SUBSIDIO JUVENIS ÉTICA NO NAMORO N.8
Gênesis 29.9-20.
9 — Estando ele ainda falando com eles, veio
Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora.
10 — E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, filha
de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe, chegou
Jacó, e revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às ovelhas de
Labão, irmão de sua mãe.
11 — E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz,
e chorou.
12 — E Jacó anunciou a Raquel que era irmão de seu
pai e que era filho de Rebeca. Então, ela correu e o anunciou a seu pai.
13 — E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de
Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o, e
levou-o à sua casa. E contou ele a Labão todas estas coisas.
14 — Então, Labão disse-lhe: Verdadeiramente és tu
o meu osso e a minha carne. E ficou com ele um mês inteiro.
15 — Depois, disse Labão a Jacó: Porque tu és meu
irmão, hás de servir-me de graça? Declara-me qual será o teu salário.
16 — E Labão tinha duas filhas; o nome da mais
velha era Leia, e o nome da menor, Raquel.
17 — Leia, porém, tinha olhos tenros, mas Raquel
era de formoso semblante e formosa à vista.
18 — E Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te
servirei por Raquel, tua filha menor.
19 — Então, disse Labão: Melhor é que eu ta dê do
que a dê a outro varão; fica comigo.
20 — Assim, serviu Jacó sete anos por Raquel; e
foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava.
O
propósito de Deus na vida do seu povo, em regra, é que ninguém esteja só, não
obstante alguns, por escolha própria ou determinação de Deus, não constituirão
uma nova família, como foi o caso do profeta Jeremias (Jr 16.2). Vale dizer
que, mesmo solteiro, é possível ser feliz [aliás, tudo leva a crer que o
profeta Daniel (Dn 1.9), e o apóstolo Paulo (1Co 7.7,8), homens de grande
envergadura espiritual, eram solteiros]. A felicidade de uma pessoa não se
resume ao casamento. Não obstante, o casamento feito no Senhor é uma grande
fonte de alegria (Ec 9.9). Para a construção de um lar sólido e feliz é indispensável
uma boa preparação, o que envolve muitas coisas, mas serão citados, aqui, para
fins didáticos, somente sete passos: esperar no Senhor, escolha certa,
preparação intelectual (profissional), trabalho, namoro, noivado e casamento.
Esses passos não estão elencados cronologicamente, mas todos eles devem ser
dados.
I.
O CAMINHO DO AMOR
1.
Esperar com paciência. Adão foi criado por Deus e ficou sozinho no Éden,
esperando nEle, não se sabe por quanto tempo. Isso não é tão ruim quanto
parece, antes pelo contrário. O fato de se estar só traz benefícios
circunstanciais para o jovem (Lm 3.26-28). Assim, foi excelente para Adão ter
suportado o “jugo” da mocidade. Muitas vezes ele deve ter se sentado sozinho na
relva verde, sem ninguém para conversar, quando tudo em volta era silêncio, e
então pôde refletir sobre a vida e buscar a Deus. Sem Eva, por algum tempo, o
primeiro homem colocou umas coisas importantes em ordem (por exemplo: deu nome
aos animais e cuidou do jardim), bem como, certamente, compreendeu suas
limitações emocionais, pois ficou frente a frente consigo mesmo e também com
Deus, vindo a conhecer melhor o seu Criador.
Posteriormente
o Todo-Poderoso disse não ser bom que o homem estivesse só e, em consequência,
anestesiou a Adão (fê-lo dormir), e retirou uma costela do homem, preenchendo
com carne o lugar e, em seguida, o presenteou com uma formosa mulher,
celebrando na sequência o primeiro casamento.
2.
Fazendo a escolha certa. Quando, enfim, termina a espera, inicia-se a fase do
deslumbramento. O primeiro olhar, aquele que chama a atenção e desestabiliza,
é, em regra, inesquecível (o que não significa necessariamente amor à primeira
vista). Foi o que aconteceu na vida do patriarca Jacó (Gn 29.10,11). Aquele que
tinha esperado em Deus durante tanto tempo (diferentemente de seu irmão Esaú,
que casara fora da vontade de Deus — Gn 26.34,35), teve enorme emoção ao se
encontrar com sua amada. Mas por que ele chorou? Porque Jacó percebera que
Raquel, mais que uma mulher bonita, era também a bênção há tanto tempo
esperada. Ele percebeu que a ponte afetiva entre eles tinha sido construída por
Deus. Não se tratava só de aparência física, mas, sobretudo, de providência
divina. Jacó podia ver que Deus estava naquele negócio.
