Oséias escreveu no oitavo século a.C. (segundo as datas
dos reinados dos reis mencionados em 1:1), durante a mesma época do trabalho de
Amós (Amós 1:1), Isaías (Isaías 1:1) e Miquéias (Miquéias 1:1). Ele fala sobre
o povo que se achava bom e próspero, mas estavá se apodrecendo por causa da
idolatria, a imoralidade e a injustiça. Destes quatro, Amós e Oséias
profetizaram principalmente para Israel, e Isaías e Miquéias pregaram mais para
Judá.
Oséias viveu nos últimos dias do reino de Israel.
Devido a séculos de pecado, o povo estava chegando ao fim. A infidelidade
espiritual do povo é comparada ao pecado de adultério. Para conhecer mais esse
período da história, leia 2 Reis 14-17 e 2 Crônicas 26-29.
O livro de Oséias, talvez mais do
que qualquer outro livro do Velho Testamento, expõe o coração de Deus. Oséias
vive no próprio casamento o que Deus estava passando em relação a Israel. Os
primeiros três capítulos descrevem a vida de Oséias. Ele se casa, mas a mulher
dele se torna adúltera. Ele sofre com a infidelidade dela, mas ainda mostra a
misericórdia para tomá-la de volta. Assim Deus viu a sua noiva, o povo de
Israel, se envolvendo com "outros deuses", ou seja, cometendo
adultério espiritual. Mesmo depois de tudo que Israel havia feito, Deus teria
graça e misericórdia para reconciliar com esta esposa adúltera e estabelecer
uma nova aliança com ela.
Reproduza o esquema abaixo no quadro
de giz. Utilize-o na introdução do primeiro tópico da lição. O esquema
facilitará a compreensão dos alunos a respeito da estrutura do livro de Oseias.
Explique que os assuntos principais do livro são: a apostasia de Israel; o
grande amor de Deus; o juízo divino e as promessas de restauração. O objetivo
do livro é mostrar quão grande e abnegado é o amor de Deus por seu povo. Escritor:
Oseias
Lugar da Escrita: Samaria (Distrito)
Escrita Completada: Depois de 745
AEC
Tempo Abrangido: Antes de 804-depois
de 745 AEC
O livro de Oseias é o de número 28
no cânon das Escrituras. Os últimos 12 livros das Escrituras Hebraicas são, em
geral, chamados de “os profetas menores”. A expressão comum na Alemanha, “os
profetas pequenos”, parece ser mais apropriada, pois estes livros não são de
modo algum menores em importância, ainda que a extensão conjunta deles seja
menor do que a de Isaías ou de Jeremias. Na Bíblia hebraica eles eram considerados
um só volume e chamados de “Os Doze”. Terem sido assim agrupados provavelmente
visava a preservação, pois facilmente se poderia perder um rolo pequeno
separado. Como é o caso em todos estes 12 livros, o primeiro deles leva o nome
de seu escritor, Oséias, que é uma forma abreviada de Hoshaiah, que significa
“Salvo por Jah; Jah Tem Salvo”.
No livro que leva seu nome, pouco se
revela sobre Oséias, exceto que era filho de Beeri. As suas profecias dizem
respeito quase que exclusivamente a Israel, sendo Judá mencionado só de
passagem; e, embora Jerusalém não seja mencionada por Oséias, a tribo dominante
de Israel, Efraim, é mencionada nominalmente 37 vezes e a capital de Israel,
Samaria, 6 vezes.
O primeiro versículo do livro
informa-nos de que Oséias serviu como profeta de Deus por um período
incomumente longo, desde fins do reinado do Rei Jeroboão II, de Israel, até o
reinado de Ezequias, de Judá. Isto foi pelo menos desde 804 AEC até depois de
745 AEC, no mínimo 59 anos. Seu tempo de serviço profético se estendeu, sem
dúvida, por alguns anos durante os reinados de Jeroboão II e Ezequias. Durante
esse tempo, Amós, Isaías, Miquéias e Odede eram outros profetas fiéis de
Yehowah. — Amós 1:1; Isa. 1:1; Miq. 1:1; 2 Crô. 28:9.
A autenticidade da profecia é
confirmada por ser ela citada muitas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. O
próprio Jesus citou Oséias 10:8 ao pronunciar julgamento contra Jerusalém:
“Então principiarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós!’, e às colinas:
‘Cobri-nos!’” (Luc. 23:30) Esta mesma passagem é parcialmente citada em
Apocalipse 6:16. Mateus cita Oséias 11:1, mostrando o cumprimento da profecia:
“Do Egito chamei o meu filho.” (Mat. 2:15) A profecia de Oséias sobre a
restauração de todo o Israel se cumpriu quando muitos do reino das dez tribos
se uniram a Judá antes de seu cativeiro e seus descendentes estavam entre os
que retornaram depois do exílio. (Osé. 1:11; 2 Crô. 11:13-17; 30:6-12, 18, 25;
Esd 2:70) Desde o tempo de Esdras, o livro tem ocupado o seu devido lugar no
cânon hebraico como a “palavra de Yehowah por meio de Oséias”. — Osé. 1:2.
Por que enviou Yehowah a Oséias como
seu profeta para Israel? Por causa da infidelidade e da contaminação com a
adoração de Baal por parte de Israel, em violação do pacto de Yehowah. Na Terra
Prometida, Israel se tornara um povo agrícola, mas, com isso, adotou não só o
modo de vida dos cananeus mas também a religião deles, que incluía a adoração
de Baal, um deus símbolo das forças reprodutivas da natureza. Nos dias de
Oséias, Israel se havia desviado completamente da adoração de Yehowah para
cerimônias tumultuosas, com bebedices, que incluíam relações imorais com
prostitutas de templo. Israel atribuía a sua prosperidade a Baal. Mostrou-se
desleal a Yehowah, indigno dele e, assim, tinha de ser disciplinado. Yehowah
havia de mostrar-lhe que os seus bens materiais não se originavam de Baal, de
modo que ele enviou Oséias para avisar a Israel sobre o que significaria não se
arrependerem. Depois da morte de Jeroboão II, Israel enfrentou o seu mais
terrível período. Um reinado de terror, com diversos governantes sendo
assassinados, continuou até o cativeiro assírio, em 740 AEC. Durante esse
tempo, duas facções lutavam entre si, uma delas desejando formar aliança com o
Egito, e a outra, com a Assíria. Nenhum dos grupos confiava em Yehowah.
