A GUERRA E A VIOLENCIA ÉTICA CRISTÃ
Êxodo 15.3; Números 31.3;
Romanos 13.1-5.
Conceitue,
com a colaboração de seus alunos, a palavra orgulho. Anote, se possível em um
quadro, descrições que sugiram um indivíduo orgulhoso. Em seguida, peça que
cada um faça breve relato de como ele se imagina. Compare com as descrições.
Todos ficarão surpresos. “Nós somos a soma do que pensamos ser, mais aquilo que
os outros pensam de nós”.
Qual
a origem das guerras? Orgulho ferido ou exacerbado talvez. O que desencadeia
uma guerra senão o sentimento de altivez e o conceito exagerado que alguém
possui de si mesmo? Discuta este tema com seus alunos adaptando-o a todos os
níveis de relações, desde o familiar até às grandes guerras mundiais. Converse
francamente com eles sobre o assunto. Nós somos muito mais orgulhosos do que
imaginamos (Tiago 4.1).Embora se busque todo tipo de razões para justificar as
guerras, a Bíblia continua sendo categórica: Não matarás. O espírito belicoso
do homem, alimentado por seu estado pecaminoso de desobediência e separação de
Deus, é o responsável por toda sorte de hostilidades existentes no mundo, que
permeiam todos os núcleos sociais. Como justificar as guerras? O instinto de
sobrevivência faz com que o homem reaja e resista aos ataques promovidos pelo
adversário, seja ele quem for. Por outro lado, a soberba levada às últimas
consequências induz o ser humano a prevalecer contra seu próximo. Apesar de
tudo isso, o princípio divino continua o mesmo. “Amarás ao Senhor teu Deus
sobre todas as coisas e o teu próximo como a ti mesmo”.Para tornar sua aula
dinâmica, tendo em vista a natureza deste tema, a melhor opção é estabelecer um
painel de debate. Como funciona? Escolha seis alunos dentre os mais desinibidos
da classe. Estes alunos constituirão dois grupos de painelistas, que estarão
frente a frente, discutindo diferentes pontos de vista acerca do tema. É
imprescindível que haja um moderador para controlar e manter o ritmo da
discussão. Vejamos:
1.
Um dos grupos inicia uma breve exposição do tema.
2.
O outro, também expõe seu ponto de vista a respeito do mesmo assunto.
3.
O moderador lança uma pergunta a ambos os grupos. E, depois, oferece à classe a
oportunidade de fazer perguntas e segue a dinâmica.
Tema
proposto para o debate: O crente pode participar de uma guerra sem contrariar o
sexto mandamento que diz “não matarás”?
Hoje,
na Dispensação da Graça, Cristo nos ordena a amar os próprios inimigos (Mt
5.44). O cristão na condição de autoridade (inclusive como militar) e, nessa
condição, seus deveres e missões legais, inclusive na guerra, suscitam da parte
dos que não conhecem a Palavra de Deus, discussões e opiniões divergentes, pró
e contra. No campo secular, humano e temporal, a mídia e a literatura comuns e
irmanadas não devem ser o guia do cristão, e sim a Palavra de Deus quando
corretamente interpretada. Uma simples lição de Escola Dominical não cobre o
assunto, mas sua abordagem mesmo sucinta, será proveitosa. As dúvidas em
relação a esse ponto passam pela seguinte questão: A participação na guerra,
levará o cristão a contrariar o sexto mandamento que diz “Não matarás”? (Êx
20.13).
I.
A GUERRA NA BÍBLIA
1.
A causa das guerras. A multiplicação do pecado, da iniquidade, da rebeldia e da
desobediência afrontosas para com Deus e suas santas leis propiciam o
desentendimento e o confronto bélico entre os homens. Esse desentendimento se
processa de tal forma que evolui de simples hostilidades a grandes e dolorosos
confrontos, de longa duração e repletos de todo tipo de sofrimento (Tg 4.1; Mc
7.21,22; Gl 5.19,20; Lv 26.25,33; Dt 28.25; Is 48.22 e Sl 120.7). Em Gênesis 6,
vemos os passos que conduzem ao conflito entre nações. Os homens, corrompidos,
multiplicaram-se na face da Terra (Gn 6.1); a maldade se multiplicou
grandemente (Gn 6.5); a Terra encheu-se de violência (Gn 6.11), a ponto de o
Senhor promover o juízo, enviando o Dilúvio. No tempo de Abraão, quatro reis
fizeram guerra contra cinco; e Ló, seu sobrinho, foi levado cativo, o que
obrigou o patriarca a armar-se com seus criados e promover uma expedição
militar contra os agressores (ver Gn 14.1,2; 12-17).
