Há muitos crentes que fazem a seguinte indagação: “Por que estudaras lições do Antigo Testamento, sendo nós cristãos da Nova Aliança?” A resposta a esta pergunta se encontra na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo 10, versículos 1 a 12. Os fatos do Antigo Testamento são como figuras (1 Co 10.6,11), nos alertando para que não venhamos a cometer os mesmos erros que o povo de Deus cometeu no passado. Então, estude com afinco cada lição deste trimestre e jamais siga os caminhos da desobediência, rebeldia e idolatria trilhados por Israel no deserto.
Na lição de hoje, estudaremos a caminhada do povo de Deus até o Sinai. Veremos como Deus guiou e sustentou seu povo que foi infiel, murmurador e idólatra. O Senhor permaneceu fiel e cuidando dos israelitas.
I - ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO
1. Israel chega a Mara (Êx 15.23). O povo de Deus estava finalmente livre dos egípcios e começava sua caminhada pelo deserto a caminho de Canaã. Depois da travessia do Mar Vermelho os israelitas foram conduzidos por Moisés até o deserto de Sur. Eles andaram três dias pelo deserto e as águas que encontraram em Mara eram impróprias para beber. Descontente, o povo começou a murmurar contra Moisés. Na verdade eles não estavam reclamando de Moisés, mas de Deus (Êx 16.7,8). Muitos podem pensar que estão reclamando do seu líder, mas na verdade estão reclamando contra aquEle que delegou autoridade ao líder: Deus. A murmuração é uma característica negativa daqueles que não confiam no Senhor. Moisés confiava na providência do Pai. Então ele orou e Deus lhe mostrou um lenho. Moisés jogou o lenho nas águas e elas se tornaram boas para o consumo. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, “assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhes as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida”.
Israel era uma massa de gente briguenta e sem fé que precisava ser lapidada pelo Senhor para que se transformasse em uma nação santa. A lapidação veio com as provações rumo ao monte Sinai.
2. Rumo ao Sinai (Êx 16.1).
Depois de Mara os israelitas foram ' para Elim e em seguida para o deserto de Sim, que ficava entre Elim e Sinai (Êx 19.1,2). Esse é um lugar inóspito, repleto de areia e pedra, porém um local perfeito para Deus tratar do seu povo. Diante das dificuldades o povo volta a murmurar e quer mais uma vez retornar ao Egito (Êx 16.2,3). Mas Deus é bom e misericordioso. Ele mais uma vez supriu as necessidades do seu povo. Talvez você esteja sendo também provado pelo Senhor. Este é um momento difícil, mas em vez de murmurar adore ao Senhor. Você, assim como Israel, verá o sobrenatural de Deus em sua vida. No deserto de Sim, Deus envia o maná ao seu povo. O maná não foi um fenômeno natural, como alguns cogitam. Foi uma provisão especial de Deus. Esta provisão apontava para Jesus, o Pão Vivo que desceu do céu (Jo 6.31-35).
Deus sustentou seu povo através do deserto não somente com pão, mas também com carne e água. Em Refidim, Deus fez água jorrar da rocha (Êx 17.1-7). Ele é o nosso provedor (SI 23.1). Tudo que temos vem do Senhor, por isso devemos ser gratos a Ele pela provisão. Depois de partir de Refidim, o povo, sob a orientação de Deus, caminhou até o
Os hebreus foram lapidados mediante as provações que tiveram que enfrentar no deserto.
II - ISRAEL NO MONTE SINAI
1. O monte Sinai (Êx 19.2). Este é um lugar especial para todo o povo de Deus. Ali Deus revelou- se de modo especial a Moisés e a Israel e lhe entregou os Dez Mandamentos. Ali os israelitas tiveram a revelação da glória e da santidade do Todo-Poderoso. Tiveram também a revelação da sua natureza, da sua lei, da expiação do pecado, da vontade divina e do seu culto. Todo o livro de Levítico, que trata do ministério e do culto ao Senhor, teve o seu desenrolar no acampamento do Sinai, ao pé do monte.
A distância do Sinai a Canaã é de quase 500 quilômetros, e seria percorrida em um curto prazo pelos israelitas, mas infelizmente levou 38 anos. A demora decorreu como parte do julgamento divino dos pecados de incredulidade, murmuração, rebelião e desvio dos israelitas (Dt 2.14,15).
2. A permanência no Sinai. No Sinai, Israel permaneceu, conforme as determinações do Senhor a Moisés, cerca de onze meses. Durante sua permanência ali, Israel caiu no abominável pecado da idolatria do bezerro de ouro (Êx 32.1-8,25). Com a idolatria veio a obscenidade, a imoralidade e a prostituição. Este horrível pecado de Israel é mencionado várias vezes através da Bíblia, sempre de modo infamante como em 1 Coríntios 10.7: “Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar.' Apesar de Israel ter falhado, o eterno propósito salvífico de Deus não falhou (Ef 3.11).
O monte Sinai é um lugar especial para todo o povo de Deus. Ali, Deus revelou-se de modo especial a Moisés e a Israel e lhes entregou os Dez Mandamentos.
III - A IDOLATRIA DOS ISRAELITAS
1. O bezerro de ouro (Êx 32.2-6). Moisés e Josué subiram ao monte Sinai para se encontrar com o Senhor e receber dEle as tábuas da Lei. Ali eles ficaram muitos dias, e o povo, com pressa em saber notícias, começou mais uma vez a reclamar e a especular a causa da demora de Moisés e Josué. Não levou muito tempo para que uma grande confusão fosse formada. O povo, liderado por Arão, pecou deliberadamente contra o Senhor construindo um bezerro de ouro para ser adorado. Diversas passagens bíblicas relacionam o ídolo aos demônios, e o culto idólatra ao culto diabólico (Lv 17.7). Os ídolos sempre foram laços para o povo de Israel, a quem Deus elegeu como seu povo peculiar aqui na terra.
2. Cuidado com a idolatria. A Palavra de Deus em 1 João 5.21 nos adverte: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!”. O crente deve estar vigilante contra a idolatria. Muitos pensam que idolatria é somente adorar a imagens de escultura. Todavia, um ídolo é tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus na vida humana. Alguma coisa tem ocupado o lugar do Senhor em seu coração? Peça a ajuda do Pai e livre-se imediatamente de toda idolatria. O apóstolo Paulo adverte a igreja de Corinto para não se envolver com a idolatria, como o povo de Israel no deserto (1 Co 10.14,19-21).
3. A idolatria no coração. O profeta Ezequiel adverte-nos sobre isso em 14.2-4,7 do seu livro. O primeiro mandamento do Eterno sê em Êxodo 20.3, ordena: “Não te- rás outros deuses diante de mim”. Israel, antes de ser liberto e resgatado da escravidão do Egito, pecou contra o senhor, adorando a falsos deuses ( Is 24. 2, 15; Gn 35. 2, 4) Deus conhece o coração do homem e sabe da sua propensão à idolatria. Precisamos vigiar, pois somente Deus deve ser único dominador e rei em nosso coração.
Os israelitas, liderados por Arão, pecaram deliberadamente contra Deus ao fundirem o bezerro de ouro.
O Salmo 106 relata os tropeços de Israel a caminho de Canaã, e a sublime história da infinita misericórdia de Deus para com eles. Deus é fiel! Israel pecou e cometeu muitos erros, porém os planos do Senhor em relação a Israel e a toda humanidade não foram frustrados. Como crentes devemos repudiar toda forma de idolatria, entronizando a Deus como único Senhor em nossos corações e mentes.
COHEN, Armando Chaves. Êxodo. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
“O povo murmurou contra Moisés
A liderança é cara, porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas sabiam que Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus. Grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e queixoso. A murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos Cristo somente (Ef 4.31,32).
A única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não há dúvida de que teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de Israel, se tivessem permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos caprichos em detrimento da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés lançou um lenho nelas, mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos método natural que explica este milagre.
Deus usou esta ocasião para ensinar uma lição a Israel, dando-lhes estatutos e uma ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e obedecessem inteiramente à sua palavra, elas seriam curadas de todas as enfermidades que Deus tinha posto sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satis- fazendo-lhe as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida. Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte” (Comentário Bíblico Beacon. vol 1.1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p. 1 75).
“Maná
A palavra ocorre pela primeira vez em Êxodo 16.31. Em outra passagem no AT, todas as versões inglesas traduzem uniformemente a palavra heb. como ‘maná’, o que é meramente uma transliteração aproximada; mas em Êxodo 1 6.1 5 o termo é traduzido como uma pergunta. ‘Que é isto?’ Evidentemente quando os israelitas o viram pela primeira vez no chão, o apelidaram de ‘O que é?’, ou de forma coloquial ‘Como se chama isto?’, o que parece ser o significado literal com referência à qualidade misteriosa do pão divino. O maná era pequeno, redondo e branco (Êx 1 6.1 4,31). Guardado para o dia seguinte ele comumente ‘criava bichos e cheirava mal’ (Êx 16.20). Derretia quando exposto ao sol quente. Deveria ser apanhado diariamente, pela manhã, um ômer por pessoa. No sexto dia o povo deveria juntar o dobro, para prover para o sábado, quando nenhum maná seria dado. Neste caso ele não criava bichos, nem cheirava mal durante o sábado.
Um pote de maná foi apanhado e mantido como memorial desta miraculosa provisão do Senhor para os israelitas ao longo dos 40 anos no deserto (Êx 1 6.32-35). Mais tarde, um pote de ouro de maná foi colocado dentro da arca no Tabernáculo (Hb 9.4)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.75).
Esta lição trata da caminhada do povo de Deus até o Sinai. O objetivo da lição é mostrar como Deus guiou e sustentou seu povo durante a longa jornada pelo deserto. Os hebreus se mostravam, a cada dificuldade, serem murmuradores e ingratos. Eles também não haviam deixado a idolatria no Egito, pois logo criaram um bezerro de ouro para adoração. Embora Israel fosse infiel, o Senhor é fiel e cuidou, dia a dia, do seu povo. Deus não nos deixa sozinhos em nossa caminhada até o céu.
Moisés conduziu o povo até Mara (que significa amargura e tristeza), pois ao chegar ali, descobriram que as águas eram amargas, salobras e impróprias para o consumo (Êx 15.23). Diante de cada dificuldade, os israelitas logo murmuravam. Qual é a sua reação diante das adversidades? Em Mara não foi diferente. Descontentes, os hebreus reclamaram de Moisés, todavia eles não estavam murmurando de Moisés, mas do próprio Todo-Poderoso que os libertara da escravidão.
Como evitar a murmuração e não cometer os mesmos erros dos israelitas? Mantendo viva a chama da fé. A fé nos faz ver o impossível (Hb 11.1). Sem fé é impossível vencer as dificuldades cotidianas sem murmurar. Moisés era um homem de fé e mais uma vez se volta para o Senhor. Então o Pai lhe mostrou o tronco de uma árvore. Moisés jogou o tronco nas águas e os israelitas puderam saciar a sede. Deus curou as águas amargas de Mara. O Senhor não mudou, Ele tem poder para curar seu corpo, sua alma e seu espírito. Talvez seu coração esteja amargurado e cansado. O Pai pode e deseja lhe curar.
