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sábado, 2 de setembro de 2017

Subsidio (2) conectar peregrinação de Israel no deserto n.11




I. O monte Serbal no wadi Feiran foi uma suposição até a época de Eusébio. Mas a área não tem espaço suficiente para abrigar o acampamento de um grande número de pessoas (6.000.000?).
2. Jebel Musa (a montanha de Moisés) tem sido a suposição mais popular, que data das declarações de monges bizantinos feitas no século IV d. C. Este monte localiza-se próximo ao Monastério de Santa Catarina. Não há, contudo, nenhuma evidência que dê apoio a tal suposição. Jebel Musa faz parte de uma pequena crista que se estende por cerca de 3 km. Ela tem dois picos altos, um chamado Ras es-Safsaf(cerca de 2 mil m de altura) e outro chamado Jebel Musa (cerca de 2,5 mil m).
3. Jebel Musa é rejeitado por alguns, que afirmam que próximo a esse lugar ficavam as mi nas de cobre e turquesa do Egito e não é provável que Israel tenha chegado perto desse local. Assim, eles apontam para Jebel Helal, um pico de cerca de 700 m que se situa aproximadamente 45 km ao sul de El'Arish.
4. O candidato mais recente para a identificação do monte Sinai é o monte Seir, no sul da Palestina, próximo a Mídia. A atividade vulcânica dessa montanha poderia explicar os acontecimentos que se deram durante a entrega da Lei. Logicamente, a teofania não precisa de vulcões para sua atividade, e esse é o único aspecto em favor dessa identificação,

IV. Depósito de Manuscritos Bíblicos

O mosteiro de Santa Catarina no monte Sinai tem a maior coleção de manuscritos bíblicos do mundo. O manuscrito denominado Aleph, ou Codex Sinaiticus, foi descoberto lá em 1844 e tornou-se um dos mais valiosos do mundo, tanto do Antigo como do Novo Testamento.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 223-224.

SINAI, MONTE (significado incerto, embora lamacento, argiloso, brilhante tenham sido sugeridos; também LXX ). O nome da montanha sagrada perante a qual Israel acampou e sobre a qual Moisés se comunicava com Yahweh. Na Bíblia, o nome ocorre exclusivamente no Pentateuco.

1. Identificações sugeridas.

 A identificação exata desta montanha é incerta. Alguma evidência tem sido deduzida em apoio à identificação do Monte Sinai com um monte em uma cadeia de montanhas nas vizinhanças de Cades-Baméia. Em algumas referências bíblicas o Monte Sinai é mencionado em forte relação com Seir, Edom, Parã e Temã (Dt 33.2; Jz 5.4,5; Hc 3.3). Todos esses lugares estão nas vizinhanças de Cades-Baméia e sugerem que o Monte Sinai pode estar localizado ali também. O fato de Moisés ter pedido o Faraó que permitisse a Israel uma viagem de três dias deserto a dentro, está mais para Cades-Baméia como o destino intencionado do que a localização do Monte Sinai no sul da península do Sinai (Êx 3.18; 5.3; 8.27). Contudo, esta localização para o monte dificilmente permitiria que a viagem do Egito fosse feita em três dias. Existe também o fato de que Refidim está associado a Meribá e ambos estão associados ao Monte Horebe (Ex 17.1-7). Meribá está localizado na área de Cades-Baméia em Números 20.2-13 e é notório que ali existem várias fontes. Todavia, pode ser observado que Meribá, de rib, significa “lutar”, “contender”, “achar falha ou culpa”, provavelmente deve ser compreendido como se referindo a um evento (que aconteceu em mais de uma ocasião e em mais de uma localidade), em vez de uma geográfica em particular.

O fato de Deuteronômio 1.2 relatar uma viagem de onze dias, de Cades a Horebe, parece ir contra a identificação do Monte Sinai como um monte nas vizinhanças de Cades também. A reconstrução da rota do êxodo toma-se impossível, se for presumida esta identificação.
Alguns estudiosos, nos sécs. 19 e 20, tentaram localizar o Sinai no noroeste da Arábia, na antiga terra de Midiã. Uma razão apresentada para isto é que, quando Moisés fugiu do Egito ele casou-se em uma família midianita. Isto, por si só, porém, não necessitaria de um regresso ao território midianita após o êxodo, embora pudesse ser mais conveniente. Além disso, há o fato de que a tribo na qual Moisés se casou, os queneus, era provavelmente de ferreiros nómades (veja Queneus) e podiam ser achados no local tradicional do Sinai com suas minas. Argumenta-se também que a descrição dos eventos na montanha com seus “trovões e relâmpagos e uma espessa nuvem... e mui forte clangor de trombeta... e sua fumaça...” (Ex 19.16), pressupõe uma montanha que experimentava atividade vulcânica. As montanhas mais próximas, conhecidas por terem atividade vulcânica nos tempos antigos, localizam-se na Arábia, ao sul da cabeceira do golfo de Acaba. A linguagem descritiva pode igualmente ser derivada dos fenómenos climáticos. Alternativamente, mesmo que a própria linguagem tenha sido tirada dos fenómenos vulcânicos, isto realmente não implicaria em atividade vulcânica no Monte Sinai.
Outra sugestão feita especialmente durante o séc. 19 é de que o Monte Sinai deveria ser identificado com Jebel Serbal (c. 2.050 m). Jebel Serbal está localizado a certa distância a oeste do Sinai tradicional pelo Wadi Feiran. Significativamente, a cidade de Farã (Feiran) foi a sede de um bispado nos 4- e 52 sécs. e, no tempo de Justiniano, monges ortodoxos mudaram de Jebel Serbal para o local tradicional do Sinai (Ptolomeu, V. xvii. 3). O livro
Pilgrimage ofSylvia, editado em 1887, descrevendo a viagem de Silvia de Aquitaine entre 385 d.C. e 388, parece apresentar esta identificação como possível. O relato declara que o “monte de Deus” estava a 35 milhas romanas (c. 51 Km) de Parã. Esta é a distância real do oásis de Feiran até o Sinai tradicional. Também não há deserto aos pés de Jebel Serbal que se ajustaria na descrição dada da planície do acampamento, no Pentateuco.

2. A identificação tradicional. 

Desde o séc. 4-, a tradição cristã mais ou menos contínua tem sido de que o Monte Sinai é representado por aquilo que é atualmente chamado de Jebel Musa (montanha de Moisés). Está localizado nas altas montanhas do topo sul da península do Sinai. Várias lendas e tradições estão associadas ao local e algumas capelas e santuários foram construídos nessa área. Conta-se que Catarina de Alexandria foi levada por anjos, depois de seu martírio, ao topo da montanha que agora tem o seu nome (c. 2.600 m). Esta história data do séc. 42. O cume do Jebel Katarin está a mais ou menos 4 km a sudoeste de Jebel Musa. Por volta do séc. 42, comunidades de monges haviam se isolado na região e sofreram diversos massacres nas mãos dos sarracenos. Anonimo de Canopus, no Egito, fez uma peregrinação ao Monte Sinai em 373 d.C., obviamente o alcançando em 18 dias, saindo de Jerusalém. Em 536 d.C., o Monte Sinai, Raithou (na costa do Mar Vermelho) e a Igreja em Feiran são notados por estar sob o presbítero Teonos. No desfiladeiro a noroeste de Jebel Musa, a mãe de Constantino, Helena, construiu uma pequena igreja no séc. 42. O mosteiro atual de Santa Catarina, famoso pelo fato de Tischendorf ter encontrado ali o Códice Aleph, em 1859, foi construído no mesmo local e remonta ao tempo de Justiniano, em 527 d.C.
Ao aproximar-se da região pelo norte, pode-se entrar no vale de esh-Sheikh, a oriente, ou o Vale de er-Raha, a ocidente. O último tem mais ou menos 3,2 km de comprimento e no extremo sul abre-se para uma planície de cerca de 1,6 km de largura aos pés dos penhascos íngremes de Ras es-Safsaf. Ras es-Safsaf é o pico do noroeste (c.
2,000 m), de uma cordilheira que tem Jebel Musa como seu maior pico (c. 2,245 m), 4 km a sudeste. A planície de er-Raha pode ter sido o local do acampamento de Israel (Êx 19.1,2; Nm 33.15).A sudeste de Jebel Musa está o Wadi es-Se-bayeh, com seu vale chegando a 1,6 km de largura e 4 km de comprimento. Este vale é, às vezes, identificado como lugar do acampamento, embora o primeiro seja geralmente preferido. A tradição cristã afirma que o Ras es-Safsaf é o Horebe bíblico e Jebel Musa, o Sinai.

Josefo descreve o Monte Sinai em termos amedrontadores como sendo “...a mais alta de todas as montanhas que estão naquela região, e não é apenas difícil de ser escalada pelo homem por causa da sua grande altitude, mas em razão da agudeza de seus precipícios também, não pode ser observada sem causar dor nos olhos: além disso, era terrível e inacessível, por causa do rumor de que Deus habitava ali” (Ant. II. xii. 1; III. v. 1). Do mosteiro de Santa Catarina, com sua capela da Sarça Ardente (cp. Êx 3.2), o cume de Jebel Musa pode ser alcançado depois de uma difícil subida de uma hora e meia. Na subida, há uma pequena fonte identificada como sendo o local onde Moisés pastoreou o rebanho de Jetro (Êx 2.15ss.); a 2,100 m está a Capela de Elias (lRs 19.8ss.). Ras es-Safsaf recebe seu nome da palavra árabe para madeira de salgueiro e é uma referência à vara de Moisés (cp. Êx 4.2). Um grande bloco de granito de mais ou menos de 3,35 m de altura, é apontado como a rocha da qual Moisés tirou água (Nm 20.8ss.). Um buraco na rocha é descrito como o molde utilizado para fazer o bezerro de ouro (Êx 32) é também o lugar onde a terra engoliu Coré e seus seguidores (Nm 16).

3. O Monte Sinai na Bíblia.

 Os israelitas alcançaram o Monte Sinai no terceiro mês após sua saída do Egito e acamparam a seus pés de onde poderiam ver seu pico (Êx 19.1,16,18,20). Yahweh se revelou a Moisés ali e transmitiu ao povo os Dez Mandamentos e outras leis por meio de Moisés. Deus estabeleceu sua aliança com o povo por meio de Moisés, como mediador, e essa aliança é lembrada por toda a história de Israel (e.g., Jz 5.5; Ne 9.13; SI 68.8,17; Ml 4.4; At 7.30,38).Elias posteriormente visitou Horebe em uma época particular de desânimo e depressão (lRs 19.4-8). Na alegoria de Gálatas 4.24ss., o Monte Sinai é representativo da servidão da lei em contraste com a Jerusalém de cima que está livre.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 649-650, 652.