O estilo de escrita de Oséias é
revelador. Não raro é terno e sensível na sua fraseologia e repetidas vezes
frisa a benevolência e a misericórdia de Yehowah. Ele se delonga em qualquer
pequeno sinal de arrependimento que observa. A sua linguagem é, em outros
momentos, abrupta e impulsiva. Sua falta de cadência é compensada em força e
poder. Expressa profundo sentimento e muda de pensamento com rapidez.
No início de sua carreira profética,
Oséias recebeu a ordem de tomar “uma esposa de fornicação”. (1:2) Yehowah por
certo tinha um propósito com isso. Israel havia sido para Yehowah como esposa
que se tornara infiel, praticando fornicação. Todavia, ele mostraria seu amor
por ela e procuraria restaurá-la. A esposa de Oséias, Gômer, podia ilustrar
isso com exatidão. Entende-se que, depois do nascimento do primeiro filho, ela
se tornou infiel e, pelo que parece, deu à luz os outros filhos em adultério.
(2:5-7) Isto é indicado pelo registro dizer que ela “lhe deu [a Oséias] um
filho”, mas omite qualquer referência ao profeta em relação ao nascimento dos
outros dois filhos. (1:3, 6, 8) O capítulo 3, versículos 1-3, parece falar de
Oséias receber de volta a Gômer, comprando-a como se fosse escrava, e isto se
enquadra com Yehowah receber de volta a seu povo depois de este se arrepender
do seu proceder adúltero.
O reino setentrional de Israel, das
dez tribos, a quem principalmente se dirigem as palavras da profecia de Oséias,
era também conhecido por Efraim, que era o nome da tribo dominante no reino.
Estes nomes, Israel e Efraim, são usados alternadamente no livro.
O ESBOÇO DO LIVRO DE OSEIAS
Esposa do profeta
Oseias.......................................................................(Os
1 — 3).
O povo de Oseias.....................................................................................(Os
4 — 14).
Mensagem de
julgamento......................................................................(Os
4 — 10).
Mensagem de
Amor................................................................................(Os
11 — 14).
AUTOR E
DATA
Oséias era
profeta de Israel, filho de Beeri (1.1), viveu durante a “era de ouro” do
reinado de Jeroboão II e segundo uma tradição cristã, pertencia à tribo de
Issacar. O nome “Oséias” era comum nos tempos do Antigo Testamento e significa
“ajuda” ou “livramento”. O nome é derivado da palavra hebraica que significa
“salvação”. “Jesus” ou “Yeshua” é uma forma desse nome (Mt 1.21).
O seu livro sugere
em muitas particularidades, que Oséias era natural do Reino do Norte/Israel.
Foi contemporâneo de Isaías, Amós e Miquéias. Seu ministério começou durante o
ministério de Amós ou talvez pouco depois. Sendo natural do Norte, conhecia as
más condições existentes em Israel, isso deu peso especial a sua mensagem.
Oséias foi
profeta em Israel durante o século VIII a.C., e com a possível exceção de
Jonas, foi o único profeta escritor do Reino do Norte.
A prostituição
de Israel e a quebra da aliança “conjugal” com Deus, aliadas as ameaças da
ofensiva assíria, levaram Oséias a profetizar. Ele deve ter começado seu
ministério pouco depois da morte do rei Jeroboão II (753 a.C.). Sua missão no
Reino do Norte, provavelmente terminou quando Salmaneser V da Assíria invadiu
Israel, saqueou Samaria e deportou mais de 27 mil israelitas para a Mesopotâmia
(722 a.C.; conf. 2Rs 17.1-34). É provável que a mensagem de Oséias tenha sido
escrita entre a data em que o rei Menaém pagou tributo a Tiglate-Pileser III da
Assíria em 739 a.C. (5.13; 8.9; 12.1) e a queda de Samaria em 722 a.C., já que
Oséias não menciona este acontecimento. Se Oséias está fazendo alusão ao
conflito siro-eframita de 735-734 a.C., nas passagens de 5.8 a 6.6, isso pode
ajudar a especificar a data da composição do livro.
Deus mandou
Oséias se casar com uma prostituta chamada Gômer, filha de Diblaim. Oséias foi
pai de três filhos da infidelidade de Gômer – Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. As
circunstancias do casamento de Oséias são essenciais para seu ministério
profético, já que o comportamento de sua esposa simbolizava o adultério de
Israel e a quebra da aliança com Javé.
O livro de
Oséias é o primeiro da coleção de obras proféticas mais curtas, denominada “Os
Doze” na Bíblia hebraica. Atualmente os doze livros são chamados de Profetas
Menores. Estes livros estão em ordem quase cronológica, das quais Oséias, Amós,
Jonas e Miquéias situam-se no começo do Período Neo-Assírio (meados e final do
século VIII a.C.). Naum, Habacuque, Sofonias e Obadias são datados do período
neobabilônico (final do século VII a.C.). Os outros, Joel, Ageu, Zacarias e
Malaquias, são considerados profetas do Período Persa (500 a.C.).
ESFERA DE AÇÃO
Os
acontecimentos históricos a que se refere o livro de Oséias cobrem um período de
mais ou menos 60 anos.
CONTEXTO DA
ÉPOCA
O reinado de
Jeroboão II é considerado, muitas vezes como a era de ouro do Reino do Norte. A
base para o renascimento político e econômico da nação foi lançada pelo pai de
Jeroboão, Jeoás. Antes Jeoás havia liderado três campanhas militares
bem-sucedidas contra os sírios ou arameus (2Rs 13.25), libertando Israel da
vergonha e opressão do domínio estrangeiro.
Jeroboão II deu
continuidade à política de expansão militar, quase restabelecendo todos os
limites territoriais de Israel no sentido Leste e Norte da era de Davi e
Salomão (2Rs 14.25,28). A perícia militar e a estabilidade econômica produzidas
sob a liderança capaz de Jeroboão deram origem à classe de comerciantes ricos
em Israel. A riqueza da monarquia de Jeroboão era demonstrada pelo esplendor
arquitetônico, luxo e fartura agrícola.
