Ministério
Profético no Antigo Testamento
Palavra Chave
Profeta: [Do heb. Nabi; do
gr. prophetes]. “No Antigo Testamento, era a pessoa devidamente
vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus”.
Os profetas do Antigo Testamento inspiram e instruem não somente a
Israel, mas a Igreja de Cristo. O Senhor Jesus Cristo e os seus apóstolos
fizeram-lhes referências, reconhecendo a autoridade espiritual deles. A
presente lição objetiva explanar a missão desses homens de Deus e a abrangência
bíblica do termo “profeta”. Seu significado. A palavra
hebraica usada no Antigo Testamento para “profeta” é nābî’. Sua
etimologia é incerta, mas o verdadeiro significado é possível pelo seu uso nas
Escrituras. O diálogo entre Deus e Moisés (Êx 4.14-16) esclarece o sentido do
termo, o qual é “falar em nome Deus”. Por conseguinte, é ser um “porta-voz”, um
“embaixador” (veja a ilustração do ofício com Moisés e Arão em Êxodo 7.1,2).
Deus sabe todas as coisas, conhece o fim desde o princípio; seu conhecimento é
absoluto e perfeito em tudo (Is 46.9,10). Portanto, quem fala em seu nome
anuncia o futuro como se fosse presente. Isso explica o estreito vínculo de
“profetizar” com “prever o futuro” e, ainda, “revelar algo impossível de saber
através de recursos humanos”, ações possibilitadas apenas por Deus.
Sua abrangência. Tanto
o substantivo “profeta” como o verbo “profetizar” têm amplo significado no
Antigo Testamento e em nossos dias. O termo “falso profeta” aparece na versão
grega dos setenta, conhecida como Septuaginta (LXX), e em o Novo Testamento;
porém, não existe nas Escrituras hebraicas. Assim, o termo aplica-se também a
adivinhos, falsos profetas e profetas das divindades pagãs das nações vizinhas
de Israel, sendo identificados como tais pelo contexto (Js 13.22; 1 Rs 22.12;
Jr 23.13).
Expressões correlatas. Vidente,
por exemplo, possui dois termos hebraicos que o identifica nas Escrituras: hozeh eroeh (hōzer e rō’eh na
transcrição técnica). Ambos apresentam dois sentidos: ver com os olhos físicos
e ver introspectivamente, ou seja, ver com o espírito, por isso, o profeta é
chamado de “homem de espírito” (Os 9.7). Houve um período na história profética
de Israel em que os profetas eram identificados simplesmente como “videntes” (1
Sm 9.9).
O INÍCIO DO MINISTÉRIO DOS PROFETAS
Contexto histórico (v.24). Nos
versículos 11 a 15 do capítulo 11 de Números, observamos que Moisés, por causa
de seu trabalho excessivo, sentiu-se incapaz de satisfazer plenamente às
necessidades do povo, e isso o deixou frustrado. Todos os homens de Deus passam
por experiências similares. Quando chegamos a esse ponto, Deus vem em nosso
socorro (Sl 121.1,2). Foi nesse contexto que o Senhor, para aliviar a carga de
Moisés, repartiu o Espírito que estava sobre o seu servo entre setenta anciãos
de Israel, a fim de ajudar o grande legislador do povo hebreu a desempenhar o
seu ministério (vv.16,17).
Moisés iniciou o ofício profético em Israel (vv.25,26). O verbo “profetizar” aparece aqui pela primeira vez nas Escrituras
Sagradas: “[...] quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram” (v.25);
“[...] e profetizavam no arraial” (v.26). Foi com essa congregação de setenta
homens dos anciãos do povo hebreu que Moisés iniciou ao que posteriormente
ficou conhecido como o ministério profético em Israel. Apesar de o verbo ter a
sua primeira menção no livro de Números, a figura do profeta está presente
desde a época patriarcal. Embora não se saiba qual era exatamente a sua função
nesse período, parece-nos incluir a intercessão, visto que Deus disse a
Abimeleque acerca de Abraão: “[...] porque profeta é e rogará por ti” (Gn
20.7).
“Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta” (v.29). A resposta de Moisés demonstra que qualquer pessoa podia ser profeta,
desde que tivesse uma chamada divina específica. Essa expressão se confirma na
história do Antigo Testamento, pois os profetas e profetisas como Débora e
Hulda, por exemplo, vieram de diversas tribos, famílias e classes sociais (Jz
4.4; 2 Rs 22.14). Veja ainda o caso de Amós, que era camponês (Am 7.14).
Diferentemente dos sacerdotes, os profetas não precisavam pertencer a certa
família sacerdotal, como a de Arão; tam-bém não havia restrição de idade nem objeção
quanto às condições físicas.
O MINISTÉRIO
Havia o ministério dos profetas? Há
quem negue a existência da escola e do ministério dos profetas como instituição
em Israel nos tempos do Antigo Testamento. Entendemos que no ministério mosaico
iniciou-se a atividade profética em Israel (Nm 11.25). Entretanto, o
profetismo, como movimento, surgiu séculos depois.
Mais tarde vemos que Samuel presidia a congregação de profetas em
Naiote, região de Ramá, onde residia (1 Sm 7.17; 19.19-23). E adiante, vemos a
existência de uma escola dos profetas composta por “filhos” dos que exerciam o
ofício (2 Rs 2.3,5,1 5). É importante ressaltar que “filho”, na Bíblia,
significa também “discípulo, aprendiz” (Pv 3.1,21; 2 Tm 2.1; Fm v.10). Note que
o texto sagrado revela a existência de uma organização de profetas bem
estruturada, e Eliseu chegou a ser o mestre deles (2 Rs 6.1-3).
A corporação profética. O
termo original para “ministério, serviço” não é o mesmo referente à atividade
dos profetas. A expressão “ministério do profeta” ou “dos profetas”, na ARC,
como aparece nas leituras diárias desta lição, significa na verdade “por meio
dos profetas”, como registra a ARA. O vocábulo “ministério” indica o serviço
religioso específico e especial, desempenhado pelos levitas (1 Cr 6.32), pelos
sacerdotes (1 Cr 24.3) e pelos apóstolos (At 1.25). Isso, porém, não é em si
mesmo prova da inexistência de uma corporação profética em Israel (1 Sm 10.5).
Classificação. Os profetas do Antigo
Testamento são categorizados em clássicos, ou profetas escritores, e os
conhecidos também como profetas não-escritores ou orais. Estes últimos são
também chamados não literários, os quais não escreveram seus oráculos, como
Samuel, Elias e Eliseu. Os profetas clássicos são também chamados de literários,
os quais escreveram suas profecias, como Isaías, Jeremias, Ezequiel, dentre
outros. Trata-se de uma classificação simplesmente didática. Ambos os grupos
desempenharam o mesmo ofício, mas em épocas diferentes. Todos falaram em nome
do Deus de Israel. As Escrituras empregam a mesma expressão para ambos os
grupos: “veio a palavra do SENHOR a” ou fraseologia similar (1 Sm 15.10; Is
38.4; Jr 1.2). Todos esses profetas usavam a chancela de autoridade divina:
“assim diz o SENHOR” (1 Sm 15.2; Is 7.7; Jr 2.2).
O profeta e Moisés
“Para um melhor entendimento da origem divina da instituição profética,
a passagem-chave está em Deuteronômio 18.9-22. Em contrapartida à contínua
atividade dos adivinhadores e vaticinadores cananeus, Deus prometeu enviar a
Israel seus profetas. Portanto, Israel não seria compelida a lançar mão de
meios humanos para obter informações sobre a vida e a morte. Antes, a nação
deveria dar ouvidos aos profetas que iriam declarar as verdadeiras Palavras de
Deus. Dessa forma, assim como Moisés, ele seria um mediador entre Deus e a
nação. Da mesma forma como o sacerdote representava o povo perante Deus, também
o profeta representava Deus perante o povo. Entretanto nenhum dos profetas foi
uma cópia exata de Moisés. Somente com a vinda de Cristo, eles conheceram aquele
grande Profeta que fora verdadeiramente representado por Moisés, aquele que
conhecia a Deus Pai face a face (Dt 34.10).
Em Hebreus 3.1-6, existe um grande contraste entre Moisés e Cristo. Na
casa de Deus, isto é, na divina organização ou dispensação, Moisés era fiel
servo, mas Cristo está acima da casa como Filho. A era do Antigo Testamento, ou
Era Mosaica, ficou aqui estabelecida como testemunha do período do Novo
Testamento. Nesse sentido, todo o desígnio mosaico pode ser considerado como
típico e preparatório de uma nova época. E nesse desígnio de aspecto e
preparação, Moisés foi a maior figura, o único que era realmente parecido com
Cristo”.(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, p.1607)
O Ofício Profético — “A Bíblia
retrata o profeta como alguém que era aceito nas câmaras do conselho divino,
onde Deus ‘revela o seu segredo’ (Am 3.7). O texto hebraico de 1 Samuel 9.15
retrata Deus ‘revelando aos ouvidos’ do profeta. Pelo processo da inspiração
divina, Deus revelava o que estava oculto (2 Sm 7.27), de forma que o profeta
percebia o que o Senhor dissera (Jr 23.18). Esta comunhão com Deus era
essencial para que a verdade de Deus fosse revelada pelo processo de inspiração
profética. A Palavra do Senhor era comunicada ao profeta e mediada ao povo pelo
Espírito Santo — com uma convicção poderosa e precisão exata” (LAHAYE, T. Enciclopédia
Popular de profecia Bíblica. 1.ed. RJ: CPAD, 2008, p.383).
Os Profetas — “A pessoa
se tornava profeta ao perceber que Deus estava falando com ela e precisava
então transmitir a mensagem recebida. A consciência disso se manifestava de
várias maneiras e a mensagem era transmitida conforme a personalidade única do
profeta. Jeremias diz simplesmente que a mão do Senhor o tocou e palavras foram
postas em sua boca (Jr 1.9). Outros profetas tiveram visões e sonhos (1 Sm
28.6,15; Zc 1.8). Algumas vezes a mensagem profética era dada recapitulando a
visão (Is 6), outras vezes contando parábolas ou histórias (Is 5.1-7),
repetindo um oráculo (2 Rs 13.14-19; Ez 4.1-3), ou escrevendo (Is 30.8).
[...] Grupos de profetas trabalhavam nos centros de adoração (1 Sm 10.5)
e se associavam então com os sacerdotes e levitas (2 Rs 23.2). Em vista de conhecerem
os abusos do sistema de sacrifícios e compreenderem que a vida moral dos
adoradores não correspondia ao cerimonial, eles tendiam a atacar esse. Fizeram
o que Jesus fez mais tarde com a samaritana, quando afirmou que a verdadeira
adoração aceitável a Deus é ‘em espírito e em verdade’ (Jo 4.24)” (COWER, R. Uso
e Costumes dos Tempos Bíblicos. 1.ed. RJ: CPAD, 2002,
pp.367,368).
Profetismo — “Movimento
que, surgido no século VIII a.C, em Israel, tinha por objetivo restaurar o
monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais,
proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já
não podia esperar contra a esperança.Tendo sido iniciado por Amós, foi
encerrado por Malaquias. João Batista é visto como o último representante deste
movimento” (ANDRADE, C. C. Dicionário Teológico. RJ: CPAD,
p.244).
O Ministério
Profético na Bíblia — a voz de Deus na
terra
Palavra Chave
Comunicação: Processo de emissão,
transmissão e recepção de mensagens por meio de métodos ou sistemas
convencionais.
Sabemos que Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras através dos
seus mensageiros (Hb 1.1). Entretanto, pouco se estuda acerca da forma como os
profetas de Deus recebiam a revelação divina e como essa mensagem era
transmitida ao povo. Assim, o propósito desta lição é estudar a natureza da
atividade profética, ou seja, o modus operandi da transmissão
dos oráculos divinos aos profetas e, por conseguinte, desses ao povo.
AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DE DEUS AOS PROFETAS
“[...] Veio a mim a palavra do SENHOR” (v.4). A expressão “veio a mim a palavra do Senhor” geralmente serve para
introduzir um diálogo (ou uma visão) entre Deus e o profeta (vv.4,11,13). Essa
era a forma usual de o profeta do Senhor demonstrar que a sua mensagem veio do
Todo-Poderoso. Algumas vezes, o homem de Deus recebia o oráculo divino de
maneira íntima e repentina, ocasião em que somente ele ouvia a voz divina e
ninguém mais. São exemplos dessa forma de comunicação entre o Senhor e o seu
mensageiro: o que aconteceu com Samuel quando foi ungir Davi (1 Sm 16.6,7), e o
que sucedeu ao profeta Isaías ao se encontrar com o rei Acaz (Is 7.3,4).
Revelação divina em forma de diálogo (vv.6,9,10). Como vimos na leitura bíblica, o fato de Jeremias recusar a
chamada não era desobediência, mas temor, por causa de sua tenra idade.
Entretanto, a situação possibilitou um diálogo, onde Deus tocou a boca do
profeta e disse-lhe: “Eis que ponho minhas palavras na tua boca” (v.9). Isso
simbolizava a comunicação da mensagem divina. Desde então, Jeremias se tornou
um porta-voz de Deus, que conferiu-lhe autoridade sobre nações e reinos (v.10).
Investido dessa autoridade, o profeta cumpriu a sua missão de extirpar o pecado
e a corrupção generalizada do povo e de anunciar a nova aliança com a vinda
futura do Messias (v.16; 23.5,6; 31.31-34; Lc 22.20; Hb 9.14,15).
Visão ou sonho. Duas
outras principais formas de Deus comunicar sua mensagem ao profeta são visões e
sonhos (Dn 7.1). A visão transmitida pelo Senhor é algo visto fora da
contemplação ou percepção humana comum e natural. Já o sonho, sem ser
necessariamente uma revelação de Deus, é apenas uma série de imagens
acompanhadas de pensamentos e emoções, que a pessoa vê enquanto dorme.
Diferentemente, o sonho profético era outra maneira de Deus se revelar aos profetas
(Nm 12.6), tal como fez com Daniel: “[...] teve Daniel, na sua cama, um sonho e
visões da sua cabeça” (Dn 7.1).
A comunicação da mensagem divina através das visões que o profeta
Jeremias teve é um exemplo que ilustra essa forma de o Eterno transmitir seus
oráculos:
a) A visão da vara de amendoeira (vv.11,12). A primeira visão do profeta das lágrimas é significativa, pois a
amendoeira é uma árvore que se renova mais cedo para a primavera, ou seja, é a
primeira a florir. A palavra hebraica para “amendoeira” ou “amêndoa” é shāqēd,
e significa “o despertador”, uma vez que o povo a via como o “arauto da
primavera”. Assim, visto que o verbo shāqad significa “vigiar,
estar de vigília”, havendo apenas uma sutil diferença entre “amendoeira” e
“vigiar”, o nome dessa planta representa o lembrete de que Deus está atento ao
cumprimento de sua palavra (cf. Jr 31.28; 44.27).
b) A visão da panela fervendo (vv.13-15). Já a segunda visão dada pelo Senhor a Jeremias veio algum tempo
depois e mostra uma panela fervendo, virada do norte para a região da
Palestina. O “conteúdo” desse caldeirão (algo sinistro e assustador, pois
anunciava o trágico destino da nação judaica devido aos seus pecados) seria
derramado sobre Judá e Jerusalém. Isso era algo assegurado pelo próprio Deus,
que se encarregou de dar a interpretação da visão: “Do Norte se descobrirá o
mal sobre todos os habitantes da terra” (v.14). Qual o real significado dessa
mensagem? Ao norte de Israel estavam a Fenícia, Síria, Assíria e Babilônia.
Porém, ao longo do livro, fica claro que a palavra profética refere-se
especificamente ao reino da Babilônia que dominaria outros povos.
AS FORMAS DE TRANSMISSÃO DA MENSAGEM DOS PROFETAS AO POVO
Declaração oral e direta. A
forma mais usual e conhecida de transmissão profética acontece quando o
porta-voz divino leva diretamente a alguém a mensagem. É algo muito comum nos
profetas pré-clássicos, por exemplo, os profetas e videntes Samuel (1 Sm
15.16,17), Natã (2 Sm 7.8-17; 12.7-10), Gade (1 Sm 22.5), Hanani (2 Cr 16.7) e Elias
(1 Rs 21.19-27). Essa forma de comunicação ocorre também nos clássicos, mas a
sua quantidade de ocorrências é menor (Jr 38.17). A respeito do conteúdo dos
oráculos divinos, sabemos que podem ser de repreensão, advertência, conforto ou
ensino. Quanto ao seu cumprimento, pode ser imediato, no tocante a sua geração,
num futuro distante ou escatológico.
Figuras e símbolos proféticos. Outras
formas de os arautos proclamarem a mensagem profética são as figuras e
símbolos. Tratam-se de ilustrações pictóricas utilizadas pelo profeta, cujo
objetivo é chamar a atenção do seu interlocutor para a mensagem, assim como
aconteceu com o profeta Aías, que rasgou um manto em doze pedaços e ofereceu
dez deles a Jeroboão I, comunicando-lhe acerca da divisão do reino de Salomão
(1 Rs 11.29-32). O profeta Jeremias, orientado por Deus, enterrou próximo ao
rio Eufrates um cinto de linho (13.1-11). Semelhantemente, sua ida à casa do
oleiro (18.2-6) e o uso da canga de madeira sobre o seu pescoço (27.2; 28.12),
são exemplos dessa forma de comunicar a mensagem profética.
Casos reais que servem de representação para comunicar a mensagem. Uma forma rara de comunicação da mensagem divina é a que envolve
casos reais, utilizados para exemplificar a situação entre Deus e o povo.
Chamada em hermenêutica de “oráculo por ação”, essa forma pode ser
exemplificada mediante a experiência do casamento do profeta Oséias com a
prostituta Gomer (Os 1.2,3).
A QUESTÃO EXTÁTICA DO PROFETA
Interpretação naturalista. Os
intérpretes naturalistas consideram o estado de êxtase como um dos aspectos
mais característicos da atividade dos profetas hebreus, mas negam a origem
divina de seus oráculos. Eles afirmam que o fenômeno do êxtase era apenas um
estado emocional da pessoa. Tal linha de pensamento pretende igualar os
profetas de Deus aos adivinhos, falsos profetas hebreus e aos profetas dos
deuses das nações vizinhas de Israel. Por conseguinte, é uma “explicação” que
deve ser rejeitada pelos crentes em Cristo Jesus.
Falácia dos naturalistas. A
interpretação naturalista é antibíblica, porque as Escrituras Sagradas declaram
que a fonte dos oráculos proféticos é o próprio Deus (Os 12.10; 2 Pe 1.21). Há
na Bíblia inúmeras evidências irrefutáveis e indestrutíveis que provam serem os
profetas de Israel embaixadores de Deus enviados ao povo (Ag 1.13). Um
embaixador ou mensageiro não fala em seu próprio nome e nem diz o que quer; ele
transmite a mensagem em nome de quem o enviou, por isso, é muito comum o
profeta se expressar empregando a primeira pessoa nos seus discursos, pois está
falando em nome do Senhor, as palavras que Ele mesmo mandou (Jr 1.9).
