A família — Obra prima de Deus
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A família foi a primeira
instituição divina e possui atribuições como: vida íntima conjugal, propagação
do gênero humano, subsistência, educação, proteção e afeto. Deus tinha um
propósito específico ao estabelecê-la, portanto, conferiu responsabilidades a
cada membro dela e um dia teremos de prestar-Lhe contas.
Para que ela alcance o
ideal divino, cada componente deve exercer seu papel com fidelidade, diligência
e amor. O maior modelo de paternidade em que podemos nos espelhar é o do Pai
celestial, pois Ele consegue harmonizar amor com justiça e bondade com
severidade (Rm 11.22). Entretanto, a Bíblia fornece alguns bons exemplos de
pais que obtiveram grande sucesso em seu lar. Aprenda a ter o respeito de sua
família como Noé, a ser um grande líder como Josué e a exercer o sacerdócio no
lar como Filipe.
Com esta lição, damos início
a uma série de ensinamentos bíblicos acerca das ameaças à integridade e ao
bem-estar da família. Trataremos também de conceitos e padrões bíblicos
estabelecidos por Deus para a bênção e felicidade de tal instituição. A
família, em síntese, como estrutura social, deve identificar-se e relacionar-se
intimamente com a igreja. Na tão conhecida e instrutiva passagem sobre a
família (Ef 5.28-33; 6.1-4), a Palavra de Deus cita a igreja seis vezes.
I. CONCEITO E ATRIBUIÇÕES
DA FAMÍLIA
1. Conceito. Família é o sistema social básico, instituído no Éden
por Deus, para a constituição da sociedade e prossecução da raça humana. Os
primeiros capítulos de Gênesis revelam que a família foi a primeira das
instituições divinas na terra.
Jesus utilizou-se da
família para ilustrar certos atributos, atos, qualidades e dádivas de Deus,
como o amor, o perdão, a longanimidade, a paternidade. Vários dos milagres de
Jesus estão relacionados à família, suas necessidades, provações, encargos e
responsabilidades (Mt 8.5-15; 9.18-26; Jo 2.1-11; 4.46-54; 11.1-45). Isto nos
leva a imaginar o grande valor que Deus confere a esta sua primeira e vital
instituição humana.
2. Atribuições da
família. Dentre as muitas atribuições da família, enumeramos algumas consideradas
relevantes:
a) Vida íntima conjugal. Só o casamento justifica e legitima a união sexual
marido-mulher. Logo no primeiro capítulo da Bíblia está escrito a respeito do
primeiro casal, “Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a
terra” (v.28). E como se dá tal multiplicação? Pela união física do casal, que
deve decorrer do amor e do consenso mútuo. No capítulo seguinte (Gn 2.24) está
também registrado que, após o casamento, homem e mulher “serão ambos uma
carne”.
b) Propagação do gênero
humano. Este foi um dos propósitos de Deus quando da instituição da família: a
geração de filhos, para o povoamento da terra e a prossecução do gênero humano.
Deus conferiu esta faculdade ao casal, o que constitui uma elevada
responsabilidade (Gn 1.28).
c) Subsistência. Basicamente, a motivação que está subentendida no
desempenho diuturno e penoso do trabalho e igualmente do exercício das
profissões é o sustento, o conforto, o bem-estar; enfim, o atendimento
suficiente e sensato das necessidades dos membros da família.
d) Educação. Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) e não meros
acidentes biológicos na vida do casal. Cada filho que nasce ou que é admitido
na família importa em cinco principais responsabilidades para os pais: um
corpinho para cuidar (vestuário, saúde, etc); um estômago para alimentar; uma
personalidade para formar; uma mente para educar e uma pessoa completa para ser
conduzida a Cristo, seu Salvador e Senhor.
e) Proteção. É responsabilidade dos pais prover no lar paz,
harmonia, sossego, união, proteção e amparo. Ver as lições espirituais de
Deuteronômio 22.8.
f) Afeto. As relações afetuosas, fraternas e cordiais iniciam-se
na família. É nesse ambiente, propício e acolhedor, que a criança recebe afeto,
cuidado amoroso dos pais e irmãos mais velhos, e aprende a praticá-lo.