Os israelitas precisavam ser lapidados, moldados pelo Senhor até que se transformassem em uma nação. Eles ainda eram uma massa de gente briguenta, murmuradora e sem fé caminhando pelo deserto. Mas, Deus escolheu e separou Israel para que se transformasse em uma nação santa. Os israelitas foram moldados pelo Senhor no deserto. O deserto era somente um lugar de passagem, porém se tomou uma grande escola para o povo de Deus. Talvez você também esteja passando por um vale árido, um deserto. Este não é o lugar que Deus preparou para você, mas com certeza é um tempo de aprendizado e de ver o milagre da provisão. Depois do deserto, Israel estava pronto para a Canaã. Depois dos "desertos" desta vida, você também estará pronto para a eternidade com Deus.
Depois de Mara os israelitas foram enviados até Elim, um verdadeiro oásis no deserto. Com isto aprendemos que depois da luta (Mara), sempre haverá a bonança e o refrigério (Elim).
A primeira jornada dos israelitas após a abertura do Mar Vermelho levou-os em direção ao sul, ao longo do chamado Golfo de Suez. Nesse percurso, passaram primeiro pelo Deserto de Sur, onde, após três dias de caminhada, não encontraram água para beber (Ex 15.22). Apesar do grande milagre que experimentaram três dias antes, sua fé era provada mais uma vez. Desta feita, os israelitas estavam sedentos e exauridos pelo intenso calor do deserto, e após esses três dias de peregrinação, encontram apenas águas amargas em Mara, águas impróprias e impotáveis, que não podiam ser bebidas (Êx 15.24). A murmuração, então, teve início (Ex 15.25).
Isso nos mostra que “grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração duro e queixoso”. Às vezes, milagres não são suficientes. Estimulados por milagres ou não, são necessários um arrependimento e um quebrantamento sinceros seguidos de uma submissão total a Deus. Ou, como afirma o Novo Testamento, “crucificarmos o eu e entronizarmos Cristo somente (Ef 4.31,32)”.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag.
I Cor 10.1-5 — Paulo inseriu a história da infidelidade de Israel com relação a Deus após sua exortação aos coríntios a fim de que perseverassem na obra divina. O apóstolo enfatizou as bênçãos das quais os israelitas desfrutaram no deserto: todos eles tiveram a proteção e a direção do Senhor, experimentaram o milagre do livramento do Altíssimo, identificaram-se com seu líder espiritual — Moisés —, comeram o pão do céu e, por fim, beberam a água que Deus proveu. O fundamental no que o apóstolo declarou foi que, embora todos os israelitas tivessem recebido essas maravilhosas dádivas de Deus, a maioria não conseguiu agradar ao Senhor.
I Cor 10.1 — Para os antigos israelitas que estiveram debaixo da nuvem no deserto, a nuvem tinha duas funções: (1) ela oferecia proteção (Ex 14-19,20), fogo durante a noite em meio ao frio do deserto e sombra durante o dia do sol forte e (2) guiava o povo pelo deserto (Ex 13.21). Todos passaram pelo mar. Todo israelita que partiu do Egito no Êxodo conheceu o livramento de Deus no mar Vermelho.
I Cor 10.2 — Todos foram batizados em Moisés. Os atos de Deus na nuvem e no mar uniram o povo ao seu líder espiritual, Moisés.
I Cor 10.3-5 — Um mesmo manjar espiritual [...] uma mesma bebida espiritual. Todos seguiam o mesmo Deus e as mesmas leis (Jo 4-13,14; 6.32-35).
I Cor 10.6-10 — E essas coisas foram-nos feitas em figura [Exemplos para nós (a ra ) ] . A disciplina que Deus aplicou aos israelitas desobedientes deveria ser uma advertência aos cristãos de que o Senhor castigará o pecado de Seu povo.
I Cor 10.6 — Os antigos israelitas falharam pela primeira vez quando cobiçaram. Eles não estavam satisfeitos com a provisão de Deus, mas lembraram-se da provisão que tinham no Egito (Nm 11.4-34).
I Cor 10.7,8 — Os antigos israelitas eram notórios idólatras. Embora o Deus verdadeiro os tivesse tirado do Egito, eles insistiam em adorar ídolos sem vida. Além disso, os antigos israelitas se envolviam com imoralidade ( a r a ) , um pecado que também contaminava os coríntios (1 Co 5.1; 6.18).
Vinte e três mil. O registro em Números menciona 24 mil (Nm 25.6-9). Há várias razões possíveis que explicam a diferença. Alguns sugerem que o número de Paulo reflete o número de pessoas que morreram num dia, enquanto o relato de Números pode ser um registro de todos os que morreram por causa da praga. Outra explicação possível é que o relato de Números inclua a morte dos líderes (Nm 25.4), ao contrário do número de Paulo.
I Cor 10.9 — Tentemos a Cristo. Ao que parece, essa expressão está relacionada ao fato de os israelitas questionarem o plano e o propósito de Deus enquanto estavam seguiam para Canaã (Nm 21.4-6).
I Cor 10.10 — Os antigos israelitas murmuraram tanto contra os líderes, que Deus lhes enviou uma praga, e muitos pereceram (Nm 16.41-49).
I Cor 10.11 — Como figuras [como exemplos, ara]. Paulo enfatizou novamente que as situações as quais aconteceram a Israel não são simplesmente eventos históricos a serem interpretados, mas advertências a serem consideradas com atenção.
Isso é especialmente verdadeiro na visão de Paulo, uma vez que são chegados os fins dos séculos. Os planos do Senhor estavam chegando ao clímax. O Deus que estava provocando o fim de todas as coisas é o mesmo que trouxe juízo sobre os israelitas ao matá-los — Ele poderia fazer o mesmo novamente (compare com 1 Co 11.30; Rm 11.22).
I Cor 10.12 — Que não caia. Os coríntios, talvez, tivessem a atitude de que, uma vez que foram justificados por Deus, nada lhes poderia acontecer. A disciplina do Senhor, no entanto, não deve ser considerada de forma leviana. Ninguém pode pecar e permanecer impune (G1 6.7,8).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 426-427.
I Cor 10.1. “Além disso” (AV) deve-se ler,“ Pois” (ARA: Ora). A seção é estreitamente ligada à precedente. O perigo recém-mencionado não é imaginário, como o demonstra o caso- dos israelitas no deserto.
Quanto à fórmula, não quero que ignoreis, ver a nota sobre 1 Ts 4:13.' Note-se a quíntupla repetição da palavra todos nestes versículos (AV; ARA: quádrupla). Dá-se assim ênfase ao fato de que os israelitas, sem exceção, receberam os sinais da bondosa mão de Deus sobre eles. Isto dá maior força ao lembrete do versículo 5 de que a maioria pereceu. A referência é aos acontecimentos associados ao Êxodo. A nuvem é a que serviu de meio de orientação divina (Êx 13:21, 22; 14:19, 24, etc.).
I Cor 10.2. As experiências da orientação dada pela nuvem, e da passagem: pelo Mar Vermelho (Êx 14) tiveram o efeito de unir o povo a Moisés de maneira tal, que se diz que foram batizados... com respeito a Moisés (o grego parece implicar num desejo deles de serem batizados desse modo; cf. Goodspeed, “ todos, por assim dizer, aceitaram o batismo como seguidores de Moisés” ).
É alarmante para o cristão, que foi “ batizado para com Cristo” , ver tal referência ao batismo. Provavelmente devemos pensar em Moisés como um tipo de Cristo. Justamente como o batismo tem o efeito de colocar o homem sob a liderança de Cristo, assim a participação nos grandes acontecimentos do Êxodo colocaram os israelitas sob a liderança de Moisés (Êx 14:31) pode dizer, “ e confiaram no Senhor, e em Moisés, seu servo” (ARA e RV). Estavam unidos a ele, conquanto não devamos exagerar isto, como se alguma outra união pudesse ser tão estreita como a união que há entre o cristão e Cristo. Todos os israelitas participaram desse batismo comum.
I Cor 10.3. Igualmente foram todos sustentados pelo maná (Êx 16:4, 13 ss.), mencionado aqui como manjar espiritual. O adjetivo não significa que Paulo está pondo em dúvida a realidade física do maná. É seu modo de dirigir a atenção para a origem celeste dessa comida (cf. SI 78:24); a VPR traduz, “ sobrenatural” .
I Cor 10.4. Como tiveram comida espiritual, tiveram também bebida espiritual. Paulo acrescenta uma explicação, coisa que não fizeram com relação à comida. Havia uma lenda judaica de que uma rocha seguia os israelitas em todas as suas peregrinações no deserto. Talvez Paulo tenha nos refolhos da sua mente essa lenda, mas certamente não se refere diretamente a ela. Refere-se a Cristo. Ao fazê-lo, transfere para Cristo o título, “a Rocha”, empregado no Velho Testamento com relação a Jeová (Dt 32:15; SI 18:2, etc.; notem-se as implicações para a cristologia, tanto desta transferência como da clara inferência da preexistência de Cristo). Obviamente há uma reminiscência da rocha golpeada para a obtenção de água (Êx 17:6; Nm 20:1 ss.). A alusão não é simples, porém, pois não há insinuação de uma rocha móvel naquelas passagens. Mas Paulo entende que Cristo foi a fonte de todas as bênçãos que os israelitas receberam enquanto jornadeavam. Assim, ele pode pensar na Rocha, Cristo, como os seguindo e continuamente lhes dando de beber. Pode-se muito bem fazer referência à comida e à bebida espirituais à luz da Santa Comunhão, como pensam Calvino e outros. Israel tinha os seus equivalentes de ambos os sacramentos.
I Cor 10.5. Entretanto (a forte adversativa alia), embora Deus lhes tenha dado tais manifestações memoráveis do Seu poder da Sua boa vontade para com eles, a maioria deixou de entrar na Terra Prometida. Deus não se agradou deles. “ Muitos deles” (AV) é na verdade a maioria (ARA). Esta é uma maneira magistral de se amenizar a verdade. De todas as hostes de Israel, somente dois homens entraram na Terra Prometida. Os restantes pereceram no deserto, ou, como o coloca Paulo, ficaram prostrados. O verbo katastrõnnumi empresta um toque pitoresco. Na verdade significa “esparramar”. Paulo retrata o deserto como juncado de cadáveres. Não se trata de morte simplesmente natural. É a sentença de Deus contra os rebeldes.
I Cor 10.6. A idolatria e suas lições (10:6-13). Estas cousas não devem ser tomadas simplesmente como história. Eram história. Aconteceram realmente. Mas eram mais que isso. Aconteceram como exemplos (tupoi; quanto a esta palavra, ver a nota sobre 1 Ts 1:7'). Deus tinha um propósito nelas. Cobicemos refere-se a desejo intenso de qualquer natureza, mas no Novo Testamento é empregado mais comumente com relação às paixões más do que aos bons desejos.