A base dos naturalistas e uma refutação. Alguns relatos bíblicos parecem mostrar alguém profetizando em
estado de êxtase como Balaão: “[...] caindo em êxtase e de olhos abertos” (Nm
24.4,16). Entretanto, antes de mencionar um desses casos e sua respectiva
ressalva, é importante destacar que o termo “êxtase” sequer aparece no Antigo
Testamento com esse sentido. A ARC emprega o termo, em itálico,
para descrever o estado emocional de Balaão enquanto alçava a sua parábola (Nm
24.4,16). O emprego de palavras em itálico no texto bíblico traduzido indica
que não constam explicitamente do texto nas línguas originais. Além do mais,
Balaão pode ter sido inicialmente um profeta, mas depois se desviou. Em nenhum
lugar do Antigo Testamento, ele é chamado de profeta, antes é reconhecido como
“adivinho” (Js 13.22). Deus o usou assim como usou a sua jumenta; bem como usou
a Caifás (Jo 11.49-52). Quanto ao caso que alguns afirmam ter paralelo com o
“êxtase” de Balaão, trata-se de Saul: “[...] e ele também profetizou diante de
Samuel, e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite” (1 Sm
19.24). Contudo, é bom lembrar que Saul, à época dessa experiência, estava
distanciado de Deus (1 Sm 16.14).
A Bíblia revela que é propósito de Deus, desde Adão, comunicar-se com as
suas criaturas racionais para comunhão, direção, ensino, revelação, exortação e
para que possamos entendê-lO. O Senhor usou várias formas para se comunicar com
os profetas, e esses, com o povo, de modo que a mensagem se tornasse
compreensível. Por isso, é de fundamental importância que os seres humanos
também se interessem pelo conhecimento da vontade de Deus, lendo a sua Palavra e
sendo instruídos pelos verdadeiros servos do Senhor.
Funções da Profecia
Prenunciar. Os profetas foram os primeiros de
todos os prenunciadores e porta-vozes de Deus. Abraão, quando recebeu e
anunciou a aliança que Deus havia feito com ele a respeito de sua semente, foi
um profeta (Gn 12.1-3; 15.1; 22.15ss.). Moisés o maior de todos os profetas
deveria receber a Palavra diretamente de Deus e transmiti-la a Arão, que era
seu porta-voz (Êx 7.1,2). Como Moisés deveria ser “o deus” do Faraó, o
ministério de Arão demonstra perfeitamente o ministério do porta-voz. Todos
aqueles que agem na função de proclamar a Palavra de Deus são seus porta-vozes.
É nesse sentido que o crente do NT pode profetizar, quando está diretamente
habilitado pelo Espírito Santo. Profetizar. Embora nem todos o
fizessem, muitos profetas previam o futuro. Abraão, como o primeiro homem a
receber o nome de profeta, era ao mesmo tempo um prenunciador e um
pressagiador. Ele transmitiu a Isaque e seus descendentes a profecia sobre
Israel, que revelava a promessa da primeira vinda de Cristo como semente (cf.
Gl 3.8,16), e também a instalação de Reino.(Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed.
RJ: CPAD, p.1599)
O papel da Predição no Ministério dos Profetas
“[...] Há essencialmente dois tipos de material nos profetas. Há a
predição de visão próxima, de eventos a acontecer dentro do tempo de vida do
ouvinte; e predição de visão distante, de eventos a acontecerem além do período
de vida dos ouvintes. Predições de visões próximas, como Miqueias, serviram frequentemente
como prova de que a reivindicação da pessoa de falar por Deus era verdadeira.
Elas legitimavam o porta-voz como mensageiro de Deus. Predições para
posteridade tinham um propósito diferente no ministério do profeta aos seus
contemporâneos, embora hoje possamos prosseguir o cumprimento literal de muitas
predições que ficaram para o futuro quando foram proferidas. Predições de
visões distantes, que descrevem eventos por acontecer além do período de vida,
transmitem a filosofia da história da Escritura. Elas descrevem o triunfo final
de Deus sobre o mal e o estabelecimento da justiça na Terra. Elas retratam uma
reunião de Israel e a conversão nacional: um tempo de incomparáveis bênçãos
quando todas as promessas da aliança feitas a Abraão e Davi, e a Nova Aliança,
em Jeremias, serão mantidas. As passagens sublinhadas dessas predições é que
Deus é responsável pela história e que ela se desenvolve inexoravelmente em
direção ao Seu intencionado fim. Essa é uma mensagem de esperança e confiança.
Deus conhece o fim desde o princípio. Nada que acontece na história pode
alterar o plano de Deus ou enfraquecer Seu compromisso com Seu povo escolhido”
(RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed. RJ: CPAD,
2005, p.407).
As funções
sociais e políticas da profecia
Palavra Chave
Política: Conjunto dos fenômenos e
das práticas relativos ao Estado ou a uma sociedade.
A Bíblia mostra clara e constantemente o interesse divino pelo bem-estar
social dos seres humanos. A justiça social está presente na Lei e nos Profetas,
abrangendo o aspecto político e religioso. Os profetas de Israel combatiam a
injustiça social com o mesmo ímpeto com que atacavam a idolatria. Ainda que
muitos deles não foram ouvidos em sua geração, contudo, preconizaram um modelo
ético de alto nível para a sociedade de Israel e para todos os povos.
. O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DA PROFECIA NAS ESCRITURAS
O profeta e o povo. Antes
da instauração da monarquia em Israel, os profetas eram vistos como figuras
centrais pela sociedade, pois eram os únicos canais humanos e legítimos de
comunicação entre Deus e o povo. Os arautos de Deus eram líderes não apenas religiosos,
mas também políticos, cujas atividades proféticas cumpriam importantes funções
de ordem política e social. Isso pode ser percebido claramente em Moisés (Dt
34.10-12) e Samuel que, inclusive, iniciou o seu ministério num período em que
a profecia era escassa (1 Sm 3.1,20,21; 7.15-17).
O profeta e o rei. A
partir do reinado de Davi, os profetas passaram a fazer parte do grupo de
conselheiros do rei. Natã e Gade são exemplos desse período (2 Sm 7.17;
24.18,19). Suas profecias tinham não somente uma função política, mas também
eram importantes para a manutenção da ordem social.
O profeta marginalizado. No
período dos reis de Israel e Judá, os profetas de Deus ficaram fora dos
círculos reais, com exceção de Isaías (39.3). O ministério do profeta messiânico
se estendeu até os dias do rei Manassés que, segundo a tradição rabínica,
mandou serrar Isaías ao meio (Hb 11.37). Com a decadência espiritual dos
monarcas de Israel, os profetas desenvolveram seu ministério distante do culto
central. Dessa forma, se empenharam em mudar a estrutura social tanto em
Samaria como em Jerusalém, diante de tanta corrupção e injustiça generalizada.
. O PROFETA É ENVIADO AO REI
O princípio do fim do reino de Judá. Como vimos na leitura bíblica, embora tenha jurado lealdade e
obediência aos babilônios (2 Cr 36.11-14) e, por isso, reinado onze anos em
Jerusalém, o rei Joaquim (que teve o seu nome mudado pelo rei da Babilônia, o
qual passou a chamá-lo de Zedequias) rebelou-se contra o rei dos caldeus no
oitavo ano de seu reinado (2 Rs 24.8-17). Mesmo já estando Judá sob o domínio
babilônio, tal postura ocasionou a destituição do rei Joaquim por Nabucodonosor
em 598 a.C, que mandou levá-lo para a capital do Império e colocou seu tio,
Matanias, em seu lugar.
Profecia dirigida ao rei (v.2). O
exército dos caldeus, liderando as demais tropas dos povos conquistados, estava
à volta de Jerusalém esperando o assédio final. Jeremias já vinha anunciando
durante décadas o trágico fim do reinado de Judá (1.15; 5.15; 6.22; 10.22; 25.9).
Mesmo assim, em seus oráculos havia esperança de livramento da parte de Deus se
o povo se arrependesse de seus pecados e renunciasse às injustiças sociais
(7.5-7; 22.3,4). O rei juntamente com os seus príncipes e a maior parte do povo
rejeitaram a mensagem de Jeremias e a dos demais profetas (2 Cr 36.12,15,16).
Agora, cerca de 40 anos depois de proferir esse discurso, Deus encarrega o
próprio Jeremias de comunicar ao rei que a destruição de Jerusalém é
irrevogável: “Eis que eu entrego esta cidade nas mãos do rei da Babilônia, o
qual a queimará” (v.2).
O destino do rei Zedequias é anunciado (v.3). Se quisesse ter paz, o povo deveria se submeter ao rei da
Babilônia, pois Jeremias afirmava em sua mensagem que o cativeiro haveria de
durar 70 anos (25.11-14; 29.4-10). Além disso, segundo a profecia divina
proferida por Jeremias contra o rei Zedequias: este seria entregue nas mãos do
rei de Babilônia (v.3).
Infelizmente, os contemporâneos deste profeta acreditavam mais na
mensagem de um falso profeta chamado Hananias, que incitava o povo a se
levantar contra o rei de Babilônia, dizendo — mentirosamente — que em dois anos
seria quebrado o jugo dos caldeus (28.11). Por isso, esse profeta era visto com
desconfiança, como um espião em favor dos inimigos, e tido corno traidor
(37.13).
A QUESTÃO DE ORDEM SOCIAL
A liberdade dos escravos hebreus (vv.8-10). A legislação hebraica sobre o escravo hebreu era diferente da do
escravo estrangeiro. Por razões de falência econômica, o israelita se vendia
como escravo ao seu irmão, porém, Moisés limitou a escravidão de hebreus ao
período máximo de seis anos, quando este devia ser liberto (Êx 21.2; Dt
15.1-18). Esse preceito, porém, não era observado (v.14). Quando Jerusalém
estava sitiada pelos caldeus, Zedequias resolveu libertar os escravos,
esperando com isso o livramento divino. Era, infelizmente, tarde demais e,
acima de tudo, tratava-se de uma reação artificial e interesseira.
A alforria dos escravos é cancelada (v.11). O profeta Jeremias anunciou que o rei do Egito retornaria a sua
terra e o cerco da Cidade Santa pelos caldeus recomeçaria (Jr 37.5-8 — Convém
salientar que os capítulos do livro de Jeremias não estão em ordem
cronológica). Entretanto, os fatos de Faraó ter vindo em socorro de seu aliado
Judá, o cerco de Jerusalém ter sido suspenso e os caldeus se retirado, fizeram
com que o rei Zedequias e os seus príncipes não acreditassem no profeta de
Deus. Assim, pensando estarem salvos do perigo, revogaram a lei da libertação
dos escravos (v.11).
O pecado maior deles consistiu em desfazer um concerto religioso feito
em nome de Deus e no Templo: “[...] e tínheis feito diante de mim um concerto,
na casa que se chama pelo meu nome” (v.15). A cerimônia de libertação dos
escravos foi um pacto feito no Templo, quando eles sacrificaram um bezerro,
dividindo-o ao meio, passando em seguida entre as metades (v.18). Esse, aliás,
era um método dos povos antigos de ratificar um tratado (Gn 15.10,17). Esse
ritual significa que a parte que violar o pacto terá o mesmo destino do animal
sacrificado. Assim, este era um ato ignominioso de traição e de deslealdade,
acrescido do perjúrio (Êx 34.18,20).
A indignação divina (vv.16,17). Em
vez dos babilônios, foi o próprio Deus quem liberou a espada para a destruição
de Judá. A reação divina contra a atitude indigna e vergonhosa de Zedequias, de
seus príncipes e dos grandes de Judá, tinha a sua razão de ser. A parte final
do capítulo 34 descreve o duro juízo do Senhor sobre o povo escolhido.
A palavra dos profetas não foi vã, eles lutaram por uma causa nobre,
ainda que, como foi dito, não foram ouvidos em sua geração. Não obstante, seus
ideais atravessaram os séculos e até hoje impressionam políticos, filósofos,
economistas, intelectuais, religiosos etc. Em frente ao edifício das Nações
Unidas, em Nova Iorque, encontra-se um monumento chamado “Parede de Isaías”, no Parque
Ralph Bunche, onde está escrita a seguinte profecia: “[...] uma nação não
levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra” (Is 2.4 —
ARA). Há somente um que tem poder para transformar essa expectativa profética
em realidade, Ele se chama Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz (Is 9.6).
Zedequias
Era um governador fraco e inseguro. Em uma audiência com Jeremias,
confessou seus temores e apelou ao profeta que não comentasse o assunto com
quem quer que fosse (38.14-28). Todavia, aparentemente, ele tomou a iniciativa
de persuadir o povo a que concordasse com a libertação dos escravos hebreus,
após o período legal de sete anos. Deus o recompensara por este ato de piedade,
independentemente de sua motivação.
Escravidão
Em Israel, esta instituição era diferente da praticada em outras
sociedades do mundo antigo. Um jovem hebreu podia ser comprado, mas somente seria
mantido como escravo por um período de sete anos. Ao final deste tempo, seu
senhor deveria libertá-lo, suprindo-o generosamente com recursos suficientes
para iniciar uma nova vida. Em suma: na lei mosaica, a escravidão era mecanismo
social destinado a proteger o pobre, habilitando-o a alcançar a condição de
auto-sustento. Em Judá, entretanto, a escravidão fora corrompida, pois as
pessoas ricas escravizaram para sempre seus patriotas judeus. A intenção
inicial de uma provisão caridosa ao pobre se desvirtuara ao se transformar numa
instituição opressora.(RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005, p.469)
“O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus
não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua
alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos
exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em
isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um
indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o
homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode
ser definido como ‘um corpo-alma em sociedade’. Portanto, a obrigação de amar o
nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Se amamos
nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então,
inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total, o bem-estar
do seu corpo, da sua alma e da sua sociedade. [...] É verdade que o Senhor Jesus
ressurreto deixou a Grande Comissão para a sua Igreja: pregar, evangelizar e
fazer discípulo. E esta comissão é ainda a obrigação da Igreja. Mas a comissão
não invalida o mandamento, como se ‘amarás o teu próximo’ tivesse sido
substituído por ‘pregarás o Evangelho’. Nem tampouco reinterpreta o amor ao
próximo em termos exclusivamente evangelísticos. Ao contrário, enriquece o
mandamento amar o nosso próximo, ao adicionar uma dimensão nova e cristã,
nomeadamente a responsabilidade de fazer Cristo conhecido para esse nosso
próximo” (STOTT, J. R. W. Cristianismo Equilibrado. RJ: CPAD,
pp.60-1).
Profecia e
Misticismo
Palavra Chave
Misticismo: [Do lat. mystica,
espiritual] É uma atitude mental de busca da união intima e direta do homem com
a divindade, baseada mais na intuição e no sentimento do que no conhecimento
racional.
Devido à popularidade que os meios de comunicação dão às questões
espirituais, algumas expressões que antes eram restritas a grupos específicos,
acabaram tornando-se comuns. Um bom exemplo são os termos “profecia” e
“misticismo”. Mas o que de fato significam? Profecia é a mensagem ou palavra do
profeta. Já o misticismo, no sentido em que vamos enfocar, é a tendência para a
união espiritual íntima com seres espirituais tenebrosos (Ef 6.12). Nessa
lição, trataremos das manifestações ocultistas e esotéricas dos místicos no
Antigo Testamento, os quais tentaram imitar a autêntica experiência dos
verdadeiros profetas de Israel. O mesmo acontece hoje em relação à mensagem do
evangelho de Jesus Cristo. Há pessoas que desejam imitá-lo, sem necessariamente
ter conhecimento e compromisso algum com a fé cristã.
AVALIAÇÃO DA PROFECIA
Os embusteiros (13.1). Quando
o texto de Deuteronômio 13.1 fala sobre “profeta” ou “sonhador”, na realidade
está referindo-se a alguém que se apresenta como tal, e é possível que ele
realize perante o povo “um sinal ou prodígio”. Contudo, tal milagre em si não é
garantia de que o seu ministério seja de origem divina. O reformador alemão,
Martinho Lutero, dizia com razão que o Diabo é o maior imitador de Deus. Jesus
afirmou que tais impostores “farão tão grandes sinais e prodígios que, se
possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24). E o apóstolo Paulo nos
adverte dizendo que até “Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Co 11.14).
Assim, à luz do texto sagrado, é possível alguém manifestar tais sinais e
maravilhas sem necessariamente ser um servo de Deus.
Como identificar a fonte do milagre? (13.2). A primeira e mais segura regra de autenticação dos prodígios
realizados por alguém é a sua coerência bíblica. É impossível alguém operar
milagres da parte do Senhor e, ao mesmo tempo, adotar uma teologia contrária à
Bíblia, ou seja, quem ensina ao povo a seguir a um deus estranho está incitando
a rebelião contra Deus (Dt 13.5). Jesus disse: “[...] por seus frutos os
conhecereis” (Mt 7.16). O termo “frutos” não diz respeito apenas ao testemunho
pessoal, pois há ateus e praticantes de doutrinas ocultistas que têm um
excelente testemunho junto à família e diante da sociedade. Ao falar dos
“frutos”, o Senhor Jesus Cristo referiu-se mais ao conteúdo teológico do
pregador milagreiro e enganador.
Deus usa o falso profeta para provar os seus servos (13.3). Como já foi dito, uma das formas mais simples de avaliação de um
falso profeta é o conteúdo de sua mensagem. Se a cosmovisão religiosa e
filosófica do profeta, ou sonhador, acerca de Deus, do ser humano e do mundo
afasta-se das Escrituras, contrariando a doutrina bíblica, ainda que ele faça
descer fogo do céu à nossa vista e impressione o povo, devemos continuar firmes
em nosso lugar, pois tais manifestações são de fonte estranha. Conforme vimos
na leitura bíblica, Deus permite que essas coisas aconteçam para nos provar
(13.3). Isso é ainda mais válido para os dias atuais com tantos inovadores
milagreiros, falsos cristos e pregadores de “outro Jesus, outro espírito e
outro evangelho” (2 Co 11.4).
PRÁTICAS DIVINATÓRIAS
As abomináveis práticas divinatórias (18.9). Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os
cananeus (Dt 18.14), e o profeta Isaías preveniu o povo sobre algo semelhante
observado pelos egípcios (Is 19.3); todas essas coisas Israel devia rejeitar.
Isso vale também para os cristãos, pois tais práticas existem ainda hoje na
sociedade. Elas abrangem direta ou indiretamente: magia, astrologia, alquimia,
clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia, levitação,
transe etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque representam uma
forma infame de idolatria e demonismo.
Adivinhador, prognosticados agoureiro, feiticeiro, encantador,
necromante e mágico (18.10,11). O
“adivinhador” ou “adivinho” é quem pratica a adivinhação. Como parte da magia,
essa prática é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados:
intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc. O termo
“prognosticador” é uma das possíveis traduções do hebraico onen, e
literalmente significa “fazer agouros pela nuvem”. É aquele que pratica mágica,
vaticínio, presságio, prognóstico e tenta prever o futuro por meio de
sortilégios.