II. A FAMÍLIA DE DEUS
Deus valoriza tanto a
família que a tomou como exemplo para ilustrar o seu relacionamento com a
igreja, como já mostramos na introdução desta lição.
1. Deus, nosso Pai. Deus é o nosso supremo exemplo quanto ao papel da
paternidade. Vejamos algumas de suas características como nosso Pai celestial.
a) Pai cuidadoso e
provedor que jamais falha. Ele cuida de cada um de seus filhos (Mt 10.31) e de suas necessidades (Mt
6.8). Ele, que já nos deu a suprema dádiva do céu — Jesus, não nos daria também
com Ele todas as coisas? (Rm 8.32).
b) Pai amorável. Não há maior amor que o de Deus por nós (Jo 3.16;
15.13; 1 Jo 4.10,19; Rm 5.8). Ele é de igual modo compassivo e amoroso para com
o filho que erra (Lc 15.20).
c) Pai que disciplina. O filho sempre está sujeito à disciplina amorosa de
seu pai. A disciplina é um sinal do amor de Deus para com seus filhos, visando
seu benefício (Hb 12.5ss). Mediante a disciplina, Deus visa nos tornar melhores
discípulos dEle. Os termos disciplina e discípulo têm sua origem no mesmo
radical latino que significa aprender.
d) Pai perdoador. Não há passagem que ilustre tão bem esta
característica quanto a parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32).
e) Pai conciliador. Na mesma parábola do Filho Pródigo, Jesus nos mostra
que, muitas vezes, os pais são os apropriados e idôneos mediadores de conflitos
na família (Lc 15.31,32).
2. O relacionamento entre
os irmãos. Segundo a Bíblia, os filhos de Deus devem sempre se relacionar bem uns com
os outros baseados no amor. O apóstolo João, em outras palavras, nos diz que
Deus não habita naquele que não ama a seu irmão (1 Jo 4.11,20,21; 2.9-11; Jo
13.34), o que evidentemente não é filho de Deus! “Se amamos uns aos outros,
Deus continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado” (Bíblia
de Estudo Pentecostal).
Os crentes devem ser
conhecidos pelo amor que demonstram uns aos outros, pois quando assim fazem,
eles imitam a seu Senhor e Mestre (Jo 13.35).
O amor de Deus manifesto
em nós é um distintivo do cristão que o leva a considerar seus semelhantes com
estima, respeito, justiça e compaixão. O amor cristão é uma virtude inspirada e
exemplificada por Cristo. Este amor permeia todo o evangelho (Jo 3.16; Mt
22.34-40; 1 Tm 1.5; Jo 15.12) e é, em resumo, a essência do cristianismo. Ele
deve ser real no viver dos crentes para que sua vida espiritual na família de
Deus — a Igreja (Ef 2.19) — seja abundante, abençoada e harmônica.
III. BONS EXEMPLOS DE
FAMÍLIA
Da Bíblia podemos extrair
bons exemplos de famílias, que devem ser imitados:
1. Noé. Mesmo idoso, com filhos adultos, Noé ainda liderava
sua família e tinha dela o respeito e a submissão sem qualquer dificuldade.
Seus filhos deixaram suas atividades e atenderam o chamado do pai (Gn 7.1-7; Hb
11.7). Como se vê, eles eram casados, cada um com sua vida doméstica
independente, ainda assim, não se recusaram a aceitar os conselhos do pai. O
resultado é que esta obediência redundou na benção pessoal da preservação da
vida de cada um deles e, mais do que isso, foram instrumentos exclusivos de
Deus na preservação da espécie humana. Outrossim, Deus os abençoou na companhia
de seu pai (Gn 9.1).
