Lições Bíblicas CPAD 2º Trimestre de 2000
Título: Os ensinos de Jesus para o homem atual
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição
2: Jesus
e a renúncia
Data: 9 de Abril de 2000
TEXTO ÁUREO
“E dizia a
todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua
cruz, e siga-me” (Lc 9.23).
VERDADE PRÁTICA
A renúncia de si mesmo, segundo o ensino bíblico é pré-requisito
indispensável para que alguém seja discípulo de Jesus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
Lc 14.33
Renunciar
a tudo para ser discípulo de Jesus
Terça - Gn
22.12
A primazia
de Deus sobre os filhos
Quarta -
Mt 8.22
Deixando
os mortos para seguir a Jesus
Quinta -
Mt 19.27
É preciso
deixar tudo por Cristo
Sexta - Mc
10.21,22
Alguém que
não quis deixar tudo
Sábado -
Lc 9.23
Tomando a
cruz de cada dia
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Lucas
9.23-26; 14.33.
Lucas 9
23 - E dizia a todos: Se alguém quer
vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me,
24 - Porque qualquer que quiser salvar
a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a
salvará.
25 - Porque que aproveita ao homem
granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?
26 - Porque qualquer que de mim e das
minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando
vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.
Lucas 14
33 - Assim, pois, qualquer de vós que
não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.
PONTO DE CONTATO
Esta lição nos permite avaliar nossa situação como discípulos de
Cristo. Estamos realmente dispostos a pagar o preço da obediência ao senhorio
de nosso Salvador? Estamos conscientes da opção que um dia fizemos, de seguirmos
o caminho da cruz, mesmo sabendo que o custo desta escolha pode ser a própria
vida, entregue ao martírio e à causa do Mestre diariamente?
Em suma, o que Cristo nos ensina é que, morrer para o “eu” é
viver, perder a vida que desejamos é achar a verdadeira vida. Quando seguimos e
servimos a Cristo, não ao eu, nos tornamos disponíveis a servir aos outros. E
assim, realizamos a vontade de Deus.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Definir e conceituar o termo “renúncia”.
·
Relacionar as condições exigidas por Cristo àqueles que desejam
segui-lo.
·
Reconhecer que o autêntico discípulo de Cristo precisa renunciar
o mundo com seus prazeres e sua própria vontade para dar primazia ao senhorio
de Cristo.
SÍNTESE TEXTUAL
A renúncia é a base para o verdadeiro discipulado cristão. O
autêntico discípulo de Cristo, que pretende segui-lo sem restrições, reconhece
que para servi-lo integralmente, deve estar desprendido de tudo que representa
embargo à plena comunhão com seu Senhor.
Ninguém pode entrar no caminho que leva à inefável realização em
Cristo sem a renúncia. A verdadeira vida e felicidade consiste no abandono dos
nossos próprios caminhos para vivermos em comunhão com Jesus, conforme o ensino
de sua Palavra.
O crente que abre mão de tudo por amor a Cristo, de modo que
possa entrar na experiência gratificante do discipulado vigoroso, descobre que
entrou na vida que é vida de fato. “Mas qualquer que, por amor de mim, perder a
sua vida a salvará”, disse Jesus.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Jesus requer a renúncia do crente quanto às suas propriedades,
famílias e à sua própria vida. Poucas pessoas conseguem romper com a natureza
carnal, a fim de renunciar a si próprias e darem lugar a Deus. Essa era uma
característica peculiar da expressão espiritual de Cristo. Paulo imortalizou
essa atitude em Filipenses 3.7-11.
Para que seus alunos compreendam mais claramente o ensino do
Mestre sobre a renúncia, leia juntamente com eles o texto de Fp 3.7-11 e faça
as seguintes reflexões:
1) Vocês já abdicaram alguma coisa que consideravam extremamente
importante por amor a Cristo?
2) Existe, ainda, alguma coisa em sua vida que precisa renegar
ou preterir para seguir a Cristo?
3) Vocês estariam dispostos, a exemplo de Paulo, sofrerem
aflições por amor a Jesus?
Estas e outras questões poderão ser levantadas com o intuito de
conduzir seus alunos a refletirem sobre a seriedade e o compromisso do
verdadeiro discípulo de Cristo.