O agoureiro é o que pratica agouros, uma forma de magia especializada em
tentar predizer males e desgraças (2 Rs 17.17). A palavra hebraica empregada
para “feiticeiro” é usada também para “bruxo”; os tais faziam parte do grupo de
conselheiros de Faraó, com os seus sábios e magos (Êx 7.11). O termo hebraico
traduzido em nossas versões por “encantador de encantamentos” denota “amarrar”
alguém por meio de mágica. É o praticante de macumba, de despacho etc. A
palavra hebraica usada para “espírito adivinhante” ou “necromante”, na ARA, tem
sentido abrangente: médium, espírito, espírito de mortos, necromante e também
mágico (Lv 19.31; 20.6; Is 8.19; 29.4).
3. Bruxo e bruxaria. Bruxo é o praticante da
magia negra que visa fazer o mal (qualquer forma de adivinhação em si mesma já
é um mal). A bruxaria chegou ao seu apogeu na Idade Média. Hoje, as bruxas são
apresentadas, pela mídia, como heroínas belas para as crianças e adolescentes.
Tenha cuidado!
A NECESSIDADE DA PROFECIA BÍBLICA
A voz de Deus na terra. A
profecia bíblica é a voz de Deus na terra para nortear homens e mulheres no
caminho seguro para o céu; é também chamada de a “profecia da Escritura” (2 Pe
1.20). Mesmo com a queda do homem no Éden, o Senhor nunca deixou de se
comunicar com as suas criaturas racionais. Através dos patriarcas, reis,
sacerdotes e profetas, Ele revelou a si mesmo e se propôs a habitar no meio do
seu povo (Êx 25.8; 29.45,46). Na atualidade, a voz do Senhor pode ser ouvida
através da Palavra de Deus, que é pregada ao mundo inteiro por meio da “igreja
do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15).
Revelação dos arcanos divinos. Ao
falar sobre o fato de Jesus ser o cumprimento da mensagem dos profetas, o
apóstolo Pedro disse que “agora”, ou seja, para nós que estamos presenciando a
materialização dos vaticínios e arcanos divinos, precisamos atentar ainda mais
para a importância de tais mensagens, pois cumprem o propósito de servirem como
um norte, “até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso
coração” (2 Pe 1.19).
O contraste entre a verdadeira profecia e as práticas pagãs. A Leitura Bíblica em Classe e as demais referências citadas nesta
lição revelam a gravidade das práticas ocultistas e esotéricas, as quais tentam
imitar a profecia bíblica. Elas são demoníacas, portanto, condenadas pela
Palavra de Deus. O objetivo dos adivinhadores, magos, prognosticadores,
agoureiros, necromantes, etc, é o mesmo dos tempos bíblicos: fazer frente à
vontade de Deus e ao evangelho de Jesus Cristo, levando o povo ao desvio do
único caminho certo, à semelhança de Janes e Jambres que “resistiram a Moisés,
assim também estes resistem à verdade” (2 Tm 3.8).
Cada crente em Jesus deve ser sóbrio e vigilante diante da atual
avalanche de crenças e práticas disseminadas no mundo atual. Tal popularidade
ocorre principalmente por causa dos meios de comunicação (livros, revistas,
internet, televisão, esta última principalmente através de novelas, programas
de auditórios, filmes e seriados), os quais fazem a sociedade encarar tudo como
se tais práticas fossem naturais, comuns e inofensivas. Os formadores de
opinião apresentam tais coisas como modismos, mas aos olhos de Deus são uma
abominação (Dt 18.9-12; Ap 9.21; 21.8). Nós temos a Bíblia, o Senhor Jesus
Cristo e o Espírito Santo, portanto, deixemo-nos ser guiados e ensinados pelo
Consolador (Jo 14.26).
Método do paganismo e os verdadeiros profetas
“Antes de discutir a lei sobre profetas, Deuteronômio lista diversas
técnicas utilizadas pelo paganismo para obter oráculos divinos (Dt 18.9-14).
Tais métodos não serviriam para Israel ouvir a voz do Senhor. O que esses itens
proibidos têm em comum é que todos caem na categoria da sabedoria e da
ingenuidade humanas. Yehezkel Kaufmann, com muita propriedade, chama a
adivinhação de ciência de segredos cósmicos e o adivinho de cientista que pode
dispensar a revelação divina. O Senhor, em contrapartida, levantaria como seu
veículo de revelação um profeta. Tal qual o rei, ele devia ser oriundo da
comunidade israelita (18.15; 17.15). Ele só era capaz de falar porque Deus
punha a palavra em sua boca (17.19). O fato de Deus, [...], colocar suas
palavras na boca de seus profetas explica o porquê de muitos deles iniciarem
seus pronunciamentos com: ‘A palavra do Senhor veio a mim’ ou ‘Assim diz o
Senhor’. Por outro lado, é raro qualquer outra pessoa nas Escrituras, Antigo ou
Novo Testamentos, prefaciar e validar seus comentários com esta fórmula. Uma
coisa é afirmar que as Escrituras foram inspiradas; outra coisa é entender como
Deus a inspirou. Já com os profetas, não restam dúvidas: Deus os inspirou ao
lhes ditar suas palavras, colocando sua palavra em suas bocas, de forma que as
palavras do profeta eram proferidas por Deus”.
(HAMILTON,
V. P. Manual do Pentateuco. RJ: 2.ed. CPAD, 2006,
pp.481-2)
Como Identificar a falsa profecia?
DEUTERONÔMIO 18.10-22 - Como é que os falsos profetas podem ser
distinguidos dos verdadeiros?
A MÁ INTERPRETAÇÃO: A Bíblia contém muitas
profecias que nos foram dadas para que nelas creiamos, porque vieram de Deus.
Contudo, a Bíblia também mostra a existência de falsos profetas (Mt 7.15). Na
verdade, muitas religiões e seitas — incluindo as Testemunhas de Jeová e os
Mórmons, alegam ter profetas. Daí, a Bíblia exortar os crentes a “provar”
aqueles que se dizem profetas (1 Jo 4.1a). Qual é a diferença entre um falso
profeta e um verdadeiro profeta de Deus de acordo com Deuteronômio 18.10-22?
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Existem
muitos testes para provar um falso profeta. Vários deles estão listados na
passagem bíblica em questão. Colocando-os em forma de perguntas, os testes são:
1. Eles sempre entregam falsas
profecias? Cem por cento de suas predições em relação ao futuro se cumprem? (Dt
18.21,22)
2. Contatam espíritos de mortos?
(Dt 18.11)
3. Utilizam meios de adivinhação?
(Dt 18.11)
4. Envolvem médiuns ou
feiticeiras? (Êx 20.3,4)
5. Seguem a falsos deuses ou
ídolos? (Êx 20.3,4; Dt 13.1-3)
6. Negam a divindade de Jesus
Cristo? (Cl 2.8,9)
7. Negam a humanidade de Jesus
Cristo? (1 Jo 4.1,2)
8. As suas profecias desviam a
atenção da pessoa de Jesus Cristo? (Ap 19.10)
9. Defendem a abstenção de certos
alimentos e carnes por razões espirituais? (1 Tm 4.3,4)
10. Criticam ou negam a necessidade
do casamento? (1 Tm 4.3)
11. Promovem a imoralidade? (Jd
vv.4,7)
12. Encorajam a renúncia pessoal
legalista? (Cl 2.16-23)
Uma resposta positiva a qualquer das questões acima é uma indicação de
que o profeta não está falando por parte de Deus. Deus não fala e não encoraja
qualquer coisa que seja contrária ao seu próprio caráter e mandamentos conforme
registrados nas Escrituras. E com absoluta certeza, o Deus da verdade não dá
falsas profecias (Dt 18.21-23) (GEISLER, N. L.; RHODES, R.Respostas às
Seitas. RJ: 1.ed. CPAD, 2000, pp.65-6).
A autenticidade da
profecia
Palavra Chave]Autenticidade: Relativo
a autêntico. De origem ou qualidade comprovada; genuíno, legítimo, verdadeiro.
O cumprimento das inúmeras profecias bíblicas a respeito dos reis
Nabucodonosor, Ciro e Alexandre — o Grande, das nações do Egito, Assíria e
Babilônia, das cidades de Tiro e Sidom e especificamente acerca de Israel e
Jerusalém, constitui-se uma prova incontestável da origem, inspiração e
autenticidade divinas dos oráculos dos antigos profetas hebreus. Isso sem falar
no tema principal das profecias veterotestamentárias — o Senhor Jesus Cristo,
em seus dois adventos — do qual uma grande parte teve cumprimento na vida, obra
e ministério terreno do Filho de Deus. Devido à relevância de tal assunto,
nessa lição nos deteremos a analisar as profecias messiânicas registradas em
Isaías 53.
O DESPREZO DO SENHOR
A apresentação do Senhor. Na
realidade, a conhecidíssima profecia de Isaías 53, inicia-se no capítulo
anterior, em que o profeta apresenta o Servo do Senhor da seguinte forma: “Eis
que o meu servo operará com prudência” (52.13). O Novo Testamento confirma
terminantemente que o mais messiânico dos profetas está, incontestavelmente,
falando do Senhor Jesus Cristo. Trata-se, portanto, de uma genuína e autêntica
mensagem profética da parte do Senhor Deus (At 8.28-35).
A mensagem do Senhor. Uma
das singularidades do ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo foi exatamente o
teor de sua mensagem (Jo 7.46). Não obstante, o capítulo 53 inicia já com a
pergunta: “Quem deu crédito à nossa pregação?” (v.l), demonstrando que a
predicado Messias seria rejeitada. É contraditório entender o fato de que
apesar dos milagres extraordinários operados pelo Filho de Deus e de sua
pregação repleta de autoridade e poder, muitos não criam nEle (Jo 12.37,38; Rm
10.16). Até mesmo os de sua casa não compreenderam o seu ministério (Mc 3.21;
Jo 7.5).
A aparência e a rejeição do Senhor. Não há como saber os traços físicos de Jesus, mas é bem possível
que a sua aparência física contrarie a de todos os filmes já produzidos, pois a
palavra profética declara que “nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos”
(v.2b). A rejeição do Senhor foi tão grande que se iniciou ainda em seu
nascimento! Não havia espaço adequado para o nascimento do Filho de Deus em
Belém e, por isso, sua mãe deu-o à luz em uma manjedoura (Lc 2.7). Em Isaías 53,
duas vezes o versículo três afirma que Ele era “desprezado” e termina dizendo:
“não fizemos dele caso algum”. Tal descortesia cumpre-se de forma notória nos
Evangelhos (Jo 1.10,11).
A PAIXÃO E A MORTE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
O sofrimento sem igual de Jesus. Apesar
de todo o desprezo sofrido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao longo de sua vida
terrena, os seus últimos dias, iniciados no Getsêmani, onde a sua agonia foi de
tal intensidade que o fez suar gotas de sangue (Lc 22.44), foram de um sofrimento
indescritível. E o que Ele padeceu a partir de sua prisão? É exatamente assim
que o profeta Isaías descreve o Senhor: Ele era um “homem de dores” (v.3) e que
“foi oprimido” (v.7). Isaías apresenta-o também como um homem impecável e
perfeito em tudo, “porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca”
(v.9). O apóstolo Pedro, que conviveu com Jesus cerca de três anos, confirma
essa profecia (1 Pe 2.22). Sim, Jesus foi “cortado da terra dos viventes” (v.8)
como um criminoso e malfeitor.
O silêncio de Jesus. O profeta compara o Filho
de Deus em seu julgamento e morte ao cordeiro levado ao matadouro e à ovelha
muda diante de seus tosquiadores: Ele “não abriu a sua boca” (v.7). Assim agiu
o Senhor diante do sumo sacerdote no Sinédrio (Mt 26.63) e perante Pôncio
Pilatos (Mt 27.12,14). O profeta, pelo Espírito, certamente via as cenas desses
interrogatórios. Portanto, o fato de Jesus não ter cometido nenhum delito e de
as acusações sobre Ele não terem sido provadas demonstram a total
arbitrariedade do julgamento do Mestre, realçando o fracasso da justiça humana.
A crucificação e a sepultura de Jesus (v.9). Isaías anuncia de antemão que o Senhor Jesus Cristo “foi contado
com os transgressores”, e reafirma a verdade de que Ele carregou nossos
pecados. Os Evangelhos relatam que Jesus foi crucificado entre dois salteadores
(Mt 27.38; Mc 15.27,28), mostrando, assim, a autenticidade da profecia bíblica.
Note que as palavras de Cristo no alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não
sabem o que fazem” (Lc 23.34), foram também preditas por Isaías, quando o
profeta diz que o Messias “pelos transgressores intercedeu” (v.12).
A análise profética fica mais interessante e rica, quando Isaías prediz
que a “sepultura” de Jesus foi colocada entre a dos “ímpios” (v.9). Isso
significa que os opositores de Jesus queriam dar-lhe um sepultamento vergonhoso
e vil como o de um criminoso. Tal coisa era considerada opróbrio em Israel (Is
14.19). Porém, o plano deles falhou, pois o profeta diz que o Mestre Jesus foi
contado “com o rico, na sua morte” (v.9). Ou seja: o Filho de Deus foi
enterrado honrada e dignamente. Os Evangelhos, confirmando Isaías, revelam que
um homem rico, chamado José, da cidade de Arimatéia, cedeu um túmulo novo,
cinzelado na rocha, para que neste fosse posto o corpo do Mestre (Mt
27.57,58,60).
LIÇÕES DOUTRINÁRIAS DO SACRIFÍCIO DE CRISTO
As nossas dores e as nossas enfermidades. O profeta, além de preanunciar detalhes da vida e do sofrimento do
Messias, também destacou grandes doutrinas oriundas da morte expiatória de
Cristo. Um dos maiores ensinamentos é a vicariedade de seu sacrifício. Isto é,
Ele padeceu em nosso lugar, tomando sobre si “as nossas enfermidades e as
nossas dores” (v.4). A expiação que o Filho de Deus nos propicia abrange, além
da cura física, a espiritual (v.5), conforme atestamos pela leitura do Novo
Testamento (Mt 8.17; 1 Pe 2.24).
Os nossos pecados. Jesus sofreu não por ter
cometido pecado, mas porque agradou a Deus “moê-lo, fazendo-o enfermar”,
colocando a sua “alma [...] por expiação do pecado” (v.10). Essa foi a vontade
de Deus: que o justo sofresse pelo pecador (vv.10,11b). O profeta mostra
tratar-se, como já foi dito, de uma morte vicária (Rm 3.25; 5.18,19; 2 Co
5.21).
A humildade e o amor de Jesus Cristo. É
digno de destaque o fato de o Senhor Jesus Cristo ter se despido de toda a sua
glória para tornar-se como um de nós (Fp 2.3-11). Tal humildade e amor
benevolente servem-nos de exemplo para que possamos agir da mesma forma em
relação aos nossos semelhantes (Jo 3.16; 1 Jo 3.16).
Há abundantes evidências em o Novo Testamento sobre o fiel cumprimento
de Isaías 53. A Teologia Sistemática (CPAD) de Stanley Horton,
na página 91, informa que o professor americano Peter W. Stoner examinou oito
profecias sobre Jesus, no Antigo Testamento, e concluiu que na vida de uma
pessoa, a probabilidade dos oito casos serem coincidências é de 1 em 1017, ou
seja, 1 em cem quatrilhões (100.000.000.000.000.000).
A única explicação racional para o fiel cumprimento das profecias da
Bíblia é que Deus tudo revelou aos seus profetas. Não se trata, portanto, de
manipulações humanas. As profecias messiânicas já cumpridas mostram-nos a
autenticidade da Bíblia e advertem-nos de que as profecias escatológicas também
se cumprirão.
“A história do mundo segundo o sonho do rei Nabucodonosor
A primeira profecia de Daniel foi acerca do rei Nabudonosor. Tratava dos
detalhes de um sonho que o rei tivera e de sua interpretação. Daniel disse:
‘[...] darei ao rei a interpretação’ (2.24), e então interpretou a visão do
poderoso monarca sobre uma ‘extraordinária’ (2.31) estátua com a cabeça de
ouro, peito e braços de prata, ventre e quadris de bronze e pernas de ferro
(2.32,33). Era um sonho sobre os futuros poderes do mundo. A cabeça de ouro era
a Babilônia; o peito e os braços representavam os Medos e os Persas. Os quadris
de bronze representavam a Grécia, e as pernas e os pés simbolizavam o Império
Romano, em seu auge e declínio. Por fim, surge uma ‘pedra’. A pedra
representava o Messias de Israel, que feriria ‘a estátua nos pés de ferro e de
barro’, esmiuçando-os (2.34). Deus então estabeleceria seu reino, ‘que não será
jamais destruído’, referindo-se ao futuro reino messiânico de Cristo (2.44).
Esta profecia transpôs o âmbito histórico e mostrou que certas características
em cada uma dessas nações levariam ao reino milenial. ‘Na eternidade, os
aspectos temporais irão fundir-se com a criação de um novo céu e uma nova
terra’ (Unger, Commentary, p. 1619). Com o sonho de
Nabucodonosor, Deus revelou o propósito de toda a história através de Daniel.
Nenhum outro profeta recebeu uma revelação tão completa e precisa”.(LAHAYE, T.;
HINDSON, E. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. RJ:
1.ed. CPAD, 2008, pp.175,176)
Profetas Maiores e
Menores
Palavra Chave
Literatura: Conjunto de trabalhos
literários de um país ou época.
Todos os profetas, tanto os pré-clássicos como os clássicos, têm a mesma
autoridade divina e igualmente falaram em nome do Senhor. Os chamados clássicos
são os profetas literários, divididos em dois grupos: Maiores e Menores. A
lição de hoje apresenta um breve estudo do texto da Leitura Bíblica em Classe
e, em seguida, uma explanação acerca de dois grupos dos livros proféticos em
consideração.
OSÉIAS — O PROFETA MENOR
Oséias em o Novo Testamento. É
sabido que a “Bíblia” dos tempos do Novo Testamento consistia exatamente no que
hoje conhecemos como o Antigo Testamento. Por isso, o apóstolo Paulo
fundamentava sua pregação e seu ensino na Lei e nos Profetas e dizia que não
pregava outra coisa senão o que “os profetas e Moisés disseram que devia
acontecer” (At 26.22). No texto de Romanos 9, por exemplo, o apóstolo dos
gentios cita o nome de Oséias (v.25a) e faz referência ao texto do profeta (Os
2.23).
Note na Leitura Bíblica em Classe que, em seguida, o apóstolo Paulo cita
outro profeta, Isaías. Algo que chama a atenção é o fato de o apóstolo citar os
dois profetas exatamente na ordem em que se encontram em nossa Bíblia: Oséias,
o primeiro dos Profetas Menores e Isaías, dos Maiores.
