé (Ap 6.9; 14.12,13; 17.9- 17). Fica patente, pois, que o Anticristo não seguirá uma filosofia ateísta. Seu sistema será religioso. Ele usará a religião para exaltar-se a si mesmo como Deus, como o fizeram os antigos reis da Assíria, Babilônia e Roma.
X - A Marca da Besta (13.16-18)
"E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis."
O Falso Profeta não fará exceções em sua exigência para que todos os habitantes da terra recebam a marca do Anticristo (isto é, da primeira besta). O texto diz claramente que todos serão marcados - "pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos".
A marca da besta é o substitutivo de Satanás para a marca com a qual o 144.000 serão selados (Ap 7.3), e que servirá para identificar os que pertencem a Deus. A marca da besta identificará os seus seguidores, os que se acham sob o controle de Satanás.
A palavra "marca" (grego charagma) era usada para designar o selo, que poderia ser gravado, colado ou impresso. Era destinado a marcar cavalos, autenticar documentos e cunhar moedas. (2) Não há, contudo, evidência de que algum tipo de selo haja sido usado, nos dias de João, para marcar seres humanos. (3) Nenhuma marca era impressa naqueles que juravam lealdade aos imperadores de Roma. Isto evidencia estar completamente equivocada a perspectiva preterista usada para interpretar o Apocalipse. A natureza da marca da besta, ou o método pela qual é aplicada, não é descrita, exceto a indicação do seu número. Fica claro que, desde o momento em que a for aplicada, tornar-se-á permanente. Os que a aceitam, farão como testemunho de sua rejeição a Cristo. A pressão econômica os ajudará a decidir-se por receber a marca.
Entende-se pelo texto que a marca da besta controlará a economia de todo o mundo, pois ninguém poderá comprar ou vencer sem esta identificação. Nada disto aconteceu durante as perseguições romanas, ou nos períodos mais negros da história da Igreja.
O domínio sobre a economia mundial será usado como incentivo aos reticentes para que aceitem a marca da besta. Desde que a marca é identificada com o nome da primeira Besta, ela tem a ver com a sua natureza e caráter. A marca simboliza ainda plena submissão ao Anticristo e ao Falso Profeta. Lendo o versículo 15, tem-se a impressão de que os que se recusam a recebê-la serão identificados, descobertos e martirizados.
O versículo 18 oferece uma pequena lista para se entender o sentido da marca e do nome, ou caráter, da besta. O número 666, no entanto, tem-se tornado mui controvertido, e vem promovendo mais especulações que qualquer outra coisa da Bíblia.
Antes da invenção dos números arábicos (0,1,2,3...), os judeus e gregos tinham de escrever os números por extensos. Com o passar do tempo, começaram a substituir as letras do alfabeto pelo nome dos números. Assim, as primeiras dez letras eram usadas para os números de 1 até 10. A letra seguinte designava o 20, a outra 30, e daí por diante.
Vem se constituindo num passatempo popular adicionar letras aos mais diversos nomes para se obter a identidade da besta. Alguns concluem que o Anticristo haja sido Nero César, pois tal nome em caracteres hebraicos soma 666. Contudo, o Apocalipse está no grego, e fala do Alfa e do Omega, letras do alfabeto grego; e não "Alefe" e "Tau", letras do alfabeto hebraico. Assim, há somente especulação ao atribuir-se o número 666 a Nero.
Através da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos. Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em Roma, em algarismos latinos, também soma 666. E digno de nota que alguns escribas antigos substituíssem deliberadamente o número 666, por 616, para que se encaixasse com o nome de Calígula. A Igreja Primitiva, unanimemente, rejeitou o artifício.
O Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A única chave é esta: "é o número de um homem". Expositores da Bíblia interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a Trindade. As tripla repetição - 666 - pode simplesmente significar que o Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo Anticristo, Falso Profeta e Satanás (2 Ts 2.4; Ap 13.8)
HORTON. Stanley. M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que Brevemente devem acontecer. Editora CPAD.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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