Lições Bíblicas CPAD 4º Trimestre de 2009
Título: Davi - As vitórias
e as derrotas de um homem de Deus
Comentarista: José Gonçalves
Lição 4: Davi e o tempo de
Deus em sua vida
Data: 25 de
Outubro de 2009
TEXTO ÁUREO
"E disse aos seus homens: O SENHOR me
guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo
eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do SENHOR" (1 Sm 24.6).
VERDADE PRÁTICA
Mesmo
estando ungido a mando do Senhor para ser o rei, Davi soube esperar o tempo de
Deus para ocupar o trono de Israel.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 25.3
Os que confiam não
se confundem
Terça - Sl 37.7
A Bíblia aconselha
esperar em Deus
Quarta - Is 40.31
Novas forças para
os esperançosos
Quinta - Is 64.4
O favor divino para
os que esperam
Sexta - Mq 7.7
Esperando a
salvação que vem de Deus
Sábado - Hb 11.1
O esperar com fé
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Samuel 24.4-8
4 - Então, os homens de Davi lhe disseram: Eis
aqui o dia do qual o SENHOR te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos,
e far-lhe-ás como te parecer bem a teus olhos. E levantou-se Davi e,
mansamente, cortou a orla do manto de Saul.
5 - Sucedeu, porém, que, depois, o coração
doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul;
6 - e disse aos seus homens: O SENHOR me
guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo
eu a minha mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR.
7 - E, com estas palavras, Davi conteve os
seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul; e Saul se
levantou da caverna e prosseguiu o seu caminho.
8 - Depois, também Davi se levantou, e saiu da
caverna, e gritou por detrás de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Saul
para trás, Davi se inclinou com o rosto em terra e se prostrou.
INTERAÇÃO
Deus escolheu e ungiu Davi para
governar seu povo. Mas, para que Davi assumisse o trono, seu caráter precisava
ser moldado mediante o exercício da paciência. Ele teve que aprender a esperar,
e esperar o tempo de Deus. Esperar não é uma tarefa fácil, principalmente na
atualidade, onde as pessoas vivem sob a pressão do imediatismo. Hoje, tudo tem
que ser instantâneo, imediato, até mesmo as bênçãos de Deus. Ninguém quer
esperar. Contudo, saber aguardar o momento certo, sem "tramóias" ou
manobras políticas é uma virtude que todo homem de Deus precisa aprender. Em
determinadas situações, não podemos fazer absolutamente nada, a não ser esperar
e confiar que os planos do Eterno jamais poderão ser frustrados. Essa certeza
faz com que os servos de Deus esperem com paciência e sem amargura ou dor,
naquEle que pode todas as coisas (Sl 40.1).
OBJETIVOS
Após
esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Compreender que Davi, mesmo na
adversidade, soube esperar.
·
Conscientizar-se de que precisamos
esperar com paciência o tempo de Deus.
·
Identificar o tempo de Deus.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Reproduza
o esquema abaixo no quadro-de-giz. Utilize-o para explicar aos seus alunos as
principais diferenças entre Saul e Davi. Mostre que Davi tinha grande respeito
por Saul, apesar de este rei tentar matá-lo por diversas vezes. Davi tinha
consciência de que um dia viria a ser rei, mas entendia também que não era
direito seu derrubar o homem a quem Deus havia ungido.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Tempo: Momento ou ocasião apropriada (ou disponível)
para que uma coisa se realize.
Uma
das grandes lições na história de Davi é a sua paciência para esperar o momento
certo de ascender ao trono de Israel. Apesar de ter sido ungido para ser rei
sobre Israel quando ainda era bem jovem, Davi esperou muitos anos para vir, de
fato, a sê-lo. Neste seu período de espera, não vemos em nenhum momento Davi
maquinando Golpe de Estado, manobras escusas e procedimentos vis para destituir
Saul e ocupar o seu lugar. E em todo o tempo de suas provações, Davi era ciente
de que Saul havia sido rejeitado por Deus. O exemplo de Davi deve ser seguido
por todos aqueles que têm aguardado as promessas de Deus, andam segundo a sua
Palavra e vivem conforme a sua vontade.