COMENTÁRIO
introdução
As pessoas descrentes ouvem o evangelho e muitas delas entendem
que ele é a verdade de Deus para a salvação. Entretanto, a natureza humana,
decaída por causa do pecado, resiste em aceitar Cristo como Salvador, em
virtude de ter que abrir mão de seus próprios interesses, dos prazeres
efêmeros, das amizades, da opinião dos parentes, dos amigos, que são contrários
a uma decisão tão séria, que implica mudar completamente a maneira de ser, de
viver, de pensar e de agir. Nesta lição, veremos que Jesus foi bastante
incisivo com relação à renúncia, como fator indispensável para que alguém seja
seu discípulo.
I.
CONCEITUAÇÃO
Renúncia quer dizer “ato ou efeito de renunciar” e renunciar
significa “não querer; rejeitar, recusar; deixar voluntariamente a posse de
algum bem, de alguma coisa” (Aurélio). Nesta lição, entenderemos a renúncia, no
sentido da pregação de Jesus, significando a voluntariedade em abrir mão dos
próprios interesses, e da própria vida, a fim de segui-lo fielmente.
É preciso que tenhamos em mente que a renúncia do seguidor de
Cristo não é um ato de alienação, inconsequente, gratuito e sem propósito. Pelo
contrário, quando alguém abre mão de si próprio para entregar sua vida ao
senhorio de Cristo, esse alguém foi conscientizado pelo Espírito Santo de que o
faz porque sabe que terá algo infinitamente melhor para a sua vida.
II. CONDIÇÕES
PARA SEGUIR A JESUS
1. Ter vontade. Jesus
respeita a vontade da pessoa, e essa é uma das mais impressionantes
características do seu relacionamento com o homem. Em sua pregação ele disse: “Se
alguém quer vir após mim...”
(Lc 9.23a). Ele não impôs sua vontade sobre os sentimentos dos pecadores. Nas
Escrituras vemos esse traço da sua personalidade. Numa festa, em Jerusalém,
dentro do templo, Ele disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo
7.37). Na carta à igreja de Laodiceia, Jesus escreveu: “Eis que estou à porta e
bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo” (Ap 3.20) [Grifo nosso].
Jesus não empurra portas, não força a vontade humana. É preciso segui-lo
voluntariamente.
2. Renunciar a si mesmo. É o mesmo que negar-se a si mesmo. Jesus
disse: “negue-se a si mesmo...” (Lc 9.23b). E isso não é fácil. A natureza
humana, após a Queda, tornou-se egoísta, insensível, individualista, personalista.
O “eu” tornou-se uma espécie de “deus”. Poucas pessoas conseguem romper com a
natureza carnal, a fim de renunciar a si próprias e darem lugar a Deus. Na
parábola do semeador (Lc 8.4-15), vemos que uma parte da semente caiu entre os
espinhos, e Jesus explicou que são aqueles que recebem a Palavra com alegria,
mas depois, “são sufocados com os cuidados, e riquezas, e deleites da vida, e
não dão fruto com perfeição” (Lc 8.14). A natureza humana, mesmo a do cristão,
tende a acomodar-se à velha vida, aos velhos costumes. Mas para ser discípulo
de Jesus, é imprescindível renunciar às práticas antigas e más (vide 2 Co
5.17).
3. Renunciar bens, pai, mãe e amigos (Mc 10.28-30). Um jovem rico entristeceu-se por Jesus ter-lhe
dito que deveria vender tudo o que tinha e segui-lo (Mc 10.17-23). Pedro,
então, disse: “eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (Mc 10.28). Jesus deu
uma resposta de sublime sabedoria, dizendo que “ninguém há que, tenha deixado
casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por
amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em
casas, e irmãos, e irmãos e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no
século futuro, a vida eterna” (Mc 10.29,30). Notemos que, aqui, não há um
ensino impositivo, no sentido de sempre alguém ter que deixar bens, pais e
parentes para seguir a Jesus. Mas Ele disse que não há ninguém que, fazendo
isso, tenha prejuízo, mas que será recompensado, tanto nesta vida, quanto no
porvir (ver Lc 14.33). Na realidade, o que Jesus não aceita é que alguém ame ao
pai, à mãe ou a filhos mais do que a Ele.