A vocação dos gentios prevista em Oséias. A história deste profeta, como já foi dito na segunda lição, é um
dos casos raros em que a condição pessoal do profeta serviu para retratar a
mensagem divina; é o que chamamos de “oráculo por ação”. Sua história dramática
é conhecida por todos os que lêem a Palavra de Deus. Até mesmo os nomes de seus
filhos descreviam a situação do relacionamento entre o Senhor e Israel. Lo-Ami,
terceiro filho de Gomer, mulher do profeta Oséias, era ilegítimo, pois ela
havia adulterado (Os 1.8,9). Esse nome significa “não-povo-meu”, isto é, “não
és meu filho”.
Assim como o adultério rompe os laços matrimoniais, Israel, por causa de
sua infidelidade a Deus, havia quebrado o concerto divino firmado no Sinai.
Entretanto, a profecia contempla um fim glorioso para Israel: “[...] a Lo-Ami
direi: Tu és meu povo!” (Os 2.23). É exatamente essa a mensagem que o apóstolo
aplica aos gentios que se convertem mediante o evangelho de Cristo: “Chamarei
meu povo ao que não era meu povo” (Rm 9.25).
A interpretação apostólica. Assim
como os hebreus desviados dos dias de Oséias ofereciam sacrifícios aos deuses
falsos, os gentios adoravam aos ídolos. Tais cultos eram, na verdade,
oferecidos aos demônios (1 Co 10.20). Entretanto, Deus mudaria a sorte de
“Lo-Ami” (nesse caso, a utilização de seu nome consiste em uma sinédoque representando
Israel), pois “no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes
dirá: Vós sois filhos do Deus vivo” (Os 1.10). Da mesma forma, Paulo
interpretou o texto de Oséias, declarando que o Senhor Deus igualmente mudou a
condição dos gentios que se converteram à fé cristã: “Vós não sois meu povo, aí
serão chamados filhos do Deus vivo” (v.26).
ISAÍAS — O PROFETA MAIOR
Explanação apostólica (v.27). O
apóstolo Paulo aplica a profecia de Isaías acerca do remanescente fiel aos
judeus de sua geração, porque apenas uma minoria deles veio a crer em Jesus. A
explanação apostólica tem sua razão de ser. O profeta Isaías, preanunciando a
destruição do Reino do Norte pelos assírios, destaca “os resíduos” de Israel
(Is 10.20), que, sendo poupados por Deus, viriam posteriormente a se converter
(v.21). Em outras palavras, a maior parte daquele povo ia perecer (Is 10.22).
O cumprimento das promessas de Deus (v.28). Na realidade, não somente o versículo 28, mas toda esta seção
(vv.27-29) demonstra que o cumprimento das promessas do Senhor é um fato.
Contudo, este se concretiza no tempo de Deus, e não o contrário. Assim, a
despeito de a rejeição de Israel a Deus ser uma realidade e a aceitação da
mensagem de salvação pelos gentios ser um fato observável, as promessas do
Senhor para os judeus não falharam. O profeta fala de uma parte de Israel que
será salva, ou seja: o remanescente fiel.
A graça de Deus prenunciada por Isaías (v.29). No versículo 29, o apóstolo Paulo volta a citar o profeta
messiânico, fazendo alusão a Isaías 1.9. Ele faz coro com o profeta,
reconhecendo que se não fosse a misericórdia de Deus, o remanescente de Israel
teria desaparecido da terra assim como aconteceu com Sodoma e Gomorra. O
apóstolo Paulo está, com isso, advertindo os judeus a reconhecerem a graça de
Deus e a converterem-se ao Senhor, a fim de serem salvos (Rm 3.9,23,30; Gl
3.22).
CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS PROFÉTICOS
Os Profetas Maiores. É
uma designação utilizada para identificar o primeiro conjunto de cinco livros
dos profetas. Eles são chamados de “maiores” por causa do volume do seu
conteúdo literário. Os três mais volumosos são Isaías, Jeremias e Ezequiel.
Apesar de o livro de Lamentações conter apenas cinco capítulos e o de Daniel
doze, ambos pertencem ao grupo dos profetas maiores.
Os Profetas Menores. São
os doze livros que sucedem os profetas maiores: Oséias, Joel, Amós, Obadias,
Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Apesar
de ser doze o número de livros, todo o material literário dos profetas menores
é considerado como um só livro no cânon judaico. A designação deve-se ao seu
pequeno volume literário em comparação aos de Isaías, Jeremias e Ezequiel, e
não quanto à qualidade da inspiração divina.
A autoridade do ministério profético do Antigo Testamento na Nova
Aliança. O apóstolo Paulo citou Oséias e
Isaías, reconhecendo a inspiração e a autoridade divinas de ambos. Eles clara e
distintamente ouviram a voz de Deus, tendo plena consciência da revelação
recebida do Senhor por intermédio do Espírito Santo.
Todos eles foram impelidos pelo Espírito do Senhor para declarar os
oráculos divinos ao povo. Alguns dos profetas menores foram contemporâneos dos
maiores, como Oséias, Amós e Miqueias, que viveram na mesma época de Isaías. Os
últimos dias da vida de Sofonias, por exemplo, coincidiram com os primeiros de
Jeremias. Seus temas foram os mesmos, porquanto profetizaram a respeito do
Messias, de Israel, das nações vizinhas e da justiça social.
As Escrituras Sagradas não fazem distinção entre os dois grupos. Com
exceção de Lamentações, Ezequiel, Obadias e Sofonias, que não são citados
diretamente em o Novo Testamento (apesar de haver no texto neotestamentário
inúmeras reminiscências de tais livros), todos os demais livros são citados
diretamente pelo Senhor Jesus e pelos seus apóstolos. Seis deles são citados
por nome: três Maiores: Isaías (Mt 3.3), Jeremias (Mt 2.17) e Daniel (Mt
24.1.5); e três Menores: Oséias (Rm 9.25), Jonas (Mt 12.39-41) e Joel (At
2.16). Uma curiosidade é que depois do livro dos Salmos, Isaías é o mais citado
em o Novo Testamento.
Os livros dos profetas menores não são secundários, nem os dos maiores
mais importantes. Todos são inspirados verbal e plenariamente pelo Espírito
Santo. Sem eles, jamais viríamos a entender o plano de Deus para Israel, para
os gentios e para a nossa vida em particular.
“Os Profetas Escritores
Os profetas são divididos entre ‘profetas escritores’, cujas mensagens
estão preservadas como livros do AT, e ‘profetas oradores’, cujo ministério é
descrito, mas não fizeram nenhuma contribuição ao cânon. A importância de um
profeta na história não pode, entretanto, ser medida por essas categorias.
Elias e Eliseu são profetas oradores. Contudo, esses dois, com sucesso,
resistiram aos vigorosos esforços de Acabe e Jezabel em substituir Yahweh por
Baal como deidade ‘oficial’ de Israel (1 Rs 16; 2 Rs 10). As obras dos profetas
escritores são divididas em duas categorias. Há os profetas maiores, cujas
obras são especialmente longas e, os assim chamados profetas menores, cujos
trabalhos são menores”.(RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed.
RJ: CPAD, 2005, p.405)
Estrutura dos livros
O Antigo Testamento é a primeira das duas principais partes da Bíblia, e
contém 39 livros, classificados em quatro grupos: Lei, Históricos, Poéticos e
Proféticos. Essa ordem é padronizada, aqui, no Ocidente, pois em outros cânones
há alterações, ainda mais nos outros ramos do cristianismo como os católicos
romanos, ortodoxos, armênios, etíopes, cópticos, siríacos, nestorianos, que
incluem os livros apócrifos, e em alguns casos os pseudígrafos. O Antigo
testamento Hebraico não contém os apócrifos, porém, estão arranjados de forma
diferente [vide o arranjo dos livros dos profetas no cânon judaico no esquema
da orientação didática].
Sua Mensagem
O assunto do Antigo Testamento é a redenção humana. O Antigo Testamento
não é um tratado de Teologia Sistemática, mas a teologia está presente do
começo ao fim, nos relatos históricos, nas poesias, nas profecias, nos
preceitos morais e cerimoniais. É, portanto, a fonte de toda a teologia. Não é
também um compêndio sistemático da fé de Israel em Deus, cujo clímax dessa
revelação é Jesus (Jo 1.18). Toda a história do Antigo Testamento mostra como
Deus operou no processo da redenção humana. Registra o relacionamento de Deus
com o homem até que o plano de redenção fosse realizado na cruz do Calvário.
Como os primeiros cristãos viam o Antigo Testamento? Era aceito como
coletânea de livros inspirados por Deus (2 Tm 3.16). Os cristãos e os judeus
preservaram o Antigo Testamento até os nossos dias. A Igreja usou essa parte
das Escrituras para a evangelização no seus primeiros dias (At 17.2,3; 24.14;
26.22). O fato de esses cristãos serem judeus justificaria a preservação de
suas Escrituras, mas essa preservação não foi só por isso. Além disso, eles
reconheciam-na ainda como o núcleo básico de sua fé ampliada em Jesus. O Novo
Testamento apresenta com muita frequência o Antigo Testamento como a base para
a fé cristã. (SOARES, E. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. RJ:
CPAD, 2003, p.23-4).
: Os falsos
profetas
Palavra Chave
Falso: Contrário à realidade; em que
há mentira ou dolo; que imita algo ou parece verdadeiro.
Dentre os falsos profetas do Antigo Testamento encontram-se também os
das divindades pagãs. Vamos, porém, enfocar os falsos profetas de Israel que,
por não terem o temor de Deus, usavam o nome do Senhor para enganar o povo. Há,
especialmente, dois casos horrendos nas Escrituras Sagradas: o relato de
Zedequias, filho de Quenaana, e seu grupo de profetas, que conseguiram
impressionar o rei Acabe (1 Rs 22.5-28; 2 Cr 18.4-27), e o falso profeta
Hananias.
A FALSA MENSAGEM PROFÉTICA
A celeste mensagem de Jeremias. No
início do reinado de Zedequias, o profeta Jeremias colocou sobre seu pescoço
uma canga de madeira com tiras de couro (27.1,2; 28.10,12,13) e foi enviado por
Deus ajuda e Jerusalém (27.3), exortando o povo à submissão ao rei de Babilônia
(27.6-8). Assim como o boi é dominado pelo jugo de seu dono, as nações deveriam
sujeitar-se ao domínio dos caldeus, pois seria inútil tentar livrar-se de
Nabucodonosor (27.12,13).
O falso profeta Hananias (v.1). No
mesmo ano em que o Senhor transmitiu essa mensagem por meio de Jeremias, surgiu
um falso profeta — “Hananias, filho de Azur, o profeta de Gibeão” (v.1) — para
confrontar a mensagem do arauto de Deus. O falso profeta desafiou Jeremias no
Templo de Jerusalém diante do povo e dos sacerdotes. A Palavra de Deus
adverte-nos de que haverá entre nós, na própria igreja, falsos profetas (2 Pe
2.1,2; Leia ainda At 20.30; 1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1).
A mensagem de Hananias (vv.3,4) e a reação do profeta de Deus. O farsante Hananias procurava contradizer a mensagem de Jeremias
acerca do destino de Jeconias (nome alternativo de Joaquim, filho de Jeoaquim,
também chamado de Conias [cf. Jr 37.1]) e do fim do cativeiro. O profeta de
Deus afirmava ser impossível Jeoaquim retornar de Babilônia (Jr 22.24-27), o
que realmente aconteceu, pois o rei veio a morrer em Babilônia durante o
reinado de Evil-Merodaque (Jr 52.31-34; 2 Rs 25.27-30). Da mesma forma, os
oráculos divinos anunciavam setenta anos para o domínio babilônio sobre os
judeus (Jr 25.11; 29.10), o que, a despeito de o povo israelita ser escolhido
de Deus, também veio a se cumprir (2 Cr 36.22,23; Dn 9.2).
Contudo, o falso profeta Hananias trouxe uma mensagem que todos queriam
ouvir: a volta de Joaquim e o fim do jugo caldeu em dois anos (Jr 28.2-4). Era,
portanto, a palavra dele contra a de Jeremias, e isso colocava o homem de Deus
em desvantagem, pois o povo esperava uma mensagem de triunfo.
Entretanto, como se pode ver no capítulo 28 e versículos 5 a 9, Jeremias
reitera a Palavra do Senhor, com destaque para o versículo 6, quando o profeta
diz um “amém” irônico, advertindo o povo a não empolgar nem se entusiasmar com
os oráculos de Hananias. Apesar de um discurso bonito e de uma mensagem
agradável, faltava ainda o teste do tempo como ensina Deuterônomio 18.22. A
Bíblia ensina que o profeta só será reconhecido como tal após suas predições se
cumprirem (28.9).
O FALSO PROFETA DESMASCARADO
A arrogância de Hananias. Duas
características de um falso profeta são a audácia e a arrogância. E o falso
profeta Hananias apresentava essas más qualidades. A Palavra de Deus diz que,
enquanto o profeta Jeremias representava a situação futura de Israel usando um
jugo no pescoço, Hananias tomou o jugo e, diante do povo, quebrou-o,
reafirmando seu discurso positivista: “Assim quebrarei o jugo de Nabucodonosor,
rei da Babilônia, depois de passados dois anos completos” (v.11). Era uma
situação difícil para Jeremias, que limitou-se a “tomar o seu caminho”. Para
nós, que estamos cientes de que a verdade estava do lado de Jeremias, é fácil
compreender. Todavia, imagine o povo naquela época assistindo esse embate, com
o agravante do falso profeta usara chancela (ainda que falsa) de uma suposta
autoridade espiritual: “Assim fala o SENHOR dos Exércitos̶ ou “assim diz o SENHOR” (vv.2,4,11). Como discernir o verdadeiro
do falso?
O jugo de madeira é substituído por um de ferro (vv.13,14). A ousadia de Hananias acarretou ainda mais a ira divina. Deus
mandou Jeremias voltar e declararão falso profeta: “Jugos de madeira quebraste.
Mas, em vez deles, farei jugos de ferro” (v.13). Dessa forma, a servidão seria
ainda pior, pois, agora o jugo seria de ferro, ou seja, ninguém poderia
quebrá-lo (v.14).
O julgamento do falso profeta Hananias e a confirmação de Jeremias como
profeta de Deus (vv.15-17).Como tudo tem o seu tempo,
chegou a hora de o falso profeta Hananias ser desmascarado. Disse-lhe Jeremias:
“[...] não te enviou o SENHOR, mas tu fizeste que este povo confiasse em
mentiras” (v.15). A mensagem do falso profeta, apesar de agradável, era falsa;
não provinha do Senhor. Noutras palavras, era uma mentira ruinosa que
contribuiu para a queda da nação e o exílio do povo.
Hananias pagaria com a própria vida por sua rebelião contra o Senhor;
disse-lhe Deus: “Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano,
morrerás, porque falaste em rebeldia contra o SENHOR” (v.16). Essa era a pena
que a lei determinava para os falsos profetas (Dt 18.20). O início do confronto
entre o verdadeiro e o falso profeta aconteceu no “quinto mês” (v.1). Hananias
morreu “no mesmo ano, no sétimo mês” (v.17). Isso mostra que a profecia de
Jeremias cumpriu-se em menos de dois meses. Hananias foi desmascarado e morto;
Jeremias, confirmado como profeta de Deus. Por que o povo não se arrependeu de
seus pecados, e continuou a confiar nas mentiras dos falsos profetas? A
resposta é simples: os rebeldes optam por acreditar apenas naquilo que lhes
agrada. Essa é a tendência do ser humano.
O DOM DE DISCERNIR É O GRANDE INIMIGO DOS FALSOS PROFETAS
O discernimento do povo de Deus. Um
dos dons espirituais mais necessários é o de discernimento. Isto porque o falso
profeta, sendo um imitador muito eficiente, pode confundir o povo de Deus, uma
vez que suas mensagens concordam com aquilo que as pessoas esperam, gostam e
sonham. Entretanto, o crente que teme a Deus tem o discernimento, mediante o
Espírito Santo, para distinguir a verdade do erro. Alguns exemplos bíblicos
demonstram que, às vezes, a mentira e a verdade estão mais que evidentes (Êx
7.12; 1 Rs 22.18,37). Oremos, pois, a Deus, rogando-lhe o dom de discernimento
de espíritos.
A luta da verdade de Deus contra a mentira diabólica. O apóstolo Pedro deixou claro que a presença do verdadeiro não é
suficiente para impedir a manifestação do falso. Ao falar dos autênticos
profetas hebreus do Antigo Testamento, o apóstolo ressaltou que “também houve
entre o povo falsos profetas” (2 Pe 2.1). Ao longo dos séculos, percebeu-se que
onde há o verdadeiro, há também o falso. Para cada Moisés, há um Janes e
Jambres (2 Tm 3.8); para cada Micaías, há um Zedequias, filho de Quenaana (1 Rs
22.11); para cada Jeremias, há um Hananias, filho de Azur.
Os discípulos do profeta Hananias. À semelhança de Hananias, muitos falsos profetas estão por aí
causando estragos nas igrejas e trazendo problemas até para a sociedade.
Portanto, estejamos atentos e vigilantes.Os falsos profetas continuam a
arruinar a vida de muita gente. Por causa deles, muitos alteram e comprometem o
plano de Deus para a sua vida e ministério. Outros, afastam-se de seus
familiares e amigos e passam a evitar a igreja, rejeitando os pontos
fundamentais da fé cristã. Que Deus nos livre de tais embusteiros. Fiquemos,
pois, com as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: “Acautelai-vos, que ninguém
vos engane” (Mt 24.4).
A mensagem contemporânea de Jeremias
"Jeremias iniciou a sua mensagem com ‘Quanto aos profetas. O meu
coração está quebrantado dentro de mim...’ [capítulo 23] (v.9). Os profetas aos
quais ele se referia não eram aqueles de um deus ou ídolo falso. Não, estes
eram profetas de Israel, os mesmos que falavam em nome de Jeová. Eles eram
muito conhecidos e aceitos entre os crentes, mas Deus lamentava: ‘até na minha
casa achei a sua maldade’ (v.11). Isso partiu o coração de Jeremias. Hoje em
dia é diferente? Não, aqueles que têm uma compreensão do que é verdadeiramente
profético podem entender com facilidade a sua tristeza. Não são falsos profetas
os adivinhadores que lêem a palma da mão, cartas de tarô ou falam segundo as
estrelas, que entristecem profundamente aqueles que anseiam por ver a Deus
glorificado. Na verdade, são aqueles que ministram em nome de Jesus nas nossas
igrejas e conferências os que partem o coração dos justos. Eles se entristecem
porque, embora o ministério seja apresentado no nome de Jesus, não é
desempenhado pelo seu Espírito”.(BEVERE, J. Assim Diz o Senhor? Como
saber quando Deus está falando através de outra pessoa. 1.ed. RJ:
CPAD, 2006, pp.60-1)
Discernimento de Espírito
“[...] O fato é que a palavra discernimento significa formar um juízo e
se relaciona com a palavra usada para julgar profecias. Envolve uma percepção
que é dada de modo sobrenatural, para diferenciar entre os espíritos, bons e
maus, genuínos ou falsos, a fim de chegarmos a uma conclusão.