I. DAVI ESPERA O TEMPO DE DEUS EM
MEIO àS AMEAçAS
1. A lança do rei. O
capítulo 18 de 1 Samuel narra o início da perseguição que Davi passaria a
sofrer por parte de Saul, movido por inveja e cobiça de origem não somente
natural, mas também diabólica (1 Sm 18.6-9). Daquele dia em diante, Saul não
via a Davi com bons olhos (v.9). Quando esses fatos ocorreram, Davi era um
militar a serviço do rei (v.16). Nessa época, Davi gozava de grande aceitação e
popularidade diante de todo o povo. Não era difícil nesse momento valer-se de
sua posição, promover uma rebelião contra Saul e ocupar o trono. Contudo, Davi
nunca se valeu de sua posição para derrubar Saul. Enquanto pôde permanecer no
palácio real, mesmo sendo perseguido, Davi manteve a postura de um servo
humilde que reconhece tanto a bondade e misericórdia divinas, quanto sua
justiça e retidão em todas as coisas. O livro de Salmos, em várias passagens,
revela muitos desses momentos (SL 57). Por ser fiel e temente a Deus, Davi
fugiu várias vezes, retirando-se secretamente da presença de Saul, como está
registrado nos capítulos 19,20,21 e 22 de 1 Samuel.
2. A espada dos filisteus. Tendo
falhado em matar Davi com suas próprias mãos, Saul orquestra um novo plano:
usar os filisteus - os piores inimigos de Israel -, para acabar com Davi
através deles. O estratagema é ardiloso e envolvia uma negociata com as filhas
do próprio rei. Primeiramente Saul ofereceu sua filha Merabe a Davi, exigindo
em troca apenas que ele guerreasse “as guerras do SENHOR” (1 Sm 18.17). Essa
seria uma excelente oportunidade para Davi ascender socialmente, vindo a
tornar-se genro do rei. Todavia, o filho de Jessé não demonstra ambição e
esquiva-se da primeira proposta do rei, alegando que não passava de um simples
camponês (1 Sm 18.18). Posteriormente Saul oferece Mical a Davi, querendo
apenas a vida de alguns filisteus como dote. Humanamente falando não seria essa
uma excelente oportunidade para fazer parte da família real? Quantos caem
porque no seu dia-a-dia também recebem propostas semelhantes a essa. Esperar o
tempo de Deus, muitas vezes, significa perder aparentemente excelentes oportunidades.
Posteriormente Davi se casou com Mical (1 Sm 18.27,28), mas manteve-se firme em
não tomar decisões movido por torpes e indignos interesses.
SINOPSE DO TÓPICO
(I)
Enquanto
aguardava o tempo de Deus se cumprir, Davi enfrentou várias ameaças contra a
sua vida, inclusive do rei Saul.
II. OS LOCAIS DE REFÚGIO DE DAVI
DURANTE A ESPERA DO TEMPO DE DEUS
1. Na escola profética de Samuel. Davi
larga o comando militar na corte de Saul e foge para Ramá, onde Samuel residia
e dirigia uma casa de profetas (1 Sm 19.18-20). é compreensível que Davi,
vendo-se pressionado por Saul, procurasse o profeta Samuel, o destacado homem
que Deus usou para ungi-lo. Ninguém melhor do que o “homem de Deus” (1 Sm 9.6)
para entender e aconselhar Davi nesse difícil momento de sua vida.
Anteriormente, Davi já contara com o ombro amigo de Jônatas, mas agora
enfrentava uma pressão psicológica e espiritual, que dependia de uma ajuda
espiritual. Samuel era um excelente conselheiro e, por isso, o texto sagrado
declara que Davi contou a ele “tudo quanto Saul lhe fizera” (1 Sm 19.18).
2. Na casa do sacerdote Aimeleque. O
ministério profético estava relacionado à inspiração divina, enquanto o
ministério sacerdotal, à instrução. O sacerdote cuidava do caminho de ida para
Deus, isto é, representava o povo diante de Deus, enquanto o profeta cuidava do
caminho de volta, isto é, representava Deus perante o povo. Davi buscou refúgio
na escola profética de Samuel e, embora o texto sagrado não nos diga os
detalhes desta visita, certamente ela trouxe refrigério à alma aflita de Davi.
A unção tem o poder de quebrar o jugo (Is 10.27).
Pode
acontecer de um crente estar esperando o tempo de Deus e assim mesmo ocorrerem
problemas, fraquezas e dificuldades, como foi o caso ocorrido quando da visita de
Davi ao sacerdote Aimeleque (1 Sm 21.1-9; 22.6-22).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Enquanto
aguardava o tempo de Deus em sua vida e fugia de Saul, Davi buscou refúgio na
escola profética de Samuel e na casa do sacerdote Aimeleque.