Mas a
prosperidade econômica e a segurança política que a nação experimentou durante
o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C.), foram seguidas de um período de caos
político e social e de declínio religioso sob os seis reis seguintes que
reinaram por um período total de vinte e cinco anos (2Rs 15.8 – 17.41). Quatro
desses reis foram assassinados por aqueles que usurparam seus tronos (Zacarias,
Salum, Pecaías e Peca); o rei Oséias tornou-se prisioneiro político (2Rs
17.3-4); apenas Menaém foi sucedido por seu filho (2Rs 15.23).
A Assíria
expandia-se em direção a oeste, e Menaém aceitou essa potencia mundial como seu
senhor feudal pagando-lhe tributo (2Rs 15.19,20), mas pouco depois em 733 a.C.,
Israel foi desmembrado pela Assíria por causa da intriga de Peca, que usurpou o
trono de Israel assassinando Pecaías, filho e sucessor de Menaém. Somente os
territórios de Efraim e de Manasses ocidental sobraram para o rei de Israel.
Depois por causa da deslealdade do rei Oséias (sucessor de Peca), Samaria foi
conquistada, e seu habitantes exilados em 722-721, causando assim o fim do
Reino do Norte.
COMPOSIÇÃO DO
LIVRO
As referencias
a Judá são consideradas “intrusas” na mensagem de Oséias, pois ele era um
profeta no Reino do Norte, Israel. No entanto outros profetas pré-exílicos como
Amós e Isaías também mencionam Israel, mesmo pertencendo a Judá (Am 2.4-8; Is
5.7; 48.1). A eliminação dos versículos sobre Judá prejudicaria a compreensão das
passagens no contexto mais amplo. Também danificaria o paralelismo da parelha
poética de Judá/Efraim ou Israel. Além disso, a maioria das citações descreve
Judá de forma desfavorável e não condiz com a idéia de que esses versículos
foram acréscimos posteriores de um organizador “pró-Judá”, cujo propósito
incluía enaltecer a posição de Judá em relação a Israel.
CARACTERÍSTICAS
LITERÁRIAS
O livro de
Oséias não foi escrito para contar a história de Oséias, mas para falar sobre
Deus e seu relacionamento com o povo da aliança, Israel. Deus enfatiza sua
singularidade e soberania (12.19; 13.4). Por causa de sua santidade peculiar
(11.9), adorá-lo é a única resposta apropriada (3.5) e ele não tolera
exigências rivais. Como soberano tudo está sob seu governo, seja a fertilidade
(2.8), a história de Israel (5.14-15) ou as nações (10.10).
A narrativa do
relacionamento conjugal de Oséias com a prostituta Gômer nos capítulos 1 – 3
contem biografia e autobiografia. Estes capítulos servem de prefácio às
profecias dos capítulos 4 – 14. A história do casamento é disposta no padrão
literário conhecido tecnicamente por palístrofe. Essa estrutura equilibra
assuntos teológicos importantes voltados a um ensinamento ou idéia fundamental.
A falta de conhecimento de Deus por parte de Israel é a “junta” desta
construção literária.
As profecias
dos capítulos 4 – 14 constituem a extensão biográfica do casamento de Oséias,
no sentido de que a união com a prostituta infiel, Gômer, espelhava o
relacionamento da aliança de Deus fiel com o Israel desleal. Essa parte de
Oséias foi considerada a mais poética de todas as escrituras proféticas. O
estilo literário é uma mistura de prosa e poesia chamada “prosa oracular”,
característica dos profetas hebreus.
O esboço de
quatro pontos, característico dos profetas escritores pré-exílicos, contém
oráculos e fornece a estrutura básica da mensagem do livro:
1. Acusação, incluindo denuncias específicas de
violação à aliança (4.1-11).
2. Julgamento, incluindo destruição e exílio (5.10-8 14).
3. Instrução, incluindo convite ao arrependimento
(6.1-3).
4. Conseqüências, incluindo a promessa de restauração
dos justos (14.1-8)
A
linguagem do texto de Oséias origina-se do tema da violação da aliança
refletida na ação de Deus contra Israel. A terminologia legal é abundante nas
profecias, à medida que Jeová apresenta sua causa contra a nação. Outros
aspectos literários peculiares do livro incluem “Israel” e “Efraim” como
parelha poética sinônima ou par de palavras referente ao Reino do Norte
(4.16-17; 5.3) e o conhecimento do profeta do vocabulário relativo à aliança,
por exemplo: voltemos (6.1), conheçamos (6.3), redimi-los (7.13), quebraram,
aliança e Lei (8.1), amei (11.1) e acusação (12.2).
A
MENSAGEM DE OSÉIAS
A
primeira parte do livro, do capítulo de 1 ao 3, narra a vida familiar de
Oséias, como símbolo para transmitir a mensagem que o profeta recebera do
Senhor para o povo. Deus ordenou a Oséias que se casasse com uma adúltera,
Gômer, e cada um de seus filhos recebeu nome simbólico que representava parte
da mensagem ameaçadora.
O capítulo 2,
alterna entre o relacionamento de Oséias com Gômer e a representação simbólica
do relacionamento de Deus com Israel. Os filhos recebem ordens de expulsar de
casa a mãe infiel; mas a intenção era reformá-la, não livrar-se dela. Deus
ordena que o profeta continue marido, e ele a aceita de volta, mantendo-a em
isolamento por algum tempo (cap. 3). Este caso representa de modo pitoresco o
relacionamento entre o Senhor e os israelitas que tinham sido desleais a Ele ao
adorarem as deidades cananéias como fonte de fartura. O Senhor, porém,
continuava amando o povo da aliança e ansiava recebê-los de volta como Oséias
recebera sua esposa. Essa volta é relatada numa linguagem figurada que relembra
o êxodo do Egito e o estabelecimento de Canaã (1.12; 2.14-23; 3.5; 11.10;
14.4-7).
A
segunda parte do livro dos capítulos 4 a 14, oferece os pormenores do envolvimento
de Israel na religião de Canaã. Assim como os demais livros proféticos, Oséias
transmite um convite ao arrependimento. Israel para não ser destruído, devia
abandonar os ídolos e voltar-se para o Senhor (cap. 6 e 14).
Oséias
percebeu que o problema básico de Israel era não reconhecer devidamente a Deus
(4.6; 13.4). O relacionamento entre Deus e Israel era de amor (2.19; 4.1; 6.6;
10.12; 12.6). A intimidade pactual entre Deus e Israel, ilustra a primeira
parte do livro pelo relacionamento conjugal, é mais tarde ampliada da relação
pai – filho (11.1-4). A deslealdade para com Deus significava adultério
espiritual (4.13,14; 5.4; 9.1). Israel volta-se para o culto a Baal e oferecera
sacrifícios nos altos pagãos, o que significava intimidade com as prostitutas
cultuais dos santuários (4.14), bem como adoração do bezerro de Samaria (8.5;
10.5-6; 13.2).