SINAI A península é um triângulo invertido entre os dois braços do mar Vermelho, com o Golfo de Suez a oeste e o Golfo de Acaba a leste. A base do triângulo mede aproximadamente 240 quilómetros de extensão e forma uma barreira entre a Palestina e o Egito. Normalmente se faz referência a todo o triângulo como o Deserto da Peregrinação, embora a porção nordeste, com o seu planalto estéril alcançando a altitude de 825 metros e com as suas planícies com poucos cursos d'água, seja geralmente considerada o "grande e tremendo deserto" (Dt 1.19), o lar dos israelitas durante aproximadamente 38 anos. Também há referências ao Sinai como o deserto de Para (veja Para). Ao norte, o altiplano do Sinai desce a uma planície de areia branca que chega ao Mediterrâneo. A areia também está nas costas tanto de Suez quanto de Acaba. No extremo norte do golfo de Acaba, se localizava a cidade de Eziom-Geber, que foi o porto de Salomão. Através dessa região passava a rota de comércio entre o Egito e a Arábia. 

Mais para o norte estava o Caminho de Sur desde Ber-seba e através do Deserto de Sur (veja Sur) até Etã (q.v.) e Bubastis, e acompanhando a linha do Mediterrâneo estava a linha usual do caminho, com destino à terra dos filisteus (veja Êxodo: Rota). Perto do Golfo de Suez, os egípcios encontraram valiosos depósitos de turquesa e um pouco de cobre em Serabit el-Khadem. Aqui, foram descobertas inscrições de trabalhadores escravos semitas de aprox. 1.500 a.C, escritas em um alfabeto de hieróglifos (veja Escrita). O exército do Faraó era enviado com muitos componentes para guardar tanto o tesouro das minas quanto os bens transportados pelas rotas de comércio pelas caravanas egípcias.
Perto da extremidade sul da península, se ergue uma série de picos de granito entre 1.650 e 2.900 metros de altura, que exibem uma grandeza imponente e cor viva no solo arenoso. Este grupo de montanhas é de forma triangular e consiste de conjuntos que se irradiam a partir de um centro.
 Os nomes Horebe e Sinai parecem ter sido usados alternadamente para eles, embora alguns considerem que o primeiro é o nome do grupo e que Sinai é um dos picos. Sinai é o nome da montanha sagrada perante a qual os israelitas, como uma nação, fizeram a aliança com Deus como o seu rei (Êx 19.24). Moisés, como um mediador perante Deus e o povo, foi até o cume da montanha onde, segundo as narrativas, ele recebeu os Dez Mandamentos (19.20; 24.18). Existe alguma diferença de opinião quanto ao verdadeiro lugar do acampamento dos israelitas e o cume ao qual Moisés subiu, mas desde o século IV d.C. a localização tradicionalmente aceita para a montanha sagrada tem sido nas altas montanhas, no ápice da península do Sinai. Eusébio afirmou que Jebel Serbal (2.240 metros de altitude), ao sul do Uádi Feiran (veja Refidim) era a montanha dos Dez Mandamentos. No entanto, o vale é estreito, sem uma planície próxima suficientemente grande para o acampamento das doze tribos de Israel. 
A segunda tradição, remonta à época de Justiniano (século VI d.C), e identifica o Monte Sinai com Jebel Musa (cerca de 2.500 metros de altitude). E um dos picos de um conjunto de três, com Jebel Katarin (cerca de 2.800 metros de altitude) a cerca de 3 quilómetros para o sudoeste e Ras es-Safsafeh (2.150 metros de altitude) equidistante, para o norte-noroeste. No pé do último pico, para o norte, está a única planície grande das redondezas; é chamada er-Raha, com cerca de 3 quilómetros de extensão e quase um quilómetro de largura, suficientemente grande para todas as tendas de Israel. Os beduínos hoje em dia conseguem água para suas necessidades nesse lugar, cavando poços rasos. Muitos exploradores acreditam que Ras es-Safsafeh, com os seus picos erguendo-se dire-tamente da planície (cf. Êx 19.12) é o Monte Sinai cf. Êx 19, pois o seu pico é claramente visível da planície er-Raha, ao passo que o pico de Jebel Musa não o é. Nos oásis ao redor da planície e nos vales vizinhos crescem palmeiras, ciprestes, tamargueiras, juncos e jardins de verduras, e árvores de acácias, arbustos e grama salpicam a paisagem que se não fosse por isso, seria estéril. No declive leste de Jebel Musa, a 1.650 metros de altitude acima do nível do mar, está o Mosteiro de Santa Catarina. 
Diz a lenda que Catarina de Alexandria, uma mártir cristã, foi decapitada em 307 d.C. e o seu corpo foi levado pelos anjos até o topo da montanha que recebera o seu nome (Jebel Katarin). No entanto, acredita-se que sua cabeça esteja sepultada na capela do mosteiro. A tradição conta que a parte mais antiga da estrutura é a Capela da Sarça Ardente, no local atribuído ao evento que ela celebra. A biblioteca do mosteiro contém muitos manuscritos antigos e valiosos, que incluem um palimpsesto descoberto pela senhora A. S. Lewis e sua irmã em 1892, contendo o texto do antigo evangelho Siríaco. O Codex Sinaí-tico do Novo Testamento em grego, do século IV d.C, foi encontrado aqui pelo Dr. Tischendorf em 1844 e 1859. Valiosos ícones estão preservados na torre de ícones, alguns entre os mais antigos do mundo, dando uma excelente amostra da arte cristã primitiva.
 O mosteiro está rodeado de majestosas e altas muralhas de granito, naturalmente bem fortificadas. Acredita-se que Santa Helena, a mãe de Constantino, tenha construído a primeira torre no século IV. Os alicerces descobertos são atribuídos ao imperador Justiniano, datando de 527 d.C, embora ele tenha construído apenas uma muralha para a proteção dos monges gregos que teriam vivido ali desde o século IV. Diversas outras teorias sobre a localização do Monte Sinai foram sugeridas. Alguns estudiosos preferem o noroeste da Arábia, a terra bíblica de Midiã (q.v). Erupções vulcânicas ocorreram nesta área, trazendo credibilidade a esta opinião (Êx 19.16,18). 
O argumento também afirma que Moisés fez sua residência com os midianitas após sua primeira fuga do Egito, e é provável que tenha retornado para o mesmo lugar. Há também diversas montanhas na área próxima a Cades-Barnéia, que alguns associam com o Seir dos dois poemas israelitas antigos (Dt 33.2; Jz 5.4,5). Refidim (Êx 17.1-7) também está associada a Meribá (veja Massa), um lugar que dizem ter existido nas proximidades de Cades-Barnéia (q.v) onde a água era obtida mais facilmente das rochas do que no sul. Não há evidências suficientes, entretanto, em qualquer passagem das Escrituras que garantam uma identificação totalmente segura dos montes envolvidos na narrativa.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1827-1828.

Êx 19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para 0 Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias, conforme mostrei no primeiro parágrafo da introdução a este capítulo.
A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom número de conjecturas, as quais discuto no artigo sobre o assunto (no Dicionário). Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe; ver no Dicionário), que Moisés recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.

A data do grande concerto segundo o qual a nação de Israel foi fundada. 1. A época em que ele é datado (v. 1) - "Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito”. Calcula-se que a lei tenha sido dada apenas cinquenta dias depois da sua saída do Egito, e em lembrança disto a festa de Pentecostes era observada no quinquagésimo dia depois da Páscoa, e em conformidade com isto, o Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da morte de Cristo. No Egito, eles tinham falado sobre uma jornada de três dias pelo deserto para chegar ao lugar do sacrifício (cap. 5.3), mas acabou sendo uma jornada de quase dois meses. É muito frequente que nos enganemos no cálculo dos tempos, e assim as coisas se mostram mais longas do que esperávamos. 2. O lugar onde ele é datado - no “Monte Sinai”, um lugar que a natureza, e não a arte, tinha tornado eminente e visível, pois era a mais alta de todas as montanhas daquela cordilheira. Desta maneira Deus despreza as cidades, e os palácios, e as estruturas magníficas, colocando o seu pavilhão sobre o cume de um alto monte, em um deserto estéril e vazio, para ali prosseguir com o seu tratado. O monte se chama “Sinai” por causa da grande quantidade de arbustos espinhosos que o cobriam.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 288.

Deserto de Sinai. A cadeia de montanhas meridional, situada na ponta da península triangular, tem três pontos elevados. Os árabes chamam o pico central de Jebel Musa; o do sul, Jebel Hum; e o terceiro, Jebel Serbol. Cada um desses montes tem sido declarado como sendo o Sinai das Escrituras, mas desde o quarto século A.D., pelo menos, o Jebel Musa tem sido o mais ampla e consistentemente defendido. O deserto do Sinai deve ser uma planície perto da montanha (v. 2), suficientemente grande para Israel acampar ali. Tal lugar foi encontrado em Er-Raha, ao norte do Jebel Musa, ou no Wadi es-Sebayeh, ao leste.

O primeiro tem cerca de quatrocentos acres (1 acre - 4.047m2) de extensão, bastante amplo para qualquer número de hebreus. Partindo do er-Raha, o Wadi ed-Deir, "Vale da Aliança", leva a uma selada entre Jebel Musa e Jebel ed-Deir, onde se localiza o famoso mosteiro de Sta. Catarina. O mosteiro foi construído por Justiniano em 527 a.C., em um local já anteriormente ocupado por uma igrejinha que identificava o lugar, onde se cria, que Deus tinha aparecido a Moisés em uma sarça ardente. O Wadi es-Sebayeh é um vale longo e estreito, não tão cômodo como o Er-Raha, mas com melhor acesso à montanha. É difícil, se não impossível, decidir qual destes picos e vales se encaixam na descrição dada nas Escrituras.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular Êxodo. pag. 44.

Dt 2.14 O tempo que caminhamos. O longo período de trinta e oito anos em que 0 povo de Israel ficou perambulando pelo deserto deu a Yahweh oportunidade de fazer perecer toda aquela antiga geração. Todos morreram ali, exceto Calebe e Josué. Ver Núm. 14.21,23,29,30, quanto ao juramento feito por Yahweh de que eles pereceriam, bem como a declaração que, de fato, pereceram.Esse tempo é calculado desde o envio dos espias de Cades-Barnéia (Núm. 32.8) até quando os filhos de Israel chegaram ao vale ou ribeiro de Zerede. Aqueles que tinham de vinte anos para baixo foram isentados da maldição e puderam entrar na Terra Prometida. Ver Núm. 32.11. Mas houve também dois homens que foram exceções, por causa de sua fidelidade e relatório positivo, como também por haverem exortado os israelitas a invadir a terra, a saber, Calebe e Josué. Ver Núm. 14.21,23,30.
Dt 2.15 Também foi contra eles a mão do Senhor. Uma das características do autor do Pentateuco é a repetição, um fenômeno que também aparece neste versículo. Essa repetição fortalece o conteúdo do versículo anterior. De fato, de modo certo e absoluto, aqueles rebeldes, a geração antiga, pereceram no deserto, por causa de sua falta de fé na fronteira. Eles caíram; foram consumidos; pereceram no deserto.
Diante de ti puseste as nossas iniquidades, e sob a luz do teu rosto os nossos pecados ocultos.
Pois todos os nossos dias se passam na tua ira, acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. (Salmo 90.8,9)Nada menos de vinte e quatro mil israelitas tombaram nas planícies de Moabe. Catorze mil e setecentos mais caíram no incidente que envolveu Coré. Pragas, enfermidades e morte por idade avançada, tudo cooperou para eliminar todos os homens daquela geração, com a exceção única de Calebe e Josué.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 784.