2.
Deus é o Senhor dos Exércitos. Jeová Shallom (“O Senhor é Paz”) é o mesmo Jeová
Sabaote, “O Senhor dos Exércitos” (Êx 12.41 e Sl 46.10); Jeová é “Homem de
Guerra” (Êx 15.3; Is 42.13). É óbvio que não se trata de guerra no sentido
popular, humano, terreno; esta, Deus aborrece (Sl 68.30 e Ap 13.10).
3.
Guerras ordenadas por Deus. Uma infinidade de conflitos bélicos resultaram da
determinação do Todo-Poderoso, de abater os inimigos do seu povo, Israel.
Dentre essas campanhas, destacamos as seguintes: contra os amalequitas (Êx
17.8-16); contra Jericó (Js 6.2ss); contra Ai (Js 8.1ss); contra os filisteus
(1 Sm 7.1-14); contra os amonitas (1 Sm 11.1-11) e contra os cananeus (Js
11.19,20). Eram as chamadas “guerras do Senhor”, de cujo registro se ocupa o
“livro das Guerras do Senhor” (cf. Nm 21.14; Js 10.40,42; Dt 20.16,17).
Examinando-se com cuidado a Bíblia no seu todo, vê-se claramente que aqueles
povos e nações eram manipulados e mobilizados pelo Inimigo no sentido de
impedir que o Messias Redentor da humanidade viesse ao mundo. O mundo contemporâneo,
no século passado em particular, conheceu diversos conflitos armados, como o
provocado pelo ditador alemão, Adolf Hitler, que queria subjugar o mundo (de
1939 a 1945), impondo sua paranóica ideia de conseguir uma “raça pura”,
leia-se: a supremacia germânica sobre todo o planeta, o que levou à morte
milhões de pessoas (destas, mais de 6 milhões foram judeus). Dos seus
inflamados e odientos discursos, destacamos este: “Hoje a Alemanha é nossa;
amanhã, o mundo inteiro”. Nesse caso, a guerra promovida contra o tirano
assassino foi justa. Foi Deus que separou as nações (Dt 32.8), inclusive
através dos oceanos, e só Ele pode reuni-las outra vez.
II.
O POSICIONAMENTO DO CRISTÃO PERANTE A GUERRA
1.
O cristão e a guerra. Não podemos aceitar os argumentos filosóficos de certos
ativistas pelos seguintes motivos:
a)
Violência. Mesmo ordenadas por governos legitimamente constituídos, na guerra,
devido à maldade inerente à natureza humana, há injustiça, traições,
atrocidades, vingança, ganância e perversidade (Rm 12.18,20).
b)
Estado absoluto. Há o perigo de se ver o Estado, ou o Governo como ente
absoluto ou até de idolatrá-lo. A Bíblia diz que devemos examinar tudo, mas
ficar com o bem (1 Ts 5.21); devemos fazer tudo “de todo o coração, como ao
Senhor e não aos homens” (Cl 3.23).
2.
O Seletivismo. Diferente de outras abordagens, o argumento seletivista afirma
que é necessário fazer uma distinção entre “guerras justas” e “guerras
injustas”, e que o cristão deve engajar-se nelas, quando justas, visto que agir
de forma diferente, seria recusar-se a fazer o bem maior, ordenado pelo Senhor
dos Exércitos. Segundo essa linha de pensamento, uma campanha militar, ou seja,
a “guerra justa”, constituir-se-á num esforço válido para evitar que uma nação,
ou mesmo o mundo, fique à mercê de tiranos, como Adolf Hitler.
3.
O posicionamento cristão. Mesmo que o governo legalmente constituído promova
uma “guerra injusta”, dela não podemos participar, por motivo de consciência.
Na Bíblia, encontramos exemplos de desobediência ao poder constituído quando
este age contra os princípios divinos:
a)
Os jovens hebreus na Babilônia. Hananias, Misael e Azarias desobedeceram a
ordem de se curvarem diante da estátua de Nabucodonosor (Dn 3).
b)
Daniel e o decreto real. O filho de Judá, exilado na corrupta Babilônia,
negou-se a cumprir uma lei arbitrária que feria os princípios religiosos e
morais estabelecidos pelo Eterno ao seu povo: o decreto determinava
expressamente que toda e qualquer oração e petição deveriam ser endereçadas ao
rei de Babilônia. Daniel, embora cumpridor de suas obrigações no reino,
recusou-se a obedecer o decreto, e continuou dirigindo suas oração ao Senhor de
Israel.