4. Tomar cada dia a cruz. “...tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc
9.23c). Só toma a cruz quem já decidiu seguir a Cristo. Tomar a cruz significa
renunciar ao seu próprio “eu” (o viver segundo a carne, fazendo a nossa própria
vontade), e de bom grado sofrer por amor de Cristo. E isso acontece com todo o
crente fiel, sincero, humilde e obediente. Jesus disse: “...no mundo tereis
aflições...” (Jo 16.33; ver 2 Tm 3.12). A cruz inclui aflições, tribulações,
perseguições, de modo claro e explícito. Há crentes, infelizmente, que,
dominados pelo relativismo e pelo modernismo, entendem que a vida deve ser de
tal forma que não tenha qualquer sofrimento. Muitos são adeptos da falsa
Teologia da Prosperidade, que prega o paraíso na terra, sem pobreza, sem
doença, sem aflições, contrariando a Palavra de Deus.
III. PERDENDO
PARA GANHAR
1. Quem quer ganhar, perde (Lc 9.24). Jesus colocou diante dos discípulos uma
crucial decisão a ser tomada. Ele afirmou que “qualquer que quiser salvar a sua
vida perdê-la-á”. A vida humana, por melhor que seja, é efêmera, passageira.
Muitas pessoas apegam-se a ela de tal forma, que rejeitam a Deus, a Cristo e a
salvação. Há quem perca a salvação, mesmo tendo ouvido a Palavra, por causa dos
cuidados deste mundo, da sedução das riquezas (Mt 13.22). Há os que não admitem
de modo algum deixar de lado a vida social, com suas festas, encontros,
reuniões de fim de semana; há os que não querem perder a condição financeira,
pois, se tornando cristãos, terão que renunciar negócios escusos, sonegação de
impostos, venda de produtos ilícitos (bebidas, fumo, jogos, loterias, etc); há
os que não querem deixar a fornicação, o adultério, a prostituição, o
homossexualismo, pois tudo isso é a vida que não querem perder. E, assim,
“salvando” a vida, acabam por perdê-la eternamente, por rejeitarem a salvação
em Cristo Jesus.
2. Quem perder, ganha (Lc 9.24b). Por outro lado, há pessoas que “perdem” a sua
vida para salvá-la, pelo fato de renunciarem às coisas terrenas, e darem lugar
às coisas de Deus, aceitando Cristo como Salvador, cumprindo o que ensinou o
Senhor; “mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará”. Na
vida espiritual, os que aceitam Jesus, sabem que estão renunciando a muitas
coisas, conscientemente, entendendo que em Cristo têm muito mais a ganhar nesta
vida e na eternidade (ver Mc 10.29,30). Paulo, divinamente inspirado, exclamou:
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
3. O perdedor insensato (Lc 9.25). Neste ensino, Jesus fez uma indagação de
profundo significado espiritual e filosófico, após dizer que quem quer ganhar a
vida sem Ele, a perderá: “Porque que aproveita ao homem granjear o mundo todo,
perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?”. Ter bens, ganhar dinheiro, comprar
objetos, possuir terras, casas, propriedades, e outras coisas mais, é o sonho
da maioria das pessoas. De fato, há os que querem “granjear o mundo todo”. Daí,
porque tantos estão buscando o enriquecimento ilícito, seja utilizando-se da
jogatina, oficial ou não; seja através de negócios escusos, nas empresas ou nos
órgãos públicos, gerando escândalos, que envergonham a nação. É a avareza, a
ganância por dinheiro, que conduz muitos à perdição. Paulo diz que “o amor ao
dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10), levando muitos a se
desviarem da fé e se prejudicarem a si mesmos, como previu Jesus. Testemunho
diferente teve o apóstolo Paulo, quando, em sua carta aos filipenses, escreveu:
“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho
também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri perda de todas estas coisas e as considero
como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8).
CONCLUSÃO
A renúncia para seguir a Cristo é passo importante na conversão.
Para aceitar Jesus, o pecador é chamado a arrepender-se e crer no evangelho.