Outro
importante tema do livro centraliza-se no significado de “conhecer” o Senhor
(2.20; 4.1; 5.4; 6.3,6; 13.4). Parece tratar de um termo técnico para a intimidade,
lealdade e obediência. O livro ensina que o verdadeiro conhecimento de Deus não
se resume em possuir informações corretas a respeito dele, mas inclui a
intimidade típica do casamento e da vida em família, intimidade que se
evidencia na adoração, no estilo de vida e na lealdade ao Senhor Deus da
aliança. Oséias também adverte que o pecado pode iludir o povo, levado-o a
pensar que conhece e compreende a Deus, quando na verdade, estão muito distante
dele (8.2)
Uma
polêmica contra o sincretismo religioso também difunde-se pelo livro (2.2-13;
4.10-19; 5.4; 9.1-10). Repetidas vezes Oséias aponta para o pecado do Reino do
Norte de tentar unir a adoração ao Senhor Deus com a religião Cananéia e sua
deificação do sexo e da natureza.
Para
o profeta, a prostituição de Israel tinha duplo sentido. Além de estar
cometendo adultério espiritual contra Deus ao buscar a Baal (7.16) o povo
também se prostituía nos atos sexuais associados aos ritos dos cultos de
fertilidade dos cananeus (4.13-15). Sem saber se podia confiar em Deus para
obter chuva necessária para a vida na Palestina, Israel decidiu misturar
javismo e baalismo em uma religião sincretista, mas isso fracassou.
Ironicamente a sentença divina sobre a nação atingiu o que eram mais sagrados
para o culto a Baal: fartura agrícola (8.7-10), prosperidade material (9.1-4);
vitalidade sexual e fertilidade (9.10-17), templos altares e ídolos (10.1-6) e
poder militar (10.9-15).
A
impossibilidade de união entre Deus e o pecado adverte a igreja a permanecer
fiel mesmo em meio a uma cultura que encoraja o compromisso e a aceitação de
princípios e crenças incompatíveis com a doutrina bíblica. Além disso, a
descrição realista de Oséias sobre o pecado lembra os crentes da natureza e das
conseqüências do pecado humano que incorre em julgamento divino (9.9; 13.12);
causa graves crises na natureza e na sociedade (4.3) e corrompe a personalidade
humana. O povo se torna semelhante aquilo que ama (9.10).
A
mensagem do profeta é intensificada pelo efetivo uso que faz das ilustrações.
As metáforas mais intensas e de maior extensão derivam-se da experiência humana
da intimidade. Oséias retrata o relacionamento entre Deus e seu povo. Em outras
figuras Deus é comparado com a traça e com a podridão (5.12), com a chuva
serôdia (6.3), com um leão (5.14; 11.10; 13.7-8), com um leopardo (13.7), com
uma ursa (13.8) e com um cipreste (14.8).
COMO
INTERPRETAR OS ACONTECIMENTOS NA VIDA DE OSÉIAS
A
questão de como interpretar os acontecimentos pessoais da vida de Oséias, que
fazem um paralelo simbólico à sua mensagem profética, tem deixado perplexos os
estudiosos do livro de Oséias. Os detalhes sobre a vida familiar de Oséias nos
capítulos 1 e 3 devem ser compreendidos como literais ou alegóricos?
-
Há estudiosos que interpretam esses detalhes da vida conjugal de Oséias como
alegóricos, por causa da perplexidade moral que viria a causar a ordem de Deus
para o profeta casar-se com uma prostituta.
-
Existem estudiosos que argumentam que a ordem de Deus no capítulo 2 e versículo
1 se refere ao futuro. Raciocinam que Gômer tenha se tornado uma prostituta
apenas após o nascimento do primeiro filho.
-
Há ainda os que defendem uma leitura literal modificada, argumentando que Gômer
não era uma prostituta comum, mas uma mulher envolvida com a prostituição cultual
dos adoradores de Baal.
De
forma semelhante tem-se questionado sobre os filhos de Oséias. Seus nomes, como
os filhos nascidos de Isaías com a profetisa (Is 8.1-4), tem a intenção de dar
um significado apenas simbólico (Is 7.3; Ez 23). Os nomes dados aos filhos de
Oséias: Jezreel, Lo-Ruama, que significa desfavorecida; Lo-Ami, que significa
vós não sois meu povo. Ilustram propositadamente a mensagem sobre o crescente
descontentamento de Deus com a desobediência de Israel, mas também transmitem a
mensagem de esperança, renovação, amor e restauração.
Um
problema semelhante surge na relação entre o cap. 1, que apresenta um relato na
terceira pessoa sobre o casamento de Oséias com Gômer e o nascimento de seus
filhos, e o cap. 3 que apresenta um relato na primeira pessoa das instruções de
Deus a Oséias quanto a amar uma mulher infiel. Embora esses capítulos tenham
sido mais freqüentemente considerados como um relato cronologicamente
sequencial de um único casamento, alguns argumentam que duas mulheres e dois
casamentos diferentes são descritos nesses capítulos. Outros sugerem que os
capítulos não estão em seqüência, mas antes descrevem o mesmo acontecimento.
Por
traz desses pontos de vista diferentes estão dificuldades textuais e da
tradução do texto hebraico. Por exemplo, a expressão “outra vez” em 3.1 se
encontra entre “disse” e “vai” no hebraico, e poderia significar “O Senhor
disse outra vez” ou “O Senhor disse: vai outra vez”. Embora as discussões
continuem o significado profundo do casamento do profeta como um retrato do
relacionamento de Deus com Israel é bastante claro.
SINOPSE
SEÇÃO
I – A apostasia de Israel simbolizada pela experiência do profeta em seu
matrimônio, caps. 1 – 3.
SEÇÃO
II – Discursos proféticos são principalmente descrições da reincidência e da
idolatria do povo, mesclado com ameaças e exortações, cap. 14.
LINGUAGEM
FIGURADA
Usada
para expressar a deplorável condição que se encontrava Israel, como por
exemplo:
- Vale de Acor: uma porta de esperança (2.15).