João diz que não devemos crer em todos os espíritos, mas prová-los (1
João 4.1). [...] A Bíblia, na realidade, fala em três espíritos: o de Deus, o
do homem e o do Diabo (com os maus espíritos ou demônios com ele associados).
Na operação deste dom na congregação, parece que o espírito do homem talvez
cause mais problemas. Mesmo com as melhores intenções, é possível que algumas
pessoas tenham a impressão de que seus próprios sentimentos são a voz do
Espírito Santo. Ou por causa do zelo excessivo ou da ignorância espiritual de
como a pessoa se rende ao Espírito Santo, seu espírito possa intrometer-se”
(HORTON, S. A doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. RJ:
CPAD, pp.300-1).
Uma fé racional
“De todos os dons espirituais, um dos que mais devemos desejar é
seguramente o de discernimento. Nós ouvimos muitas vozes e não podemos seguir
todas elas (Gilbert Kirby). [...] a Palavra de Deus ensina que a nossa razão é
parte da imagem divina na qual Deus nos criou. Ele é o Deus racional que nos
fez seres racionais e nos deu uma revelação racional. Negar nossa racionalidade
é, portanto, negar nossa humanidade, vindo a ser menos do que seres humanos. As
Escrituras proíbem que nos comportemos como cavalos e mulas que são ‘sem
entendimento’ e, ao contrário, ordenam que sejamos ‘maduros’ em nosso
entendimento: Sl 32.9; 1 Co 14.20. De fato, a Bíblia nos diz constantemente que
cada área da vida cristã é dependente do uso cristão de nossas mentes. [...]
Muitos acham que a fé é inteiramente irracional. Mas as Escrituras nunca
colocam a fé e a razão uma contra a outra, como sendo incompatíveis. Pelo
contrário, fé somente pode nascer e crescer em nós pelo uso de nossas mentes:
'Em ti confiarão os que conhecem o teu nome' (Sl 9.10); a confiança deles brota
do conhecimento da fidelidade do caráter de Deus. Novamente, em Isaías 26.3:
‘Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em
ti’. Aqui, confiar em Deus e manter a mente em Deus são sinônimos, e uma
perfeita paz é o resultado” (STOTT J. R. W.Cristianismo Equilibrado. RJ:
CPAD, pp.22,23).
João Batista — O
último profeta do Antigo Pacto
OS ASPECTOS DO REINO DOS CEUS
Presente:Eficaz somente para os libertos em
Cristo (Cl 1.13); Sujeição a Deus (1 Co 4.20); Conduta íntegra, paz, harmonia
com o próximo e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17).
Futuro:
Quando o Messias reinar sobre a terra a partir de Jerusalém (Dt 30.1-10;
Sl 89.19-29; Zc 14.9-17); Será manifesto a todos (Mt 24.27); Virá no tempo
determinado por Deus (At 1.6,7).
Palavra Chave
Personalidade: Qualidade
do que é pessoal; individualidade moral da pessoa.
João Batista é o personagem que demarca a transição da Amiga para a Nova
Aliança e serve de ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Além disso, foi o
precursor do Messias e tinha como uma de suas principais atividades o batismo
em água. De certa forma, acabou introduzindo o rito, que veio a tornar-se a
primeira ordenança da Igreja. Nesta oportunidade, trataremos da origem,
ministério e mensagem de João Batista, o último profeta veterotestamentário.
A ORIGEM DE JOÃO BATISTA
Sua família. João Batista veio de uma
piedosa família, formada pelo sacerdote Zacarias e Isabel, sua esposa. Seu pai
era “da ordem de Abias” e sua mãe “das filhas de Arão” (Lc 1.5). Na época de
Davi, o número de sacerdotes havia se multiplicado de tal modo que o segundo
rei de Israel resolveu estabelecer o sistema de serviço, do qual a ordem de
Abias era a oitava (1 Cr 24.3-6,10). Os descendentes de Arão continuaram a se
multiplicar tanto que, nos anos que precederam o nascimento de Jesus, o
sacerdote só tinha uma oportunidade na vida de servir no altar (Lc 1.8-10). E
foi nesse contexto que o anjo Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João
Batista (Lc 1.13).
Seu nome e seu nascimento. O
anúncio, a escolha do nome e a concepção de João Batista demonstram que ele
teria uma importante missão a cumprir. Tudo aconteceu em razão de uma
intervenção direta de Deus, pois Isabel, sua mãe era estéril e, além disso, ela
e Zacarias “eram avançados em idade” (Lc 1.7), à semelhança de Abraão e Sara
(Gn 11.30; 21.2). Isso prova que algo incomum estava acontecendo. Até mesmo o
nome da criança foi uma escolha divina, pois o anjo ordenara a Zacarias que
pusesse no menino “o nome de João” (Lc 1.13).
Apesar de ser um nome comum naquela época, não o era na família de
Zacarias (Lc 1.59-63). A alcunha de “Batista” foi dado em função de o seu
ministério consistir em grande parte na prática de batizar. Literalmente, João
Batista significa João, o Batizador. Conforme o anjo ainda comunicara a
Zacarias, “muitos” se alegrariam com o nascimento de João (Lc 1.14,58), pois
tal acontecimento era prova inequívoca de que o Senhor ainda amava Israel (Lc
1.65-80).
Sua estatura espiritual e sua missão. O anjo Gabriel discorre sobre a estatura espiritual de João
Batista, declarando que ele seria “grande diante do Senhor” e “cheio do
Espírito Santo, desde o ventre de sua mãe” (Lc 1.15). Sua missão era converter
os filhos de Israel a Deus e “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc
1.16,17). “Bem disposto” para o quê? Sem dúvida alguma, para o que o próprio
pai, Zacarias, profetizou por ocasião da circuncisão do menino, afirmando que a
criança seria profeta do Altíssimo e precursor do Messias (Lc 1.76).
A PERSONALIDADE DE JOÃO BATISTA
O testemunho de Jesus (v.7a). Pouco
tempo após batizar o Senhor Jesus, João Batista foi preso. Ao ouvir acerca das
realizações de Cristo, ele mandou que dois de seus discípulos fossem até ao
Senhor e o inquirisse acerca do cumprimento de sua missão messiânica (Mt 11.3).
Jesus mandou então que contassem a Batista, na prisão, “as coisas que ouvis e
vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos
ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt
11.4,5). Isto é, não havia apenas sinais no ministério do Senhor Jesus Cristo,
mas também e, principalmente, a mensagem do evangelho.
Sua espiritualidade e devoção (v.7b). Após essa resposta, o Senhor Jesus passa a falar sobre a
grandiosidade do ministério de João Batista. O Filho de Deus revela que o povo
não saiu ao deserto para ouvir qualquer pessoa, mas um homem destemido e cheio
do Espírito Santo; um homem que falava a verdade divina, exortando os pecadores
ao arrependimento; um homem que não temia as ameaças dos poderosos. Era
inconcebível pensar que João Batista havia fraquejado por estar preso, pois ele
não era “uma cana agitada pelo vento”, mas um vigoroso cedro capaz de resistir
a fortes tempestades. Ele estava na masmorra de Herodes (Mt 14.10-12), porém,
demonstrava um forte compromisso e preocupação com a obra de Deus.
Sua personalidade (v.8). Com
as perguntas retóricas — “Que fostes ver no deserto? [...] Um homem ricamente
vestido?” — Jesus estava dizendo que esse tipo de personalidade não caracterizava
João. Pois, os que o ouviram no deserto podiam estar certos de que, mesmo
encarcerado, o Batista continuaria sendo o mesmo João: um homem santo e
destemido que, por opção própria, usava vestes de pelos de camelo e cinto de
couro.
JOÃO BATISTA, O ÚLTIMO PROFETA
“Muito mais que profeta” (v.9). O
testemunho público de Jesus confirma o que o Espírito Santo havia falado por
boca de Zacarias: João seria “profeta do Altíssimo” (Lc 1.76). Cristo foi além;
afirmou que João era “muito mais do que profeta”. Ele declarou ser o Batista um
mensageiro enviado por Deus como o precursor do Messias (v. 10), cumprindo
assim a profecia de Malaquias (Ml 3.1). Jesus acrescentou que dentre os
mortais, não houve ninguém maior do que João (v.11). E isso, por algumas
razões: a) Porque os profetas falaram a respeito de João (Is 40.3; Ml 3.1); b)
porque João teve o privilégio de ver o cumprimento principal dos oráculos
proféticos do Antigo Testamento: O Senhor Jesus; c) por ter sido o precursor do
Messias; d) porque batizou o Senhor Jesus nas águas; e) porque pode participar
da salvação que os profetas apenas predisseram; e finalmente f) porque chegou
ao clímax do ministério profético, tal como havia no Antigo Testamento (Lc
16.16).
O término da dispensação da Lei (v.13). Pelas razões acima apresentadas, João é o mais excelente de todos
os profetas; com ele se encerra a Antiga Aliança. João Batista é o único
personagem do Novo Testamento com quem Deus se comunicava da mesma maneira que
Ele falava aos profetas do Antigo Testamento: “[...] veio a palavra de Deus a
João, filho de Zacarias” (Lc 3.2 — ARA; cf. Jr 1.2).
“O Elias que havia de vir” (v.14). Ao comparar o ministério de João Batista ao de Elias, Jesus
confirma o oráculo de Malaquias (4.5,6). Em outras palavras, João veio na
virtude e no espírito de Elias (Lc 1.17), ou seja: exercendo um ministério
igual ao de Elias. E o Senhor Jesus o reafirma em outra ocasião (Mt 17.12,13).
Isso, porém, não deve levar ninguém a pensar que João era Elias reencarnado por
duas razões básicas: Elias foi arrebatado vivo para o céu, portanto, não morreu
(2 Rs 2.11). Além disso, reencarnação é algo que não existe e nem é permitido
por Deus (2 Sm 12.23; Sl 78.39; Hb 9.27).
Elias e João Batista tinham as mesmas características: ambos vestiam-se
de pelos e usavam cinto de couro (2 Rs 1.8; Mt 3.4), ministravam no deserto (1
Rs 19.9,10,15; Lc 1.80), e eram incisivos ao pregarem contra reis ímpios (1 Rs
21.20-27; Mt 14.1-4).
João continua sendo um exemplo de coragem e humildade que devemos
seguir. Essa voz no deserto precisa ser mantida contra o pecado e contra a
corrupção. Oremos para que Deus continue a levantar homens e mulheres santos,
destemidos e cheios do Espírito Santo para a expansão do Reino de Deus.
João Batista como precursor do Messias; e a comparação com o profeta
Elias
O papel de João Batista como um precursor do Messias o colocou numa
posição de grande privilégio, descrito como “muito mais do que profeta” (11.9),
como não havendo ninguém maior do que ele. Nenhum homem jamais cumpriu este
objetivo dado por Deus melhor do que João. Ainda assim, no Reino de Deus que
está chegando, o menor terá uma herança espiritual maior do que João, porque
ele viu e conheceu a Cristo e a sua obra concluída na Cruz. João morreria antes
que Jesus morresse e ressuscitasse para inaugurar o seu Reino. Como seguidores
de Jesus testemunharão a realidade do Reino, eles terão privilégios e um lugar
maior do que João Batista. Todos os profetas das Escrituras tinham profetizado
a respeito da vinda do Reino de Deus. João cumpriu a profecia, pois ele mesmo
era o Elias que havia de vir (Ml 4.5). João não era Elias ressuscitado, mas ele
assumiu o papel profético de Elias — o de confrontar corajosamente o pecado e
mostrar Deus às pessoas (Ml 3.1).(Comentário do Novo Testamento, Aplicação
Pessoal. Vol.1. RJ: CPAD, 2009, p.76-7)
Jesus — O cumprimento
profético do Antigo Pacto
Palavra Chave
Cumprimento: Ato ou efeito de cumprir
algo.
O conteúdo do Antigo Testamento acerca da obra redentora de Deus, em
Cristo, é muito rico em detalhes e não se restringe às profecias. Os escritores
do Novo Testamento reconhecem a presença de Cristo na história da redenção, nas
instituições e nas festas sagradas do Antigo Testamento.
Sobre o nascimento virginal de Jesus
“Isaías 7, com sua promessa de um filho que nascerá, é o pano de fundo
do nascimento virginal. Muitas controvérsias têm girado ao redor do termo
hebraico 'almah, conforme usado em Isaías 7.14. A palavra é
usualmente traduzida por Virgem, embora algumas versões traduzam-na por Jovem.
No AT, sempre que o contexto oferece uma nítida indicação, a palavra significa
uma virgem com idade para casamento. Parece que, no contexto dos capítulos 7 e
8 de Isaías, a profecia a respeito de'almah tinha um significado
bastante importante para a época do profeta. Em primeiro lugar, a profecia não
fora direcionada somente ao rei Acaz, mas à totalidade da casa de Davi. O
Senhor prometeu um sinal sobrenatural, não para Acaz, mas para a casa de Davi,
sinal este que manteria sua importância no decurso da História. Note que o nome
do menino seria Emanuel, Deus conosco. O uso de Isaías 7.14, em Mateus 18.22,
indica sua grande importância para a compreensão do nascimento do Senhor Jesus
Cristo. O Evangelho de Mateus relata que a gravidez de Maria foi causada pela
ação do Espírito Santo sobre ele, quando então concebeu Jesus no seu ventre.
José, noivo de Maria, não o acreditou, até o anjo informar-lhe a respeito. Uma
vez ocorrida a concepção, estava claro que se tratava do cumprimento da
profecia de Isaías 7.14”.(HORTON, S. M. Teologia Sistemática. CPAD,
2009, pp.323-24)
FIGURAS PROFÉTICAS
As prefigurações. A
paixão de Cristo foi prefigurada na instituição da páscoa, no Egito (Êx
12.3-13). O cordeiro sacrificado diariamente apontava para Cristo que padeceu
durante a comemoração dessa grande festa judaica (Lc 22.15), pois “Cristo,
nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7). Os sofrimentos de Davi,
descritos no Salmo 22, prefiguram os vitupérios e flagelos de Jesus: “Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?” (Sl 22.1; Mt 27.46; Mc 15.34).
A linguagem profética. Ao
retornar do Egito, a sagrada família foi habitar em Nazaré: “E chegou e habitou
numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos
profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2.23). O profeta Jeremias, por
exemplo, predisse que Jesus seria traído conforme lemos em Mateus 27.9. Leia
também o que escreveu Zacarias (Zc 11.12,13). Os profetas, segundo podemos
observar, eram harmônicos entre si, pois todos eram inspirados por um único
Espírito — o Espírito Santo de Deus.
INSTITUIÇÕES PROFÉTICAS
Israel. Quando José, Maria e o menino
Jesus retornaram do Egito, depois da morte de Herodes, o Grande, Mateus
registrou esse fato como o cumprimento de uma profecia: “Do Egito chamei o meu
Filho” (Mt 2.15). Essa passagem está em Oséias 11.1: “Quando Israel era menino,
eu o amei; do Egito chamei a meu filho”. Qualquer hebreu do mundo pré-cristão,
ao ler essa passagem, logo concluiria tratar-se da saída dos filhos de Israel
do Egito, e não estaria errado, pois o profeta está, de fato, referindo-se ao
evento da libertação do Egito. No entanto, vemos aqui também uma profecia
messiânica.
O tabernáculo. Representava a presença
de Deus no meio do povo. Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, porque
almejava habitar no meio dos filhos de Israel: “E me farão um santuário, e
habitarei no meio deles” (Êx 25.8). No tabernáculo (Êxodo caps. 25-40) está a
figura de Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Não
somente isso, mas cada peça e utensílio do tabernáculo apontam igualmente para
Cristo e sua obra salvífica (Hb 9.8-10).
O sacerdócio. A ordem de Arão, também
conhecida como sacerdócio levítico, foi instituída por Moisés como o sistema
sacerdotal dos hebreus. Era o exercício do santo ministério no Antigo
Testamento. A consagração de Arão e o seu ministério prefiguram a obra de
Cristo; isso está muito claro na epístola aos Hebreus (Hb 5.4,5). Já no Antigo
Testamento, a palavra profética anunciava a mudança no sistema sacerdotal (Jr
31.31-34; Hb 8.8-12) e a substituição do sacerdócio arônico pela ordem
sacerdotal de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 7.11,17).
PROFECIAS DIRETAS ACERCA DO NASCIMENTO DE JESUS
A origem humana de Jesus. Imediatamente
à Queda do homem, no Éden, Deus prometeu o Redentor, no entanto, o seu perfil
foi sendo revelado por Ele, nas Escrituras, ao longo do tempo. O Antigo
Testamento anunciou de antemão a divindade absoluta do Messias (Is 9.6; ler
também Hb 1.8; Rm 9.5). Quanto à origem humana de Jesus, Ele é chamado de
semente da mulher (Gn 3.15), ou seja, seria um ser humano nascido de mulher (Gl
4.4), mas sem pecado (Mt 1.20; Hb 4.15).
O descendente dos patriarcas de Israel. Deus prometeu a Abraão, Isaque e Jacó, ancestrais do povo hebreu,
que por meio deles seriam abençoadas todas as famílias da terra, uma promessa
messiânica (Gn 12.3; 17.19; 24.14), que, se cumpriu em o Novo Testamento (Lc
3.33,34). A palavra profética foi tornando-se cada vez mais clara e específica,
e revelou que Ele viria da descendência de Judá (Gn 49.10), o que se cumpriu
(Hb 7.14). Os profetas disseram que o Salvador seria um descendente de Davi (Jr
23.5,6) e essa palavra também se cumpriu (Mt 22.42; Lc 1.32; Jo 7.42; Rm 1.3;
Ap 22.16).
Nascido de uma virgem. A
palavra profética fala da concepção virginal de Cristo (Is 7.14). Deus
interveio sobrenaturalmente, a fim de que a virgem concebesse sem haver tido
qualquer contato com um homem. No entanto, havia uma dificuldade natural para
que a profecia se cumprisse. Como poderia uma donzela aparecer grávida numa
sociedade crente em Deus e conservadora como a judaica? Mas Deus tudo providenciou
para que a sua palavra se cumprisse. Maria já estava casada; todavia, ainda não
havia coabitado com José, seu marido (Mt 1.18; Lc 1.34,35).
O local de nascimento de Jesus. Quando
o anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento de Jesus, ela vivia em Nazaré (Lc
1.26,27). A palavra profética, porém, indica a cidade de Belém de Judá como o
local do nascimento do Messias (Mq 5.2). Para isso, Deus mobilizou o próprio
imperador romano, César Augusto, para que baixasse um decreto, obrigando cada
pessoa em Israel a alistar-se na cidade de seu nascimento. Sendo José belemita,
foi com Maria para Belém, ocasião em que ela deu à luz o Salvador (Lc 2.9-11).
5. O massacre das crianças de Belém. O
brutal assassinato das crianças da região de Belém por ordem de Herodes, o
Grande (Mt 2.16), foi o cumprimento de uma profecia de Jeremias (Jr
31.15).