I Cor 10.7. A advertência contra a idolatria vem muito a propósito, em vista do problema de Corinto com o qual Paulo está lidando. Cita Êx 32:6, onde a referência a comer, beber e divertir-se (isto é, dançar) aponta para uma típica festividade idolátrica. Muitas vezes uma festividade desse tipo degenerava em devassidão. Não havia sentido de sério propósito relacionado com o culto de ídolos (como poderia haver?). Assim, as mais baixas paixões dos homens poderiam ser postas às soltas no próprio ato de adoração, e muitas vezes o eram.
I Cor 10.8. Este não é assunto novo, pois a “ fornicação” (AV) fazia parte de muitos cultos idolátricos. Achavam-se prostitutas sagradas em muitos santuários, e neste aspecto Corinto tinha notoriedade nada invejável. Mas a referência primária de Paulo é ao incidente registrado em Nm 25, em que Israel “ começou... a prostituir-se com as filhas dos moabitas” (v. 1), “juntando-se... a Baal-Peor” (v. 3). O julgamento veio na forma de uma praga, e pereceram vinte e quatro mil pessoas (Nm 25:9). Paulo fala de vinte e três mil. Obviamente ambos são números redondos, e, ademais, Paulo pode estar fazendo um desconto dos que foram mortos pelos juizes (Nm 25:5). Este versículo lembra o grave perigo a que a indulgência para com a idolatria expõe os homens.
I Cor 10.9. O verbo peirazõ significava originalmente “ provar” , mas em geral é provar com vistas à pessoa que falha na prova. Assim, o seu sentido secundário é “ tentar” (outro verbo que significa “ provar” , dokimazõ, é provar com vistas à pessoa que passa na prova, e assim vem a significar “ aprovar” ). A ideia presente em tentar a Deus (AV) é a de pô-lo à prova (ARA), a de ver até que ponto uma pessoa pode ir. Paulo insta com os coríntios a que não “ tentem” a Cristo (AV; ou ao Senhor, ARA, como dizem muitos MSS) desse modo. A referência é à queixa do povo quanto à alimentação, resultando dessa queixa que Deus enviou serpentes ardentes entre eles (Nm 21:5, 6).
I Cor 10.10. O verbo murmureis é normalmente empregado, como aqui, no sentido de “ resmungar” , e, portanto, de “ queixar-se” . Assim, em Nm 14:2, 36; 16:11, 41, lemos sobre essa murmuração, e em cada ocasião havia um castigo apropriado. Neste versículo a referência é provavelmente ao extermínio do bando de Coré em Nm 16. O exterminador (Phillips, “ o Anjo da Morte” ) não ocorre exatamente dessa forma no Velho Testamento, embora uma expressão parecida seja traduzida por “ destruidor” em Êx 12:23 (cf. também 2 Sm 24:16). Mas a aplicação é suficientemente clara. A murmuração requer a punição divina.
I Cor 10.11. Faz-se um resumo do precedente. Todas estas coisas aconteceram para advertir-nos a nós outros sobre quem os fin s dos séculos têm chegado. Esta curiosa expressão parece significar que a culminação de todas as eras passadas chegou. Completaram-se, e as lições que ensinam ficam manifestas. Possivelmente há também a ideia de que a vinda de Cristo tem significação decisiva. Cristo pôs fim a todas as eras anteriores.
I Cor 10.12. Esclarece-se a aplicação. Os coríntios ufanavam-se da sua posição. Eis, porém, que os israelitas tinham sido presunçosos assim, e nada colheram senão desgraça. Que se cuide o que confia em si, para que não caia.
Leon Monis. I CORINTÍTIOS Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 113-116.
Uma Advertência Contra A Segurança Carnal. 1.Co. 10. 1-13.
A apostasia de Israel: V. 1) Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, 2) tendo sido todos batizados, assim na nuvem, como no mar, com respeito a Moisés. 3) Todos eles comeram de um só manjar espiritual, 4) e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. 5) Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. Nesta passagem o apóstolo oferece algumas páginas da história do antigo Israel, como um advertente exemplo para aqueles que estão no perigo de se renderem à segurança carnal.
De todo o número de israelitas adultos, que deixaram a terra do Egito, somente dois, a saber, Josué e Calebe, entraram na terra prometida. Por isso a lição devia ser guardada: Não quero, pois, irmãos, que ignoreis todos os nossos pais estiveram sob a nuvem, e que todos passaram pelo mar. Paulo fala de modo franco em “nossos pais”, identificando, desta forma, a igreja do Novo Testamento com o verdadeiro Israel, Rm. 4. 1, 11; 11. 17, 18. Quando os filhos de Israel deixaram o Egito, a terra de sua servidão, então o Senhor ia à sua frente durante o dia numa coluna de nuvens para lhes mostrar o caminho, Ex. 13. 21. E toda a congregação também passou pelo Mar Vermelho como em terra seca, porque o próprio Senhor fez que a água parasse qual parede de cada lado, Ex. 14. 22. A presença misericordiosa de Deus os rodeou e acompanhou em cada passo de sua jornada.
Notemos que todos os israelitas, sem qualquer exceção, escaparam da casa da servidão, que todos eles estiveram incluídos na libertação maravilhosa pelo Mar Vermelho; mas que, ainda assim, a maioria deles pereceu depois! Paulo, além disso, afirma que todos eles receberam seu batismo com respeito a Moisés, tanto na nuvem como no mar. A nuvem e o mar juntos se tornaram os elementos pelos quais os filhos de Israel foram purificados para o Senhor, e separados como o povo da promessa. Foi assim que a nuvem e o mar foram tipos do sacramento do batismo do Novo Testamento. Foram os selos de Deus e os penhores de Suas promessas misericordiosas, tal como hoje os sacramentos o são. Deus salvou Seu povo por meio da nuvem e do mar da tirania de Faraó e o guiou para a liberdade. E Deus, desta forma, resgata pelo batismo a nós do poder de Satanás e nos transporta ao Seu reino, para sermos para sempre Seus filhos livres e benditos.
Quando o apóstolo diz que os filhos de Israel foram batizados com respeito a Moisés, ele indica que eles entraram no relacionamento íntimo ou em comunhão com Moisés, que foi o mediador das manifestações divinas. Eles assumiram a obrigação de segui-lo fielmente como o líder que Deus lhes deu, Ex. 14. 31, assim como um cristão batizado em Cristo O faz o grande Líder de sua vida, Gl. 3. 27. Mas a enumeração das misericórdias de Deus aos Israelitas de modo algum se esgotou: E todos comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual. Foi deste modo que suas vidas foram mantidas. Todos eles comeram alimento espiritual, alimento do céu, maná dado por Deus para este propósito exclusivo, Ex. 16. 13ss. Não só uma vez, mas duas, deu-lhes a beber água duma rocha, por meio dum visível milagre do Senhor, Ex. 17. 1ss; Nm. 20. 2ss.
Tanto alimento como bebida, contudo, não só tiveram o objetivo para lhes manter a vida física, mas também para lhes manter a vida espiritual. Neste sentido o alimento e a bebida da Eucaristia são antítipos, que até mesmo os ultrapassam, do alimento e da bebida milagrosa de Israel no deserto. Agora, tal como então, é a palavra de Deus que dá eficácia à refeição, mas com efeito diferente em cristãos e incrédulos. A água milagrosa é por Moisés (Paulo?) ainda explicada: pois eles beberam, durante todo o percurso de sua jornada pelo deserto, da Rocha espiritual que os acompanhou; mas essa Rocha foi Cristo. Enquanto suas bocas participavam da água que fluía a seus pés, seus espíritos foram refrigerados pela fé em Cristo, que esteve com eles como a Rocha de sua salvação.
“Isto é, eles creram no mesmo Cristo, ainda que Ele ainda não aparecera em carne, porém devia aparecer mais tarde: e o sinal dessa sua fé foi a rocha física, da qual beberam água, tal como nós comemos e bebemos no pão e vinho físicos sobre o altar espiritualmente o próprio Cristo, isto é, comendo e bebendo externamente nós exercitamos nossa fé espiritualmente. Pois se aqueles não tivessem tido a palavra de Deus e a fé, enquanto bebiam água da rocha, o fato não lhe teria tido valor para suas almas.”3) Mas, e como o povo retribuiu a maravilhosa bondade de Deus? Deus, porém, não se agradou da maioria deles, pois ficaram prostrados no deserto. Por causa da incredulidade e da insensibilidade deles, Hb. 3. 19 foi provocada o desagrado de Deus, ou seja, Sua ira e indignação.
Deus tiveram paciência com eles, sempre de novo se voltou para eles, mas não Lhe quiseram conceder a obediência total que deles exigia, e por isso sobreveio-lhes Seu castigo. Toda a geração mais velha foi destruída por meio de vários juízos, como Paulo afirma depois, falhando em alcançar a Terra Prometida, com a única exceção de Josué e Calebe. “Que espetáculo para os olhos dos coríntios enfatuados: todos estes corpos, plenamente fartos com o alimento milagroso, espalhados pelo chão do deserto!” (Godet)
Advertência contra a corrupção da idolatria e os pecados relacionados: V. 6) Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 7) Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se. 8) E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram num só dia vinte e três mil. 9) Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram, e pereceram pelas mordeduras das serpentes. 10) Nem murmureis como alguns deles murmuraram, e foram destruídos pelo exterminador. O apóstolo comprova sua advertência com a referência a certo número de incidentes que aconteceram no deserto, mostrando a razão porque o desagrado de Deus feriu os filhos de Israel: Ora, estas coisas, estes juízos, estão registradas nas Escrituras como tipos ou exemplos de advertência; eles representam o nosso quinhão caso não atendermos a voz de Deus que ecoou na história do deserto.
Não devemos ser cobiçosos de coisas más, não devemos ter o desejo ansioso para realizar o que desagrada ao Senhor, assim como eles também cobiçaram. Recém os israelitas haviam sido salvos das mãos de Faraó e dos egípcios, quando se desagradaram de sua jornada pelo deserto e desejaram pelas panelas de carne do Egito, Ex. 16. 3. Sempre de novo, na medida que continuaram em sua jornada, ergueram suas vozes em murmuração rebelde e exigiram mais dons da benignidade e bondade do Senhor, Nm. 11. 5-20. Sua revolta, sempre de novo, tomou a forma de pecados especiais de infidelidade, de ofensas que foram particularmente odiosas aos olhos de Deus.
