Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2002
Título: Ética Cristã — Confrontando as questões
morais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição
5: O
cristão e o planejamento familiar
Data: 5 de Agosto de 2002
TEXTO ÁUREO
“Examinai tudo.
Retende o bem” (1 Ts 5.21).
VERDADE PRÁTICA
Para o cristão, ter ou não ter filhos, não é apenas uma questão
biológica, mas uma decisão que envolve fé, amor e obediência aos princípios de
Deus para a família.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
Pv 17.6
Coroa dos
velhos são os filhos
Terça - Gn
15.2
Um pai,
pedindo filhos
Quarta -
Gn 17.15,16
Promessa
de filhos
Quinta - 1
Sm 1.7
O choro da
mulher estéril
Sexta - 1
Sm 1.10,11
Um filho
dado a Deus
Sábado -
Lc 1.31
Um filho
especial
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Gênesis
1.27,28; 30.1,22,23 e 1 Coríntios 7.5.
Gênesis 1
27 - E criou Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 - E Deus os abençoou e Deus lhes
disse:Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a;
Gênesis 30
1 - Vendo, pois, que não dava filhos a
Jacó, teve Raquel inveja de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morro.
22 - E lembrou-se Deus de Raquel, e
Deus a ouviu, e abriu a sua madre.
23 - E ela concebeu, e teve um filho, e
disse: Tirou-me Deus a minha vergonha.
1
Coríntios 7
5 - Não vos defraudeis um ao outro,
senão por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração;
e, depois, ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa
incontinência.
PONTO DE CONTATO
Imagine um mundo sem a presença de crianças! Comece a aula
conversando com sua turma sobre a alegria que a presença de um bebê traz à
família. Fale também sobre as responsabilidades que estão implícitas nesta
chegada. Educação, saúde, boa alimentação, desprendimento para dar atenção,
carinho e todo cuidado que o bom desenvolvimento de um ser humano exige. Os
pais não podem ser egoístas, pois criar filhos implica em estar pronto para
mais dar do que receber.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Analisar as questões do controle da natalidade e planejamento
familiar à luz da ética cristã.
·
Reconhecer que a vontade de Deus, acerca da limitação de filhos,
está acima das razões e dos argumentos humanos.
SÍNTESE TEXTUAL
Controle de natalidade tem sido assunto polêmico ao longo dos
últimos anos. Em alguns casos, as divergências envolvem até mesmo o Estado,
tornando-se um problema de governo. Países populosos como China e Índia
utilizam medidas restritivas com relação à concepção por motivos óbvios: O
desenvolvimento socioeconômico é pequeno em relação ao crescimento
populacional. Há um grande contingente de pessoas e pouco alimento. Quando Deus
disse crescei e multiplicai, não determinou quantidade. O que gera maior constrangimento?
Viver dignamente com poucos filhos, ou tê-los em grande quantidade e não poder
sustentar? As responsabilidades pertinentes ao casamento incluem o planejamento
familiar.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Promova um debate com toda a classe ou divida-a em grupos sob a
orientação do mestre. Ao professor cabe orientar e supervisionar o debate de
tal maneira que permita a participação de todos e que não haja nenhuma forma de
agressividade nas palavras. A participação de cada aluno deverá ter sempre o
objetivo de contribuir com a classe e jamais o de sobrepor-se às ideias dos
outros.
O debate se divide em:
1. Apresentação: Apresentação
do tema, explicação e objetivos do debate. O professor deverá nomear um
moderador.
2. Participação: Cada aluno
apresenta sua contribuição pessoal, dizendo o que pensa do assunto. É o início
do debate.
3. Argumentação: É o
momento de cada aluno apresentar o motivo do seu ponto de vista.
4. Discussão: É a troca
de argumentos. A discussão tem a finalidade de chegar à verdade ou elucidar
dificuldades.
5. Conclusão: É feita em
primeiro lugar pelo líder do grupo e depois apresentada à classe, se esta está
dividida em grupos. O professor ouvirá cada líder e dará a conclusão final.
COMENTÁRIO
introdução
Há opiniões radicais dos que se opõem tenazmente a qualquer
método ou tipo de limitação de filhos por um casal crente. De outro lado, há os
liberalistas temerários, que não veem qualquer restrição ética concernente ao
dito assunto. Os moderados procuram com humildade e temor de Deus aprender a
discernir o certo e o errado sobre o assunto pela Bíblia e a busca da vontade
específica do Senhor. Com muito respeito, santo temor e sinceridade, desejamos
abordar o tema, esperando contribuir para o alargamento da visão sobre esse tão
necessário e pouco estudado tema da ética cristã.
I. CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
1. Controle da natalidade. “É o conjunto de medidas limitadoras, de
emergência, incluindo legislações específicas, que o governo de um determinado
país adota para atingir metas demográficas restritivas, (isto é, populacionais)
consideradas indispensáveis ao desenvolvimento socioeconômico. Isso ocorre por
exemplo, na China e na Índia, onde a população é excessiva em relação aos
recursos econômicos”.