- Com o povo se mistura: já não é uma nação separada e santa
(7.8).
- Um bolo que não foi virado:
farinha por um lado, expressando fraqueza de coração.
- Estrangeiros que lhe comem a
força: debilitado pelas más companhias (7.9).
- E as cãs se espalharam sobre
ele: velhice prematura e deterioração inconsciente (7.9).
- Como um vaso que ninguém tem
prazer: um vaso inútil ao Senhor (8.8).
- Ele ama a opressão:
falta de honradez nos negócios (12.7).
Filhos do Adultério
Foi então que Gômer deu à luz um bebê. Para
Oséias isso seria uma renovação de esperança. Talvez quando ele segurou aquele
menino nos braços, deve ter raciocinado: "Foi Deus quem o fez. Pois este
garotinho tomará uma mão gorducha e a colocará ao redor do meu peito e com a
outra enlaçará o coração de Gômer e manterá nossas vidas unidas".
"E disse-lhe o SENHOR: Põe-lhe
o nome de Jizreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jizreel sobre a
casa de Jeú, e farei cessar o reino da casa de Israel" (Oséias 1:4).
Na língua hebraica
"Jizreel" significa "se livrar de alguma coisa", deixar
algo de lado. Era também o nome de uma cidade que havia desempenhado um papel
trágico na história de Israel. A terrível apostasia sob o Rei Acabe e a Rainha
Jezabel havia chegado a um desfecho ameaçador, quando a rainha foi atirada de
uma janela do seu palácio e o seu corpo foi devorado por cães, nas ruas de
Jizreel.
Então quando Deus disse a Oséias que
chamasse o seu filho de Jizreel, ele estava tornando o garoto e sua família,
uma lição ilustrativa da relação de Deus com o seu povo. É como se hoje um pai
judeu chamasse o filho de Dachau, ou Bergen-Belsen, nomes dos campos de horror
de Hitler, onde milhões de judeus foram massacrados durante a II Guerra
Mundial. Esses nomes, soando aos ouvidos de um judeu hoje em dia, iriam
arrancar do cemitério das memórias, fantasmas dos dias passados.
Desse modo, Jizreel era um lembrete
a Israel do relacionamento de Deus com o seu povo. Cada vez que Oséias chamasse
o seu filho para brincar, cada vez que o chamasse no mercado, esse nome iria
soar aos ouvidos de um judeu piedoso como uma nefasta lembrança de que no
passado Deus havia sido fiel para lidar com o pecado da nação.
Contudo, apesar do filho pequeno,
Gômer não mudou. "E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha. E Deus
disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque eu não tornarei mais a compadecer-me
da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei" (Oséias 1:6). Este nome significa
"desgraça" ou "sem misericórdia".
Depois que Lo-Ruama foi desmamada,
Gômer gerou uma terceira criança - o segundo filho. Por ordem de Deus este foi
chamado Lo-Ami.
Esses três nomes dos filhos de
Oséias significam duas coisas. Primeiro, eles nos dão um esboço do que iria
acontecer à nação de Israel. Segundo, eles nos dão um relance quanto ao que
iria acontecer com a família do profeta. Pois este terceiro nome Lo-Ami,
significa não meu povo. Mostram que em sua amargura e sofrimento de coração,
Oséias foi dominado por uma suspeita que se tornou uma certeza condenatória de
que essas crianças geradas em seu lar não eram de modo algum seus filhos!
Indo atrás de uma Esposa Infiel
Muito embora Gômer vivesse em adultério,
Oséias não quis divorciar-se dela. O que aconteceu depois pode ser avaliado,
conforme a mensagem de Deus dada por Oséias ao seu povo no Capítulo 2. Parece
que Gômer o abandonou. Quem sabe ela deixou um bilhete pregado na porta,
dizendo-lhe que estaria indo embora para viver sua própria vida, deixando as
crianças com Oséias, e que este não deveria ir atrás dela.
Então podemos visualizar o profeta,
à noite, colocando na cama, seus filhos para dormir. Ele tem de ser pai e mãe
ao mesmo tempo. Ele lhes dá o jantar frugal e escuta suas orações e depois fica
velando até que adormeçam. Mas Oséias continua insone. Muito embora Gômer tenha
abandonado o lar, não abandonou o seu coração.
Provavelmente, quando Gômer
abandonou Oséias, pensou que iria melhorar de vida. "Porque sua mãe se
prostituiu; aquela que os concebeu houve-se torpemente, porque diz: Irei atrás
de meus amantes, que me dão meu pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o
meu óleo e as minhas bebidas" (Oséias 2:5). Talvez ela tivesse sido
iludida por promessas de alimentos exóticos e roupas excitantes. Mas, como
sempre acontece com as pessoas que trilham esse desastroso caminho, que a
princípio parece conduzir às alturas, de repente muda e cai até às profundezas.
Todo esse tempo Oséias ficou
observando a trilha degradante seguida pela esposa. Eventualmente parece que
Gômer caiu nas mãos de um homem incapaz de prover suas necessidades básicas da
vida. Mesmo sem o amor da esposa, Oséias deve ter decidido prover suas
necessidades. Podemos imaginá-lo indo à casa do amante dela, apresentando-se e
dizendo: "O senhor é o homem que está vivendo com Gômer, filha de Diblaim?
O homem responde: "Bem, e se eu for?" Oséias diz: "Sou o marido
dela". O homem fecha o punho e se prepara para a luta. Oséias diz:
"Não, o senhor não entende. Veja, eu amo minha esposa. Amo-a profundamente
e gostaria de saber se o senhor receberia um pouco do meu ouro e da minha prata
para comprar as coisas de que ela precisa".
O homem olha espantado o profeta.
Contudo, ao ver a prata na palma de sua mão, ele pensa: "não existe um
tolo maior do que um velho tolo", e concorda com a proposta do profeta.
Vocês me diriam: "Não é lógico
um homem pagar em sonante prata e ouro pela manutenção de uma mulher que foi
falsa com ele". E concordo plenamente. Mas o caso é que, conforme se vê,
Oséias não está agindo pela lógica. Está agindo por amor! "O coração tem
razões que a própria razão desconhece" (Blaise Pascal). Pois o amor é de
Deus e é infinito. "Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de
Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" (1 João 4:7).