Agora são enumeradas algumas das ocasiões que cabem sob este título: E não vos torneis idólatras como alguns deles, tal como está escrito: O povo sentou-se para comer e beber e levantou-se para folgar em danças. Este comportamento foi só uma manifestação externa da apostasia de seus corações, Ex. 32. 18, 19. Propositalmente prepararam uma refeição sacrificial em honra do bezerro de ouro que Arão fizera por ordem deles, e deram expressão dos seus sentimentos idólatras por meio do canto e da dança ao redor do ídolo moldado pelas mãos dum homem. “Foi uma sena de diversão selvagem e despreocupada, sob tais condições chocante e muito perigosa, a que Moisés testemunhou quando desceu, trazendo consigo as taboas da lei.”4) Havia, sem dúvida, também na congregação de Corinto pessoas que tentavam desculpar sua participação em banquetes nos templos gentios com a alegação de que só tenham em mente a glória de Deus. Mas pelo próprio fato que se nivelaram com os deleites gentios, tornaram-se culpados de idolatria. Uma segunda ofensa: Nem suceda que cometamos fornicação, como alguns deles cometeram fornicação, e num só dia caíram vinte e três mil, Nm. 25. Seguindo o maldoso conselho de Balaão, Nm. 31. 16, os moabitas e os midianitas convidaram os israelitas para as suas festas, nas quais era praticada a mais desavergonhada imoralidade em honra aos seus deuses.
O resultado foi uma corrupção e uma contaminação que se espalhou por todos os filhos de Israel e resultou no castigo de Deus sobre eles, sendo que vinte e três mil deles foram abatidos num mesmo dia. Nota: Não há qualquer discrepância entre esta passagem e o texto de Números, visto que Paulo dá expressamente os dados de um só dia, enquanto que o relato histórico menciona o número total de mortos. A advertência foi especialmente apropriada no caso dos coríntios, que estiveram expostos às práticas impudentes ligadas ao culto de Vênus que ocorriam em sua cidade. Que ninguém deles pensasse que estivesse imune contra esses vícios imorais, quando deliberadamente participasse com os gentios em suas festas. E que nenhum dos cristãos de hoje pense que esteja seguro contra as lisonjas e os estratagemas do mundo, quando tiver a prática de sentar-se nos lugares onde os pecados da imoralidade são apresentados de forma mais ou menos oculta.
Um terceira ofensa: Nem tentemos ao Senhor, como alguns deles tentaram e foram mortos pelas serpentes, Nm. 21. 5, 6. Quando disseram a respeito do pão que o Senhor lhes dava diariamente do céu que sua alma odiava este pão fraco, então afrontaram a Deus e cometeram o pecado da presunção e desafiaram Seu juízo. Sua insatisfação com o alimento que Deus fornecera se deveu à sua incredulidade, e esta incredulidade foi punida por meio das serpentes abrasadoras que Deus enviou.
O mesmo pecado, que é o da presunção sobre a paciência e a paciência divina, é cometido pelos coríntios que não estão satisfeitos com o alimento sólido e nutritivo que lhes foi dado pela pregação do evangelho, mas insistiam em frequentar os lugares de idolatria do mundo na esperança de obterem o alimento que serviço melhor aos seus embotados apetites. Uma conduta como esta é tentar a Cristo e será devidamente punida. Uma quarta ofensa: Nem concordeis em murmurar, assim como alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor, que foi o anjo do Senhor que executa as ordens de Deus, 2.Sm. 24. 16; Is. 37. 36.
Toda a história da viagem pelo deserto é de murmuração, mas várias ocasiões se destacam de modo ainda mais forte, sendo notável a revolta de Core e seus amigos, e a subsequente revolta de toda a congregação, Nm. 16. Se não fosse por causa da posição de Moisés naquela ocasião entre os mortos e os vivos, e todo o povo poderia ter sido varrido da terra. A lição devia ser aplicada em tempo pelos coríntios, visto estarem dispostos a manifesta oposição contra os mestres que Deus lhes dera, uma oposição que acertava diretamente ao próprio Senhor. E em nossos dias só precisamos referir-nos ao geral descontentamento e insatisfação com os caminhos e o governo de Deus, tanto na igreja como no estado. Chegou a hora de relembrarmos o que o Senhor diz em Lm. 3. 39.KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento. Editora Concordia Publishing House.
A Libertação de Israel (10.1-4).
Paulo começa dizendo: Ora, irmãos, não quero que ignoreis (1). A primeira palavra, Ora, pode ser traduzida como “pois”, mostrando a estreita ligação com o versículo anterior. O apóstolo não estava falando por meio de vagas abstrações, nem estava simplesmente fornecendo informações. Ele faz uso de uma estratégia histórica para demonstrar a realidade de que as atuais bênçãos espirituais podem ser canceladas por causa de uma autoconfiança exagerada e presunçosa.
1) Todos foram libertos através de um milagre. A frase: Nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem significa que “eles estavam sob a proteção da presença Divina manifestada pela nuvem”.69 A nuvem era o meio da sua divina orientação. A expressão verbal estiveram (esan), no modo imperfeito, denota um estado que continuava e se prolongava. A expressão todos passaram (dielthon) pelo mar está no tempo aoristo, e indica um ato que se completou.
2) Todos foram batizados.
O batismo é, principalmente, um testemunho público ou uma declaração pessoal de identificação. A afirmação: e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar (2), tem aqui apenas um sentido figurado porque o povo nem entrou na nuvem, nem mergulhou no mar. Porém, passaram sob ambos, da mesma maneira que a pessoa batizada é imersa sob a água. Aceitando a liderança de Moisés, e participando dos eventos que estiveram em torno do Êxodo, o povo se identificou com ele. Mas a submissão, assim como a identificação, está envolvida no batismo. “Assim como o batismo produz um efeito, isto é, submeter o homem à liderança de Cristo, da mesma forma a participação nos grandes eventos do Êxodo submeteu os israelitas à liderança de Moisés”.
3) Todos foram sustentados de forma sobrenatural.
O maná, que consistia na dieta básica do povo, era um manjar espiritual (3) porque provinha de meios espirituais (Êx 16.1-36). Nesse caso, a palavra manjar significa alimento, e não tem o sentido comum dessa palavra.
A água também era fornecida através de meios sobrenaturais - eles bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo (4). Essa afirmação pode ter sido uma alusão ao ato de golpear a pedra para obter água (Êx 17.6). Entretanto, seria demasiadamente exagerado interpretar esta referência como uma repetição da lenda judaica de que uma rocha acompanhou os israelitas ao longo da peregrinação pelo deserto.
A preexistência de Cristo está claramente sugerida, pois “Paulo entende que Cristo foi a fonte de todas as bênçãos que os israelitas receberam em sua viagem”. Vine também escreve: “A descrição da rocha como sendo um guia espiritual que os acompanhava é um distinto testemunho da preexistência de Cristo”. O Senhor foi assim representado como o Ser Divino que acompanhava o povo em sua viagem pelo deserto, e Aquele que forneceu os meios para a sua libertação.
O sentido prático seria óbvio para os coríntios.
Cristo habitou entre o povo de Israel, e realizou milagres únicos e maravilhosos para eles. No entanto, eles sucumbiram por causa da descrença e do pecado.O Desastre no Deserto (10.5). Apesar da milagrosa provisão para o seu povo, Deus foi finalmente forçado a castigá-lo. Por se mostrarem rebeldes e complacentes Deus não se agradou. Grande parte deles errou. Somente Josué e Calebe entraram na terra de Canaã (Nm 14.30-32). Todos os outros deixaram de receber o prêmio, pelo que ficaram prostrados no deserto. O verbo prostrados significa literalmente “esparramados, espalhados ou dispersos”. O deserto estava coberto de cadáveres. Estas pessoas desobedientes haviam morrido por causa do desagrado de Deus. A imagem pictórica do deserto coberto com cadáveres tinha a finalidade de chocar esses grupos de cristãos presunçosos e auto-satisfeitos de Corinto.
Um desastre semelhante ameaça os desobedientes (10.6-10). A rejeição e a punição de Israel foram oferecidos como “exemplos, como lições objetivas para nós, para nos advertir a não fazermos as mesmas coisas” (11, LL). O exemplo de Israel era uma advertência sobre o que poderia acontecer aos coríntios se eles se tornassem muito confiantes, e fizessem um mau uso da sua liberdade. Para se fazer claro como cristal, Paulo relacionou cinco pecados de Israel que estavam aparentemente ameaçando a igreja de Corinto.
1) Cobiçar coisas más.
A palavra cobiçar (6, epithymia) significa “desejar” coisas boas ou más. Geralmente, como acontece aqui, ela está associada a coisas ilícitas ou a um desejo pernicioso. Em seu sentido mais comum, ela expressa “o motivo da alma (.thymos) em relação (epi) a alguma coisa que Deus não deu, uma aspiração egoísta e descontente”. A cobiça dos israelitas está registrada em Números 11.4, onde o povo expressa um forte desejo pelas coisas que haviam sido deixadas para trás ao saírem do Egito. A cobiça por estas coisas se devia, em parte, à complexa natureza das pessoas que não estavam totalmente comprometidas com a forma de vida ordenada por Moisés. Comentando sobre os resultados de um grupo com motivos mistos, Vine escreveu: “Se o povo de Deus não trilhasse um caminho de completa separação, ele inevitavelmente se desviaria, levado por associações prejudiciais”. A advertência contra os desejos ilícitos era especialmente relevante para os coríntios. “A história da nação judaica representa um espelho para toda humanidade”. E ela foi de uma forma especial, um espelho para os coríntios.
2) Idolatria. Os israelitas ficaram conhecidos por terem se assentado a comer e a beber (7) na festa idólatra do bezerro de ouro em Horebe. Associando-se aos pagãos em seus festivais, os israelitas tornaram-se verdadeiros idólatras. Os coríntios estavam correndo o risco de fazer o mesmo. Paulo os advertiu contra a corrupção muitas vezes presente nos festivais nos quais “poderiam estar presentes as paixões mais baixas dos homens - e muitas vezes elas realmente estavam - e eram liberadas no próprio ato da adoração”.
3) Prostituição. Em seguida o apóstolo adverte: E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram (8). A libertinagem sexual era uma constante ameaça em Corinto, como foi indicado em 2 Coríntios 12.21, e também era um perigo constante em Israel. O incidente da prostituição em Israel, referido aqui, pode ser encontrado em Números 25. Aqueles que foram destruídos por causa da prostituição são mencionados em 25.9 e chegam a 24.000 pessoas. Paulo menciona que 23.000 foram destruídos. Ao explicar essa diferença, Vine escreve: “O Apóstolo pode estar mencionando aqui o resultado imediato, enquanto o registro feito por Moisés menciona o resultado total”. A lição apresentada por Paulo é que a indulgência sexual entre pessoas que são espiritualmente esclarecidas é pior do que entre os pagãos, e causa maior punição.
4) Tentar a Deus. A próxima advertência é: Não tentemos a Cristo (9). O verbo tentar (ekpeirazo) é uma expressão intensa da forma mais comum peirazo, e foi usado para sugerir a ideia de desafiar a Deus. “Tentar a Deus é se esforçar para colocá-lo em teste, para ver quanto durará a sua benignidade”. A fonte do descontentamento em Corinto era “evidentemente o descontentamento que eles... [sentiam] por causa da abnegação exigida pela sua chamada cristã”. Eles estavam tentando a Deus ao levar sua liberdade cristã ao limite em relação às festas dos ídolos.