2. Planejamento familiar. É o exercício da paternidade responsável, e a
utilização voluntária e consciente por parte do casal, do instrumento
necessário ao planejamento do número de filhos e espaçamento entre uma gestação
e outra.
II. VISÃO
GERAL À LUZ DA BÍBLIA
1. Determinação divina (Gn 1.28). Deus criou o homem de modo especial dizendo:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1.26,27).
“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os
criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei
a terra, e sujeitai-a” (Gn 1.27,28). Este foi o primeiro mandamento dado ao
homem pelo Criador após criar o ser humano, masculino e feminino. Entretanto,
Deus não deu um multiplicador. Logo, ter um filho ou dois já é multiplicação.
No Antigo Testamento, não ter filhos era constrangedor (1 Sm 20).
2. A natalidade no Antigo Testamento.
a) Filhos, uma bênção de Deus. No Antigo Testamento, ter filhos era algo
sagrado, uma bênção de Deus. Sara, esposa do patriarca Abraão, sendo estéril,
sentiu-se frustrada, recorreu a um ato desesperado oferecendo sua serva ao
marido para que este tivesse um filho com ela, como sendo esse filho do casal.
Isso resultou em sérias e perpétuas complicações, quando se considera que em
Abraão e Sara estava implícita a linhagem do futuro Messias (Mt 1.1). Abraão,
sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor: “Senhor
Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em resposta, o
Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim será a tua
semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16).
b) Não ter filhos era sinal de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido:
“Dá-me filhos, senão morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela
exclamou: “Tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana,
também é exemplo do sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1 Sm
1.7,10,11,20).
c) Ter família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1 Sm
2.21). Os filhos eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor,
como diz o salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do
ventre o seu galardão” (Sl 127.3).
3. A natalidade no Novo Testamento.
a) A natalidade enaltecida. “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher...”. Maria ouviu do anjo: “Salve,
agraciada! O Senhor é contigo! Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1.28); “Eis
que em teu ventre conceberás e darás à luz um filha, e por-lhe-ás o nome de
Jesus” (Lc 1.31). Que mistério tão grande! “O plano da salvação, previsto antes
da fundação do mundo, incluía uma mulher, uma mãe, um ventre, um seio materno”
(Lima, p.158).
b) Ter filhos, uma bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos,
pois sua mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este
sacerdote de avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e
muitos se alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas
por Jesus. Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu
crianças trazidas pelos pais, toucou-lhes brandamente, abençoando-as (Lc
18.15-17).
III. UMA
ABORDAGEM ÉTICA DA LIMITAÇÃO DE FILHOS
1. O cristão e o controle da natalidade. Há países que punem os pais, se nascer mais de
um filho. Faraó, após a morte de José, decretou um controle da natalidade para
que não nascessem filhos homens entre o povo de Israel no Egito: “E o rei do
Egito falou às parteiras hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o nome
da outra, Puá) e disse: Quando ajudardes no parto as hebreias e as virdes sobre
os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha, então viva” (Êxodo
1.15,16). E Deus invalidou aquela medida cruel.
2. O cristão e o planejamento familiar. No Novo Testamento, não há referência expressa
a ter ou não muitos filhos. Mas os filhos são galardão do Senhor. “Eis que os
filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas
nas mãos do valente, assim são os filhos da mocidade” (Salmo 127.3). Para ter
filhos, cremos que o casal deve orar muito, para que nasçam debaixo da bênção
de Deus. E, para não tê-los, deve orar muito mais, para não contrariar a
vontade de Deus. Devem ser considerados os fatores de saúde, alimentação e
educação (espiritual e secular), pois não é justo que se tragam filhos ao mundo
para vê-los subnutridos, mal-educados e malcuidados. Isso não é amor.
Orientação quanto à natalidade. Aspectos a serem considerados:
a) A vontade de Deus. De uma maneira geral, o casal, pela união
sexual, poderá gerar filhos. É a vontade permissiva do Senhor. Como filhos de
Deus, no entanto, devemos estar, acima de tudo, sujeitos à vontade diretiva do
Senhor. Ele nos guia pelo seu Espírito (cf. Rm 8.14). “Para ter filhos, o
cristão deve buscar, por fé, a direção de Deus e não apenas depender do
instinto sexual”.
b) Alimentação, saúde e educação digna. Da concepção ao parto, o novo ser precisa ser
bem alimentado, de modo a não desenvolver-se com deficiências orgânicas que
ocasionam danos por toda a vida. Se um casal gera um filho doente, por
subnutrição, ou doença da mãe, vai fazê-lo sofrer. Filhos mal educados tendem a
se converter em pessoas prejudiciais à sociedade e, em escândalo para a igreja
do Senhor. Isso não glorifica a Deus. Em 1 Timóteo 5.8, lemos: “Mas, se alguém
não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé e é
pior do que o infiel” (1 Tm 5.8). Esse cuidado tem seu começo na gestação.
c) A abstenção permitida. A Bíblia admite a abstenção sexual do casal,
“por mútuo consentimento”, para que ambos se dediquem melhor à oração, num
período de tempo (1 Co 7.4,5).