PROFECIAS SOBRE AS OBRAS DE JESUS
A visão messiânica em Moisés (vv.22,23). O Novo Testamento revela que o povo judeu aguardava a vinda do
Messias, conforme escrevera Moisés: “havemos achado aquele de quem Moisés
escreveu na Lei” (Jo 1.45). O apóstolo Paulo explicou: “dando testemunho, tanto
a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que os profetas e Moisés
disseram que devia acontecer” (At 26.22). O apóstolo Pedro, na sua pregação na
área externa do Templo, afirma que Moisés anunciou a vinda do Messias, e que a
missão deste seria semelhante à do legislador dos hebreus — fazer a mediação
entre o povo e Deus (1 Tm 2.5).
Sua vida e ministério. O
profeta Isaías anunciou que o Messias haveria de habitar em Naftali, nos
confins de Zebulom (Is 9.1-4); o Novo Testamento o confirma (Mt 4.13). O
profeta Zacarias predisse a sua entrada triunfal em Jerusalém, montado num
jumento (Zc 9.9); os Evangelhos registram o referido acontecimento (Mt
21.1-11). A palavra profética anuncia também a sua traição; seria traído por um
amigo (Sl 41.9), ou seja, por Judas Iscariotes (Mt 26.14-16; Jo 13.2; 17.12).
Seu sofrimento, morte e ressurreição (vv.18,26). O Antigo Testamento anunciou com abundância de detalhes a paixão
de Cristo, principalmente o capítulo 53 de Isaías (ver Lição 5). Todavia, Deus
prometeu ressuscitá-lo da morte (Sl 16.10); os Evangelhos narram esse sublime
acontecimento (Mt 28.1-5). O apóstolo Pedro ressalta esse fato e o seu
cumprimento (At 2.25-32), o qual tornou-se o tema principal da mensagem
apostólica (1 Co 15.4-20). Seu retorno ao céu também estava na mensagem dos
profetas (Sl 24) e cumpriu-se 40 dias depois de sua ressurreição (At
1.9-11).
Jesus é o começo e o fim do Antigo Testamento, cujos livros
concentram-se no Messias. Ele é o centro das Escrituras Sagradas. Tudo o que
estudamos na presente lição prova de maneira consistente e robusta que é
impossível a alguém manipular tais circunstâncias, a fim de forçar o
cumprimento das profecias bíblicas.
O Ministério
Profético no Novo Testamento
Palavra Chave
Predição: Predizer o futuro
mediante inspiração divina.
Já vimos reiteradas vezes que o autêntico profeta falava em nome de Deus
e por Deus. Suas mensagens contemplavam os elementos mais comuns de uma
profecia bíblica, os quais consistem das revelações quanto ao futuro, bem como
de mensagens de encorajamento, fortalecimento, advertência e repreensão. Assim,
apesar de o Novo Testamento consistir em grande parte de cumprimento profético
veterotestamentário, o elemento preditivo também se acha em suas páginas com
exceção das epístolas a Filemon e de 3 João.
JESUS CRISTO, O PROFETA QUE HAVIA DE VIR
A principal característica do autêntico profeta. Quais as funções básicas de um profeta? O autêntico profeta é um
porta-voz de Deus. Isso significa que ele não fala o que quer, mas o que o
Senhor lhe ordena. Em qualquer instância da mensagem profética, e seja qual for
o destinatário, o arauto de Deus falará apenas o que recebeu do Senhor, isto é,
nem mais nem menos.
Jesus Cristo, o Profeta. Jesus,
por diversas vezes, falou em nome do Pai, sendo Ele mesmo verdadeiro Deus (Jo
1.1,14). Contudo, mesmo assim, observamos que Ele agia e falava segundo a
vontade de seu Pai (Jo 4.34; 5.30; 6.38; 14.24). Um exemplo que deve
inspirar-nos a exercer com prudência nosso ministério. Entre as suas profecias
que já se cumpriram acha-se o anúncio da queda de Jerusalém, que se deu no ano
70, e a segunda diáspora dos judeus (Lc 21.24). Nos dias atuais, percebemos que
as enunciações de Jesus quanto aos últimos tempos estão se cumprindo fielmente
(Mt 24.5-12). Levemos em conta também suas proclamações escatológicas (Mt
24.29-31).
A perfeição de Cristo. Sendo
verdadeiro Deus, o conhecimento de Cristo é perfeito e absoluto; Ele sabe todas
as coisas (Jo 16.30; 21.17; Cl 2.2,3). O Senhor viu Natanael debaixo da
figueira (Jo 1.47,48), e sabia também que no mar havia um peixe com uma moeda
na boca (Mt 17.27). Não havia necessidade que alguém lhe explicasse o que há no
interior do homem, porque tudo Ele sabe (Jo 2.24,25). Ele sabia também que a
mulher samaritana já fora cinco vezes casada, e que o homem com quem ela vivia
não era seu marido (Jo 4.17,18). Onisciente e onipresente, Jesus tudo sabia e
tudo sabe. Ele não precisava de revelações como os profetas e apóstolos. Cristo
é o Profeta por excelência; o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap
19.10).
A ATIVIDADE PROFÉTICA EM O NOVO TESTAMENTO
A revelação pelo Espírito (v.10a). O
mesmo Deus que se revelou aos profetas hebreus também se deu a conhecer na
plenitude dos tempos aos apóstolos: “Deus no-las revelou pelo seu Espírito”,
afirma Paulo (v.10a). Assim, entendemos que a natureza da atividade profética
em o Novo Testamento revela a mesma fonte divina: o Espírito Santo. Não é a
expressão “veio a palavra do Senhor”, tão comum nos textos do Antigo
Testamento, que caracteriza a profecia do Novo Testamento, mas a ação
inspiradora e direta do Espírito Santo (At 10.19; 16.6,7; 20.23) tal como
ocorria na Antiga Aliança.
O Espírito Santo conhece as profundezas de Deus (vv.10b,11). O apóstolo lembra que o Espírito Santo é Deus, dizendo que “o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (v.10b) e
continua, afirmando que “ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus” (v.11b). Assim a Bíblia atesta de maneira inconfundível e incontestável a
deidade absoluta da terceira Pessoa da Trindade (Ver 1 Pe 1.10-12).
A superioridade da revelação apostólica (v.12). A revelação que os apóstolos receberam era superior a que foi dada
aos patriarcas, reis, sábios, sacerdotes e profetas do Antigo Testamento (2 Co
3.5-11). Isto porque, os apóstolos viveram o clímax da revelação em Jesus (Hb
1.1) e desfrutaram da dimensão do Espírito Santo em uma época em que sua
atuação não era mais esporádica, mas plena e abundante.
O EXERCÍCIO PROFÉTICO DOS APÓSTOLOS
A plenitude dos tempos. Muitos
foram os profetas do Antigo Testamento quando comparados ao número de apóstolos
do Novo.
Em relação ao período profético, o ministério apostólico foi
relativamente curto. Assim como o volume da produção profética do Antigo
Testamento quando comparada ao do Novo Testamento é muito maior. O importante,
porém, é saber que todas as coisas ocorreram segundo o programa de Deus.
Não obstante, com o nascimento de Cristo no período do Novo Testamento,
deu-se o cumprimento máximo das profecias do Antigo Testamento. A esse evento
Paulo denomina de a “plenitude dos tempos” (Gl 4.4).
Profecias de Paulo. O
apóstolo dos gentios ensinava em nome de Jesus como seu embaixador (2 Co 5.20)
e dessa forma anunciou coisas futuras. Profetizou acerca do surgimento de
falsos mestres e de seitas (At 20.29,30; 1 Tm 4.1). Quanto ao futuro, predisse
pelo Espírito o arrebatamento da Igreja e a ressurreição dos mortos (1 Ts
4.13-17); a manifestação do Anticristo e o período da grande tribulação (2 Ts
2.3-11); o galardão dos justos (1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10) e outras profecias. A
eleição e a restauração de Israel, importante assunto profético que ocupa três
capítulos de Romanos e demonstra a atualidade da promessa divina aos
patriarcas, saíram de sua pena inspirada pelo Espírito Santo (9-11). De todas
as suas epístolas, apenas Filemon não traz qualquer profecia.
Profecias de Pedro e as predições através de João. O apóstolo Pedro escreveu duas epístolas. Temos também suas pregações
registradas em Atos, grandes compêndios proféticos, que estão a nortear a vida
da Igreja até hoje. Como o apóstolo Paulo, também profetizou o aparecimento dos
heresiarcas (2 Pe 2.1-3), dos escarnecedores no fim dos tempos (2 Pe 3.3,4), a
vinda de Jesus, o fim do mundo e a eternidade dos salvos (2 Pe 3.7-18). Seu
companheiro de ministério, o apóstolo do amor, inspirado pelo Espírito Santo,
escreveu o Evangelho que leva o seu nome — João —, o qual contém dezenas de
profecias, quase todas pronunciadas pelo Senhor Jesus. O livro de Apocalipse,
também escrito por João, é essencialmente profético. É a conclusão de todas as
Escrituras e lança luz sobre as profecias do Antigo Testamento, principalmente
as de Ezequiel, Daniel e Zacarias, de Jesus em Mateus 24, 25 e do apóstolo
Paulo (1 Ts 4-5; 2 Ts 2). Quanto às suas epístolas, apenas a terceira não
contém profecias.
O cumprimento das profecias da Bíblia Sagrada é uma das evidências de
sua origem divina. Nestas escrituras, todas inspiradas pelo Espírito Santo de
Deus, temos um seguro guia em nossa jornada para o céu. O seu cumprimento é tão
certo quanto à sucessão dos dias e das noites; por isso, todos devemos esperar
nas fiéis promessas de Deus feitas por meios de seus profetas e
apóstolos.
Os profetas na Igreja
“Os profetas continuaram a desempenhar um papel importante na Igreja no
NT. Havia homens conhecidos como ‘profetas’ especialmente escolhidos para o
constante e regular ministério da profecia (Ef 4.11). Depois dos próprios
apóstolos, eles eram os ministros que ocupavam a mais elevada posição na Igreja
primitiva (1 Co 12.28). Tais profetas permaneceram em evidência ao longo do
livro de Atos. Seu ministério era geralmente duplo: o de pronunciar
(proclamar), e o de prever (prenunciar). O trabalho de dois outros profetas era
exortar (ou ‘consolar’) e fortalecer os irmãos (At 15.32), e era semelhante às
funções da profecia relacionadas em 1 Coríntios 14.3, isto é, edificação,
exortação e consolo. Em uma reunião da Igreja, um profeta poderia receber uma
revelação que seria compartilhada com os crentes reunidos (1 Co 14.30). Em
primeiro lugar, a mensagem de um profeta deve ser julgada pelos outros profetas
presentes (1 Co 14.29), e depois pelos demais crentes. Este julgamento é feito
comparando a mensagem do profeta com os ensinos dos apóstolos, que são
depositários absolutos da Palavra de Deus”.(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2006, p.1610)
Paulo, o profeta — “Em suas epístolas, o
apóstolo Paulo escreveu extensivamente sobre muitos assuntos proféticos, de uma
forma literal e histórica. Seus comentários extremamente práticos tratavam das
preocupações de seus leitores da época. Dentre os tópicos tratados, havia a
apostasia religiosa. Apesar de alguns estudiosos discordarem, Paulo claramente
profetizou sobre uma apostasia religiosa perto do fim da era da Igreja (2 Ts
2.3)” (LAHAYE, T. Enciclopédia Popular de profecia Bíblica. 1.ed.
RJ: CPAD, 2008, p.203).
Jesus, o Profeta — “Jesus via sua própria mensagem como uma continuação dos escritos
proféticos e avaliou a geração de seu tempo à luz daquelas profecias. Muitas
vezes, citava Jeremias e Zacarias, aplicando suas profecias tanto ao juízo que
estava por vir sobre Jerusalém em 70 d.C, como também ao Juízo Final. Na
‘purificação do Templo’, por exemplo, Jesus citou Jeremias 7 (que alude à
ameaça de violação do Templo, logo após o sermão de Jeremias sobre o Templo),
como textos de Isaías e Zacarias (que dizem respeito à situação futura do
Templo). O discurso de Jesus sobre o monte das Oliveiras também coloca o Templo
em um contexto escatológico. Quando ouvem a profecia de Jesus sobre a
destruição do Templo, os discípulos aparentemente a vinculam à vinda do Messias
no fim dos tempos e perguntam sobre um sinal. O ‘sinal’ dado por Jesus foi a
abominação da desolação de Daniel (Mt 24.15). Isto, portanto, seria uma
indicação de que a nação de Israel se aproximava de sua libertação e
restauração pelas mãos do Messias, pois a profanação do Templo dará início à
perseguição do povo judeu (ou seja, a ‘grande tribulação’; Mt 24.16-22).
Somente o próprio Messias seria capaz de salvá-los de seus inimigos” (LAHAYE,
T.Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. RJ: CPAD, 2008,
pp.16-7).
O Dom Ministerial
de Profeta e o Dom de Profecia
Palavra Chave
Dom: [Do lat. domum], dádiva,
presente de Deus.
O assunto desta lição diz respeito a um dos aspectos decisivos da vida
da igreja: a profecia no contexto neotestamentário. Tais manifestações devem
passar pelo crivo das Escrituras Sagradas para que cumpram a sua finalidade:
exortar, edificar e consolar (1 Co 14.3). Em 1 Coríntios 12, o apóstolo Paulo
tratou do assunto, considerando os dois tipos de dons de profecia. Aquele que
pode ser concedido pelo Espírito a qualquer crente (1 Co 12.10), e o outro
destinado a crentes com chamada específica para esse ministério (1 Co 12.28).
OS DONS MINISTERIAIS
Distinção entre o colégio apostólico e o dom ministerial de
apóstolo. É importante que façamos uma
distinção entre o apóstolo, como dom ministerial, e os doze apóstolos de Cristo
— os apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14). Estes formavam um grupo distinto na
Igreja Primitiva (Lc 6.12-16) e, por haverem recebido revelações especiais de
Deus (Ef 3.5; Jd v.17), foram os responsáveis pelo alicerce doutrinário da
Igreja (At 2.42; Ef 2.20). Quanto aos apóstolos dados à igreja, por intermédio
do dom ministerial e cuja função é de “embaixador” (cf. 2 Co 8.23) e “enviado”
(cf. Fp 2.25), são estes igualmente imprescindíveis à obra de Deus.
Uma consideração acerca dos dons ministeriais.
a) Apóstolos. Quando o Senhor Jesus Cristo
proferiu uma de suas mais célebres afirmações “[...] edificarei a minha igreja”
(Mt 16.18), não revelou como a edificaria. Em 1 Coríntios 3.10-14, Paulo
menciona que, como sábio arquiteto, pôs o “fundamento, e outro edifica”. O
apóstolo dos gentios referia-se ao trabalho seqüencial de edificação da igreja
de Corinto que, na realidade, era fruto de seu labor missionário e da
assistência pastoral dos líderes que passaram a atender àquele rebanho. A
edificação da Igreja se dá através de homens a quem o Senhor Jesus qualificou
para isso (1 Co 3.6-8).
b) Evangelistas. A igreja sempre necessita
do dom de evangelista; trata-se de um pregador cheio do Espírito Santo e da
Palavra, enviado à seara do Senhor (At 21.8; 2 Tm 4.5). Ele auxilia os pastores
na expansão da igreja local, ganhando almas para Cristo.
c) Pastores e doutores. Alguns
expositores do Novo Testamento entendem “pastores e doutores” como um só
ministério. Talvez porque o texto não diz “e outros, doutores”. Pastores e
doutores são distintos, porém, não díspares; tratam-se de ministérios que se
complementam. A tarefa do pastor é alimentar e proteger o rebanho; a do doutor,
instruir a Igreja, assistindo os membros com a elucidação de questões
doutrinárias e preservando a fé genuína. A responsabilidade de ambos, portanto,
é cuidar do rebanho de modo que cada membro seja instruído e guiado e, por meio
do ensino e do exemplo, mantenham a unidade da igreja, tendo a plenitude de
Cristo como medida (Ef 4.13).
Objetivo dos dons ministeriais (Ef 4.12-14). É importante entender que o Senhor Jesus deu esses dons à igreja a
fim de equipar os crentes para a obra do ministério (Ef 4.12). Dessa forma, o
ensino bíblico constante e progressivo, sob a unção de Deus, atuará em suas
vidas com o objetivo de impedi-los de serem levados por “todo o vento de
doutrina” (Ef 4.14).
“OUTROS PARA PROFETAS” (Ef 4.11a).
1. A importância do tema. Apesar
de o termo “profeta” haver sido devidamente abordado nas lições anteriores,
dado o seu caráter especial no contexto neotestamentário, é imprescindível
considerá-lo à parte. Faz-se necessário entender que o seu emprego em o Novo
Testamento é ainda mais amplo do que nas Escrituras veterotestamentárias.
2. A distinção entre apóstolo profeta e profeta. O emprego do termo profeta em Efésios 4.11 apresenta sentido
distinto daquele encontrado anteriormente nos textos de 2.20 e 3.5. Nessas duas
passagens, trata-se de um mesmo grupo: os apóstolos-profetas. Paulo afirma,
porém, em Efésios 4.11, que o Senhor Jesus “deu uns para apóstolos, e outros
para profetas” deixando claro que se trata de ministérios diferentes. O
contexto mostra que essa passagem (Ef 4.11) refere-se a pregadores
irresistivelmente cheios do Espírito Santo, que cooperavam na edificação da
Igreja (At 13.1), dedicando-se ao ensino e à interpretação da Palavra de Deus.
Eles também dedicavam-se a explicar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento,
e punham-se a exortar, edificar e consolar a Igreja de Cristo.
As principais funções do profeta. Assim como no Antigo Testamento, o profeta do Novo não tem como
função primária predizer o futuro. Sua atuação é, antes de tudo, atender às
necessidades da igreja, uma vez que transmite a mensagem de Deus em tempos de
crise (1 Co 14.3).
O DOM DE PROFECIA
A promessa do dom de profecia. O
Senhor Deus, através do profeta Joel, prometeu derramar abundantemente do seu
Espírito sobre os seus servos (Jl 2.28-32). Tal promessa, que iniciou o seu
cumprimento a partir do Dia de Pentecostes e inclui especificamente o dom de
profecia (Jl 2.28-32; At 2.16-21). Qualquer crente salvo pode ter o dom de
profecia na nova dispensação (1 Co 14.24), independentemente de idade, sexo,
status social e posição na igreja (At 2.17,18), tal como vemos nas quatro
filhas de Filipe “que profetizavam” (At 21.9).
Definição. O dom de profecia, aqui
abordado, é uma manifestação momentânea e sobrenatural do Espírito Santo, como
um dos dons espirituais prometidos, e não um ministério. 0 maior valor da
profecia é que ela, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas, uma vez
proferida, edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza (1 Co
14.3-5).