Em Números 14.22 os israelitas realmente tentaram a Deus 10 vezes, “desafiando- o ao abusar da Sua paciência através de uma conduta rebelde e do pecado”. Por causa da desobediência o povo foi destruído pelas serpentes. Em nossa dispensação, “as serpentes que destroem os cristãos que estão em uma situação como esta são os tormentos de uma consciência culpada”.
5) Murmurações e descrença. Murmurar (10) significa “queixar-se” ou “criticar”. Tal murmuração tem as suas raízes na incredulidade, e representa a negação da bondade e da misericórdia de Deus”.82 No AT, a maioria das queixas era dirigida a Moisés e Arão (Nm 14.2,36; 16.11,41). Paulo compara as murmurações dos coríntios ao lamento dos israelitas. Como murmurar é uma clara desconfiança da providência de Deus, e a negação da sua sabedoria e bondade, ela resulta muitas vezes em uma rápida retribuição. O destruidor neste contexto significa a morte (NT Amp.).
Aplicação à igreja de Corinto (10.11-13). O AT não é simplesmente uma história de acontecimentos seculares. Ele contém a revelação do relacionamento de Deus com os homens. Dessa forma, sua história é usada para mostrar um padrão de comportamento a ser imitado ou evitado. O exemplo de Israel foi escrito para aviso nosso (11). A palavra aviso significa “colocar na mente” ou “instruir pela palavra”. Em 2 Timóteo 3.16-17 existe a ideia de uma repreensão ou correção. Para quem já são chegados os fins dos séculos significa para aquele que vive na última era do tempo, a dispensação cristã.
A sua aplicação é clara e direta. Aqueles que eram excessivamente confiantes e egoístas entre os coríntios foram advertidos de que, no exato momento em que se sentissem mais seguros, poderiam cair (12). O exemplo de estar de pé e de cair representa um estado de fidelidade e um estado de desobediência. “A queda dos outros deve nos deixar mais cautelosos a nosso próprio respeito”.
Paulo ameniza a severidade das suas palavras ao garantir que a tentação peculiar dos coríntios é humana (13). Nada de novo havia acontecido aos coríntios; todos os homens experimentam tentações. Portanto, se eles pecarem, não terão desculpas. Paulo declara também que Deus age firmemente e sempre concede forças àqueles que confiam nele, e o seguem. Como Alford escreve: “Ele celebrou uma aliança com você ao lhe chamar: se Ele permitisse que você sofresse uma tentação além do seu poder de vencê-la... Ele estaria transgredindo essa aliança”.84 Deus conhece muito bem as circunstâncias que cercam cada tentação, e vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar,
O termo escape (ekbasis) era usado como referência a uma passagem na montanha. A imagem é de um exército ou de um grupo de viajantes preso nas montanhas. Eles descobrem uma passagem e o grupo escapa para algum lugar em que possa estar em segurança. A frase para que a possais suportar indica o poder sustentador do Espírito Santo, que todos os homens podem receber. A vitória sobre a tentação será possível através de uma humilde confiança. Porém, ter uma autoconfiança presunçosa diante da tentação representa uma avenida aberta para uma derrota certa.
Donald S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 8. pag. 317-320.
I - ISRAEL PEREGRINA PELO DESERTO
1. Israel chega a Mara (Êx 15.23).
Lições do Milagre de Mara
Diante da murmuração do povo, Moisés clama a Deus e Ele lhe mostra uma árvore cujo lenho deveria ser jogado nas águas para a sua purificação, o que ocorre imediatamente (Êx 15.25a). As lições desse episódio são, pelo menos, sete:
1. Águas amargas levaram o povo à amargura. Portanto, as águas de Mara simbolizam a murmuração, a amargura e a descrença pelas quais eventualmente seremos tentados em nossa peregrinação nos desertos desta vida.
2. Esse episódio ocorreu havia apenas três dias da grandiosa experiência da abertura do Mar Vermelho. Logo, grandes experiências com Deus podem ser imediatamente sucedidas por novas provas de fé. 3. O lenho nas águas, purificando-as, simboliza o madeiro, a cruz de Jesus, que nos resgata das águas amargas para águas purificadas.
4. A experiência foi sucedida por uma admoestação e promessa:
“... ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou. E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o Senhor, que te sara” (Êx 15.25b,26). Ou seja, Deus nos ensina no deserto a obediência, e é ali também que Ele promete e manifesta a sua bênção sobre a nossa vida, se formos fiéis a Ele em meio às provações.
5. No deserto, o Senhor se revela mais uma vez, e como “O Senhor que te sara”. Aleluia! Nas nossas provações, Deus quer se revelar de forma nova e poderosa. Ele quer sarar as nossas enfermidades! Ele cura física e espiritualmente.
6. Ao seguirem para Elim, que estava logo adiante, encontraram “doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto às águas” (Ex 15.27). Isto é, logo à frente, havia sombra e água fresca. A analogia aqui é clara: as águas de Mara se contrapõem às fontes de Elim. Enquanto as águas de Mara simbolizam amargura, descrença e murmuração, as águas de Elim simbolizam a provisão plena de Deus para o seu povo. A grande lição aqui é que tivesse Israel suportado a amargura das águas de Mara, logo estaria festejando em Elim. A pouca paciência de muitos crentes embota o fio aguçado da vitória alegre quando esta ocorre.
7. Elim, como mencionamos de passagem no tópico anterior, fala de provisão plena de Deus. Se não, vejamos: eram doze fontes para doze tribos, ou seja, uma para cada tribo de Israel.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 59-60.
MARA
1. O novo nome, significando "amargura, tristeza, mágoa", que Noemi escolheu para si ao retornar de Belém, para expressar o amargor de suas experiências em Moabe (Rt 1.20).
2. Uma fonte de águas amargas no oásis do deserto de Sur que os israelitas alcançaram três dias após cruzarem o mar Vermelho (Êx 15.23; Nm 33.8,9). Quando o povo murmurou contra Moisés, ele jogou uma árvore (ou um lenho) nas águas, e estas se tornaram, ainda que temporariamente, miraculosamente doces. Na rota tradicional para o monte Sinai, o oásis de Ain Hawarah, aprox. 75 quilómetros a sudeste de Suez, é comumente identificado com Mara. Sua fonte fornece água salobra devido aos sais do solo das terras vizinhas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1224.
MARA 1. (ma, amargo). Local onde os israelitas encontraram água, depois de viajarem três dias pelo deserto de Sur, após a travessia do Mar Vermelho. A água encontrada ali era salobra e imprópria para beber, daí o nome Mara, que significa “amargo” (Êx 15.23; Nm 33.8,9). O povo murmurou por causa da condição da água e Deus mostrou a Moisés um galho de árvore, o qual ele lançou na água, a qual miraculosamente se tomou potável. O manancial comumente é situado no local da atual ‘ Ain Hawarah, a 43 km a sudeste de Suez e a cerca de 11 km do Mar Vermelho.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 98.
No hebraico, «amargo», Esse foi o nome da sexta parada de Israel, durante suas vagueações pela península do Sinai, ap6s o êxodo (ver Exo. 15:23,24; Núm. 33:8). As águas do lugar eram amargosas, o que explica tal locativo, no entanto, miraculosamente, Moisés tomou-as boas para o consumo humano (por orientação divina), após ter lançado nelas uma certa árvore.
Acredita-se que a fonte seja aquela que atualmente se chama 'Ain Hawarah, cerca de setenta e seis quilômetros a suleste de Suez e cerca de onze quilômetros das margens do mar Vermelho. Alguns estudiosos identificam-na com Cades. Foi esse o primeiro acampamento de Israel, depois que atravessaram o mar Vermelho. O povo de Israel caminhou por três dias deserto de Sur adentro, apôs aquela travessia, até chegar a Mara.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora Hagnos. pag. 117.
Mara: as Águas Amargas
Os versículos finais deste capítulo mostram-nos Israel no deserto. Até aqui parece que tudo lhes havia corrido bem. Terríveis juízos haviam caído sobre o Egito, mas Israel fora perfeitamente excluído; o exército do Egito jazia morto nas praias do mar, mas Israel estava em triunfo. Tudo isto era bastante; mas, enfim, o aspecto das coisas depressa mudou! Os hinos de louvor foram depressa substituídos pelas palavras de descontentamento. "Então, chegaram a Mara; mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas: por isso, chamou-se o seu nome Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de bebera (versículos 23 a 24).
"E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto. E os filos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos pela mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão (capítulo 16:2-3).
Eis aqui as provações do deserto. "Que havemos de comera" e "que havemos de bebera" As águas de Mara puseram à prova o coração de Israel e mostraram o seu espírito murmurador; mas o Senhor mostrou-lhes que não havia amargura que Ele não pudesse dulcificar com a provisão da Sua graça: "...e o SENHOR mostrou-lhe um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces: ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou".
Que formosa figura d'Aquele que foi, em graça infinita, lançado às águas da morte, para que essas águas nada mais nos pudessem dar senão doçura, para todo o sempre.
Verdadeiramente, podemos dizer: "Na verdade já passou a amargura da morte", e nada mais nos resta senão as doçuras eternas da ressurreição.
O versículo 26 põe diante de nós o caráter importante desta primeira etapa dos remidos de Deus no deserto. Encontramo-nos em grande perigo, nesta hora, de cair num espírito mal disposto, impaciente de murmuração. O único remédio contra este mal é conservarmos os olhos postos em Jesus —"olhando para Jesus" (Hb 12:2). Bendito seja o Seu nome, Ele sempre Se mostra à altura das necessidades do Seu povo; e eles, em vez de se queixarem das suas circunstâncias, deviam fazer delas o motivo de se aproximarem mais d'Ele. É assim que o deserto se torna útil para nos ensinar o que Deus é. É uma escola na qual aprendemos a conhecer a Sua graça constante e os Seus amplos recursos. "E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos" (At 13:18).
O homem espiritual reconhecerá sempre que vale a pena ter águas amargas para Deus as dulcificar:".. .também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança" (Rm 5:3 -5).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 15.23 Chegaram a Mara. Poços e fontes de água salobra são frequentes nas regiões desérticas. Os israelitas, ao encontrarem água imprópria para uso humano, chamaram-na de “amarga”, significado da palavra hebraica Mara. “O extremo amargor do gosto da água das fontes da extremidade sul do deserto de Sur é confirmado por todos os que por ali viajam. Há diversas dessas fontes. Aquela que modernamente se chama de Ain Howqrah é a mais copiosa, e não de águas tão amargas como as outras” (Ellicott, in loc).