Israel a caminho de Cades-Barnéia (w. 9- 18; Nm 10:11 - 12:16). Não foi fácil para Moisés liderar essa grande nação, pois, com frequência, teve de resolver problemas e de ouvir as queixas do povo. Habituados com o conforto do acampamento no Sinai, os israelitas ressentiram-se das dificuldades de sua jornada para a terra prometida. Esqueceram-se do sofrimento de seus anos de escravidão no Egito e chegaram até a querer voltar para lá! Acostumaram-se com o maná que Deus lhes mandava do céu a cada manhã e logo deixaram de apreciá-lo, desejando as carnes e legumes que gostavam de comer quando estavam no Egito. Não é de se admirar que Moisés tenha ficado desanimado e clamado ao Senhor! Quis desistir e até pediu que Deus lhe tirasse a vida! (Nm 11:15).
A resposta de Deus à oração de Moisés foi dar-lhe setenta anciãos para assisti-lo na administração das questões operacionais do acampamento. Moisés era um grande líder e um homem espiritual, mas também tinha limites. Ele e os anciãos organizaram a nação em grupos de mil, de cem, de cinquenta e de dez, deixando cada divisão ao encargo de líderes competentes. Isso criou uma estrutura  de comando entre Moisés e o povo, de modo que ele não precisasse mais se envolver em todas as controvérsias secundárias. Podia dedicar-se a conversar com o Senhor e ajudar a resolver os problemas mais abrangentes do acampamento.
A ordem de Moisés aos líderes recém nomeados deve ser ouvida por todos que se encontram numa posição de autoridade, quer seja no meio religioso, quer no secular (Dt 1:16-18). Suas palavras enfatizam o caráter e a justiça, bem como a consciência de que Deus é a autoridade e juiz supremo. Se todos os líderes tomassem suas decisões com base em nacionalidade, raça, posição social ou riqueza, estariam pecando contra Deus e corrompendo a justiça. Por toda a lei de Moisés, encontramos uma ênfase sobre a justiça e sobre a demonstração de bondade e de imparcialidade para com os pobres em geral e especificamente para com as viúvas, os órfãos e os estrangeiros na terra (Êx 22:21- 24; Lv 19:9, 10; Dt 14:28, 29; 16:9-12; 24:17-21). Em várias ocasiões, os profetas bradaram contra os ricos latifundiários por estarem abusando dos pobres e desamparados da terra (Is 1:23-25; 10:1-3; Jr 7:1-6; 22:3; Am 2:6, 7; 5:11; Zc 7:8). "O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou" (Pv 14:31).

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 493.

2. A permanência no Sinai.
O Pecado de Israel.

Êx 32.1. Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós. Na raiz do pecado de Israel jaz a impaciência: eles já não podem mais esperar. Aonde foi Moisés? Eles precisam de deuses visíveis. O plural deuses é exigido pela pessoa do verbo: caso contrário “ deuses” poderia ser legitimamente traduzido “ Deus” , encarando o plural como um “ plural de majestade” . Qualquer que tenha sido o pensamento de Arão, os israelitas não estavam pensando em YHWH de maneira alguma. Não lhes ocorriam os níveis elevados de adoração sem imagens, nem sequer de monoteísmo. Tal como mais tarde Israel viria a desejar um rei humano em lugar do invisível rei divino (1 Sm 8:4-8), assim desejavam aqui um deus que tivesse rosto, como todo mundo. Seu último desejo era ser diferente em seu novo relacionamento com Deus: no entanto, esse era o propósito de Deus (19:5,6).Este Moisés, o homem que nos tirou do Egito. A frase é deliberadamente empregada para mostrar a aspereza deste povo escravo. Eles ainda não consideravam sua libertação algo realizado por Deus: era simplesmente algo que Moisés havia conseguido.

Êx 32.2. A s argolas de ouro. Presumivelmente estas argolas faziam parte do despojo exigido dos egípcios (12:36). A História registra que, ao contrário de seus primos midianitas, os homens israelitas, no futuro, não usariam ornamentos de ouro (Jz 8:24). Gênesis 35:4, todavia, menciona que ao tempo de Jacó tais ornamentos eram usados, e 11:2 menciona artigos de joalheria em relação tanto a homens quanto a mulheres.
Êxodo 33:4-6 sugere que a origem deste futuro tabu foi o pecado cometido no Sinai. Em dias passados, portanto, é bem provável que os homens israelitas usassem tais ornamentos livremente. Alguns afirmam que a imagem de ouro deve ter sido pequena, se feita somente com o ouro de brincos. Isso depende, todavia, do número de israelitas, e do tamanho e do peso dos brincos (frequentemente consideráveis, como na índia de hoje) e, sem dúvida, da construção da imagem, como considerada abaixo. Gideão também fez um ídolo (uma “ estola sacerdotal” , Jz 8:24-27) com os brincos tomados aos inimigos de Israel. Êx 32.4. Trabalhou o ouro com buril... bezerro fundido. 
O palavreado aqui certamente sugere que a imagem foi a princípio rudemente fundida em ouro, com os detalhes esculpidos a mão mais tarde. Por outro lado (cf. 37:1,2), poderia ter sido feita de madeira e depois revestida com ouro, como sugerido pelo verbo “ queimar” no versículo 20. A primeira sugestão parece ser comprovada pela expressão “ e o reduziu a pó” no mesmo versículo 20. “ Queimar” significaria então “ derreter em fogo aberto” (isto é, não um forno como o ourives). Uma simples alteração vocálica daria aqui o sentido de “ fundir em um molde” ao invés de “ trabalhou com buril” : esta sugestão é bem melhor que a feita por Noth, “ o amarrou em um saco” (Hyatt).
Bezerro não é uma boa tradução do hebraico ‘egel. Trata-se de um jovem touro em sua primeira força: por exemplo, a palavra pode ser usada para descrever um animal de três anos (Gn 15:9). Compare o nome de Eglon (SBB usa “ Eglom” ), rei de Moabe (Jz 3:12), que é claramente um título de honra (algo semelhante a “ O Grande Touro” ). Esta imagem dificilmente poderia ter sido copiada do culto a Ápis, o boi sagrado do Egito. Ápis não era adorado em forma de imagem, mas como uma encarnação perene na forma de um touro comum, nascido com certas marcas peculiares.
Hator, uma deusa egípcia, era simbolizada por uma vaca, mas o sexo do animal não combina com a descrição de Êxodo. Também é improvável que se tratasse do touro de Hadade, que trazia sobre suas costas a presença invisível do deus da tempestade na Síria, muito embora alguns tenham comparado com isso a presença invisível de YHWH entronizado sobre os querubins que cobriam a arca (25:22). Tais sutilezas estavam além da percepção daqueles ex-escravos rebeldes, reagindo contra o culto sem imagens. 
É mais provável que se tratasse do touro em que Baal costumava se transformar, de acordo com o ciclo de lendas de Ras Shamra (Baal I. v. 18). Se for levantada a objeção de que os cananeus mais recentemente costumavam visualizar Baal como um guerreiro armado com raios, e não como um touro, a resposta poderia ser oferecida que Israel, no deserto, estava a um nível cultural muito inferior e menos sofisticado que os habitantes de Canaã, e bem poderia estar preservando antigas memórias tribais. A santidade do touro como símbolo de força e capacidade reprodutiva corre desde o culto a Baal em Canaã até o hinduísmo popular do sul da índia de hoje, onde quer que a religião seja vista como uma forma do culto da fertilidade comum aos criadores de animais. É provável que, mesmo durante sua permanência no Egito, os israelitas já tivessem sido corrompidos por um culto semelhante, com imagens e tudo mais; estariam agora apenas “ voltando ao normal” , depois das severas exigências do Sinai.

Sabemos da arqueologia que Baal era conhecido e adorado na área do delta e ele certamente era adorado por alguns povos semitas que viviam naquela área.Alguns comentaristas acham que esta ação de Arão prova que o culto israelita na época ainda permitia o uso de imagens, mas tal opinião deixa completamente de lado o verdadeiro sentido da passagem.
Sem sombra de dúvida os dez mandamentos definiam o culto israelita como anicônico (20:4); a violência da reação de Moisés prova a historicidade deste relato v. 19), bem como o faz a evidência geral coletada por arqueólogos em ruínas israelitas do tempo dos juízes. Usar imagens como símbolo de Deus é enganoso (20:23). Usar um touro como símbolo de Deus é ainda pior: além do mais é blasfêmia chamar o “ novo” deus de YHWH, como parece ter acontecido na ocasião. Além de tudo isso, o versículo 6 mostra todas as características do licencioso culto a Baal praticado em Canaã (cf. Nm 25:1-9). Parece impossível que, tão pouco tempo depois de receber tão elevada revelação, Israel pudesse cair a um nível tão baixo, mas a experiência cristã hoje em dia muitas vezes é bem semelhante.

São estes, ó Israel, os teus deuses. Como no versículo 1, o verbo no plural faz com que “ deuses” (SBB) seja a única tradução gramaticalmente correta do texto hebraico. Possivelmente o plural seja usado derrisoriamente pelo autor para mostrar o politeísmo inevitável que surgiria com a introdução da idolatria (se havia um deus em forma de touro, por que não em outras formas também?). Por outro lado, pode servir para mostrar a semelhança entre o que Israel fizera então e o que viria a fazer sob a liderança de Jeroboão (1 Rs 12:28). Não pode ser por acaso que a mesma frase seja usada, aqui e ao tempo de Jeroboão, como uma invocação ao culto.' É difícil, todavia, perceber como um único ídolo poderia ser apresentado como “ deuses” aos primeiros idólatras, por mais apta que fosse a descrição no caso das duas estátuas feitas por Jeroboão. Seja qual for o caso, a frase é uma espécie de declaração de fé, parodiando 20:2. Mesmo em seu pecado, entretanto, a religião de Israel era baseada na história e, portanto, completamente diferente do culto da fertilidade oferecido a Baal em Canaã. Israel ainda busca um deus que age, mesmo que seja um falso deus.