III. DAVI CONTINUA ESPERANDO O TEMPO DE DEUS
1. Entre os filisteus e na caverna de
Adulão. Naqueles dias de provações, Davi não se sentia
seguro em nenhum lugar de Israel e, por isso, procurou abrigo em território
inimigo (1 Sm 21.10-15; 27.1-7). Amparar-se ou buscar asilo no território
inimigo não é a melhor alternativa; isso mostra o quanto é possível perder a
lucidez quando se está em perigo. Sua experiência mostra-nos que devemos pensar
bem antes de tomar qualquer atitude e decisão, principalmente quando estamos
sob forte pressão (1 Sm 22.1-5).
Sendo
descoberto pelos filisteus, o filho de Jessé foge para a caverna de Adulão,
local que, pelas defesas naturais, proporcionava-lhe proteção. Naquele lugar os
familiares de Davi sentiram-se seguros em visitá-lo (1 Sm 22.1). Recebendo
apoio da família, Davi evidentemente se sentiu fortalecido. Ao longo das
Escrituras, constatamos que a família desfruta de destaque especial nos
desígnios de Deus para a humanidade. Além do seu papel de coesão, inclusive
social, a família provê também apoio emocional e espiritual para seus membros.
Todos nós de alguma forma necessitamos também de nossa “caverna de Adulão”,
isto é, um local de refúgio, inclusive familiar.
2. Nas cidades, desertos, vales e
montes. As fugas de Davi cobrem um longo período de tempo e
durante essa época, como registra a Escritura, ocorreram muitos fatos. Nesse
ponto de seus apertos a caminho do trono, Davi declarou: “[...] até que saiba o
que Deus há de fazer de mim” (1 Sm 22.3).
Os
capítulos 24 e 26 de 1 Samuel mostram duas situações diferentes, onde Davi
prova que não estava interessado em eliminar Saul. No primeiro momento Davi se
encontrava no deserto de En-Gedi, onde Saul, juntamente com três mil homens,
montam-lhe o cerco. Apesar de ter tido a oportunidade de matar Saul, quando
este se encontrava em uma caverna, Davi não o fez. Pelo contrário, Ele sentiu
até seu coração doer quando cortou parte das vestes de Saul (1 Sm 24.5).
Bastava Davi sair daquela caverna com a cabeça de Saul, e tudo estaria
terminado. Mas que consequências isso iria trazer? Davi por certo estava
consciente da unção real sobre ele, mas ascender ao trono daquela forma não o
agradava. Ele preferiu esperar o tempo de Deus.
Em
outra ocasião, quando novamente teve oportunidade de matar Saul, Davi mais uma
vez declara: “O SENHOR me guarde de que eu estenda a mão contra o ungido do
SENHOR” (1 Sm 26.11). Os capítulos finais de 1 Samuel mostram a rota de fuga de
Davi que ora se encontra nos desertos, ora nos vales e montes, ora entre os
inimigos (1 Sm 27.1-12). A grande lição para nós é que, em todos esses
terríveis momentos, o filho de Jessé soube esperar em Deus (Sl 40).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A
espera de Davi compreende períodos na caverna de Adulão, em cidades, desertos e
montes, como registra a Bíblia.
CONCLUSÃO
Davi
esperou pacientemente no Senhor, e Ele ouviu a sua voz. Esperar o tempo de Deus
é a garantia de não agirmos precipitadamente. é o segredo de quem quer fazer a
vontade do Senhor. A Escritura diz que os nossos pensamentos não são os
pensamentos de Deus, nem tampouco os nossos caminhos são os caminhos dEle (Is
55.8). O tempo do Eterno, evidentemente, não é o nosso tempo (Sl 90.4).
Conhecedores desse fato, devemos confiar no Senhor e esperar nEle em todas as
situações.
REFLEXÃO
"Quando estamos esperando, o
plano de Deus e o seu tempo perfeito são dignos da nossa confiança".
Charles Stanley
VOCABULÁRIO
Tempo: Os
gregos antigos tinham duas palavras para o tempo: chronos e kairos. Enquanto chronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que
pode ser medido, kairos refere-se a um momento indeterminado no tempo, em
que algo especial acontece, em Teologia, é “o tempo de Deus”.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PALMER, M. D. Panorama do Pensamento
Cristão. RJ: CPAD, 2001.
PURKISER, W. T. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 2: Josué a Ester. RJ: CPAD, 2005.
DANIEL, S. Reflexões sobre a Alma e o
Tempo. RJ: CPAD, 2001.