Essa foi a sexta parada de Israel, durante suas vagueações pela península do Sinai, depois do êxodo (Êxo. 15.23,24; Núm. 33.8). As águas do lugar eram amargosas, o que explica tal locativo. No entanto, miraculosamente, Moisés tornou-as boas para o consumo humano (por orientação divina), após ter lançado nelas certa árvore. Acredita-se que a fonte seja aquela que atualmente se chama ‘Ain Howqrah, a cerca de setenta e seis quilômetros a sudeste de Suez e a cerca de onze quilômetros das margens do mar Vermelho. Alguns estudiosos identificam-na com Cades. Foi esse o primeiro acampamento de Israel, depois que atravessaram o mar Vermelho (ou melhor, o mar de Juncos). O povo de Israel caminhou por três dias, deserto de Sur adentro, apôs aquela travessia, até chegar a Mara. Alguns estudiosos não creem ser possível uma identificação exata dessa localidade.
Tipologia. “Essas águas amargas ficavam bem no caminho por onde o Senhor estava conduzindo Israel, e representam as provações que o povo de Deus precisa enfrentar, provações essas que são didáticas, e não punitivas. A árvore simboliza a cruz (Gál. 3.13), que se tornou doce para Cristo, como expressão da vontade do Pai (João 18.11). Quando aceitamos nossas maras com a atitude Dele, lançamos a árvore em nossas águas (Rom. 5.3,4)” (Scofield Reference Bible, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 370.
Êx 15.23. Mara. Ao contrário de muitas etimologias no Velho Testamento, esta não se trata de mero trocadilho baseado em semelhança fonética, pois “marah” poderia realmente significar“ amarga” ou “ amargura” , caso se trate de uma raiz semítica. A palavra “mirra” parece derivar da mesma raiz, com referência ao seu forte aroma. Muitos oásis do deserto recebem seus nomes por causa de poços, fontes e pequenas lagoas, já que a água em sua característica essencial é comum. A fonte em questão aqui é provavelmente a atual ‘Ain Hawarah. Chamou-se lhe. A vaga terceira pessoa do singular (literalmente, ele chamou o seu nome) não se refere, necessariamente, a Moisés, podendo ser encarada (como o fez a SBB) como uma construção impessoal, de acordo com a expressão idiomática tipicamente semita. Isto significa que o nome poderia ter existido muito antes da passagem de Israel por ali. A maioria dos poços artesianos produz água amarga e de gosto desagradável devido à presença de sais minerais.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 124.
Os israelitas andaram três dias no deserto (a leste do mar Vermelho) e não acharam água (22). A fé do povo precisava de mais provas. Uma grande vitória como a travessia do mar Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da onipotência de Deus; mas não treinou a fé para os problemas cotidianos. A necessidade diária de comida e bebida prova a fé do povo mais que os obstáculos maiores. Mas Deus estava treinando seu povo em todos os aspectos da vida, por isso os levou às águas amargas de Mara (23; ver Mapa 3). Imagine a comovente decepção de pessoas sedentas encontrando água e verificando que era impotável. Viajantes nesta região do deserto de Sur (ou de Etã, Nm 33.8) confirmam que as fontes são extremamente amargas, que o lugar é “destituído de árvores, água e, exceto no começo de primavera, pastagens”
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 174-175.
As Murmurações do Povo
"E PARTIDOS de Elim, toda a congregação dos filhos de Israel veio ao deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do mês segundo, depois que saíram da terra do Egito". Vemos aqui Israel numa posição notável e muito interessante. É ainda o deserto, sem dúvida, mas é um lugar de paragem muito importante e significativo, a saber, "entre Elim e Sinai". Aquele era o lugar onde haviam recentemente provado as águas refrescantes do ministério divino; este era o lugar onde eles deixaram o terreno da graça soberana e se colocaram debaixo do concerto das obras. Estes fatos tornam "o deserto de Sinai" uma parte particularmente interessante da jornada de Israel. O Seu aspecto e influência são acentuados grandemente como qualquer outro ponto em toda a sua história. Vemo-los aqui como os objetos da mesma graça que os havia tirado da terra do Egito, e, portanto, todas as suas murmurações são imediatamente atendidas por suprimento divino. Quando Deus opera na manifestação da Sua graça não há impedimento. As bênçãos que Ele derrama correm sem interrupção. E só quando o homem se coloca debaixo da lei que perde tudo; porque então Deus tem de permitir que ele se certifique de quanto pode exigir com base nas suas próprias obras.
Quando Deus visitou e redimiu o Seu povo e os tirou da terra do Egito, não foi, certamente, com o propósito de os deixar morrer de fome e de sede no deserto. Eles deviam saber isto. Deviam ter confiado n'Ele e andado na confiança daquele amor que os havia libertado gloriosamente dos horrores da escravidão do Egito. Deviam ter recordado que era infinitamente melhor estar com Deus no deserto do que nos fornos de tijolo com Faraó. Mas não; o coração humano acha uma coisa muito difícil dar crédito a Deus pelo seu amor puro e perfeito: tem muito mais confiança em Satanás do que em Deus. Vede, por um momento, toda a dor e sofrimento, a miséria e degradação que o homem tem sofrido por causa de ter dado ouvidos à voz de Satanás, e contudo nunca tem uma palavra de queixa quanto ao seu serviço ou desejo de se libertar das suas mãos. Não está descontente com Satanás nem cansado de o servir. Colhe repetidas vezes os frutos amargos nesses campos que Satanás tem aberto de si; e, todavia, pode ser visto repetidas vezes a semear a mesmíssima semente e a passar pelos mesmos trabalhos. Mas como é diferente quando se trata de Deus! Quando nos dispomos a andar nos Seus caminhos, estamos prontos, à primeira aparência de dificuldades ou provações, a murmurar e a rebelarmo-nos. Na verdade, não há nada em que tanto falhamos como no desenvolvimento de um espírito confiante e agradecido.
Esquecemos facilmente dez mil bênçãos na presença de uma simples privação. Os nossos pecados foram todos perdoados, "fomos aceites no amado"(Ef 1:6) efeitos herdeiros e co-herdeiros com Cristo—esperamos a glória eterna; e além de tudo mais, o nosso caminho através do deserto está coberto de misericórdias inumeráveis; e todavia deixai que uma nuvem, apenas como palma da mão de um homem, apareça no horizonte, e as ricas misericórdias do passado são por nós prontamente esquecidas avista desta pequena nuvem, que, afinal, pode muito vem desfazer-se em bênçãos sobre a nossa cabeça. Este pensamento deveria humilhar-nos profundamente diante de Deus. Como somos diferentes nisto, e em tudo mais, do nosso bendito Modelo! Vede-O—o verdadeiro Israel no deserto—rodeado de feras e jejuando durante quarenta dias. Como Se conduziu Ele? Murmurou1?- Queixou-Se da Sua sorte?- Desejou achar-Se noutras circunstâncias1? Ah! não.
Deus era a porção do Seu cálice e a parte da Sua herança (SI 16). E, portanto, quando o vida, Ele recusou-os e manteve firmemente a posição de absoluta dependência de Deus e implícita obediência à Sua palavra. Só aceitaria do mesmo modo o pão e a glória das mãos de Deus.
Como foi tão diferente com Israel segundo a carne! Tão depressa sentiu o sofrimento da fome "Murmurou contra Moisés e contra Arão, no deserto" (versículo 2). Parece que haviam perdido a compreensão de haverem sido libertados pela mão do Senhor, porque disseram:"... porque nos tendes tirado para este desertou" E também no capítulo 17:3, lemos: "...o povo murmurou contra Moisés, e disse: porque nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós, e aos nossos filhos, e ao nosso gado?" Assim, eles manifestaram em todas as ocasiões um espírito irritado e de queixume, e mostraram quão pouco realizavam a presença do seu Poderoso e infinitamente gracioso Libertador.
Ora, não há nada que tanto desonre a Deus como um espírito murmurador por parte daqueles dos que Lhe pertencem. O apóstolo apresenta como característico especial da corrupção dos gentios que, "...tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças" (Rm 1:21). E então segue-se o resultado prático deste espírito ingrato, "antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu". Aquele que deixa de reter um sentido grato da bondade de Deus tornar-se-á rapidamente "entenebrecido". Assim Israel perdeu o sentido de estar nas mãos de Deus; e isto levou-os, como podia esperar-se, a trevas mais espessas, visto que os encontramos, mais tarde na sua história, dizendo: "Porque nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos a espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa"?" (Nm 14:3). Tal é a atitude que a alma que não está em comunhão toma. Começa por perder a noção de estar nas mãos de Deus para seu bem, e, termina por se julgar nas Suas mãos para seu mal. Que triste progresso!
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 16.7,8 Pela manhã. A glória do Senhor haveria de manifestar-se mediante a provi são de maná. À tarde, aquela mesma glória haveria de evidenciar-se por meio da provisão das codornizes, tal como os israelitas dispunham da coluna de nuvem durante o dia, a fim de guiá-los, e da coluna de fogo, durante a noite, com o mesmo propósito, provendo-lhes calor e iluminação.
As vossas murmurações. Os milagres da manhã e da tarde mostrariam o que as murmurações de Israel significavam: uma ofensa contra Yahweh, uma demonstração de incredulidade quanto ao Seu poder e quanto às Suas promessas. Em segundo lugar, eram ofendidos Moisés e Arão. Ver as notas sobre essas murmurações em Êxo. 14.10. Essas murmurações tornaram-se um tema secundário dos livros de Êxodo e Números, porquanto demonstravam que a fé dos israelitas estava debilitando-se. Todas as necessidades dos filhos de Israel eram supridas de maneira “bondosa, abundante, maravilhosa... da parte de um Deus gracioso e misericordioso” (John Gill, b loc).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 373.
Êx 16.7. Israel haveria de ver a glória de YH W H em Seus atos salvadores. Em outros lugares a glória de Deus aparece fisicamente manifesta sobre a tenda da congregação, ou na nuvem (16:10).
Êx 16.8. Carne para comer... pão que vos farte. Duas provisões distintas são mencionadas juntas aqui: pão (maná) e carne (codornizes), embora pouca ênfase seja dada às aves nesta passagem. Ver Números 11:31 onde há o relato de nova provisão de codornizes que parece ter acontecido depois da entrega da lei no Sinai (não antes, como aqui), e que foi seguida por uma praga.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 126.
2. Rumo ao Sinai (Êx 16.1).
Mais Provisão no Deserto
Após Elim, o povo seguiu ainda mais ao sul, pelo Deserto de Sim (Ex 16.1), situado aos pés do planalto do Sinai. Ou seja, esse deserto ficava entre Elim e o Sinai, e foi onde os israelitas vivenciaram pela primeira vez o milagre do maná e onde se maravilharam com o milagre das codornizes (Êx 16.1-21). Segundo R. K. Harrison, “este local é hoje identificado como Debbet er-Ramleh, uma região arenosa que se estende abaixo de Jebel et-Tih na região sudoeste da Península do Sinai, embora tenha sido sugerida uma outra localização situada na planície costeira de El-Markhah”.4
Como destacam as notas da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o Deserto de Sim era um ambiente vasto e hostil, no qual só havia areia e pedra. Esse espaço estéril proveu o lugar perfeito para Deus testar e formar o caráter do seu povo”,5 que era muito instável, inclinado ao erro, com mentalidade ainda do tempo de escravos do Egito e, não poucas vezes, se mostrando obstinados em seus erros.