Êx 32.5. Edificou um altar. A esta altura ainda não existia um “ altar do sacrifício” como haveria mais tarde. Arão provavelmente edificou um altar de terra ou de pedras não lavradas (20:24,25), mostrando que não se tratava de um incidente fortuito: era um culto organizado, com estátua, altar, sacerdote e festa religiosa.
Amanhã será festa a YHWH. Será que Arão entendeu a ocasião como o cumprimento da promessa feita por Deus a Moisés, de que Israel observaria uma “ festa” ou um “ festival de peregrinos” no Sinai (3:12; 5:1)? Ou seria esta apenas uma referência geral? É interessante especular se a época no ano teria algum significado especial. No futuro os judeus iriam associar a doação da Lei à festa das semanas ou das primícias (“ Pentecostes” no Novo Testamento), de modo que talvez a festa promovida por Arão celebrasse, um tanto desordenadamente, alguma ocasião do calendário agrícola.
 Isto explicaria as danças e a imoralidade sexual a ela associadas, embora seja de se esperar que tais excessos acontecessem com maior probabilidade no festival da colheita de outono (festa da colheita ou dos tabernáculos). Alguns comentaristas elogiam Arão por ter feito uma tentativa heroica de “ conter” este movimento reacionário dentro do Yahwismo, anexando esta festa a YHWH, a despeito de suas ligações ao culto de Baal.2 Êxodo, entretanto, jamais atribui a Arão motivos tão teologicamente profundos (vv. 22-24). Além denudo, foi precisamente esta identificação de YHWH com Baal o maior pecado cometido aquele dia: até mesmo a completa apostasia e o culto aberto a Baal teriam sido menos mortais que este “ sincretismo” .

Êx 32.6. Ofereceram holocausto e trouxeram ofertas pacíficas. As formas exteriores de culto litúrgico, quer de YHWH quer de Baal, eram indubitavelmente semelhantes, a julgar pelos textos de Ras Shamra. É por isso que os profetas do futuro teriam facilidade em denunciar o ritualismo israelita, quando este era desprovido de realidade espiritual (Is 1: 10-20) ou de obrigações morais.
Assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se. Comer e bebèr parecem atividades inocentes, depois de oferecerem ofertas pacíficas, mas o verbo traduzido “ divertir-se” sugere atividade sexual no original hebraico (ver Gn 26:8) e, portanto, a frase deve ser entendida como uma referência a uma orgia sexual. Estas, num contexto “ baalizado” teriam sentido religioso, não imoral, para o adorador, mas não aos olhos de YHWH. No contexto do culto a YHWH, que nos dez mandamentos havia expressado Sua própria natureza em termos de obrigações morais, isso era intolerável! Somente a compreensão da santidade de YHWH pode explicar a violência da reação de Moisés, e o terrível castigo que veio a seguir sobre Israel.

R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 205-209.

A Idolatria de Israel (32.1-6)

O povo ficou inquieto quando o líder visível permaneceu no monte durante os quarenta dias (1; cf. 24.18). A insatisfação a esse respeito levou os israelitas a se juntarem em grupo para fazer um pedido especial a Arão, em cujas mãos foram deixados. Levanta-te, disseram, faze-nos deuses que vão adiante de nós. A palavra deuses é normalmente traduzida por Deus. O pedido não significava necessariamente que estes indivíduos estivessem rejeitando Jeová; queriam uma forma visível entre eles que representasse Deus. Moisés, que fora como Deus para eles, desaparecera e a paciência para esperar a volta do líder acabara.
A reação de Arão ao pedido sugere esforço em evitar a calamidade. Ao pedir que arrancassem os pendentes de ouro (2) e lhos trouxesse, talvez Arão contasse com a recusa deles. Não é fácil mulheres e crianças abrirem mão de seus ornamentos, e essa resistência teria protelado o pedido que fizeram.
Se Arão esperava oposição ao pedido, logo ficou desapontado, porque todo o povo arrancou os pendentes de ouro que estavam nas suas orelhas (3) e lhos deu. O coração carnal não mede sacrifícios para satisfazer seus desejos pecaminosos.
Levando em conta que Arão começara concordando com este pedido perverso, não havia mais como parar. Tomou os presentes de ouro e formou um deus para o povo (4). Na situação em que poderia ter se mostrado líder capaz, Arão falhou miseravelmente. A maioria das imagens antigas era feita de madeira e banhada a ouro. Este ídolo tinha forma de bezerro, ou touro de pouca idade, formato comum entre os egípcios, que representava fertilidade e força. Ou, como sugere Rawlinson, Arão retrocedeu aos “deuses [...] dalém do rio” (Js 24.14), encontrados na Babilônia, pensando que esta seria representação mais segura do Deus de Israel. Quando o bezerro ficou pronto, as pessoas disseram: Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito (4). Como é fácil o coração carnal se afastar da verdadeira adoração de Deus!
Quando Arão notou a que ponto as pessoas estavam indo, parece que tentou controlá-las erigindo um altar diante da imagem e proclamando uma festa ao SENHOR (5).
Talvez quisesse conservar alguma semelhança com a adoração de Deus mantendo o nome Yahweh no festival. Este ato lembra os esforços de conservar uma forma de piedade sem ter seu poder (2 Tm 3.5) e o sincretismo que há em grande parte do cristianismo nominal.

Qualquer que tenha sido a intenção de Arão, fracassou lamentavelmente em reter a adoração aceitável a Deus. O povo se entregou a um excesso emocional que o levou à idolatria e apostasia. Levantou-se de madrugada e assentou-se a comer e a beber; e depois a folgar (6). Embora comer e beber na adoração fizessem parte do plano de Deus, neste caso não havia adoração espiritual — somente a satisfação dos desejos pecaminosos da carne. “Deram rédeas às paixões no ‘folgar’, a subsequente dança orgíaca que quase sempre acompanhava os ritos idólatras. Ver também o versículo 25 e 1 Coríntios 10.6,7.”so Identificamos “Os Passos para a Apostasia” em: 1) A impaciência com a providência de Deus, la; 2) O desejo de sinais visíveis na adoração, lb-4; 3) A transigência com as verdadeiras formas de adoração, 5; 4) A entrega a paixões carnais, 6.

Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 224-225.

III - A IDOLATRIA DOS ISRAELITAS

1. O bezerro de ouro (Êx 32.2-6).

Quando Moisés chegou ao arraial e constatou pessoalmente o pecado do povo de Israel, sua ira se acendeu (Ex 32.19) a ponto de ele quebrar as Tábuas da Lei. Ora, enquanto Deus estava dando os Dez Mandamentos para o povo de Israel no alto do monte Sinai, esse mesmo povo, ao pé do monte, estava, na prática, quebrando todos os mandamentos do Decálogo. Portanto, ao quebrar as Tábuas, Moisés estava materializando as consequências práticas do pecado do povo: estavam agindo como indignos do Concerto que Deus estava fazendo com eles.
É impressionante ouvir o povo, depois de tudo que viram Deus fazer pela instrumentalidade de seu servo Moisés, pressionar Arão dizendo: “Faze-nos deuses!” (Êx 32.1). O hábito da idolatria que haviam aprendido no Egito ainda era muito forte entre os israelitas, a ponto de alguns dias longe do seu líder Moisés serem o suficiente para que voltassem ao velho hábito. Como Pedro diria daqueles que abandonam Cristo para voltarem aos velhos pecados, podemos dizer dos israelitas aqui: eles estavam agindo como cães que voltavam para o seu próprio vômito, como a porca lavada que volta para o lamaçal (2 Pe 2.20-22).
Perceba que o povo não estava negando os milagres que haviam acontecido, mas estavam atribuindo-o a esse deus criado por sua imaginação e representado por aquele bezerro de ouro (Êx 32.4). Ainda hoje, isso acontece: muita gente que pensa estar se aproximando de Deus está, na verdade, se relacionando com uma imagem que criou dEle, uma mera sugestão mental, em vez do Deus da Bíblia. Sua relação não é com o Deus vivo e verdadeiro, mas com uma caricatura do divino, uma fantasia construída pela sua própria imaginação, uma concepção equivocada de quem é Deus. Essa concepção pode ter advindo absolutamente de sua própria cabeça (“achismo”) ou ter sido importada de algum discurso bonito, atraente, mas despido de respaldo bíblico (o que acontece na maioria dos casos). Afinal de contas, há muita falsa teologia popularizada por aí.
Há muitos “bezerros de ouro”, por assim dizer, construídos por aí e que nada têm a ver com o Deus da Bíblia, apesar de serem tratados como se fossem representações fidedignas do verdadeiro Deus. Há, por exemplo, o “bezerro de ouro” do evangelho da autoajuda, da teologia da prosperidade, do teísmo aberto, da teologia da libertação, do ecumenismo, do liberalismo, etc. Que Deus nos livre dessas versões deturpadas dEle! Conheçamos e prossigamos em conhecer o Deus da Bíblia (Os 6.3), pois somente assim poderemos ter um relacionamento saudável e realmente edificante com o Senhor.
Perceba que, como destacaremos mais à frente, no capítulo 9, enquanto o verdadeiro culto a Deus instituído por Moisés evocava arrependimento, quebrantamento, humildade e conclamava à santidade, o culto apóstata levava o povo à licenciosidade (Êx 32.6,25).
Deus propôs destruir todo o povo e estabelecer, a partir de Moisés, a continuidade da promessa dada a Abraão, Isaque e Jacó (Êx 32.10), mas o líder israelita intercedeu pelo povo para que Deus não tomasse essa medida (Êx 32.11-14,30-35; 33-1-5,12- 17). Entretanto, o juízo de Deus não deixou de ser exercido, uma vez que três mil rebeldes idólatras foram punidos imediatamente com a morte (Êx 32.28) e toda aquela geração acabou morrendo no deserto, entrando na Terra Prometida apenas os filhos dela e, da antiga geração, apenas Josué e Calebe, que se mantiveram fiéis a Deus.

COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 63-65.