Oséias está desempenhando com Gômer o papel que Deus tem desempenhado com você
e comigo, durante toda a nossa vida.
Vejamos então este libidinoso
crápula, voltando para casa. Seus braços estão cheios de coisas compradas com o
dinheiro de Oséias. Gômer sai da cabana, vê o amante com os braços cheios de
provisões e se atira sobre ele enlaçando-o e agradecendo pelo que ele fez.
Em algum lugar por trás das sombras,
vemos Oséias. Ele tem uma rápida visão de Gômer e esta lhe enche o coração. Ele
vê quando Gômer extravasa o seu afeto pelo sensual amante, agradecendo as
coisas que o amor do marido lhe proveu. Em lágrimas Oséias diz: "Ela,
pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o azeite, e que lhe
multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal" (Oséias 2:8).
Antes de se zangar com uma mulher
como Gômer, gostaria de lembrar-lhe que você e eu temos feito exatamente isso
com Deus. É de Sua mão que recebemos o dom da vida. Dele temos recebido o
alimento para nossas mesas e as vestes para nossos corpos. Contudo, quão
depressa agradecemos a todos e a tudo, exceto a Deus, que no-los deu.
Agradecemos aos amigos, ao governo, agradecemos o nosso vigor físico, a tudo e
a todos, exceto a Deus, de quem provêm as bênçãos.
Redimindo a Rebelde
Em Oséias 2:9-23, Deus anuncia o seu plano de
dupla face, no sentido de ganhar de volta o seu povo. Primeiro ele diz que lhe
trará dureza, privando-o de todos as boas coisas da vida: "Portanto
tornarei a tirar o meu grão a seu tempo e o meu mosto no seu tempo determinado;
e arrebatarei a minha lã e o meu linho, com que cobriam a sua nudez"
(Oséias 2:9).
Em seguida, quando o seu povo cair
na maior miséria, Deus começará a "cortejá-lo" novamente, procurando
ganhar-lhe de volta os corações. "Portanto, eis que eu a atrairei, e a
levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração" (Oséias 2:14). Tanto a
justiça como o amor de Deus, fazem parte do seu plano. Nem a Sua justiça nem o
Seu amor permitir-lhe-ão abandonar o seu povo.
Será que Deus nos ama desse modo? Saltando
das fontes escriturísticas, está a verdade de que Deus nos ama exatamente
assim.
Deus dá ao homem o metal da mina.
Deus dá ao homem as árvores da floresta. Deus dá ao homem a destreza manual. O
homem com a sua destreza derruba a árvore. O homem com a sua destreza extrai o
metal da mina. Depois do metal extraído e da árvore cortada, o homem com a sua
destreza pega essa árvore e faz dela uma cruz. Com sua destreza toma o metal e
o transforma em pregos.
Em seguida, Deus vem na Pessoa de
Jesus Cristo e permite que os homens, com violência cruel, fixem os pregos em
suas mãos. Então Ele morre naquela cruz por amor de cada homem que ali o
colocou, pelas multidões que zombam ao pé da cruz, pelos soldados que cravaram
os pregos em suas mãos. Ele morre ali por eles e por nós, por você e eu, para
que tenhamos os nossos pecados perdoados, a fim de obtermos vida eterna e
possamos ir morar no céu, para todo o sempre.
No Capítulo 3 descobrimos o último
ato deste admirável drama da redenção. Não apenas Gômer caiu nas mãos de um
homem incapaz de prover suas necessidades. Ela agora caiu nas mãos de um homem
que não queria provê-las. Evidentemente, esse homem decide vendê-la como
escrava.
Nos dias em que esta história
aconteceu, a escravidão era institucionalizada. Alguns historiadores contam que
quando uma mulher era oferecida num leilão de escravos, ela era despida de suas
vestes e forçada a permanecer de pé diante da multidão curiosa. Foi
evidentemente para esse lugar que Gômer fora levada e para lá Oséias fora chamado.
Vocês podem imaginar o cochicho da
multidão e o comentário que ia de boca em boca, quando esta viu Oséias. As
pessoas diziam: "Ele veio para observar o que ela merecia. Ele veio para
observar o seu castigo".
Então começa o pregão. Alguém
oferece dez peças de prata, outro oferece doze. E Oséias diz: "dou quinze
peças de prata". Alguém mais diz: "dou quinze peças de prata e um
feixe de cevada". Oséias diz: "dou quinze peças de prata e um feixe e
meio de cevada". Soa o martelo e Oséias se apressa em redimir a esposa.
"E comprei-a para mim por quinze peças de prata, e um ômer, e meio ômer de
cevada" (Oséias 3:2).
Enquanto a conduz para longe da
multidão, o povo deve ter dito: "é um preço alto pago pela vingança. Por
que não apenas deixou que ela fosse vendida como escrava? Por que pagar tanta
prata por uma mulher que usou de falsidade?"
Mas Oséias não comprou sua esposa a
fim de puni-la, mas para redimi-la. "E ele lhe disse: Tu ficarás comigo
muitos dias; não te prostituirás, nem serás de outro homem; assim também eu
esperarei por ti" (Oséias 3:3). O que Oséias está sugerindo é : "o
que você não faria de sua livre vontade, peço-lhe para fazer agora como uma
possessão adquirida".
Isso é o que depreendemos através de
toda a Bíblia. Deus diz que nos ama e porque Ele nos redimiu, pede que O
sirvamos. O apóstolo Pedro disse aos que estavam sob os seus cuidados:
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos
vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo" (1 Pedro 1:18,19-a).
O apóstolo Paulo escrevendo aos
Coríntios, membros de uma igreja culpada de perversão sexual, disse-lhes:
"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo,
e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6:20).
Palavra
Chave
Matrimônio:
União voluntária entre um homem e uma mulher.
A mensagem de Oseias começa a partir
de sua vida pessoal. O seu casamento com Gomer e o difícil relacionamento
familiar ocupam os três primeiros capítulos do livro que leva o seu nome. Deus
tinha uma mensagem para o povo, pois a esposa e os filhos de Oseias, assim como
o abandono e a prostituição dela, e o seu sofrimento e perdão, são sinais e
profecias sobre Israel e Judá ao longo dos séculos.