Características. A
Bíblia ensina que a profecia deve ser julgada na igreja e que o profeta deve
obedecer ao ensino bíblico (1 Co 14.29-33). Não podemos esquecer que a
profecia, nesse contexto, não se reveste da mesma autoridade da dos profetas e
apóstolos das Sagradas Escrituras. Ninguém mais, depois deles, recebeu igual
autoridade divina. O dom de profecia, na presente era, não é infalível e,
portanto, é passível de correção. Pode acontecer de o profeta receber a
revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de
Deus, falar além do que devia. Quem profetiza, portanto, deve ter o cuidado de
falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar “fora de si” ou
“descontrolado”, pois “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”
(1 Co 14.32).
O nosso Deus nunca deixou de se comunicar com o seu povo. Ele continua a
falar conosco, inclusive por meio do dom de profecia. O Senhor sempre cuida do
progresso e edificação de sua Igreja. Por essa razão, Jesus deu à sua Noiva,
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores.
“No contexto de uma unidade mantida portais expressões de amor como
humildade, mansidão, longanimidade e tolerância, são exercidos os dons
distribuídos por Cristo, e se cumprem os objetivos de Cristo em seu corpo e a
favor do seu corpo (4.7-10). Surpreendentemente, estes objetivos não se cumprem
nos líderes que Cristo dá à igreja, mas nos leigos. Os líderes são servos cujo
papel é equipar o povo de Deus para sua ‘obra do ministério’. Por meio dos
esforços de todos os seus membros, o corpo de Cristo é edificado (4.11-13). E
por meio da participação ativa em um corpo que cresce, e que ministra de forma
constante, o crente amadurece individualmente (4.14-16). Quer os líderes tenham
grandes áreas de responsabilidade (apóstolos, profetas, evangelistas) ou
somente responsabilidades locais (pastores e doutores), eles são ordenados para
servir os leigos”.(RICHARDS, L. O. Comentário Histórico-Cultural do
Novo Testamento. RJ: CPAD, 2007, pp.423,425)
O tríplice
propósito da profecia
Palavra Chave
Dons espirituais: [Do
lat. donum + spirituale]
dádiva, presente relativo ao espírito. Recurso extraordinário que o Senhor
Jesus deixou a disposição da igreja.
A profecia, em si mesma, é uma revelação divina, pois trata-se de um
oráculo vindo da parte de Deus. Quem profetiza está falando em nome do Senhor
e, portanto, transmitindo ao povo a vontade divina. Os dons espirituais são
para a edificação, exortação, consolação e santificação da Igreja.
OS DONS ESPIRITUAIS
A situação em Corinto. Ao
falar sobre os dons espirituais em 1 Coríntios 12 a 14, o apóstolo Paulo não
introduz nenhum ensino novo na Igreja; a manifestação dos dons já era bem comum
no meio do povo de Deus. Mas, posto que ocorresse abuso na prática dos dons
espirituais, devido à inexperiência daquela igreja, que ainda enfrentava
problemas de altivez espiritual (4.7,18) e dissensão (11.18), entre outros, o
apóstolo foi constrangido e inspirado pelo Espírito a escrever aos irmãos
coríntios, para que tais distorções fossem corrigidas.
Paulo trouxe um ensino muito importante sobre o assunto, esclarecendo as
manifestações sobrenaturais do Espírito Santo. Ele conscientiza a igreja que
todos os que receberam dons espirituais do Senhor podem e devem administrá-los
com sabedoria, prudência e humildade.
Conceito (vv.4-6). Estamos
diante de um assunto de extrema relevância para a edificação da Igreja e, por
essa razão, ninguém deve desconhecer o tema ou sentir-se como os coríntios —
ignorantes (12.1). A expressão grega que aparece em 1 Coríntios 14.1 é
traduzida como “as coisas espirituais” e, no versículo 4, o apóstolo Paulo
chama de charisma — dom — ou de ministério, no versículo 5, e
de operação, no versículo 6. Isso revela a diversidade dessas manifestações,
todavia, sempre mostrando que a fonte é uma só: Deus, o Pai, o Filho e o
Espírito Santo, que formam a Santíssima Trindade (12.4-6). As manifestações dos
dons não devem ser usadas para ostentação, como vinha acontecendo em Corinto,
pois “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (12.7).
A lista dos dons e uma ilustração. Os
versículos da Leitura Bíblica em Classe mencionam nove dons: palavra da
sabedoria, palavra da ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas,
profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de
línguas. Havendo intérprete, as línguas podem até ser uma forma de manifestação
profética, cf. 14.5. Outros dons aparecem no versículo 28 e em Romanos 12.6-8.
Em seguida, a Bíblia ressalta que o Espírito opera segundo a sua vontade
na distribuição desses dons (12.11). Ainda nesse mesmo capítulo (vv.12-27), o
apóstolo ilustra o uso desses dons na Igreja, comparando a sua boa e ordeira
utilização ao corpo humano, no qual cada membro tem uma função diferente e,
mesmo assim, um depende do outro, sendo todos igualmente importantes. Na
Igreja, que é o corpo de Cristo — “vós sois o corpo de Cristo e seus membros em
particular” (v.27) —, não deveria ser diferente. O capítulo 12 encerra-se,
ensinando aos crentes a buscarem os “melhores dons”. Nesse momento, Paulo
introduz o tema do capítulo seguinte, o amor, que ele chama de “caminho mais excelente”
(12.31).
A IMPORTÂNCIA DO AMOR
A relação entre a caridade e os dons (14.1). A maneira como Paulo escreve parece indicar que havia em Corinto
uma competitividade na busca e utilização dos dons espirituais entre os crentes
desta igreja (12.29,30). O capítulo 14 inteiro trata de dois deles: línguas e
profecia. Em torno de ambos, havia muita indisciplina no culto.
Os coríntios tinham de entender que é Deus quem concede os dons, e cada
um desses tem a sua importância no Corpo de Cristo. Portanto, eles não tinham
de que se gloriar. Paulo, entretanto, incentiva os crentes a buscar os dons
espirituais: “Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas
principalmente o de profetizar” (14.1). A busca pelos dons, porém, deve ser
feita com amor, não tendo como motivação a disputa; tudo tem de ser feito com
decência e ordem.
A nulidade dos dons sem caridade. Os dons espirituais devem ser buscados com zelo e colocados em
prática com amor. Profetizar, ou exibir qualquer das manifestações do Espírito
Santo sem a prática do amor em nada resulta, afirma o apóstolo em 1 Coríntios
13.1-3.
A perenidade do amor. O
amor é mais importante que os dons espirituais, pois ele nos acompanhará até
mesmo no céu, ao passo que os dons espirituais são transitórios (13.8-10,13).
Eles cessarão com o fim das atividades da Igreja de Cristo na terra.
O DOM DE PROFECIA (14.3)
1. Edificação. Todas as profecias devem ser
devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à
igreja nem abalar a fé dos mais fracos. Há certos grupos que, sem o
conhecimento do pastor, reúnem-se em casas e põem-se a profetizar segundo o seu
bel prazer, com o intuito de manipular a fé dos imprudentes. Não podemos
esquecer-nos de que um dos principais objetivos da profecia é a edificação dos
fiéis.
Exortação. A palavra original aqui
para “exortação” é paraklēsis, de onde procede o substantivo parákletos —
“defensor, advogado, intercessor, auxiliador, consolador, conselheiro” — que
Jesus empregou para referir-se ao Espírito Santo (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). O
referido termo também é empregado para o próprio Cristo e traduzido por
“advogado” (1 Jo 2.1). Todos esses significados revelam a missão da profecia,
pois o Espírito inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras
de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.
3. Consolação. A consolação pelo Espírito
fortalece a fé, produz nova expectativa, renova a esperança e elimina os
temores. Isso ajuda no fortalecimento e edificação da Igreja. Esse tríplice
propósito do dom de profecia demonstra porque o apóstolo insiste e incentiva os
crentes a buscarem essa dádiva celestial.
Problemas no exercício do dom de profecia na igreja são recorrentes;
existem desde os dias apostólicos. Isso, no entanto, não é motivo para se
desprezar a manifestação do Espírito Santo. O apóstolo Paulo, que lidou com
tais problemas, nunca deixou de incentivar a busca do referido dom. Por
conseguinte, não devemos desprezar as profecias (1 Ts 5.20). Que o Senhor nos
abençoe e conceda-nos graça para vivermos nos domínios inefáveis do Espírito.
Contudo, que todas as coisas sejam feitas “com decência e ordem”, segundo a
doutrina bíblica (1 Co 14.39,40).
“O problema que Paulo precisou lidar era o abuso das línguas sem
interpretação. Ele sabia que o Espírito quer usar a manifestação dos dons para
edificar a assembléia local espiritualmente e em número. Assim, ele contrasta
as línguas não interpretadas com a profecia. Quando as línguas não são
interpretadas, só Deus as entende. Nesse sentido aquele que fala em línguas
‘não fala aos homens, se não a Deus’. (Por conseguinte, ninguém na congregação
entende o que é dito ou aprende algo.) Ainda que o espírito humano seja
suscetível ao Espírito de Deus, e o que fala em línguas esteja sendo edificado,
tudo o que é dito permanece em ‘mistérios’ (verdades secretas, verdades do
evangelho; cf. 1 Co 2.7-10; Rm 16.25).Por outro lado, a profecia está na língua
que as pessoas entendem e apresenta uma mensagem espontânea, dada pelo
Espírito, que as edifica (as fortalece espiritualmente, desenvolve e confirma a
fé), as exorta (despertando-as e ajudando-as a avançar em fidelidade e amor) e
as consola (alegra, aviva e produz esperança e expectativa)”.(HORTON, S. I
& II Coríntios: Os problemas da Igreja e suas soluções. RJ:
1.ed. CPAD, 2003, pp.130-1)
O amor na vida cristã
“V22. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade. É notável a formulação desta frase em relação
ao versículo 19. A mudança de ‘obras’ para ‘fruto’ é importante porque remove a
ênfase do esforço humano. É significativo que Paulo use o singular ‘fruto’ e
não o plural ‘frutos’.
Encabeçando a lista está ágape que aparece sempre ao final dos catálogos
das virtudes e manifesta deste modo como princípio e fundamento de todas as
demais virtudes. Este amor foi derramado em nossos corações com o Espírito
Santo e se manifesta na fé enquanto amor ‘meu’. Ele dirige-se a Deus (Rm 8.28;
1 Co 2.9), a Cristo e ao próximo (Rm 13.8,10; Gl 5.13,14). O amor de Cristo
Jesus está dentro dos nossos corações, tendo sido derramado pelo Espírito Santo
que atua como força vital divina que funde todos os carismas, é invariável e
permanente” (SOARES, G. Comentário de Gálatas. 1.ed. RJ: CPAD,
2009, p.134).
A missão profética
da Igreja
Palavra Chave
Missão: [do lat. missio] Transmissão consciente e planejada das Boas Novas.
No período do Antigo Testamento, a voz de Deus na terra era manifesta
através dos profetas, sendo a nação de Israel o seu receptáculo. Em o Novo
Testamento, o Senhor continua a falar com e por meio de seus mensageiros. Essa
percepção indica-nos que a missão profética da Igreja consiste em levar o
evangelho de Jesus Cristo a todos os povos, pois é através desta que Deus ainda
fala.
A PERSEGUIÇÃO
Os primórdios da igreja em uma cidade. A
missão da Igreja é proclamar de modo persistente e incessante a obra redentora
do Calvário a todos os povos. Jesus disse: “[...] e ser-me-eis testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”
(At 1.8). Entretanto, apesar dessa ordem e de já haver recebido o Espírito
Santo no Pentecostes, a Igreja permaneceu limitada a Jerusalém, pelo menos até
ao martírio de Estevão.
A dispersão dos discípulos (v.4). Após
a morte de Estevão (primeiro mártir da Igreja), houve “uma grande perseguição
contra a igreja que estava em Jerusalém” (8.1), de tal modo que os crentes
tiveram que se dispersar. Os que “andavam dispersos iam por toda parte
anunciando a palavra” (v.4).
A expressão “por toda parte” incluía regiões como a Fenícia, Chipre e
Antioquia, muito além dos termos de Israel (At 11.19). Isso indica que a
determinação do Mestre começou a ser cumprida segundo os termos da Grande
Comissão. Certamente Deus permitiu tal perseguição com o intuito de retirar os
discípulos do seu comodismo e inércia.
Deus pode tornar o mal em bem. Assim
como a diáspora judaica serviu para propagar o judaísmo, a dispersão dos
discípulos contribuiu para uma ampla e contínua disseminação do evangelho. Como
afirma a Palavra de Deus: “[...] todas as coisas contribuem juntamente para o
bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
OS SAMARITANOS
A ordem de Jesus derruba barreiras étnicas. Após a sua ressurreição dentre os mortos, o Senhor Jesus Cristo
mandou seus discípulos pregar o evangelho em todas as partes, inclusive em
Samaria (At 1.8).
Samaria (v.5). Inicialmente, tratava-se
do monte de Israel que Onri, pai do rei Acabe, comprara de Semer, de onde vem o
nome “Samaria” ou “Samária” (1 Rs 16.24). No período romano, a cidade era
conhecida pelo nome de Sebaste (venerável), nome dado por Herodes, o Grande. A
mistura étnico-religiosa dos moradores da região começou a se dar a partir de 722
a.C, quando os assírios levaram as dez tribos do Norte para o cativeiro (2 Rs
17.26,29,33).
Judeus e samaritanos. A
animosidade no relacionamento entre judeus e samaritanos nos dias de Jesus era
algo muito marcante (Lc 9.52,53; Jo 4.9). No entanto, o motivo para as
desavenças era mais uma questão religiosa (Jo 4.20) do que política, pois, na
verdade, ambos tiveram uma origem comum. Apesar desse clima tenso, Jesus
amava-os, e seu encontro com a mulher samaritana resultou na conversão de toda
aquela aldeia para o Reino de Deus (Jo 4.39-42).
O EVANGELHO EM SAMARIA
“Descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo”
(v.5). Filipe era um dos sete homens
escolhidos para servir como diácono. Não demorou muito para que ele tornasse
pública a sua vocação de evangelista (At 21.8). Seu companheiro Estevão, também
um dos sete (At 6.5), fora assassinado, sucedendo-se uma perseguição feroz
liderada por Saulo (8.3). Naquela ocasião, Filipe obedeceu ao ensino de Jesus
Cristo, seguindo para outra cidade (Mt 10.23), a saber: Samaria.
A presença divina (vv.6,7). Os
milagres que os discípulos realizavam em nome de Jesus evidenciavam a presença
de Deus entre os crentes. Não há como fugir: religião sem o sobrenatural é mera
filosofia. O próprio ministério de Jesus era baseado na trilogia: pregação,
ensino e milagres (Mt 4.23). Ele conferiu essa autoridade à sua Igreja (Mt
10.7,8), e reiterou essa verdade diversas vezes em Atos (8.15,17-19,39) e
também em Marcos 16.17-20.
Nasce a igreja dos samaritanos (v.12), e os apóstolos Pedro e João
dão sequência ao trabalho (vv.14,15).O tema
central do evangelho é Jesus Cristo. E Filipe foi fiel a isso, pois “pregava
acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (v.12). Como a mensagem
genuinamente evangelística e cristocêntrica resulta em bênçãos divinas e
conversões, havia muita alegria na cidade (v.8). A pregação de Filipe era
acompanhada de cura e libertação, por isso, atraiu toda a população de Samaria.
Muitos se converteram ao evangelho e, como aconteceu em Jerusalém no Dia de
Pentecostes, foi realizado um batismo em água, que marcou o início da igreja
naquela localidade.
Ora, a pregação da Palavra e a “colheita de almas”, se não forem
seguidas pelo ensino da Palavra (Mc 16.15; Mt 28.19,20), produzem crentes
anêmicos. Portanto, quando a igreja de Jerusalém tomou conhecimento da
evangelização de Samaria, enviou de imediato Pedro e João para discipular os
novos irmãos. O mesmo João que desejava fazer cair fogo do céu para consumi-los
(Lc 9.54), é um dos enviados para ajudá-los (At 8.14). A ajuda foi fundamental,
uma vez que, além de encorajar os novos convertidos com o ensino da Palavra, os
apóstolos foram usados por Deus para levar os irmãos a receberem o batismo no
Espírito Santo: “[...] tendo descido, oraram por eles para que recebessem o
Espírito Santo” (At 8.15,17).
A missão da Igreja é levar as boas-novas de salvação e, justamente, por
essa razão, o evangelho contempla todas as etnias; desconhece fronteiras. Onde
quer que ele chega, os preconceitos são removidos e o Espírito Santo começa a
operar. O Senhor Jesus eliminou as barreiras entre judeus e samaritanos e entre
judeus e gentios. A Bíblia classifica a humanidade em três grupos de povos: os
judeus, os gentios e a Igreja (1 Co 10.32,33). Temos o grande privilégio de
fazer parte do último, porém, temos o dever de anunciar aos demais a Palavra do
Senhor. Cumpramos, pois, integralmente, a missão profética da Igreja de
Cristo.
“Tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo
(8.15).
Lucas acrescenta uma nota de explicação porque este é um evento
extraordinário, e não um padrão do século I ou de hoje. Eles oraram e impuseram
as mãos sobre eles ‘porque sobre nenhum deles [o Espírito Santo] havia ainda
descido’ (8.16,17). Por que aqui, e somente aqui, a oração e a imposição de
mãos estão associadas com a descida do Espírito Santo sobre os crentes em
Jesus?
Devemos nos lembrar de que a hostilidade profundamente enraizada e a
competição religiosa haviam existido entre os judeus e os samaritanos durante
muitas gerações. Ao dar o Espírito Santo por intermédio de Pedro e João, o
Senhor deixou claro (1) que a igreja era uma só, e (2) que os apóstolos eram
seus líderes autorizados. Sem esta evidência de unidade e autoridade, os
samaritanos poderiam perfeitamente bem ter iniciado um movimento dissidente. E
sem ela, os cristãos judeus poderiam não estar dispostos a aceitar os
samaritanos como membros, juntamente com eles, do Corpo de Cristo”.(RICHARDS,
O. L. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. RJ:
CPAD, 2007, p.262)
O Ministério da Igreja
“A Igreja é o estandarte da reconciliação entre a humanidade e Deus, e
dos seres humanos entre si. [...] O ministério à Igreja inclui o compartilhar
da vida divina. Só temos a dinâmica daquela vida à medida que permanecermos
nEle e continuarmos repassando a sua vida uns aos outros dentro do Corpo. Esse
processo de edificação é descrito por Paulo como relacionamentos de mútua
confiança: pertencermos uns aos outros, precisamos uns dos outros, afetamos uns
aos outros (Ef 4.13-16). Essa mútua confiança inclui abnegação para ajudarmos a
suprir as necessidades uns dos outros. Não somos um clube social, mas sim, um
exército que exige mútua cooperação e solicitude ao enfrentarmos o mundo,
negarmos a carne e resistirmos ao diabo” (HORTON, S. M. (ed). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RJ: 12.ed. CPAD,
2009, pp.600-1).