BEZERRO DE OURO

No hebraico. vitela fundida. Trata-se da imagem que Aarão fabricou. com as jóias que os judeus lhe entregaram para o fabrico de uma estátua. Ver Êxo, 32; Deu. 9:16; Nee. 9:18; Sal. 106:19; Atos 7:4-10 Além disso, dois bezerros de ouro foram levantados por Jeroboão I (I Reis 12:28-33; 11 Reis 10:29; 17:16; Osê. 5:6). Os dois incidentes não tiveram relação mútua, embora ambos dissessem respeito à adoração ao touro. que Israel havia observado entre os egípcios.
1. Êxodo 32 - O Caso de Aarão. B por demais caridosa para com Aario a suposição de que ele fabricou esse ídolo a fim de exibir a força de Yahweh, porque o touro (que vide) era símbolo de força para muitos povos antigos. Aario simplesmente cedeu Mas também é por demais severa a opinião de que Aario fez isso de todo o coração, julgando que a estátua tivesse algum valor espiritual. Seja como for encontramos um violento contraste: Moisés estava no monte recebendo de Yahweh os Dez Mandamentos. Mas Aarão, no sopé do monte. fazia um bezerro de ouro.. o quinto versículo parece mostrar que Aarão de algum modo. procurou justificar o feito. como se o mesmo estivesse relacionado à adoração a Yahweh. Moisés, porém, demonstrou melhor bom senso, deixando. claro a enormidade do erro e fazendo o povo ingerir o bezerro de ouro o qual foi moído ate tomar-se pó e dissolvido na água (vs. 20). Os levitas, por ordem do Senhor, tiraram a vida a três.mil pessoas (vs, 27 ss), e a praga que veio em seguida causou ainda pior matança (vs. 35). Esse incidente ilustrou graficamente a seriedade do pecado de idolatria como também a estupidez. dos líderes espirituais quando concordaram com essa prática.
2. l Reis 12:26-33 - O Caso de Jeroboão L Tendo rompido com Judá e com a adoração em Jerusalém, Jeroboão instituiu dois santuários, um em Betel e outro em Dã. Talvez a fim de imitar os querubins do templo de Salomão, ele levantou dois bezerros de ouro, supondo que Yahweh haveria de manifestar a sua presença entre eles. Alguns estudiosos pensam que os bezerros visavam representar Yahweh diretamente, visto que, no Egito, era comum representar as divindades sob a figura de um touro. Alguns outros têm negado enfaticamente esse ponto, procurando mostrar que essa não era uma prática conhecida entre os povos da Síria e da Palestina, mas muitas coisas podem ter ocorrido naqueles dias sobre as quais nossa arqueologia nada sabe. O relato, mui provavelmente, não deveria ser compreendido como uma tentativa, por parte do rei de Israel, de instituir uma nova religião, e sim,.' de mostrar que ele foi culpado de corrupção proposital, não sendo inocente em nenhum sentido. Ver I Reis 12:28, que demonstra isso sem a menor sombra de dúvida. Jeroboão disse ao povo: «Basta de sub irdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egitol»
Os querubins (esfinges aladas), no templo de. Jerusalém, não levavam à idolatria, antes de tudo, porque eram representações de poderes espirituais, e não terrenos; e, em segundo lugar, porque não tinham paralelo nas religiões pagãs dos países vizinhos, o que poderia ter corrompido os israelitas por motivo de associação. A idolatria, na moderna Igreja cristã, é algo inteiramente descabido e incompreensível, considerando o enfático ensino bíblico a respeito, bem como a verdadeira adoração.
Consideremos a declaração de Salmos 106:19-21: «Em Horebe fizeram um bezerro e adoraram o ídolo fundido. E assim trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera cousas portentosas". (ALB GORO)

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 525-526.

BEZERRO DE OURO

1. Enquanto Moisés estava ausente no Monte Sinai, Arão construiu um bezerro ao qual proclamou como o deus que libertara Israel do Egito (Êx 32.1-20). Este procedimento, e a adoração que se seguiu, indignaram Moisés de tal forma que ele quebrou as tábuas de pedra que continham as leis de Deus e obrigou o povo a engolir a imagem, reduzida a um pó fino, juntamente com a água que bebiam. Essa idolatria pode ter sido copiada dos cultos ao boi, egípcio e semita, habituais no Delta Egípcio, com seu simbolismo de força e fertilidade.
2. A fim de conservar a lealdade do povo, depois de sua revolta contra Roboão, que o expulsou do templo de Jerusalém, Jeroboão estabeleceu centros rivais de adoração em Betei e Dã e instalou um bezerro de ouro nos dois lugares (1 Rs 12.28-32). Esses bezerros realmente se tornaram objeto de adoração (Os 10.5,6; 13.2), embora não se saiba se a intenção de Jeroboão foi eliminar a adoração a Deus, ou, meramente acrescentar uma ajuda visível à sua adoração.
Deve-se observar que alguns povos dessa parte do mundo imaginavam seus deuses sentados ou em pé nas costas de um animal cuja imagem podia ser reproduzida em madeira ou metal em um centro de adoração. É possível que Jeroboão tivesse isso em mente quando colocou os bezerros em Israel.
J. K. M.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 294.

BEZERRO DE OURO “bezerro fundido” Feito por Arão, em Êxodo 32, e citado em Deuteronômio 9.16; Neemias 9.18; Salmos 106.19; Atos 7.41; 3~t ’to ’to (“dois bezerros de ouro”), construídos por Jeroboão I (lRs 12.28-33; 2Rs 10.29; 17.16; 2Cr 11.15; 13.8; Os 8.5,6; 13.2). Esses são os dois maiores incidentes na história de Israel, nos quais a religião oficial envolve-se com a utilização de bezerros de ouro no culto. Os dois incidentes não são desvinculados um do outro.
1. Êxodo 32. Arão, irmão de Moisés, recém designado sumo sacerdote, cedeu à pressão do povo, que pensou que Moisés o tivesse abandonado (Ex 24.18; 32.1), e fez um bezerro, usando os brincos de ouro do povo. O quadro mostra um contraste absoluto entre Moisés no monte, recebendo os Mandamentos e os pormenores do tabernáculo, para que Israel pudesse adorar a Deus corretamente, e o fiasco em curso no sopé da montanha.
Uma leitura cuidadosa da narrativa deixa claro que Arão estava confuso, pois o v. 5 parece implicar que ele ainda pretendia sustentar o culto ao Senhor, ao chamar o povo para uma celebração ao Senhor e construir um altar ao Senhor em frente ao bezerro. Em outras palavras, na mente de Arão, o bezerro era apenas o lugar onde Yahweh habitava. Mas o povo não entendeu assim, pois gritava: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (vv. 4,8). Moisés deixou clara a enormidade desse pecado, ao mostrar ao povo que esse bezerro era, de fato, um deus “de ouro” (vv. 30,31). Diante daquela visão lamentável, Moisés, em sua ira, destruiu as tábuas da lei, pois a essa altura o povo não estava preparado para recebê-las (cp. cap. 34). Ele queimou o bezerro até as cinzas e obrigou o povo a beber a água suja por esse pó (cp.Nm 5.17-27).
Apesar da ingenuidade de Arão, ele teve muita responsabilidade nisso. Sua desculpa era fraca ao ponto de ser ridículo, quando ele disse que atirou o ouro ao fogo e o bezerro apareceu (v. 24). Mas sua responsabilidade fica clara pelo o v. 25, que diz que Arão tinha deixa o povo à solta (ARC, “o havia despido”). Se, como disse Arão, o povo era “propenso para o mal” (v. 22), então, como líder, ele deveria ter usado todo controle moral para o bem do próprio povo. A explicação é uma grande lição sobre a responsabilidade da liderança.
2.1 Reis 12.26-33. Depois de romper com a tribo de Judá e com Jerusalém, Jeroboão I construiu dois santuários do Senhor: um em Betei, outro em Dã. Seu propósito era precaver-se da necessidade de ir a Jerusalém para o culto (12.27). Jeroboão provavelmente tomou como precedente para seus bezerros de ouro, os dois querubins no templo de Salomão. Uma vez que o invisível Yahweh estava representado como entronizado entre esses querubins, da mesma maneira Jeroboão considerou Yahweh como uma divindade invisível, em pé ou entronizada em um bezerro de ouro. W. F. Albri- ght parece estar certo em From the Stone Age to Christianity (AnchorBook [1957], pág. 299), onde observa que é um erro grosseiro, sem paralelo na tradição bíblica, considerar esses bezerros de ouro como representantes diretos de Yahweh. Embora fosse prática egípcia comum representar divindades sob a forma de animais, esse não era o caso entre os povos sírio-palestinos, cuja iconografia frequentemente representava a divindade entronizada ou montada nas costas de animais. Poderia Jeroboão ter conquistado a confiança das tribos do norte, se tivesse apelado para uma idolatria ostensiva e declarada? Como Arão, no passado, ele pode ter racionalizado a ponto de se convencer de que estava promovendo a causa de Yahweh.
Se isso foi verdade, Jeroboão, da mesma forma que Arão, esteve envolvido no pior dos casos de duplicidade. Por um lado, ele estabeleceu um calendário religioso similar ao de Jerusalém, designando sacerdotes e fazendo os sacrifícios necessários. Tudo isso, diz o autor do Primeiro Livro dos Reis, “...escolhido a seu bel-prazer” (v. 33). Ele não teria tido tanto transtorno se tivesse instituído uma nova religião completa. Por outro lado, a iconografia que ele instituiu estava tão associada à adoração de Baal e ao culto de fertilidade dos cananitas, que era um pulo mover-se nessa direção, como de fato ocorreu. (Os 13.1.2). Ele pode ter tentado estabelecer uma síntese do Yaveísmo e de certos elementos do politeísmo popular. De acordo como lRs 12.28, ele disse ao povo: “Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito!”
Pode-se perguntar por que a representação dos querubins (esfinges aladas), no tabernáculo e no templo de Salomão, também não levava à idolatria. A resposta pode ser que essas figuras não tinham a mesma associação insidiosa com a idolatria, há muito estabelecida e imediatamente presente no culto cananeu. Os hebreus as viam como representações de criaturas celestiais, cuja propósito era acentuar a majestade de Yahweh. Como os reis, na época, eram frequentemente entronizados entre tais criaturas, assim a soberania de Yahweh era, dessa forma, afirmada. Não apenas nas artes plásticas, mas também na poesia, os hebreus não hesitavam em representar seu Deus único como aquele que “cavalgava um querubim” (2Sm 22.11) ou que estava “entronizado acima dos querubins” (2Rs 19.15).
Por diversas vezes a Igreja enfrentou o problema da idolatria versus a iconoclastia. O judaísmo pós-bíblico procurou resolver o problema mediante severa restrição da expressão artística. A controvérsia iconoclasta, levantada no ramo bizantino da Igreja, e os puritanos, despiram suas igrejas de todo ornamento. Parece que a própria Bíblia não é indulgente com nenhum desses extremos, mas considera idolatria como aquela que vem do coração pecador do homem, quando ele por vontade própria escolhe glorificar a criatura mais do que o criador (Rm 1.21-23). O salmista expressa isso suscintamente no salmo 106.19-21: “Em Horebe fizeram um bezerro, e adoraram o ídolo fundido. E assim trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva. Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas”.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 775-776.