I. O LIVRO DE OSEIAS
1. Contexto histórico. O ministério
de Oseias deu-se no período da supremacia política e militar da Assíria. Ele
profetizou em Samaria, capital do Reino do Norte, durante os “dias de Uzias,
Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei
de Israel” (1.1). A soma desses anos deve ser reduzida significativamente porque
Jotão foi corregente com seu pai, Uzias, e da mesma forma Ezequias reinou com
Acabe, seu pai (2 Rs 15.5; 18.1,2,9,10,13).
Esses dados fornecidos pelo profeta
nos permitem datar o seu ministério entre 793-753 a.C. Jeroboão II, reinou 41
anos num período de prosperidade econômica, mas também de apostasia
generalizada (2 Rs 14.23-29).
2. Estrutura. A revelação foi
entregue ao profeta pela palavra “dita a Oseias” (1.1a). A segunda declaração:
“O princípio da palavra do Senhor por Oseias” (1.2a), reitera a forma de
comunicação do versículo anterior. Também esclarece que a ordem para Oseias se
casar com “uma mulher de prostituições” aconteceu no começo do seu ministério,
como fica claro na ARA e na TB (1.2b).
O livro pode ser dividido em duas
partes principais. A primeira é uma biografia profética escrita em prosa que
descreve a crise do relacionamento de Oseias com sua esposa infiel, ao mesmo
tempo que compara essa crise conjugal com a infidelidade e a apostasia do seu
povo (1-3). A segunda parte é escrita em forma poética e se constitui de
profecias proferidas durante um longo intervalo de tempo (4-14).
3. Mensagem. O assunto do livro é a
apostasia de Israel e o grande amor de Deus revelado, que compreende
advertência, juízo divino e promessas de restauração futura (8.11-14; 11.1-9;
14.4-9). Mesmo num contexto de decadência moral, o oráculo descreve o amor de
Deus de maneira bela e surpreendente (2.14-16; 6.1-4; 11.1-4; 14.4-8). Seus
oráculos são cheios de metáforas e símbolos dirigidos aos contemporâneos. Sua
mensagem denuncia o pecado do povo e a corrupção das instituições sociais,
políticas e religiosas das dez tribos do norte (5.1). Oseias é citado no Novo
Testamento (1.10; 2.23 cp. Rm 9.25,26; 6.6 cp. Mt 9.13; 12.7; 11.1 cp. Mt
2.15).O livro do profeta Oseias é repleto de metáforas e símbolos. Sua mensagem
denuncia o pecado e a corrupção do povo.
II. O MATRIMÔNIO
1. Etimologia. Os termos “casamento”
e “matrimônio” são equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos, que
indica também “bodas” (Jo 2.1,2) e “leito” conjugal (Hb 13.4). Trata-se de uma
instituição estabelecida pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma
mulher se unem em relação legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel
(Gn 2.20-24; Mt 19.5,6). É no casamento que acontece o processo legítimo de
procriação (Gn 1.27,28), gerando a oportunidade para a felicidade humana e o
companheirismo.
2. Simbolismo. A intimidade, o amor,
a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o
símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2; Ef
5.31-33; Ap 19.7). Essa figura é notada desde o Antigo Testamento.
3. A ordem divina para o casamento
de Oseias. Considerando a santidade do casamento confirmada em toda a Bíblia, a
ordem divina parece contradizer tudo o que as Escrituras falam sobre o
matrimônio. Temos dificuldade em aceitá-la, mas qualquer interpretação contra o
caráter literal do texto é forçada. Quando Jeová deu a ordem, acrescentou:
“porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR” (1.2b). Isso era
literal. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual (Jr 3.1,2;
Tg 4.4), ainda mais quando se trata do culto a Baal, que envolvia a chamada
prostituição sagrada (4.13,14; Jz 8.33).O matrimônio de Oseias com Gomer
simboliza a infidelidade do povo em relação a Deus.
III. A LINGUAGEM DA RECONCILIAÇÃO
1. O casamento restaurado. O amor é
o tema central de Oseias. Com ele, Israel será atraído por Jeová (11.4; Jr
31.3). O deserto foi o lugar do julgamento (2.3) e nele Israel achou graça, tal
qual a noiva perante o noivo (Êx 5.1; Jr 2.2). A expressão “e lhe falarei ao
coração” (2.14) é a linguagem de um esposo falando amorosamente à esposa
(4.13,14; Gn 34.3; Jz 19.3). Nós fomos atraídos e alvejados pelo amor de Deus
(Rm 5.6-8).
2. O vale de Acor e a porta de
esperança. Há aqui uma menção do monumento erguido no vale de Acor, onde Acã
pagou pelos seus crimes e foi executado com toda a sua casa (Js 7.2-26). A
promessa é que esse vale não será mais lembrado como lugar de castigo. Será
transformado em lugar de restauração (Is 65.10), cujas vinhas serão dadas “por
porta de esperança” (2.15).
3. A reconciliação. A sentença de
divórcio (2.2) será anulada: “desposar-te-ei comigo para sempre” (2.19). O
baalismo generalizado (2.13) virá a ser transformado em conversão nacional e
genuína. Todo o povo servirá a Jeová em fidelidade, e cada um voltará a ter
conhecimento do Deus verdadeiro (2.20).A linguagem da reconciliação no livro de
Oseias é apresentada através do amor, tema principal do oráculo divino neste
livro.
IV. O BANIMENTO DA IDOLATRIA EM
ISRAEL
1. Meu marido, e não meu Baal. A
fórmula “naquele dia” (2.6,18,21) é escatológica (Jl 3.18). As expressões “meu
marido” e “meu Baal”, em hebraico ishi e baali, são um jogo de palavras muito
significativo.
a) Significados. A palavra ish
significa “homem, marido” (Gn 2.24; 3.6); e baal, ou baalim, no plural, quer
dizer “dono, marido” (Êx 21.29; 2 Sm 11.26). O termo também é aplicado
metaforicamente a Deus, como marido: “Porque o teu Criador é o teu marido” (Is
54.5). A palavra “baal”, como “dono, proprietário”, aparece 84 vezes no Antigo
Testamento, sendo 15 delas como esposo de uma mulher, portanto “marido”.
b) Divindade dos cananeus. Como nome
da divindade nacional dos fenícios com a qual Israel e Judá estavam envolvidos
naquela época, aparece 58 vezes, sendo 18 delas no plural. Essa palavra se
corrompeu por causa da idolatria e por isso Jeová não será mais chamado de “meu
Baal”, mas de “meu marido” (2.16).