c)
Os apóstolos e as leis proibitivas. Os apóstolos continuaram a pregar o
Evangelho embora as autoridades da época o proibissem e castigassem a primeira
geração da igreja cristã com açoites e prisão (At 4 e 5).
d)
As parteiras e a lei homicida. Faraó, embora governasse sob a permissão divina,
decretou o extermínio de criancinhas hebraicas (sexo masculino). As parteiras,
porém, não lhe obedeceram e foram abençoadas como está escrito: “As parteiras
temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes,
conservavam os meninos com vida. Então, o rei do Egito chamou as parteiras e
disse-lhes: Por que fizestes isto, que guardastes os meninos com vida? E as
parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebreias são vivas e já têm dado
à luz os filhos antes que a parteira venha a elas. Portanto, Deus fez bem às
parteiras. E o povo aumentou e se fortaleceu muito. E aconteceu que, como as
parteiras temeram a Deus, estabeleceu-lhes casas” (Êx 1.17-21).
4.
O que fazer. Nesse caso, mesmo podendo sofrer as consequências, o cristão não
está moralmente obrigado a participar de uma guerra injusta, conforme defendem
os ativistas (que são irmãos dos terroristas). Por outro lado, há guerras que
podem ser consideradas justas. No Antigo Testamento o Senhor deu ordens aos
israelitas para guerrear e destruir todos os seus inimigos (Js 10.40). Hoje,
podemos entender que é legítima a participação do cristão em guerras; por
exemplo, contra o narcotráfico, contra o crime organizado, ou, ainda, contra
uma potência agressora, dirigida por um governo tirano, fratricida e genocida.
Em
nosso país, por vezes, atendendo compromissos com organismos internacionais,
como a Organização das Nações Unidas (ONU), veem-se contingentes militares
brasileiros embarcarem para o exterior, em missão de paz, podendo até
empreender campanhas contra milícias estrangeiras e rivais. Na guerra contra o tráfico
de drogas, ou contra o “crime organizado”, que se alastra e grassa em nossa
pátria, os militares crentes e autoridades civis são convocados e devem
participar. Assim, em termos bíblicos, não há argumento que proíba a
participação numa guerra, considerada justa e regular.
VOCABULÁRIO
Analogia:
Identidade de relação entre dois termos; semelhança, similitude.
Bélico:
Relativo ou pertencente, ou próprio da guerra.
Capitalista:
Sistema social fundado na influência ou predomínio do capital; regime social em
que os meios de produção constituem propriedade privada e pertencem aos
capitalistas.
Comunismo:
Sistema baseado na propriedade coletiva; sistema social, político e econômico
desenvolvido teoricamente por Karl Marx, e proposto pelos partidos comunistas
como etapa posterior ao socialismo.
Morte
Física: É o término das atividades vitais do ser humano sobre a terra. É vista,
nas Sagradas Escrituras, como a consequência primordial do pecado (Rm 6.23).
Subsídio
Teológico
“Matar
na guerra justa para se defender do agressor (Gn 14.14-15) e o caso de
homicídio acidental (Dt 19.4-5) podem até não ser considerados como
assassinato, e como tal não se enquadram no sexto mandamento do Decálogo. Do
contrário, Deus estaria proibindo e permitindo uma mesma coisa na lei (Êx
17.8-16). Já vimos que o verbo hebraico usado para ‘não matarás’ nunca é usado
na guerra. Um dos nomes de Deus é ‘Senhor’ ou ‘Jeová dos Exércitos’ (1 Sm 17.5)
e ‘Varão de Guerra’ (Êx 15.3 e Is 42.13). O Senhor liderava essas guerras e
dava vitória a seu povo (2 Cr 13.12; 20.17,22).
É
verdade que estamos na Dispensação da Graça e o cristianismo é pacifista. Jesus
disse: ‘Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de
Deus’, Mt 5.9. Mas, como cristãos, somos cidadãos do céu (Fp 3.20) e também da
Terra (Mt 22.21). Temos compromisso com o governo (Rm 13.1-7; 1 Tm 2.2; Tt 3.1
e 1 Pe 2.13-14). Os direitos de César terminam onde começam os de Deus. Quando
as normas bancadas pelo Estado se confrontarem com os princípios cristãos,
nesse caso, a Palavra de Deus prevalece. Ela está acima de qualquer
constituição (Dt 17.18-20 e At 4.19-20). Há guerras justas e injustas, e todo o
mundo tem o direito de defender o que é seu. Nesse caso, o cristão não está
pecando. Da mesma forma, também não peca se recusar ir a uma guerra injusta”.
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