EXERCÍCIOS
1. Mencione
uma das grandes lições que podemos aprender com a vida de Davi.
R. Certamente
uma das maiores lições de Davi foi a sua paciência para esperar o momento certo
de ascender ao trono de Israel.
2. Qual
o plano de Saul para tirar a vida de Davi?
R. Usar
os filisteus para dar cabo da vida de Davi.
3. Cite
os locais de refúgio de Davi enquanto esperava o tempo de Deus em sua vida?
R. Na
escola profética de Samuel, na casa do sacerdote Aimeleque, entre os filisteus
e na caverna de Adulão.
4. Que
lição podemos aprender com o fato de Davi ter ido para a caverna de Adulão?
R. Todos
nós de alguma forma necessitamos também de nossa “caverna de Adulão”, isto é,
um local de refúgio, inclusive familiar.
5. Em
que situação de sua vida, você poderá aplicar o conteúdo da lição?
R. Resposta
pessoal.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Filosófico
“O Tempo Cronos e o
Tempo Kairos
[...]
As Escrituras veem o tempo como um presente e uma oportunidade a ser usada sob
a direção do Espírito Santo. Remimos o tempo para realizar aquelas coisas que
estão de acordo com os propósitos de Deus. A visão moderna de tempo é como um
produto que pode ser eficaz ou ineficazmente usado, disputado, administrado,
economizado, perdido ou até convertido em dinheiro. O kairos-tempo promove uma consciência descontraída e um
discernimento das oportunidades de viver fornecidas pelo tempo. O cronos-tempo é propenso a ser compulsivamente tiranizado
por uma planificação frenética da vida. Objetivar a riqueza, a produtividade
econômica e viver eficientemente nutrem a sensação de ser rápido - a marca
registrada das sociedades redigidas pelo cronos-tempo.
O cronos-tempo e o kairos-tempo
encontram-se em todo o momento. Uma espiritualidade verdadeiramente carismática
requer uma sensibilidade descansadamente contínua à voz e movimento do
Espírito, na qual a vontade de Deus é comunicada ao crente. Sem essa
sensibilidade, nenhuma reivindicação à espiritualidade pode permanecer fiel à
sua visão de nutrir a vida na abundância do Espírito Santo.
[Na
realidade, existe uma relação muito grande entre] o valor da meditação e
contemplação em termos de aprofundamento da experiência que a pessoa tem com o
Espírito”.
(NIENKIRCHEIN, C. Panorama do Pensamento
Cristão. RJ: CPAD, 2001, pp.268,269).
APLICAÇÃO PESSOAL
“O tempo não é um inimigo, mas um
amigo. Lutar contra o tempo é uma sandice. Se o sofrimento entrou no mundo por
causa do pecado, Deus não é o causador do sofrimento; e se Ele o permite, mesmo
quando não consigo evitá-lo, o mais coerente seria ver as intempéries como
aliadas na formação e aprimoramento de traços e silhuetas positivas na alma.
Esse é o ensino bíblico.
O tempo serve para nos preparar.
Quando compreendo e admito isso, consigo ver o tempo como algo que não é ruim,
que serve para amadurecer-me e não pode tirar minha felicidade, porque esta
está firmada em Deus.
Nós sabemos, pela Palavra de Deus,
que o sofrimento tem um fim. A demora também. Logo, o propósito de Deus na
minha vida é usar o tempo para me ajustar ao ponto ideal. Ad augusta per angusta - ‘chega-se a resultados
sublimes por caminhos estreitos’. Desde que apenas nesta dimensão encontro
demora e sofrimento, e lá não, então o aqui e o hoje são dotados de
instrumentos de Deus para forjar o meu ser. Disse o salmista Davi, em Salmos
31.15: ‘Os meus tempos estão nas tuas mãos...’.
Quando entrego tudo à vontade de
Deus, entrego não apenas a minha vida, mas o meu tempo também. E isto significa
que a administração do meu tempo passou a ser orientada por Deus. Se ‘os meus
tempos’, isto é, se o meu passado, o meu presente e o meu futuro, estão nas
mãos de Deus, e não sou daqueles que buscam e criam problemas e situações de
espera angustiante e, mesmo assim, se eu passo por problemas e esperas, devo
ver tudo isso como o trabalhar de Deus em mim”.
(DANIEL. S. Reflexões sobre a Alma e o
Tempo. RJ: CPAD, 2001, p.155).
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PAZ DO SENHOR
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