2. O fim do baalismo. Os ídolos
desaparecerão da terra (Jr 10.11). Isso inclui os baalins, cuja memória será
execrada para sempre, uma vez que a palavra profética anuncia o fim definitivo
do baalismo: “os seus nomes não virão mais em memória” (2.17). Apesar de a promessa
divina ser escatológica, esses deuses são hoje repulsa nacional em Israel.O
baalismo foi definitivamente extinguido em Israel. Isso pode ser confirmado até
hoje.O emprego das coisas do dia a dia como ilustração facilita a compreensão
da mensagem divina, e a Bíblia está repleta desses recursos literários. O
casamento é o símbolo perfeito para compreendermos o relacionamento de Deus com
o seu povo, e do Senhor Jesus Cristo com o cristão.
Subsídio Bibliológico
“Livro de Oseias
[...] Quando Oseias iniciou seu
ministério, Israel estava desfrutando o zênite da sua prosperidade e poder sob
o reinado de Jeroboão II. Para entender melhor o livro de Oseias, leia 2 Reis
14.23 a 15.31. Oseias distinguia as dez tribos pelo nome de Israel, ou de
Samaria, sua capital, ou de Efraim, a tribo principal. Oseias não morreu antes
de ver o cumprimento de suas profecias.
O autor: Oseias, 1.1.
A chave: Adultério espiritual, 4.12.
A idolatria com toda espécie de vício, permeava todas as classes sociais.
Oseias por mais ou menos 60 anos condenava do modo mais veemente o procedimento
do povo, qualificando-o de adultério. Continuava seus avisos sem resultados, o
que é um tocante exemplo de perseverança no meio dos maiores desânimos.
As divisões:
I. Israel, a esposa infiel de Deus,
caps. 1 a 3;
II. Israel pecaminoso, 4.1 a 13.8;
III. Israel restaurado, 13.9 a
14.9”.
(BOYER, O. Pequena Enciclopédia
Bíblica. 2 ed., RJ: CPAD, 2008, p.394)
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“Diante de tudo que temos estudado
podemos compreender que o homem tem sido ingrato e rebelde e mesmo assim Deus
trabalha para a redenção humana. Primeiro levantou um povo na antiguidade para
a glória de seu nome: Israel. Esse povo fracassou, mas ainda será restaurado.
Quando Israel fracassou, rejeitando o seu Messias, Deus levantou outro povo, a
Igreja.
É comum encontrar no livro do
profeta Oseias as promessas de bênçãos após as advertências de juízos, isso
revela o grande amor de Deus por seu povo e isso é confirmado no Novo
Testamento pela expressão: ‘Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode
negar-se a si mesmo’ (2 Tm 2.13).
Depois de anunciar o fim da casa de
Israel, ‘farei cessar o reino da casa de Israel’ (1.4), e de afirmar que Israel
não é mais seu povo, ‘porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus’
(1.9), logo em seguida afirma que os filhos de Israel são povo de Deus e também
chama de filhos de Deus. Não há nisso contradição alguma, pois essa promessa é
escatológica, vem depois dos juízos anunciados nesse capítulo, em outros
lugares do livro de Oseias.
Vemos que no Velho Testamento, Jeová
se utilizou da experiência de seu povo para se revelar a si mesmo de maneira
progressiva, culminando com a manifestação de sua plenitude na Pessoa de seu
Filho Jesus Cristo (Cl 2.9). Agora, em Oseias, começa-se a vislumbrar o amor de
Jeová pelo seu povo e por toda a humanidade, amor manifestado no calvário (Jo
3.16)” (SOARES, E. Oseias: A restauração dos filhos de Deus. 1 ed., RJ: CPAD,
2002, p.53).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O primeiro dos profetas menores é
Oseias. Ele foi profeta às 10 tribos do Norte, à nação de Israel já dividida.
Notemos que por ocasião de seu ministério, Israel experimentou o exílio pelos
assírios. Antes de Oseias falecer, Samaria, a capital da nação do Norte, caiu,
cumprindo o que Oseias havia predito. Profetas como Amós, Isaías e Miqueias
foram contemporâneos de Oseias, sendo que o primeiro profetizou para o Reino do
Norte, ao passo que os dois últimos profetizaram no reino do Sul.
O nome Oseias significa Salvação.
Esse nome difere de Josué e de Jesus, pois eles significam “Jeová é Salvação”.
Ele também é tido como “o mais gentil dos profetas do Antigo Testamento” (Guia
do Leitor da Bíblia, CPAD, pág.523). Ao longo de seu livro, Oseias é
apresentado como um homem casado com uma mulher infiel. De forma sintética e
didática, podemos dividir o livro de Oseias em duas grandes partes. Nos
capítulos 1 a 3, Oseias se casa com Gomer e tem três filhos com ela. Mas Gomer
abandona o marido e vai buscar o amor de outros homens. Oseias recebe de volta
sua esposa adúltera, comprando-a de volta em um mercado de escravos! Já nos
capítulos 4 a 14, vemos a tristeza de Deus para com Israel, e a advertência de
Oseias para com a nação: eles seriam levados para a Assíria cativos. Apesar de
tudo, da mesma forma que Oseias recebe de volta sua esposa infiel, demonstrando
amor e misericórdia, Deus receberá de volta a Israel, um povo desta vez
amadurecido pela adversidade e pelo reconhecimento de que só o Senhor é Deus.
E certo que Gomer pagou um alto
preço por ser infiel a Oseias. De uma mulher honrada passou a ser adúltera, e
depois, escrava, tendo sido resgatada por aquele a quem ela desprezou. Da mesma
forma que Gomer, Israel abandonou ao Senhor, que lhe deu um nome e o
transformou de um bando de escravos dos egípcios em uma nação forte e
reconhecida no cenário internacional. Apesar de tudo o que Deus fez por eles,
os israelitas não valorizaram sua posição e se deixaram levar pela adoração a
outros deuses, sendo, portanto, punidos pelos seus pecados.
Oseias apresenta uma profecia que se
cumpriu na pessoa de Jesus Cristo: “Do Egito chamei a meu filho” (Os 11.1), uma
referência ao retorno de José e Maria com o menino Jesus para Israel, após a
morte daqueles que queriam matar o Senhor quando Ele era ainda uma criança
indefesa e totalmente dependente de seus pais. Esses dois eventos ocorreram
séculos depois.
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PAZ DO SENHOR
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