Êx 32.2 Tirai... e trazei-mas. O bezerro de ouro requeria grande quantidade de ouro, e Arão apelou principalmente para as argolas de ouro das mulheres e crianças de Israel. Isso deve ter constituído um considerável sacrifício pessoal para as mulheres, mas os homens é que estavam dando tal ordem. O povo de Israel esteve por vários séculos no Egito, e as mulheres israelitas naturalmente tinham adquirido joias e enfeites valiosos. Além disso, na hora da partida do Egito, os israelitas tinham tomado por empréstimo muitas coisas de valor dos egípcios (Êxo. 12.35,36). Isso posto, havia um suprimento adequado de objetos de ouro.
Plínio informa-nos (Hist. Nat. 1.11 c. 37) que, nos países orientais, homens e mulheres, igualmente, usavam argolas de ouro. O trecho de Juízes 8.24 reflete esse costume, pelo menos entre os ismaelitas. Mas se porventura os varões israelitas usavam tais adereços, pelo menos não contribuíram com os mesmos para a imagem que Arão esculpiria. As crianças, meninos e meninas, conforme este versículo nos diz, também usavam tais argolas, e tiveram que doá-las.
“Brincos eram usados no Oriente quase tanto pelos homens quanto pelas mulheres. Quase todos os monarcas e assírios, e alguns reis egípcios são representados nas gravuras usando tais enfeites” (Ellicott, in Ioc.).
Arão. Quão facilmente ele parece ter cedido diante das exigências do povo. Também é possível que ele mesmo estivesse interessado em promover a idolatria. É triste quando os líderes falham. O juízo contra eles será mais severo (Tia. 3.1).
Êx 32.3 Uma obediência mal colocada. Arão disse para eles fazerem algo de erra- do, e eles prontificaram-se a obedecer. Há uma condenação especial reservada aos líderes que ensinam as pessoas a fazerem algo de errado. Ver Rom. 1.32; Mat. 23.15.0 povo sacrificou οι/ro em uma causa ridícula. As causas más atraem dinheiro e entusiasmo. A idolatria, tanto na antiguidade quanto hoje em dia, tem sido sustentada pelas doações sacrificiais do povo. As pessoas têm fé, mas uma fé má, uma fé mal utilizada.
Êx 32.4 Um bezerro fundido. Talvez em imitação ao formato do deus-boi do Egito, Ápis. Essa divindade egípcia era um touro negro com manchas brancas distintivas, cuja adoração estava ligada à de vários outros deuses. Em Mênfis, no Egito, o boi (Ápis) era considerado 0 corpo do deus Ptah, Quando 0 deus-boi morria, era enterrado com um elaborado cerimonial. Corpos embalsamados de bois, descobertos no cemitério de Ápis, pertenciam ao período do último Império até a época dos Ptolomeus. Nessa adoração ao touro, usavam-se animais vivos, embora também houvesse imagens que representavam esse culto, pelo que várias formas de idolatria estavam envolvidas no bezerro de ouro.
O novilho era um símbolo de fertilidade, nas religiões naturais do antigo Oriente Próximo e Médio (cf. I Reis 12.28; Osé. 8.5). O bezerro de ouro provável- mente era uma escultura recoberta de ouro, e não feita de ouro sólido, a menos que fosse bastante pequena. Aquele ídolo ridículo recebeu o crédito pela execução do êxodo, em lugar de Yahweh; e nisso vemos o propósito de zombarem de tudo quanto o Senhor havia feito em favor deles. Logo, estavam misturando uma incrível ingratidão com a idolatria.
Trabalhou o ouro com buril. Muitos eruditos, antigos e modernos, têm dado alguma tradução possível do original hebraico, como “amarrou-o em uma sacola” ou “pô-lo em uma sacola" (talvez uma sacola de linho), conforme Jarchi opinou. Nesse caso, a imagem era bastante pequena para ser transportada facilmente por uma pessoa. Provavelmente era feita de ouro sólido, e não apenas recoberta de ouro. Cf. II Reis 5.23 quanto ao original hebraico envolvido.
Êx 32.5 Edificou um altar diante dele. Arão chegou ao cúmulo de erigir um altar diante daquele pedaço de ouro. E se tornou o sacerdote oficiante de um culto falso e ridículo. Sem dúvida, esse altar era simples, feito de pedras e terra (Êxo. 20.24,25).

Os teus deuses. Essa afirmação de Arão chega a tomar-nos de surpresa. Moisés ilha proclamado uma festa em honra a Yahweh, e no entanto, ali estava aquela tola imagem de ouro guardada na sacola de linho. Mas 0 que há de mais comum, em nossos dias, do que a mistura de formas de adoração cristã e idólatra? O resultado desse sincretismo é um monstro ridículo. Alguns procuram desculpar Arão quanto a essa atitude, supondo que ele teria feito um esforço honesto para incorporar a adoração ao touro à adoração a Yahweh, tomando-a um culto subordinado. Mas o que realmente sucedeu foi uma violenta violação do primeiro mandamento. Ver Êxo. 20.3,4, onde a questão é comentada.

Êx 32.6 Tanto os holocaustos quanto as ofertas pacíficas eram formas pré-mosaicas, e ambas essas formas foram incorporadas à adoração no tabernáculo. Ver Gên. 4.3,4; Êxo. 18.12; 20.24. Tendo providenciado quanto ao aspecto religioso, eles passaram para o aspecto secular, cantando, dançando e, provavelmente, ocupando-se em toda forma de prática sensual, formicação e prostituição cultuai. Os Targuns referem-se à imoralidade dos israelitas, nessa oportunidade. Portanto, além do primeiro manda- mento, também foi violado o sétimo. Paulo comentou sobre o evento, em I Cor. 10.7.0 contexto sugere que houve práticas imorais. Portanto, um rito religioso transmutou-se em uma orgia, e Arão, que havia perdido legalmente os seus privilégios sacerdotais, mediante tal sincretismo, agora postava-se impotente, observando todo aquele deboche.
As festividades religiosas eram acompanhadas pelo regozijo (Deu. 12.7,18; 14.26; 16.11,14), 0 que, sem dúvida, incluía danças. Naquela ocasião, porém, foi um verdadeiro carnaval. Ninguém estava ali para adorar, mas para participar de um bacanal. Cf. este versículo com Núm. 25.1-9; I Reis 14.24; Amós 2.7. A atmosfera mundana de muitos cultos religiosos hoje em dia, com sua música própria para dançar, não diferindo praticamente em nada da música executada nos salões de bailes, é uma versão moderna da corrupção que houve naquela festa em honra ao bezerro de ouro.
Êx 32.25 O povo estava desenfreado. Algumas traduções dizem aqui que o povo estava “nu". Mas o temo hebraico correspondente, para, embora possa ter esse sentido, também pode ter o sentido de “desvencilhar-se de todas as restrições”. Não parece que Arão tenha-os forçado a se porem despidos, a fim de ficarem envergonhados, conforme aquelas traduções continuam dizendo neste versículo. Antes, arriscamos que eles perderam o autocontrole, pois Arão assim permitiu que fizessem, sem nada fazer para impedi-los. Essa falta de controle levou-os a se entregarem a uma conduta desenfreada. Eles se expuseram a atos vergonhosos, e Arão não os coibiu. Contudo, alguns intérpretes, partindo da ideia de que, realmente, os israelitas se desnudaram, pensam que isso é símbolo de um estado de miséria, e que não se deve pensar em nudez literal. Mas outros estudiosos pensam que não há razão para duvidarmos da literalidade da descrição.
No meio dos seus inimigos. Talvez estejam em foco as populações que viviam nas proximidades do Sinai, como os amalequitas, que chegaram a vir fazer parte das festividades. Isso significa que 0 povo de Deus misturou-se com os idólatras locais, formando uma só massa humana com eles.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 446-447.

O grande pecado (32:1-6). Moisés chamou aquilo que fizeram de "grande pecado" (vv. 21, 30, 31), e sua avaliação foi precisa. Foi um grande pecado por causa daqueles que o cometeram: a nação de Israel, o povo escolhido de Deus, seu tesouro peculiar. Foi grande pela ocasião e pelo lugar em que havia sido cometido: o monte Sinai, depois de os israelitas terem ouvido a declaração da lei de Deus e de terem visto a glória dele. Tinham prometido obedecer à lei de Deus, mas, ao fazer o bezerro de ouro e ao entregar-se a uma comemoração sensual, a nação quebrou o primeiro, o segundo e o sétimo mandamentos. Foi um grande pecado por causa daquilo que já haviam experimentado do poder e da misericórdia de Deus: os juízos contra o Egito, o livramento no mar Vermelho, a provisão de comida e água e a direção de Deus, em sua graça, por meio da coluna de nuvem e de fogo. Aquele ato constituiu uma rebelião contra a bondade do Senhor.
Não é de se admirar que seu pecado provocasse a ira de Deus (Dt 9:7). Por que Israel fez algo tão perverso num momento tão glorioso de sua história? Em primeiro lugar, ficaram impacientes com Moisés, que já estava no monte com Deus havia quarenta dias e quarenta noites (vv. 11, 12), e a impaciência, muitas vezes, leva a ações impulsivas e pecaminosas. Israel não sabia viver pela fé e confiar em Deus, independentemente de onde estivesse seu líder.
Quer Moisés estivesse com eles quer longe deles, eles o criticavam e ignoravam o que havia ensinado.
No entanto, Arão e os chefes das tribos oram responsáveis pelo que aconteceu, pois não se voltaram imediatamente a Deus a fim de pedir ajuda e não advertiram o povo sobre o que aconteceria. Arão e Hur haviam recebido autoridade de Moisés para liderar a nação na ausência dele (Êx 24:14) e, apesar de serem homens que haviam visto os feitos poderosos do Senhor, falharam para com Deus e para com Moisés. Em vez de conter o povo, Arão foi complacente e satisfez os desejos pecaminosos do coração deles. Mais tarde, Arão apresentou uma desculpa esfarrapada e tentou pôr a culpa no povo (vv. 22-24), mas o Senhor sabia muito bem o que havia acontecido. Deus estava tão irado que teria matado Arão, caso Moisés não tivesse intercedido por ele (Dt 9:20).
A disposição concupiscente de Israel para adorar ídolos nasceu no Egito e ainda estava presente no coração do povo (Js 24:14; Ez 20:4-9; 23:3, 8). Arão alimentou esse apetite dos israelitas ao dar-lhes o que queriam. Hoje em dia, fala-se muito sobre "ir ao encontro das necessidades das pessoas", mas vemos aqui um exemplo de uma nação que não sabia quais eram, de fato, suas necessidades. Achavam que precisavam de um ídolo, mas o que realmente careciam era de fé em seu grande Deus, que se havia revelado a eles de modo tão poderoso.
2 Israel trocou a glória do Deus vivo pela imagem de um animal (SI 106:19-23), o que significa que agiu exatamente como as nações pagãs a seu redor (Rm 12:22-27).

3 Muita gente consegue madrugar para pecar, mas não para orar.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 322-323.