Para ser discípulo, de modo consciente, ele descobre que precisa renunciar o
mundo com seus prazeres, também à opinião dos pais e de amigos, e abrir mão de
seus conceitos e preconceitos, dando a primazia ao senhorio de Cristo em sua
vida. O ensino de Jesus é claro a esse respeito, requerendo do crente buscar o
reino de Deus em primeiro lugar (vide Mt 6.33).
VOCABULÁRIO
Alienação: Desinteresse; que está alheio a tudo.
Crucial: Muito importante.
Deleite: Prazer inteiro, pleno; delícia.
Escusos: Suspeitos, misteriosos; ilícitos.
Granjear: Conquistar ou obter com trabalho ou com esforço.
Incisivo: Decisivo, pronto, direto, sem rodeios.
Modernismo: Preferência por tudo quanto é moderno; tendência para aceitar inovações.
Porvir: Tempo que há de vir, o futuro.
Primazia: Prioridade.
Relativismo: Teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento.
Sonegação: Ocultar, deixando de descrever ou de mencionar nos casos em que a lei exige a descrição ou a menção.
Crucial: Muito importante.
Deleite: Prazer inteiro, pleno; delícia.
Escusos: Suspeitos, misteriosos; ilícitos.
Granjear: Conquistar ou obter com trabalho ou com esforço.
Incisivo: Decisivo, pronto, direto, sem rodeios.
Modernismo: Preferência por tudo quanto é moderno; tendência para aceitar inovações.
Porvir: Tempo que há de vir, o futuro.
Primazia: Prioridade.
Relativismo: Teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento.
Sonegação: Ocultar, deixando de descrever ou de mencionar nos casos em que a lei exige a descrição ou a menção.
EXERCÍCIOS
1. O que significa a palavra “renunciar”?
R. “Não querer, rejeitar, recusar”;
“deixar voluntariamente a posse de” algum bem, de alguma coisa.
2. Segundo a lição, quais são as condições para
seguir a Cristo?
R. Ter vontade, renunciar a si mesmo,
renunciar a pais, mães, amigos e bens, e tomar a cruz de cada dia.
3. Qual a decisão crucial que Jesus colocou diante
de seus discípulos, de acordo com Lc 9.24?
R. “Qualquer que quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a
salvará”.
4. Que disse Paulo em Fp 1.21?
R. “Porque para mim o viver é Cristo, e
o morrer é ganho”.
5. Que significa “tomar a cruz”?
R. É aceitar de bom grado sofrer por
amor de Cristo.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“Jamais pedirá o verdadeiro líder aos seus seguidores o
cumprimento de algum dever que ele mesmo não esteja disposto a realizar. Da
mesma forma, Cristo apontou o próprio exemplo aos discípulos.
1. O espírito
sacrificial de Cristo. ‘Pois o próprio Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’. Cristo nasceu
em lar e lugar humildes; passou os primeiros trinta anos da sua vida em
absoluta obscuridade e, durante muitos anos, trabalhou como carpinteiro. Embora
soubesse ser o Filho de Deus, jamais reclamou direitos reais. A honra e o
serviço do mundo não foram colocados à sua disposição.
Seu serviço à humanidade não viera como fruto de posterior
decisão: era o propósito pelo qual veio ao mundo. Antes mesmo de sua vinda já
fora determinado: Cristo derramaria a sua vida em favor da humanidade.
A declaração de Jesus, conquanto transpirasse humildade, não lhe
negava a posição de Filho de Deus. Fosse apenas um carpinteiro, e seria
presunção dizer que não viera para ser servido — isto não seria novidade.
Porém, vinda de Cristo, a declaração é compreensível.
Note-se que o Antigo Testamento define o Messias como Servo (Is
52.13; 53.12).
2. O ato
sacrificial de Cristo. ‘O filho do homem veio... para dar a sua vida em
resgate por muitos’. Tivesse o Senhor encerrado com as palavras ‘para
ministrar’, e seria mais um na longa lista de mestres que mostravam à
humanidade como viver e depois a deixava lutando no lamaçal do pecado. Todavia
Ele prosseguiu. Suas palavras confirmam ter vindo Ele não somente para mostrar
o caminho da salvação, mas para salvar a humanidade dos seus pecados”. (Comentário
Bíblico, Marcos, CPAD, pág. 100)
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