3.
A conquista. Depois do primeiro olhar, chegou o momento da conquista. A Bíblia
não narra com detalhes todos os fatos. Entretanto deixa claro que Jacó esperou,
ainda, um mês inteiro para agir (Gn 29.14-18). A estratégia, certamente, ele
estava construindo em Deus. O Senhor criou uma circunstância, e Jacó a
aproveitou, seguindo os costumes locais. Como deve acontecer ainda hoje, o
relacionamento precisava ter a bênção do pai da moça. O esforço de Jacó em
trabalhar sete anos por Raquel seria o preço para ter em seus braços aquela que
ele tanto amava. Isso nos mostra que, mesmo Deus aprovando o relacionamento,
não significa que será fácil o caminho até o casamento.
II.
NAMORO E NOIVADO
1.
Contextualização bíblica. a) Namoro. Em toda a história bíblica não se
visualiza o namoro como etapa de algum relacionamento, pelo menos não como
conhecemos atualmente, pois, normalmente os casamentos eram arranjados pelos
próprios pais dos nubentes, alguns logo que os filhos nasciam, envolvendo,
inclusive, pagamento pecuniário (dote) pela mão da noiva (Gn 34.10,11; Jz
14.2). Assim, não havia, em regra, esse contato prévio, haja vista que os pais
desempenhavam esse importante papel no estabelecimento do novo lar. b) Noivado.
Se por um lado na Bíblia não existe a palavra namoro, por outro as ocorrências da
palavra noivado são abundantes, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
sendo este um compromisso muito sério, que inibia, inclusive, o homem de ir à
guerra (Dt 20.7). Caso houvesse fornicação nesse período, o castigo seria o
apedrejamento (Dt 22.22-29). Essa era a situação da qual Maria poderia ser
acusada, ao ter concebido do Espírito Santo, e foi por isso que José intentou
deixá-la secretamente (Mt 1.18,19).
2.
Significados. O namoro corresponde a uma importante fase do relacionamento
humano, que deve ser marcado, sobretudo, por intimidade intelectual e
emocional. Nada mais. Tudo que passar disso, foge do propósito de Deus. É aqui
onde os jovens observam se existe verdadeiro amor no relacionamento, que,
óbvio, precisa ser recíproco e igualmente forte. Vê-se, por exemplo, que Jacó,
somente depois de trinta dias que havia conhecido Raquel, fez uma proposta de
compromisso. Nesse período de “pré-namoro” Jacó estava analisando a sua
pretendente, certamente procurando descobrir seus gostos pelas coisas, seus
projetos, seus ideais de vida etc. Depois disso foi que ele teve coragem de
“pedir a mão dela”. Seu “namoro” estava programado para durar sete anos, porém
as coisas se complicaram muito (Gn 29.21-30).
Por
outro lado, o noivado, fase do relacionamento humano tão relevante quanto o
namoro, caracteriza-se por intimidade intelectual, emocional, mas também
econômica. Nesse momento da vida dos nubentes, os preparativos para o casamento
já ficam mais concretos. Começam os planejamentos para as compras essenciais do
novo lar. A intimidade, nesse momento, não deve avançar além daquilo que é a
vontade de Deus, para que não se percam as bênçãos decorrentes de um
relacionamento centrado nEle (1Ts 4.3). Nada de intimidades físicas.
O
namoro e o noivado são fases da vida que são decididas pelos próprios jovens,
ou é o Senhor quem prepara esses encontros?
Os
encontros significativos na vida do crente fiel são promovidos pelo Senhor (Pv
19.14), como aqueles que aconteceram entre Isaque e Receba, e Jacó e Raquel.
III.
CASAMENTO
1.