Em Deuteronômio 9.4,5, Deus diz ao povo:
Quando, pois, o Senhor, teu Deus, os lançar fora [os cananeus], de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir, porque, pela impiedade destas nações, é que o Senhor as lança fora, de diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do teu coração que entras a possuir a sua terra, mas, pela impiedade destas nações [os cananeus], o Senhor, teu Deus, as lança fora, de diante de ti; e pra confirmar a palavra que o Senhor, teu Deus, jurou a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.
Ou seja, não é porque os israelitas eram justos que iriam entrar na terra de Canaã, mas porque os moradores dessa terra eram muito ímpios, e Deus queria usar Israel para julgá-los. E era também porque Ele prometera aquela terra a Abraão, a Isaque e a Jacó visando ao seu plano salvífico para a humanidade por meio de Cristo.
Enfim, o povo de Israel não era fácil, mas Deus amava os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, e queria tratá-los, burilá-los, prová-los, aperfeiçoá-los por meio das provações no deserto para que pudessem ter forjado o caráter que Deus desejava para ele como seu povo. Esse processo, por causa da dureza do coração do povo, acabou durando muito tempo: quarenta anos.
Foi Deus quem os guiou ao deserto. Lembremo-nos de que o povo se dirigiu por esse caminho porque Deus, desde a saída do povo do Egito, expressamente determinou que não seguissem “o caminho dos filisteus”, que ficava ao norte (Ex 13.17).
Isso significa que mesmo quando seguimos o caminho que Deus estabelece para a nossa vida, enfrentamos provações, mas para o nosso próprio bem, porque “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28); mas, por outro lado, também significa que Deus estará conosco em todos os momentos difíceis, protegendo-nos e enviando-nos o maná diário, isto é, suprindo cotidianamente as nossas necessidades. Diz o texto bíblico que “comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã” (Êx 16.35).Ou seja, enquanto houver deserto, não vai faltar maná! O maná só para quando adentrarmos a Terra Prometida.
O maná era como pequenos flocos que amanheciam todas as manhãs caídos ao chão do arraial dos hebreus. Ele era “branco”, “como semente de coentro” e “o seu sabor era como bolos de mel” (Ex 16.31).
Chovia “pão dos céus” todos os dias para alimentar o povo (Ex 16.4). O maná representava Cristo, que é o “pão vivo que desceu do céu” (Jo 6.51). Um detalhe interessante é que não adiantava fazer estoque de maná, porque, no dia seguinte, o maná estocado apodrecia (Ex 16.19,20). Era preciso todo dia sair ao arraial para pegar maná fresco. Isso nos fala da necessidade que temos de todos os dias nos abastecermos na presença de Deus. Não basta buscar a Deus um único dia para valer por uma semana. E preciso buscar a Deus todos os dias da semana para podermos enfrentar as tentações e adversidades diárias que nos sobrevenham durante toda a semana.
Ainda mais ao sul, já em Refidim, os israelitas vivenciaram o milagre da água que saiu da rocha e batalharam contra os amalequitas (Ex 17.1-
16). Foi após essa batalha que o sogro de Moisés, Jetro, trouxe finalmente a sua filha, esposa de Moisés, com seus dois netos para o genro, e congratulou-se com ele pelo que o Senhor tinha feito, tirando o povo de Israel do Egito (Êx 18.1-12). Além disso, Jetro, sob a inspiração divina, deu conselhos importantes a Moisés (Êx 18.13-27).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 60-62.
Elim: Doze Fontes e Setenta Palmeiras
Todavia, o deserto tem os seus Elins bem como os seus Maras; as suas fontes e palmeiras, bem como as suas águas amargas. "Então, vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas (versículo 27).
O Senhor graciosa e ternamente prepara verdes lugares no deserto para o Seu povo; e embora sejam, quanto muito, oásis, refrescam, todavia, o espírito e animam o coração. A permanência temporária em Elim era evidentemente calculada para tranquilizar os corações do povo e fazer cessar as suas murmurações. A sombra agradável das suas palmeiras e as águas refrescantes das suas fontes vieram muito a propósito, depois da provação de Mara, e realçam à nossa vista as virtudes preciosas daquele ministério espiritual que Deus provê para o Seu povo no mundo. Os números "doze" e "setenta" estão intimamente ligados com o ministério.
Mas Elim não era Canaã As fontes e as palmeiras eram apenas um antegozo desse país ditoso que estava situado para lá dos limites do deserto estéril, no qual os remidos acabavam de entrar. Davam refrigério, sem dúvida, mas era refrigério do deserto: era apenas momentâneo, destinado em graça, a animar os espíritos deprimidos e a dar-lhes vigor para a sua marcha para Canaã. Assim é, como sabemos, com o ministério na Igreja; é um suprimento gracioso para as nossas necessidades, destinado a refrescar, fortalecer e encorajar os nossos corações "até que todos cheguemos à medida da estatura completa de Cristo" (Ef 4:13).
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Êx 16.1 Partiram de Elim. Ver sobre esse lugar em Êxo. 15.27.
A congregação dos filhos de Israel. Ver sobre essa expressão em Êxo. 12.3,6,19,47; 16.1,2,9,10,22; 17.1; 27.21; 28.43; 29.4,10,11,30,32,42,44 etc. A nação inteira, por meio de suas tribos, organizadas como se fossem uma congregação, está em vista. Era uma comunidade religiosa que se preparava para tornar-se uma nação teocrática.
Deserto de Sim. Ver no Dicionário 0 verbete sobre essa localidade. Dezenove desertos diferentes são mencionados no Antigo Testamento; e esse é um deles. Os estudiosos não concordam quanto à sua localização exata.
Aos quinze dias do segundo mês. O ano religioso começava no mês de abibe (mais tarde chamado nisã). Ver Êxo. 13.4; 23.15; 34.18. O segundo mês era chamado ijar, correspondente aos nossos meses de abril-maio, e falava sobre a beleza das flores da primavera. Israel saiu do Egito no décimo quinto dia do mês de nisã (abibe) e agora já era 0 décimo quinto dia do mês de ijar. Portanto, um mês tinha-se passado, desde que Israel saíra do Egito.
Êx 16.2 Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou. Parece que Isso acontecia periodicamente, a ponto de tornar-se um dos temas secundários dos livros de Êxodo e Números. Ver as notas a respeito em Êxo. 14.11. Dou ali uma lista de referências à questão.
O Targum de Jonathan informa-nos que a massa que Israel tinha trazido do Egito agora se acabara, causando falta de suprimentos de boca. “É comum que, quando as coisas não andem tão bem quanto se deseja, as pessoas, na igreja ou no estado, murmurem contra seus governantes, eclesiásticos ou civis, lançando contra eles toda a culpa” (John Gill, in loc.).
Até este ponto, já vimos três casos de murmuração: 1. O de Pi-Hairote, quando 0 terrível exército egípcio ameaçava a existência do povo de Israel (Êxo. 14.11,12). 2. O de Mara, quando terminou o suprimento de água e as águas do lugar eram amargosas (Êxo. 15.24). 3. O do deserto de Sim, 0 texto presente, quando terminou 0 suprimento de alimentos. “Aqueles pobres hebreus eram tanto escravos quanto pecadores, e eram capazes dos atos mais maldosos e desgraçados” (Adam Clarke, in loc.).
Êx 16.3 Morrido pela mão do Senhor. Devemos pensar aqui em morte natural, por motivo de idade avançada. Mas é possível que eles estivessem aludindo às pragas que devastaram o Egito, causando imensas perdas de vidas humanas. Neste caso, a queixa era deveras amarga. Eles preferiam ter morrido sob o castigo de Yahweh do que morrer de fome no deserto. A queixa era particularmente estúpida porque, havendo todos aqueles animais entre eles, eles poderiam tê-los sacrificado para servirem de alimento. Não havia perigo de morrerem de inanição, apesar do fato de que não havia mais farinha de trigo.
Panelas de carne. Embora escravos, no Egito tinham tido muita comida para consumir, para nada dizermos sobre os acepipes que eles poderiam preparar por si mesmos. “Os murmuradores vagabundos preferiam o alimento condimentado das panelas de carne do Egito à liberdade precária no deserto” (Oxford Annotated Bible, in loc.).
O trecho de Números 11.5 dá-nos alguma ideia da variedade de alimentos de que Israel tinha desfrutado no Egito, muita verdura e boa variedade de carnes, além de muitas frutas.“A falta de pão fez 0 povo de Israel esquecer-se de sua terrível sorte no Egito, fazendo-os pensar apenas na comida que tinham, e assim porem em dúvida os motivos verdadeiros de seu líder" (John D. Hannah, in loc).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 372.
Êx 16.1. Aos quinze dias do segundo mês indica um intervalo de um mês desde sua partida do Egito, se a partida se deu no décimo quinto dia do primeiro mês (12:6,31).
O deserto de Sim. Pode haver uma ligação linguística entre Sim e Sinai, o monte sagrado. O contexto, todavia, deixa claro que não se trata do mesmo lugar. O deserto de Zim (a primeira consoante hebraica é diferente) não deve ser confundido, pois fica cerca de trezentos quilômetros ao norte.
Êx 16.3. Na terra do Egito. Já se haviam esquecido da escravidão do Egito, e agora idealizavam o pouco que de bom havia, como é tão comum acontecer. Escravos não costumam comer muita carne, mas aqui as panelas de carne são proeminentes em suas lembranças. Mais tarde irão recordar os alhos picantes e os doces melões do delta do Nilo (Nm 11:5). A presente reclamação parece ser dupla: não há comida suficiente e, em particular, não há carne. Como qualquer sociedade pastoril, os israelitas detestavam sacrificar seus próprios animais (cf Nm 11:22), que era a única alternativa a uma dieta de leite e queijo em sua jornada pelo deserto. Note como imediatamente o povo atribui a Moisés os motivos mais sórdidos: em sua opinião, ele os colocara deliberadamente naquela situação.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 125-126.
Outra murmuração de Israel (16.1-3). Israel deveria ter aceitado os “estatutos” de Deus e crido em sua “ordenação” (15.25). O fato de não terem agido assim resultou em mais reclamações. Tinham deixado para trás um deserto (Sur) e entrado em outro (Sim) a caminho do monte Sinai e já fazia um mês que viajavam (1). Pelo visto, o suprimento de comida estava diminuindo e não havia evidência externa de novas provisões. Deus permitiu que o problema surgisse como prova para a fé de Israel. Mas o povo murmurou contra Moisés e contra Arão (2), desejando ter morrido no Egito com os estômagos cheios em vez de morrer de fome no deserto (3). Parece que comiam bem no Egito, e agora as coisas estavam piores. Claro que o alimento é necessário para a vida física, mas Deus não esquecera do povo. Ele teria suprido as necessidades de maneira mais satisfatória se Israel tivesse permanecido pacientemente firme na fé.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 175.