2. Josué. Em seu último ato público, Josué, como chefe de
família temente a Deus, lançou ao povo um desafio: “Escolhei hoje a quem
sirvais” (Js 24.15). Ele já havia feito sua escolha, por si e por sua família.
Certamente assim procedeu Josué pela fé no Senhor, pois era homem de fé como se
vê em Hebreus 11.30. A afirmação pública de Josué autentica sua convicção de
que, deixando este mundo, sua família sobreviveria estruturada nos princípios
decorrentes dos valores que ele lhes havia passado durante toda a sua vida.
3. Filipe. Nas suas incessantes lides em prol da causa do Mestre,
Paulo não iria se hospedar com pessoas cujas vidas não demonstrassem um elevado
quilate e maturidade espiritual condizente (At 21.8,9). O relato de Atos
espelha a boa estrutura espiritual existente na família de Filipe, resultante
de um investimento espiritual demorado e contínuo. A princípio, como diácono da
igreja em Jerusalém (At 6.5), e mais tarde, como evangelista (At 8.4-40).
Filipe, apesar de sua intensa atividade ministerial, não se descuidou do
exercício sacerdotal no lar. Por isso, teve a grande satisfação de contemplar
suas quatro filhas servindo a Deus, sendo portadoras de dons espirituais.
A Bíblia é clara quando
afirma que sem Cristo nada podemos fazer (Jo 15.15). Isto também é verdade no
relacionamento familiar. O Senhor, sendo o centro do lar em tudo, concederá a
sua bênção no sentido de que cada membro da família dê sua contribuição para
que o relacionamento cristão ideal seja uma realidade no lar, a fim de honrar o
nome do Senhor. A Palavra de Deus é um guia para tudo na nossa vida. É dela que
vamos extrair o padrão de comportamento que cada membro da família deve ter, a
partir da mais tenra infância. Procedendo assim, a vida de cada um de nós se
aproximará bastante do ideal estabelecido por Deus.
“O que é família? A família não é um grupo de
pessoas rivais, alheias aos interesses uma das outras. Em termos de unidade, é
o conjunto de todas as pessoas que vivem sob o mesmo teto, proteção ou
dependência do dono da casa ou chefe, que visam ao bem-estar do lar; enfim, que
se comunicam, se amam, se ajudam. Essa convivência exige o uso e a aplicação de
toda a capacidade de viver em conjunto, a bem do perfeito e contínuo
ajustamento entre seus membros e destes para com Deus. O convívio entre os
familiares indica o grau e o nível da relação com o Pai e determina o curso do
sucesso na família... A despeito da desobediência de Adão e Eva, Deus não mudou
seu plano quanto à instituição da família, pois era o meio lícito e puro para
perpetuar a raça humana em nível de elevada moral. Eles foram castigados por
sua desobediência, mas antes de expulsá-los do Éden, Deus deu-lhes sinal da sua
graça e a promessa de redenção: ‘E fez o Senhor Deus para Adão e para sua
mulher túnicas de peles e os vestiu’ (Gn 3.21). Portanto, logo que o primeiro
casal tombou diante do combate de Satanás, o Criador manifestou a sua bondade
em prol da restauração da paz e da alegria de suas preciosas criaturas.
Deus se interessa pelo
bem estar e pela salvação de sua família, Ele demonstrou que não deseja vê-la
despida das qualidades morais, virtudes de uma sociedade digna do Criador,
próspera e feliz. Cuide de sua família! Lucas, ao encerrar a genealogia de
Jesus, identifica o Mestre com toda a raça humana, dizendo: ‘E o mesmo Jesus
começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e
José de Eli’, e conclui com: ‘E Cainã, de Enos, e Enos, de Sete, e Sete, de
Adão, e Adão, de Deus’ (Lc 3.23-38).
Concluindo, a família foi
criada por Deus para cumprir a sua vontade e habitar com Ele na glória eterna:
‘Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa’ (At 16.31).” (...E
Fez Deus a Família. CPAD, págs. 15,16 e 30).
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