Lv 17.7 Oferendas feitas em campo aberto, distante do santuário, eram efetuadas aos sátiros, os peludos (no hebraico, seirim). Essa palavra também era usada para indicar os bodes hirsutos. Mas o mais provável é que aqui estejam em pauta demônios concebidos como se fossem tipo bode. Os egípcios e outras nações antigas adoravam o bode, e, por trás desse animal, forças demoníacas que o usavam como seu representante.
No célebre templo de Themuis, capital do Nomos Mendesiano, no Baixo Egito, havia uma forma especial de idolatria que envolvia o bode, e esse templo estava dedicado a tal forma de adoração. À imagem de Pan eles chamavam de Mendes. Era uma figura que representava a fertilidade, e pequenas estatuetas desse animal foram achadas em muitos lugares do Oriente. Os gregos e os romanos também tinham seus demônios-bodes e um culto voltado a essas falsas divindades. Os hebreus trouxeram do Egito essa forma de idolatria (entre outras), e este versículo talvez aluda à sua continuação, no meio do povo de Israel, no deserto, onde não havia quem estivesse inspecionando. Ver Jos. 24.14; Eze. 20.7; 23.3; Isa. 34.14; II Crô. 11.15. Heródoto descreveu a adoração ao bode no Egito (Euterpe, 1.2 c. 46), tal como o fez Diodoro Sículo, o que, segundo ele afirmou, tornou-se um costume grego (Bibliothec. 1. pars. 58,79). Ver Jer. 31.32; Eze. 16.26. No Novo Testamento, ver I Cor. 10.20; Apo. 9.20 e 11.15.
O Estatuto Eterno contra a Idolatria. Essa lei não admitia nenhuma forma de idolatria, incluindo aquela praticada em campos abertos, que caracterizava outros povos.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 542.

A oferta de manjares (w. 1-7). Os judeus não comiam muita carne, pois era caro demais abater seus animais. A lei declarada nessa passagem proibia o povo de matar seus animais para alimento em qualquer local dentro ou fora do acampamento. Qualquer animal a ser usado como alimento devia ser levado para o altar e apresentado como oferta pacífica ao Senhor.
Essa lei cumpria vários propósitos. Em primeiro lugar, evitava que o povo oferecesse sacrifícios a ídolos secretamente nos campos. Se fossem descobertos e interrogados, podiam dizer que estavam apenas preparando o animal para um banquete. No entanto, se esse fosse o caso, deveriam ter levado o animal para o altar do tabernáculo. O sangue do animal deveria ser oferecido somente ao Senhor e somente em seu altar. Em segundo lugar, por essa lei, o Senhor dignificava refeições comuns, fazendo delas uma experiência sagrada. O animal abatido não era apenas um pedaço de carne, era um sacrifício apresentado ao Senhor. De acordo com o versículo 4, o abate de um animal em qualquer lugar que não fosse o altar era o mesmo que assassinar o animal, e Deus quer que tratemos sua criação com o maior respeito.
Quando à mesa agradecemos a Deus o alimento, não estamos apenas reconhecendo sua bondade, mas também santificamos a refeição e fazemos de sua ingestão uma experiência espiritual.
Em terceiro lugar, ao levar o animal para o altar, o ofertante providenciava para que o Senhor (Lv 3:1-17) e o sacerdote (Lv 7:11-18) recebessem a parte que lhes era devida. Sem dúvida, o ofertante não ficava com tanta carne para si e sua família, mas o princípio por trás de Mateus 6:33 o compensaria de outras formas. A refeição em comunhão na casa de Deus glorificaria ao Senhor e satisfaria as necessidades do ofertante e daqueles que comessem com ele.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 365-366.

Lv 17.6,7 — Demónios eram as divindades pagãs em forma de bode, como os sátiros. Acreditava-se que tais ídolos habitavam o deserto. Provavelmente, Israel teve contato com a adoração aos sátiros quando o povo se estabeleceu em Gósen (Gn 47.1-6). A expressão após os quais eles se prostituem indica essa adoração de Israel a outros deuses e a posição do Senhor em relação a essa adoração. O adultério era um pecado muito grave; renunciar à fé no Senhor era ainda mais grave.
A apostasia fere Deus profundamente.
Outra pista que indica que as instruções não falavam do abate do animal para o consumo, e sim dos animais do sacrifício é estatuto perpétuo. Quando a adoração de Israel foi centralizada em Jerusalém, algumas famílias moravam há mais de 160 quilómetros do templo. Era praticamente impossível que tais indivíduos percorressem toda essa distância cada vez que matavam um animal para consumir. Contudo, as pessoas podiam viajar a Jerusalém para oferecer uma oferta em sacrifício.

EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 238.

2. Cuidado com a idolatria.

O Pecado da Idolatria

Curiosamente, o primeiro mandamento de Deus no Sinai, a primeira ordenança do Decálogo, foi: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Deus conhecia o coração do povo e sabia o quanto era propenso à idolatria, depois de anos vivendo no idólatra Egito.
As Sagradas Escrituras nos advertem, em 1 João 5.21, contra o pecado da idolatria: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!”. E o apóstolo Paulo adverte o mesmo à igreja em Corinto, citando como exemplo negativo justamente o pecado do povo de Israel no deserto (1 Co 10.14,18-21).
A idolatria é um dos pecados mais terríveis listados na Bíblia, porque consiste em dar glória e veneração a algo ou alguém que não seja o próprio Deus, o único que é digno de toda honra, toda glória, todo louvor e toda adoração. Entretanto, apesar de tão claro, este é um dos pecados mais praticados e mais ignorados em nossos dias no meio evangélico. E triste dizer, mas está se tornando cada vez mais comum evangélicos que desenvolvem verdadeiros comportamentos idolátricos em relação a pessoas e coisas que, obviamente, não devem receber a nossa adoração.
Idolatria não é só se prostrar diante de um ídolo de pedra, barro ou metal. Coisas ou pessoas também podem se tornar ídolos em nossa vida, quando começam a ganhar em nosso coração um lugar que não deveriam ter.
Uma coisa é gostar, admirar e respeitar; outra bastante diferente é “endeusar”, idolatrar. Logo, segue o alerta: cuidado para que o mero gostar e admirar não dê lugar à adoração por pessoas e coisas. Não só a idolatria a pessoas tem feito muitos males na vida de muitos crentes. A idolatria a coisas também.
Qual foi a última vez que você gastou tempo com Deus em oração? Qual foi a última vez que abriu a Bíblia para estudá-la ou para lê-la devocionalmente para a sua edificação espiritual? Qual foi a última vez que você evangelizou alguém? Qual foi a última vez que dedicou tempo para ajudar as pessoas? Será que a maior parte do seu dia é dedicada a coisas que realmente valem a pena ou só a futilidades?
O apóstolo Paulo afirma em Colossenses 3.5: “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, ao apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria”. Paulo se refere ao “apetite desordenado”, ou “afeição desordenada”, e chama a “avareza” claramente de “idolatria”. Avareza é apego às coisas materiais. Quando valorizamos mais os bens materiais do que o espiritual, estamos de cabeça para baixo espiritualmente. Estamos longe de Deus.
O profeta Samuel falou também sobre outro tipo de idolatria sutil no meio dos crentes. Disse ele, conforme registrado em 1 Samuel 15.23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti...
Ora, o que significa a palavra “porfiar”? Ela quer dizer, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “discutir com calor”, “insistir”, “teimar”, “competir” e “disputar”. Ou seja, insubordinação, disputa entre irmãos, espírito de competição dentro da igreja, teimosia, arrogância, contenda, tudo isso, afirma Samuel é pecado de idolatria. Você já parou para pensar nisso?
Paulo afirma que uma das características do Anticristo, e que é própria do espírito do Anticristo, é se levantar “contra tudo o que se chama Deus ou se adora” e querer “se [assentar] como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.4). Não se engane: há muita gente que começa bem, mas acaba, infelizmente, perdendo a visão espiritual e, por isso, tem o seu coração cheio de altares. É gente que afirma que serve a um único Deus, mas possui um coração idólatra, repleto de “deuses”, quando também não adora a si mesmo.
O cristão não deve ser dominado ou escravizado por nada. Apenas Deus deve ser o Senhor soberano de sua vida.

COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 65-66.

IDOLATRIA

Esboço:

I. Definições e Caracterização Geral
II. Os Ídolos e as Imagens
III. Deuses Falsos
IV. Ensinos Bíblicos sobre a Idolatria
V. A Idolatria na Igreja
I. Definições e Caracterização Geral