O estudo analítico e sistemático da
Bíblia Sagrada evidencia a centralidade da obra do Espírito Santo como o agente
ativo de Deus atuando na totalidade da criação (Rm 8.18-27). Através dos
títulos e símbolos do Santo Espírito, as Escrituras Sagradas revelam a
pluralidade de ação que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade exerce na e
através da Igreja. É preciso, porém, que não nos contentemos em apenas
conhecê-Lo teoricamente. Precisamos buscar uma experiência real com o Espírito
Santo de Deus e valorizarmos devidamente a sua obra, pois Ele é o agente divino
que inclui o crente no Corpo de Cristo e confirma a veracidade das Escrituras.
Eis o grande segredo de os cristãos entendermos a doutrina do Espírito Santo.
Como Ensinador
Ele leva o
crente a toda verdade. Ajuda-o na interpretação e compreensão correta da
Palavra de Deus dando continuidade a obra iniciada por Cristo no mundo (Mt
10.20; Jo 14.26; 1 Jo 4.1,2).
Como Consolador
A obra
do Espírito Santo inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em
nós. Ele ensina todas as coisas e faz lembrar tudo o que Cristo disse, além de
consolar-nos (Jo 14.16,26; 15.26).
Como Promessa
Ele é o
penhor que garante a nossa herança futura em Cristo Jesus. É a garantia de Deus
de que a Igreja é propriedade exclusiva dEle, operando poderosamente no Corpo
de Cristo (Ef 1.13,14).
O Espírito Santo não é uma força,
influência ou poder emanado de Deus. Ele é a Terceira Pessoa da Santíssima
Trindade. Sua atuação na Bíblia é marcante e plena: vai do Gênesis ao
Apocalipse. A Palavra de Deus no-lo mostra como uma pessoa que age, decide,
guia e cumpre o plano de salvação que o Pai traçou para a humanidade através do
sacrifício vicário de seu Unigênito.
.
A PLURALIDADE DOS NOMES DO ESPÍRITO
SANTO
Os nomes do Espírito Santo estão relacionados à sua obra e caráter.
Entre os hebreus, o nome não era utilizado apenas para distinguir as pessoas,
mas também para revelar-lhes o caráter e a índole (Gn 25.26). Vejamos, pois,
alguns dos nomes do Espírito Santo.
Nomes do Espírito Santo
relacionados à Trindade.
Na Palavra de Deus, há vários nomes que descrevem a deidade do Espírito Santo: Espírito de Deus, Espírito do Senhor, Espírito de Cristo e Espírito de Seu Filho (Gn 1.2; Is 11.2; Gl 4.16; Fp 1.19). Encontramos também nomes que relacionam o Espírito Santo diretamente a Deus e a Jesus: Espírito de Jesus (At 16.7) e Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
Na Palavra de Deus, há vários nomes que descrevem a deidade do Espírito Santo: Espírito de Deus, Espírito do Senhor, Espírito de Cristo e Espírito de Seu Filho (Gn 1.2; Is 11.2; Gl 4.16; Fp 1.19). Encontramos também nomes que relacionam o Espírito Santo diretamente a Deus e a Jesus: Espírito de Jesus (At 16.7) e Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
O Consolador. Este é um dos
nomes mais conhecidos do Espírito Santo. Ao ouvirem o Senhor anunciar a sua
ascensão, os discípulos ficaram preocupados. Quem haveria de ajudá-los? O
Mestre aquieta-lhes os corações, assegurando-lhes que não ficariam órfãos. Nós
também não estamos sós neste mundo que jaz no maligno. Contamos com a doce
presença do Espírito Santo. Jesus prometeu aos discípulos: “E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo
14.16). Ele está conosco! Você tem sentido a meiga presença do Consolador?
No grego, a palavra Consolador
significa paracleto, e segundo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, paracleto é “alguém chamado a ficar ao lado
de outro para ajudar”.
O Espírito da Verdade. O Consolador
tem como missão revelar a verdade de Deus em Jesus Cristo (Jo 14.6). O Espírito
Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), levando-o a
crer na única Verdade — Jesus Cristo.
Espírito de Graça. Sem o
Espírito Santo não há arrependimento. É Ele quem nos convence dos nossos erros.
Sem arrependimento verdadeiro, não há salvação pela graça. O Consolador
comunica a graça de Deus a nós (Hb 10.29 e Zc 12.10).
Espírito de Vida. Sem o
Espírito Santo, estaríamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Ele
operou em nós o novo nascimento e deu-nos nova vida em Cristo (2 Co 5.17).
OS SÍMBOLOS BÍBLICOS
A Bíblia e os símbolos.
A Palavra de Deus é rica em linguagem simbólica. Por isso, precisamos da hermenêutica e da exegese para termos uma compreensão real e correta do texto bíblico. Muitos, por desconhecerem esta linguagem, acabam criando e atribuindo figuras e símbolos impróprios ao Espírito Santo. Para se compreender os símbolos é necessário interpretá-los dentro de seu contexto de origem.
A Palavra de Deus é rica em linguagem simbólica. Por isso, precisamos da hermenêutica e da exegese para termos uma compreensão real e correta do texto bíblico. Muitos, por desconhecerem esta linguagem, acabam criando e atribuindo figuras e símbolos impróprios ao Espírito Santo. Para se compreender os símbolos é necessário interpretá-los dentro de seu contexto de origem.
Jesus utilizou alguns símbolos.
O Mestre utilizou-se dos símbolos para ilustrar verdades espirituais a respeito da sua missão aqui na Terra (Jo 6.35; 8.12; 10.9; 14.6). A própria Bíblia, a Palavra de Deus, é representada por vários símbolos: espada (Hb 4.12), lâmpada (Sl 119.105), alimento (Jó 23.12), leite (1 Pe 2.2) e mel (Sl 19.10).
O Mestre utilizou-se dos símbolos para ilustrar verdades espirituais a respeito da sua missão aqui na Terra (Jo 6.35; 8.12; 10.9; 14.6). A própria Bíblia, a Palavra de Deus, é representada por vários símbolos: espada (Hb 4.12), lâmpada (Sl 119.105), alimento (Jó 23.12), leite (1 Pe 2.2) e mel (Sl 19.10).
OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO
Fogo (Lc 3.16).
No Antigo Testamento, “o fogo” fazia parte da liturgia hebreia: simbolizava a presença de Deus, a purificação e o juízo divino (Êx 3.2; Sl 50.3; Is 6.1-7). Em Lucas 3.16, o fogo é apresentado como elemento purificador na vida de quem recebe o batismo com o Espírito Santo. O Consolador ajuda-nos a viver em santidade, pois, em nós, efetua a santificação (2 Ts 2.13).
No Antigo Testamento, “o fogo” fazia parte da liturgia hebreia: simbolizava a presença de Deus, a purificação e o juízo divino (Êx 3.2; Sl 50.3; Is 6.1-7). Em Lucas 3.16, o fogo é apresentado como elemento purificador na vida de quem recebe o batismo com o Espírito Santo. O Consolador ajuda-nos a viver em santidade, pois, em nós, efetua a santificação (2 Ts 2.13).
Já regenerados pelo Espírito Santo,
tornamos nosso corpo templo do Espírito Santo (1 Co 6.19). Isto significa que
todas as nossas ações devem visar a glória de Deus. Ao sermos redimidos do
mundo, passamos a pertencer unicamente a Ele. Deixe que o fogo do Espírito
queime-lhe toda a impureza, fazendo real a presença de Deus em sua vida.
Água, rio e chuva (Jo 7.37,38).
A água é vital para a natureza. Sem ela, o ser humano não vive. Deus utiliza-se desse elemento indispensável à existência para mostrar que o Espírito Santo sacia toda a nossa sede espiritual. No plano espiritual, água, rios e chuvas simbolizam o mover do Espírito na vida dos que recebem a Cristo (Jo 4.14).
A água é vital para a natureza. Sem ela, o ser humano não vive. Deus utiliza-se desse elemento indispensável à existência para mostrar que o Espírito Santo sacia toda a nossa sede espiritual. No plano espiritual, água, rios e chuvas simbolizam o mover do Espírito na vida dos que recebem a Cristo (Jo 4.14).
A renovação que a água produz
significa a operação miraculosa do Espírito Santo na vida do homem, produzindo
a regeneração e a vivificação espirituais (Tt 3.5). Em Isaías 44.3, o Senhor
promete derramar água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca. O profeta
falava a respeito do derramamento do Espírito Santo sobre uma geração vindoura.
A profecia começou a cumprir-se no dia de Pentecostes e prossegue através do
Movimento Pentecostal, o maior avivamento da história da Igreja Cristã.
Selo (2 Co 1.21,22; Ef 1.13).
Segundo o pastor Antonio Gilberto, “nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa por ela selada”. O selo indica propriedade, posse. Fomos selados pelo Espírito Santo quando aceitamos a Cristo como nosso único e suficiente Salvador. Hoje, pela fé, somos propriedade particular de Deus. Quando Cristo voltar para buscar a sua Igreja, subiremos com Ele, pois o Senhor virá buscar aqueles que lhe pertencem.
Segundo o pastor Antonio Gilberto, “nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa por ela selada”. O selo indica propriedade, posse. Fomos selados pelo Espírito Santo quando aceitamos a Cristo como nosso único e suficiente Salvador. Hoje, pela fé, somos propriedade particular de Deus. Quando Cristo voltar para buscar a sua Igreja, subiremos com Ele, pois o Senhor virá buscar aqueles que lhe pertencem.
Como podemos ter certeza de que fomos
selados? Segundo as Escrituras, o próprio Espírito Santo testifica com o nosso
espírito que pertencemos a Deus (Rm 8.16). Não podemos nos esquecer que o
Espírito Santo também é o penhor da herança celestial (Ef 1.14), isto é, a
garantia de que receberemos a nossa herança, pois somos coerdeiros de Cristo
(Rm 8.17a).Mediante o estudo dos nomes e símbolos do Espírito Santo, aprendemos
mais sobre a sua obra e o seu caráter. Quando entregamos nossas vidas a Jesus
Cristo, crendo nEle como Salvador pessoal, o Espírito Santo passa habitar em
nós. Ele é a nossa garantia de que somos do Senhor. Pertencemos a Deus! Vivamos
então de maneira santa, agradando ao Senhor e ao Espírito Santo que habita em
nós.
Espírito Santo: O Consolador e o
Penhor da igreja
.“Conforme observado no estudo dos títulos [nomes] do Espírito Santo, eles nos oferecem chaves para entendermos a sua pessoa e obra. A obra do Espírito Santo como Consolador inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em nós (Jo 14.16; 15.26), como Ensinador de todas as coisas, como aquEle que nos fez lembrar tudo o que Cristo tem dito (14.26), como aquEle que dará testemunho de Cristo (15.26) e como aquEle que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (16.8). Não se pode subestimar a importância dessas tarefas. O Espírito Santo, dentro em nós, começa a esclarecer as crenças incompletas e errôneas sobre Deus, sua obra, seus propósitos, sua Palavra, o mundo, crenças estas que trazemos conosco ao iniciarmos nosso relacionamento com Deus. Conforme as palavras de Paulo, é uma obra vitalícia, jamais completada neste lado da eternidade (1 Co 13.12). Claro está que a obra do Espírito Santo é mais que nos consolar em nossas tristezas; Ele também nos leva à vitória sobre o pecado e sobre a tristeza.
O Espírito Santo habita em nós para completar a transformação que iniciou no momento de nossa salvação. Jesus veio para nos salvar dos nossos pecados, e não dentro deles. Ele veio não somente para nos salvar do inferno no além. Veio também para nos salvar do inferno nesta vida terrestre — o inferno que criamos com os nossos pecados. Jesus trabalha para realizar essa obra por intermédio do Espírito Santo.
.“Conforme observado no estudo dos títulos [nomes] do Espírito Santo, eles nos oferecem chaves para entendermos a sua pessoa e obra. A obra do Espírito Santo como Consolador inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em nós (Jo 14.16; 15.26), como Ensinador de todas as coisas, como aquEle que nos fez lembrar tudo o que Cristo tem dito (14.26), como aquEle que dará testemunho de Cristo (15.26) e como aquEle que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (16.8). Não se pode subestimar a importância dessas tarefas. O Espírito Santo, dentro em nós, começa a esclarecer as crenças incompletas e errôneas sobre Deus, sua obra, seus propósitos, sua Palavra, o mundo, crenças estas que trazemos conosco ao iniciarmos nosso relacionamento com Deus. Conforme as palavras de Paulo, é uma obra vitalícia, jamais completada neste lado da eternidade (1 Co 13.12). Claro está que a obra do Espírito Santo é mais que nos consolar em nossas tristezas; Ele também nos leva à vitória sobre o pecado e sobre a tristeza.
O Espírito Santo habita em nós para completar a transformação que iniciou no momento de nossa salvação. Jesus veio para nos salvar dos nossos pecados, e não dentro deles. Ele veio não somente para nos salvar do inferno no além. Veio também para nos salvar do inferno nesta vida terrestre — o inferno que criamos com os nossos pecados. Jesus trabalha para realizar essa obra por intermédio do Espírito Santo.
É difícil sugerir que um dos
títulos [nomes] ou propósitos do Espírito Santo seja mais importante que outro.
Tudo que o Espírito faz é vital para o Reino de Deus. Há, no entanto, um
propósito, uma função essencial do Espírito Santo, sem a qual tudo quanto se
tem dito a respeito dEle até agora não passa de palavras vazias; o Espírito
Santo é o penhor que garante nossa futura herança em Cristo. ‘Em quem [Cristo]
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo
da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de
Deus, para louvor da sua glória’ (Ef 1.13,14).
Qual a garantia oferecida pela
operação do Espírito em nossa vida e na vida da Igreja? ‘Porque sabemos que, se
a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um
edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, também
gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; se,
todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que
estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos ser
despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem
para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do
Espírito’ (2 Co 5.1-5, ver também 2 Co 1.22; Ef 4.30)” (HORTON, S.
M. et al. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, pp.397,401).
O Espírito Santo: A Mansidão de uma
Pomba.
“O Espírito Santo desceu sobre Jesus na forma de uma pomba, segundo o relato dos quatro evangelhos. A pomba é arquétipo da mansidão e da paz. O Espírito Santo habita em nós, mas nos liga a si mesmo com amor, em contraste às correntes dos hábitos pecaminosos. Ele é manso e, nas tempestades da vida, produz paz. Mesmo ao lidar com os pecadores, Ele é suave, conforme se vê quando conclama a humanidade à vida, no belo porém tristonho apelo que se encontra em Ezequiel 18.30-32: ‘Vinde e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois por que razão morreríeis...? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei’.Os títulos e símbolos do Espírito Santo são chaves para o entendimento de sua obra em nosso favor” (HORTON, S. M. et al.Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, p.389).
“O Espírito Santo desceu sobre Jesus na forma de uma pomba, segundo o relato dos quatro evangelhos. A pomba é arquétipo da mansidão e da paz. O Espírito Santo habita em nós, mas nos liga a si mesmo com amor, em contraste às correntes dos hábitos pecaminosos. Ele é manso e, nas tempestades da vida, produz paz. Mesmo ao lidar com os pecadores, Ele é suave, conforme se vê quando conclama a humanidade à vida, no belo porém tristonho apelo que se encontra em Ezequiel 18.30-32: ‘Vinde e convertei-vos de todas as vossas transgressões, e a iniquidade não vos servirá de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois por que razão morreríeis...? Porque não tomo prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; convertei-vos, pois, e vivei’.Os títulos e símbolos do Espírito Santo são chaves para o entendimento de sua obra em nosso favor” (HORTON, S. M. et al.Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006, p.389).
A PLURALIDADE DOS NOMES DO ESPÍRITO
SANTO
Os nomes do Espírito Santo estão
relacionados à sua obra e caráter. Entre os hebreus, o nome não era utilizado
apenas para distinguir as pessoas, mas também para revelar-lhes o caráter e a
índole (Gn 25.26). Vejamos, pois, alguns dos nomes do Espírito Santo.
Nomes do Espírito Santo
relacionados à Trindade.
Na Palavra de Deus, há vários nomes que descrevem a deidade do Espírito Santo: Espírito de Deus, Espírito do Senhor, Espírito de Cristo e Espírito de Seu Filho (Gn 1.2; Is 11.2; Gl 4.16; Fp 1.19). Encontramos também nomes que relacionam o Espírito Santo diretamente a Deus e a Jesus: Espírito de Jesus (At 16.7) e Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
Na Palavra de Deus, há vários nomes que descrevem a deidade do Espírito Santo: Espírito de Deus, Espírito do Senhor, Espírito de Cristo e Espírito de Seu Filho (Gn 1.2; Is 11.2; Gl 4.16; Fp 1.19). Encontramos também nomes que relacionam o Espírito Santo diretamente a Deus e a Jesus: Espírito de Jesus (At 16.7) e Espírito do nosso Deus (1 Co 6.11).
O Consolador.
Este é um dos nomes mais conhecidos do Espírito Santo. Ao ouvirem o Senhor anunciar a sua ascensão, os discípulos ficaram preocupados. Quem haveria de ajudá-los? O Mestre aquieta-lhes os corações, assegurando-lhes que não ficariam órfãos. Nós também não estamos sós neste mundo que jaz no maligno. Contamos com a doce presença do Espírito Santo. Jesus prometeu aos discípulos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). Ele está conosco! Você tem sentido a meiga presença do Consolador?
Este é um dos nomes mais conhecidos do Espírito Santo. Ao ouvirem o Senhor anunciar a sua ascensão, os discípulos ficaram preocupados. Quem haveria de ajudá-los? O Mestre aquieta-lhes os corações, assegurando-lhes que não ficariam órfãos. Nós também não estamos sós neste mundo que jaz no maligno. Contamos com a doce presença do Espírito Santo. Jesus prometeu aos discípulos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). Ele está conosco! Você tem sentido a meiga presença do Consolador?
No grego, a palavra Consolador
significa paracleto, e segundo a Bíblia de Estudo
Pentecostal, paracleto é “alguém chamado a ficar ao lado
de outro para ajudar”.
O Espírito da Verdade.
O Consolador tem como missão revelar a verdade de Deus em Jesus Cristo (Jo 14.6). O Espírito Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), levando-o a crer na única Verdade — Jesus Cristo.
O Consolador tem como missão revelar a verdade de Deus em Jesus Cristo (Jo 14.6). O Espírito Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), levando-o a crer na única Verdade — Jesus Cristo.
Espírito de Graça.
Sem o Espírito Santo não há arrependimento. É Ele quem nos convence dos nossos erros. Sem arrependimento verdadeiro, não há salvação pela graça. O Consolador comunica a graça de Deus a nós (Hb 10.29 e Zc 12.10).
Sem o Espírito Santo não há arrependimento. É Ele quem nos convence dos nossos erros. Sem arrependimento verdadeiro, não há salvação pela graça. O Consolador comunica a graça de Deus a nós (Hb 10.29 e Zc 12.10).
Espírito de Vida.
Sem o Espírito Santo, estaríamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Ele operou em nós o novo nascimento e deu-nos nova vida em Cristo (2 Co 5.17).
Sem o Espírito Santo, estaríamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1). Ele operou em nós o novo nascimento e deu-nos nova vida em Cristo (2 Co 5.17).
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