3. O posicionamento cristão.
a) A limitação de filhos. A decisão de não ter filhos precisa ser
submetida à soberana vontade de Deus. Não gerar filhos só porque a mãe não quer
perder a esbelteza do corpo (por vaidade), porque a vida está difícil ou porque
o casal não quer ter muito trabalho... Quem pensa em casar, deve antes
preparar-se para isso, em todo o sentido.
b) O planejamento possível. Isto pressupõe uma paternidade responsável
diante da lei de Deus, cujos preceitos, ética e moral devem ser conhecidos e
observados. Tudo isso, pela fé, pois o que não é de fé é pecado (ver Rm 14.23).
Ter filho, um após o outro, seguidamente, sem levar em conta suas implicações,
pode não ser amor; e, sim, carnalidade desenfreada aliada à ignorância. O Livro
Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo determinado” (Ec 3.1). Além disso, nos é
oportuna a seguinte ordem: “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Ts 5.21). Para
ter, ou não, filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao Senhor.
CONCLUSÃO
Os filhos são bênçãos do Senhor (Sl 127.3-5; 128.3,4) e não
devem ser evitados por razões egoísticas e utilitaristas. A limitação de filhos
por vaidade é pecado, mas por necessidade, como no caso de doença da mãe, e que
lhe cause risco de vida, cremos ser moralmente justificável; mas isso depende
da consciência de cada um diante de Deus, pois, como já foi dito, o que não é
de fé é pecado (Rm 14.23).
VOCABULÁRIO
Abstenção: Ação ou efeito de abster-se; privação,
abstinência; recusa voluntária de participar de qualquer ato.
Anticoncepcional: Que, ou substância que evita conceber ou gerar o feto, no útero.
Método: Caminho pelo qual se atinge um objetivo; modo de proceder, maneira de agir.
Restrição: Ato ou efeito de restringir-se; condicionante.
Tenazmente: Ação firme, obstinada, persistente, implacável, pertinaz, inflexível.
Anticoncepcional: Que, ou substância que evita conceber ou gerar o feto, no útero.
Método: Caminho pelo qual se atinge um objetivo; modo de proceder, maneira de agir.
Restrição: Ato ou efeito de restringir-se; condicionante.
Tenazmente: Ação firme, obstinada, persistente, implacável, pertinaz, inflexível.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
Ética: As Decisões Morais a Luz da Bíblia. Arthur
F. Holmes, CPAD.
EXERCÍCIOS
1. Como era vista a concepção no Antigo Testamento?
R. Era algo sagrado, uma bênção de Deus.
2. Que disse Raquel por ser estéril?
R. “Dá-me filhos, senão morro” (Gn
30.1).
3. O que estava implícito quando Deus fez o homem,
“macho e fêmea”?
R. A sexualidade, tendo o homem os
órgãos e o instinto sexual, com plena capacidade reprodutiva.
4. No Antigo Testamento, o que significava não ter
filhos?
R. Sinal de infelicidade.
5. Que diz 1 Tm 5.8?
R. “Mas, se alguém não tem cuidado dos
seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel”.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“O potencial reprodutivo natural da sexualidade humana não se
opõe à contracepção responsável, uma vez que, por natureza, nem todo ato sexual
é reprodutivo. Ele significa que, primeiro, só num contexto marital a relação
sexual é lícita, e, segundo, que a finalidade primordial do casamento é a
geração de filhos. Esse potencial de paternidade deve ser exercido de modo
responsável. Uma família grande demais, em um mundo superpovoado, seria
irresponsabilidade, assim como seria irresponsável evitar espontaneamente
constituir uma família sem ter em mente o propósito de Deus para o casamento. E
em alguns casos, a finalidade primordial pode ser suplantada por outras
responsabilidades morais” (Ética: As
Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, p.132).
“Número de filhos. Este assunto parece não ser de muita
importância para quem é apenas noivo, mas já tem causado seríssimos problemas
na vida dos casados. Muitas vezes, este pormenor não é ventilado no noivado, e
cada um tem dentro de si uma opinião formada. De repente, a moça imagina ter,
quando casada, apenas um casal de filhos, e o rapaz pensa poder ter seis
casais. E agora como fica?
Esta questão, quando analisada, poderá sofrer mudança, e esta
deve acontecer durante o noivado.
Época de ter filhos. Quando, realmente, ele(a) desejará ter um
filho? No primeiro ano? Após três anos? Quando? É muito importante ao jovem,
que está próximo ao casamento, observar estas respostas nesta época. Esse
assunto, que parece ser tão simples, se não for tratado com seriedade no
noivado, poderá causar sérias complicações no relacionamento matrimonial” (Juventude
em Crise. CPAD, p.71).
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PAZ DO SENHOR
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