1. Essa palavra vem do grego, eldolon ídolo., e latreuein, «adorar». Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos. Nesse sentido mais amplo, todos os homens, com bastante frequência, se não mesmo continuamente, são idólatras. Naturalmente, essa condição surge em muitos graus; e um dos principais propósitos da fé religiosa e do desenvolvimento espiritual é livrar-nos totalmente de todas as formas de idolatria.
Paulo, em Colossenses 3:5, ensina-nos que a cobiça é uma forma de idolatria. Isso posto, qualquer desejo ardente, que faça sombra ao amor a Deus, envolve alguma idolatria.
2. A idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou imagem. Esse termo usualmente inclui a ideia da dendrolatria, da litolatria, da necrolatria, da pirolatria e da zoolatria... O estado mental dos idólatras é radicalmente incompatível com a fé monoteísta. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se às perversões de valor representadas por aquela imagem». (H)
3. Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tornar-se um ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar em deus a alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade.
4. Uma Rua de Mão Dupla de Trânsito. A antropologia tem mostrado amplamente que as religiões dos povos geralmente começam na idolatria, e então progridem para uma forma de fé mais pura, que finalmente, rejeita os tipos primitivos de conceitos que requeiram a presença de algum ídolo. Quando a fé de um povo vai-se tornando mais intelectual e espiritual, menor se vai tornando a necessidade de crassas representações materiais. Por outro lado, algumas vezes a idolatria resulta da degeneração de uma fé anteriormente superior. Vemos isso no Novo Testamento, em vários lugares, no tocante a Israel, a certas alturas de sua história. É admirável como a crueza domina essa questão. Em muitos lugares do' mundo, da Índia à Sibéria, da Melanésia às Américas, simples toras de madeira têm sido erigidas em memória de pessoas amadas ou de heróis já falecidos; e, então, essa tora de madeira ou pedra torna-se um objeto de adoração, porquanto muitos supõem que o espírito da pessoa retoma para residir ali. Um culto religioso então desenvolve-se, quando tal imagem é alvo de preces e oferendas, a fim de aplacar aquele suposto espírito. Na Escandinávia e nos países germânicos, os arqueólogos têm encontrado pedras e toras de madeira escavadas, com propósitos religiosos.
A tendência de atribuir uma residência material a alguma divindade, ou, geralmente, de prestar culto ao espírito, em termos tangíveis é algo tão comum que quase se torna um sinal universal da cultura humana.
A idolatria está presente na grande maioria das religiões do mundo, incluindo o hinduísmo e o budismo. Aparentemente, não é proibida pelo zoroastrismo. Mas é proibida pelo islamismo. O relato bíblico do povo de Israel, que adorou o bezerro de ouro, ao pé do monte Sinai, é uma prova de idolatria no judaísmo primitivo. Os mandamentos contra a adoração a outros deuses e contra o fabrico de imagens são injunções especificas contra a idolatria» (AM). Esse autor, que acabamos de citar, deveria ter incluído o fato de que o cristianismo é uma das grandes religiões que, em alguns de seus segmentos, pratica a idolatria. Por que motivo urna imagem de uso cristão seria prova menor de idolatria do que uma imagem venerada no hinduísmo ou no budismo?
5. A Vasta Extensão da Idolatria. Nosso artigo chamado Deuses Falsos apresenta um sumário do que se sabe acerca dos deuses falsos que têm sido adorados pelos homens; e a lista é tão extensa que chega a admirar. O panteão mesopotâmico compunha-se de mais de mil e quinhentos deuses. Os mais conhecidos dentre eles eram Samás, Marduque, Sin e Istar, a qual era a deusa do amor carnal. Nabu era o patrono da ciência e da erudição. Nergal era o deus da guerra e da caça. Quase todas as atividades e aspirações dos homens têm sido representadas por alguma prática idólatra.
6. Natureza Corrompida da Idolatria. Toda idolatria é corrupta. Paulo supunha que os ídolos representam forças demoníacas. Ver I Cor. 10:20. A religião dos cananeus era repleta de corrupções morais, que ameaçavam continuamente a Israel.
Havia todos os tipos de abusos sexuais, corno a prostituição sagrada, associados aos cultos de fertilidade, nos quais Baal e Astarte eram adorados, sem falarmos em cultos onde havia orgias de bebidas alcoólicas. Também havia o sacrifício de infantes na fogueira. A radicalidade dessa forma de idolatria foi a razão por detrás do mandamento da eliminação de toda forma de idolatria, com a destruição das imagens, colunas e estátuas, e com a destruição dos lugares altos, onde esses ritos eram efetuados. (Ver Deu. 7:1-5; 12:2,3).
ll. Os Ídolos e as Imagens
Um ídolo representa alguma divindade, ou é acento é aceito como se tivesse qualidades divinas por si mesmo. Em qualquer desses casos, aquele objeto recebe adoração. Contudo, é possível haver urna imagem, sem que essa seja adorada, como no caso dos querubins que havia no templo de Jerusalém. Sem dúvida, esses querubins não eram adorados, formando uma exceção acerca da proibição de imagens. Urna imagem também pode ser um amuleto que é concebido como dotado de alguma forma de poder de proteger, de ajudar ou de permitir alguma realização; mas um amuleto não é necessariamente adorado.
 Isso posto, apesar de representar alguma crença supersticiosa, um amuleto não é obrigatoriamente uma forma de idolatria. E, naturalmente, é possível a posse de uma imagem esculpida ou urna pintura, representando algum santo ou herói religioso, sem que a mesma seja adorada, por ser apenas um lembrete de que se deveria emular as qualidades morais e espirituais de tal santo. Por outro lado, quando tais imagens são «veneradas-, então é provável que, na maioria dos casos, esteja sendo praticada a idolatria. As estátuas dos mestres jainistas e confucionistas são comuns; mas nunca são veneradas corno deuses ou poderes divinos. Eles são relembrados como grandes mestres, e suas imagens são apenas memoriais desse fato. 
As divindades da natureza, com frequência, eram adoradas sem o uso de quaisquer objetos materiais; mas, quando os homens começaram a pensar nos deuses como espíritos, e esses habitando nos mais variados objetos, então todo tipo de objeto e representação material passou a ser adorado. Assim, o sol, a lua e as estrelas eram concebidos corno lugares de habitação de divindades, como se fossem as próprias divindades, razão pela qual eram adorados diretamente. Algumas vezes, as imagens só são adoradas mediante alguma forma de cerimônia, que, supostamente, lhes transmitiria vida, ou seja, fazem delas manifestações localizadas de alguma divindade.
O esforço por retratar os imaginários poderes de alguns deuses têm criado imagens fantasticamente grotescas. As religiões da Babilônia e do Egito levavam a sério a idéia de que um deus ou espírito divino podia residir em algum objeto material. O hinduísmo e o budismo têm feito intenso uso de ídolos para ajudar o povo comum a adorar. Os elementos mais intelectuais dessas religiões asseveram que as imagens de escultura são meras representações das divindades; mas, ao nível popular, essa delicada distinção inexiste, conforme se vê na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa Oriental.
O islamismo destruiu todos os ídolos em Meca, proibindo a feitura de qualquer representação material do ser divino. O zoroastrismo, embora inclua formas de idolatria, nunca representou a divindade com forma humana.

III Deuses Falsos.

Temos dado um artigo separado sobre esse assunto, com esse título, mostrando a natureza muito abrangente da idolatria, juntamente com muita informação de interesse geral para os estudiosos da Bíblia.
IV. Ensino a Bíblico. Sobre a Idolatria
O segundo mandamento da lei de Deus proíbe qualquer forma de idolatria. Ver Êxo, 20:3-5. A idolatria dos hebreus, quando ocorria, não só incluía a adoração a deuses falsos, mediante imagens ou sem elas; mas também a adoração a Yahweh, embora através de símbolos visíveis (Osé. 8:5,6; 10:5). No Novo Testamento, qualquer coisa muito desejada, que suplante a comunhão com Deus ou a impeça, é considerada idolatria (I Cor. 10:14; Gãl. 5:20; Col. 3:5). A teologia moral cristã insiste em que qualquer desejo desordenado, que veia o objeto de tal desejo como a fonte última do bem e a base do bem-estar do individuo, é idolatria» (H)
1. Formas de Idolatria na Bíblia. A adoração a imagens (lsa. 44: 17), o oferecimento de sacrifícios a imagens (Sal. 106:38; Atos 7:41), a adoração a deuses falsos (Deu. 30:17; Sal. 81:9), o serviço prestado a outros deuses (Deu. 7:4), o temor a outros deuses (II Reis 17:35), a adoração ao verdadeiro Deus, mas por meio de alguma imagem (Êxo. 32:46 e Sal. 10:6,18,20), a adoração a demônios (Mat. 4:8,10; I Cor. 10:20), o manter ídolos no próprio coração (Eze. 14:3.4), a adoração aos espíritos dos mortos (Sal. 106:28). a cobiça (Efé. 5:5; Col. 3:5), a sensualidade (Fil. 3:19), a redução da glória de Deus em uma mera imagem (Rom. 1:23), a adoração aos corpos celestes (Deu. 4:19).
2. Descrições Bíblicas da Idolatria. Ali a idolatria é uma abominação (Deu. 7:25), é odiosa a Deus (Deu. 16:22), é vã e tola (Sal. 115:4-8), é destituída de proveito (Juí. 10:14; Isa. 46:7), é irracional (Atos 17:29; Rom. 1:21-23), é contaminadora (Eze. 20:7; 36:18).
3. Adjetivos Avitadores, Os ídolos e as imagens de escultura são deuses estranhos (Gên, 35:2), são novos deuses (Deu. 32:17), são deuses fundidos (Êxo. 34:17), são imagens de escultura (Isa. 45:20), são destituídos de sentidos (Sal. 115:5,7), são mudos (Hab. 2:18; I Cor. 12:2), são abomináveis (lsa. 44:19), são pedras de tropeço (Eze. 14:3), não passam de vento e confusão (Isa. 41:29), são como o nada (Isa, 42:24; I Cor. 8:4), são impotentes (Heb. 10:5), são, vaidades (ler. 18:15), são vaidades dos gentios (ler. 14:22).
4. Castigos Prometidos aos Idólatras, A morte judicial (Deu. 17:2-5), o banimento (Jer. 8:3; Osé. 8:5-8), a exclusão do céu (I Cor. 6:9,10; Efé. 5:5; Apo, 22:15), o julgamento da eternidade (Apo. 14:9-11; 21:8).
«Não houve nenhum período da história dos hebreus em que esse povo estivesse isento da atração exercida pelos ídolos. Raquel tomou os serafins (deuses domésticos, representados por figurinhas de barro) com ela, quando Jacó e seus familiares fugiram de Labão (Gên. 31:34). Os israelitas adoraram aos [dolos do Egito durante sua jornada ali, e não desistiram deles - nem mesmo quando foram tirados da escravidão por Moisés (1os. 24:14; Eze. 20:8-18). (Z) Esse autor continua a fim de mostrar a idolatria através de toda a história de Israel: no Sinai (Êxo. 32), em suas vagueações pelo deserto (Núm, 25:1-3; 31:16), imediatamente antes de entrarem na Terra Prometida (Deu. 4:15-19), no tempo dos juízes de Israel(Jui. 2:11-13; 6:25-32; 8:24-27), no tempo de Salomão, através da influência de suas muitas esposas estrangeiras (I Reis 11:1-8), no tempo de Jeroboão, quando houve a adoração ao bezerro de ouro (I Reis 12:25·33), durante o reinado de Reboão, em Judâ (I Reis 14:21-24), sob Acabe, em Israel (I Reis 16:32), o que levou Elias a desafiar tal idolatria (I Reis 14:21-24), nos dias do profeta Amós (Amôs 5:26), nos dias de Oséias(Osé. 2:16,17; 8:4-6), nos dias de Isaías (Isa. 2:8; 40:18-20; 41:6; 44:9-20), nos dias de Jeremias (1er. 2:23-25; 10:2-10; 11:13; 23:13,14). E talvez uma das razões pelas quais aqueles que retornaram do cativeiro babilônico tiveram de desfazer-se de suas esposas estrangeiras, com as quais se tinham casado, eram as práticas idólatras que elas haviam introduzido em suas famílias (Eze. 10:3,19).
No Novo Testamento, Jesus estendeu os pecados até os seus íntimos motivos (MaL 5:21 ss). Assim, no caso da idolatria, qualquer coisa que ocupe excessivamente o nosso tempo, às expensas da espiritualidade, é uma manifestação de idolatria (Efé. 5:5; Col. 3:5; Fil. 3:19, onde a glutonaria é especificamente mencionada).

V. A Idolatra na Igreja

Os intelectuais cristãos, tal corno seus colegas budistas, dizem que as imagens de escultura são apenas memórias de qualidades dignas de emulação, de santos ou heróis espirituais, o que, presumivelmente, - ajudaria os religiosos sinceros a copiarem tais virtudes.
Entretanto, o povo comum não é sofisticado o bastante para separar a imagem da adoração à divindade ou santo. E nem significa grande coisa a autêntica distinção entre adoração e veneração. O resultado disso é que a idolatria tornou-se muito comum na Igreja cristã, tanto no Oriente quanto no Ocidente. 
E, apesar dos grupos protestantes e evangélicos terem removido as formas mais crassas de idolatria, de seu culto, ainda assim há muitas formas sutis de idolatria que ali são cultivadas. Quem não se mostra ocasionalmente cobiçoso? Quem não tem desejos desordenados? Quantos escapam da idolatria sob a forma de glutonaria ou sensualidade? Além disso, há variedades religiosas de idolatria, como a bibliolatria (vide). Uma forma comum de idolatria consiste em idolatrar o credo denominacional, o que, geralmente, se faz com uma atitude arrogante. O coração humano, fora da Igreja ou dentro dela, no Oriente ou no Ocidente, pende para a idolatria, e uma parte do crescimento espiritual consiste na eliminação gradual de todas as formas de idolatria, até as mais sutis.CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 206-209

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PAZ DO SENHOR

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