Significado. Depois de aguardar um tempo bastante longo, Jacó casou-se com
Raquel (Gn 29.30). Ele soube aguardar a chegada do tempo de Deus. Agora, enfim,
a intimidade física seria o ponto alto, pois eles se tornariam uma só carne.
2.
Meios de subsistência. O casamento pressupõe a existência de um caminho marcado
pelo amor, que perpassa pelo namoro e noivado. Porém, antes de casar, os
nubentes precisam garantir os meios de subsistência (trabalho) e, para tanto,
necessitam de preparação intelectual. O emprego deve, sempre, anteceder ao
casamento, pois ninguém deve casar e ser sustentado pelos pais. Deus, antes de
fazer o casamento de Adão e Eva, deu ao marido uma “casa” (Gn 2.8) e um emprego
(Gn 2.15). Ademais, está escrito: “Com a sabedoria se edifica a casa, e com a
inteligência ela se firma; e pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas
as substâncias preciosas e deleitáveis” (Pv 24.3,4). Assim, a preparação
intelectual fornece conhecimento (ciência), que propicia os meios para a subsistência
material da família.
3.
Solteiro, mas feliz. Há alguns, como Jacó, que esperaram muito tempo, e Deus
lhes providenciou um casamento. Outros, porém, igualmente fiéis ao Senhor,
ficaram sem se casar, como foi o caso de Jeremias (Jr 16.2). Por que isso
acontece? A resposta: soberania divina. Não devemos questionar os porquês dos
propósitos divinos, mas, como servos, cabe-nos agradecer ao Senhor pelo dom da
vida e pela sua presença conosco. Afinal, está escrito: “Canta alegremente, ó
estéril que não deste à luz! Exulta de prazer com alegre canto e exclama, tu
que não tiveste dores de parto! Porque mais são os filhos da solitária do que
os filhos da casada, diz o Senhor” (Is 54.1).
A
preparação intelectual é indispensável para, quando chegar o tempo certo, o
Senhor usar o conhecimento adquirido a fim de que, pelo trabalho, a casa se
encha de bens (Pv 24.4).
O
jovem cristão deve entender o tempo de Deus para sua vida. Às vezes, tudo
parece que não vai dar certo. Decepções amorosas, condições materiais
desfavoráveis, incertezas etc., tudo fustiga o jovem que espera em Deus pelo
seu novo lar. O ideal é seguir o conselho bíblico: “Lançando sobre ele toda a
vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7). Um dia, ainda que
demore, a promessa de Deus cumprir-se-á.
ESTANTE
DO PROFESSOR
“Por
causa da forte influência tribal e da unidade do clã na sociedade patriarcal,
os pais consideravam seu dever e prerrogativa assegurar esposas para seus
filhos (Gn 24.3; 38.6). Normalmente, a noiva em perspectiva, assim como o
noivo, simplesmente concordava com os arranjos feitos de acordo com os
interesses da família e da lealdade à tribo. [...] O casamento com mulheres
estrangeiras era desaconselhado (Gn 24.3; 26.34,35; 27.46; 28.8) e mais tarde foi
totalmente proibido (Êx 34.16; Dt 7.3; Ed 10.2,3,10,11) [...]. Casamentos
mistos eram tolerados apenas no caso dos exilados (por exemplo, José, Gn 41.45;
Moisés, Êx 2.21) e dos reis apenas por razões políticas.
Por
outro lado, havia em Israel a oportunidade para casamentos baseados no namoro.
O jovem podia declarar a sua preferência (Gn 34.4; Jz 14.2). [...] Na época do
Antigo Testamento as mulheres não eram mantidas como reclusas, como nos países
muçulmanos, e podiam sair às ruas com o rosto descoberto (cf. 1Sm 1.13). Elas
cuidavam das ovelhas (Gn 29.6; Êx 2.16), carregavam água (Gn 24.13; 1Sm 9.11),
colhiam nos campos (Rt 2.3) e visitavam outros lares (Gn 34.1). Dessa maneira,
os jovens tinham a liberdade de procurar a futura noiva sozinhos” (Dicionário Bíblico
Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.388).
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