Êx 19.1 Foram necessários três meses para que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande acontecimento esperava por eles, o pacto sinaltico. Ver no Dicionário 0 artigo com esse título. Comentei exaustivamente sobre essas questões na introdução a este capítulo.
No terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do calendário religioso, que tinha início na páscoa, no mês de abibe (nisã). Ver Êxo. 13.4. Entre os israelitas também havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário religioso chamava-se sivã, correspondente ao nosso mês de maio.
O Targum de Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles chegaram ao Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte em sua entrevista com Yahweh ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais tarde, que foi 0 sexto dia do mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os israelitas. A exatidão desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada.
Êx19.2 O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êxo. 17.1) para 0 Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por onze meses e seis dias, conforme mostrei no primeiro parágrafo da introdução a este capítulo.
A identidade do monte aparece como lugar bem conhecido, ou, pelo menos, identificado com alguma precisão, quando Moisés escreveu o relato. Mas para nós a localização exata está perdida para sempre, embora haja um bom número de conjecturas, as quais discuto no artigo sobre o assunto (no Dicionário). Foi ali, ou bem perto dali (em Horebe; ver no Dicionário), que Moisés recebeu seu sinal e comissão originais (Êxo. 3.12). Fica entendido que Yahweh se manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de outra grande revelação.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.
1. No terceiro mês. “ Na terceira lua nova” é uma tradução possível e preferível à vaga expressão “ no terceiro mês” (SBB), em vista da expressão “ naquele dia” (“ no primeiro dia” — SBB), logo a seguir. Ver Hyatt em relação a uma possível conexão entre a doação da lei e a festa de Pentecostes.
2. Vieram ao deserto de Sinai. A palavra convencionalmente traduzida “ deserto” não tem a conotação de uma região arenosa e árida; a palavra mais apropriada em português seria “ sertão” , região de pastagens ainda não ocupada pelo homem. Este versículo deixa claro que a estepe do Sinai ficava diretamente defronte ao monte e a pouca distância de Refidim, com a “ estepe de Sim” já bem distante (17:1). O monte Sinai propriamente dito pode ser identificado com Gebel Müsa, Gebel Serbãl ou õebel Katarina, três imponentes picos da região próxima.
Uma interpretação detalhada da topografia depende da localização escolhida para o monte. Acolhemos aqui a opinião tradicional de que òebel Müsa é a montanha em questão mas nenhum detalhe teológico depende da identificação exata, que pode não ter sido clara para os israelitas de tempos mais recentes.
Mais penetrante é a questão de o Sinai ficar ou não ao sul da península. Alguns estudiosos o localizam quer próximo a Cades-Barnéia a nordeste, ou em algum ponto da moderna Arábia, a leste do golfo de Aqaba. Os que preferem situar Sinai próximo a Cades-Barnéia o fazem porque consideram que as histórias narradas a esta altura de Êxodo pertencem á região de Cades (água extraída da rocha; codornizes; o conselho de Jetro). Certamente acontecimentos semelhantes aparecem em Números, relacionados à região de Cades. Rothenberg menciona a possibilidade de Gebel-el-Halal, uma montanha mais baixa no “ caminho de Sur” , uma estrada bem movimentada entre o Egito e Cades.
Outros sugerem um pico nas montanhas de Edom (Seir) a leste de Cades, na área da estepe de Parã. Citam, para apoiar sua escolha, passagens poéticas em que Deus aparece vindo de Parã ou Edom para ajudar Seu povo (Hc 3:3). Naturalmente, “ Parã” pode ser a “ Parã” mencionada por Eusébio, o atual oásis de Feiran próximo a Refidim, em cujo caso Habacuque estaria se referindo ao Monte Sinai. Edom fica em linha reta entre Gebel Müsa e Judá de modo que na visão do profeta Deus forçosamente teria de passar por sobre Edom. Uma objeção mais séria é que esta localização do Sinai ao norte da península, transforma em verdadeiro absurdo os detalhados itinerários de Êxodo e Números, onde Cades é atingida depois do Sinai, e fica a considerável distância do monte. Deuteronômio 1:2 afirma claramente que “ Horebe” e Cades ficavam a onze dias de viagem um do outro. Além do mais, nenhuma destas montanhas ao norte possui o impressionante isolamento dos três picos ao sul já sugeridos na área do Sinai.
A localização do Sinai a leste do golfo de Aqaba depende da dupla crença de que o Sinai da revelação divina deve ter sido um vulcão ativo na ocasião (talvez próximo a Tebuk, conforme sugerido por Noth), a julgar pela descrição das manifestações que acompanharam a teofania, e, em segundo lugar, de que o monte ficava no centro da região midianita, que certamente ficava naquela região. Comentaristas, entretanto, ressaltam que é altamente improvável que tal grupo nômade jamais se deixasse persuadir a permanecer tão próximo a um vulcão em erupção.
Seja qual for o caso, a descrição da teofania no Sinai não tem de se referir a um vulcão ativo (embora certos detalhes possam ter sido emprestados de uma erupção vulcânica, em sentido simbólico) e 18:5 indica que Jetro teve de fazer uma longa viagem para atingir o Sinai. Além do mais, situar o Sinai a leste do golfo de Aqaba também implica em invalidar o cuidadoso itinerário (embora não tão completamente quanto a hipótese de Cades). Por estas razões, portanto, a localização tradicional do monte Sinai é aqui aceita como pelo menos aproximadamente correta. (Para maiores detalhes ver o apêndice em Hyatt, pg. 203.)
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 137-139.
Cristo: O Pão Vivo que Desceu do Céu
Este é o nosso alimento nesta peregrinação—Cristo apresentado pelo ministério do Espírito Santo através das Escrituras; enquanto que, para nosso refrigério espiritual, o Espírito Santo veio, como o fruto precioso da Rocha ferida — Cristo, que foi ferido por nós. Tal é a nossa parte neste mundo.
Ora, é evidente que, a fim de podermos desfrutar uma parte como esta, os nossos corações devem estar separados de tudo neste presente século mau— de tudo aquilo que poderia despertar a nossa cobiça como aqueles que vivem na carne. Um coração mundano e carnal não encontra Cristo nas Escrituras nem poderá apreciá-Lo, se o encontrar. O maná era tão puro e mimoso que não podia suportar contato com a terra. Por isso, descia sobre o orvalho (veja-se Nm 1:9) e tinha de ser recolhido antes de o sol se elevar. Cada um, portanto, devia levantar-se cedo e recolher a sua parte. O mesmo acontece com o povo de Deus agora: o maná celestial tem de ser colhido todas as manhãs.
O maná de ontem não serve para hoje nem o de hoje para amanhã. Devemo-nos alimentar de Cristo cada dia que passa, com novas energias do Espírito, de contrário deixaremos de crescer. Ademais, devemos fazer de Cristo o nosso primeiro objetivo. Devemos buscá-lo "cedo", antes de "outras coisas" terem tempo de se apoderar dos nossos pobres corações. E nisto que muitos de nós, enfim, falhamos! Damos um segundo lugar a Cristo, e como consequência ficamos fracos e estéreis.
O inimigo, sempre vigilante, aproveita-se da nossa indolência espiritual para nos roubar a bem-aventurança e as forças que recebemos nutrindo-nos de Cristo. A nova vida no crente só pode ser alimentada e mantida por Cristo. "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim" (Jo 6:57).
A graça do Senhor Jesus Cristo, como Aquele que desceu do céu, para ser o alimento do Seu povo, é inefavelmente preciosa para a alma renovada; porém, a fim de poder apreciá-Lo desta forma, devemos compreender que estamos no deserto, separados para Deus, no poder de uma redenção efetuada. Se ando com Deus através do deserto, estarei satisfeito com o alimento que Ele me dá, e este é Cristo, como Aquele que desceu do céu.
"O trigo da terra" de Canaã, "do ano antecedente" (Js 5:11) tem o seu antítipo em Cristo elevado às alturas e assentado na glória. Como tal, Ele é o próprio alimento daqueles que, pela fé, sabem que estão ressuscitados e assentados juntamente com Ele nos lugares celestiais. Porém, o maná, isto é, Cristo como Aquele que desce do céu, é o sustento para o povo de Deus, na sua vida e experiências do deserto. Como um povo estrangeiro no mundo, necessitamos de um Cristo que também aqui viveu como estrangeiro; como povo assentado nos lugares celestiais, temos um Cristo que também ali está assentado. Isto poderá explicar a diferença que existe entre o maná e o trigo da terra do ano antecedente. Não se trata da redenção, pois que esta já a temos no sangue da cruz, e ali somente; mas simplesmente da provisão que Deus fez para o Seu povo em face das variadas condições em que este se encontra, quer seja lutando no deserto ou tomando posse em espírito da herança celestial.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
A Rocha Ferida
"E clamou Moisés ao SENHOR, dizendo: Que farei a este povo? Daqui a pouco me apedrejarão. Então, disse o SENHOR a Moisés: Passa diante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas, e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel" (versículos 4 a 6). Assim tudo é suprido pela graça mais perfeita. Cada murmuração ocasiona uma nova manifestação da graça. Aqui vemos como as águas refrescantes jorraram da rocha ferida—uma ilustração formosa do Espírito dado como fruto do sacrifício efetuado por Cristo. No capítulo 16 temos uma figura de Cristo descendo do céu para dar vida ao mundo.
O capítulo 17 mostra-nos uma figura do Espírito Santo "derramado" em virtude da obra consumada de Cristo. "Porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo" (1 Co 10:4). Mas quem poderia beber antes da pedra ser ferida? Israel poderia ter contemplado essa rocha e morrer de sede ao mesmo tempo que a contemplava, porque antes que fosse ferida pela vara de Deus não podia dar refrigério. Isto é bem claro. O Senhor Jesus Cristo era o centro e base de todos os desígnios de amor e misericórdia de Deus. Por Seu intermédio deveria correr toda a bênção para o homem. As correntes da graça deviam emanar do "Cordeiro de Deus"; porém era necessário que o Cordeiro fosse morto—que a obra da cruz fosse um fato consumado, antes que muitas destas coisas fossem realizadas. Foi quando a Rocha dos séculos foi ferida pela mão de Jeová, que as comportas do amor eterno foram abertas de par em par e os pecadores perdidos convidados pelo Espírito Santo a beber abundantemente e livremente: "...O dom do Espírito Santo" é o resultado da obra consumada pelo Filho de Deus sobre a cruz. "A promessa do Pai..." (Lc 24:49) não podia ser cumprida antes que Cristo se assentasse à destra da Majestade nos céus, depois de ha ver cumprido toda a justiça, respondido a todas as exigências da santidade, engrandecido a lei tornando-a justa, suportado a ira de Deus contra o pecado, destruído o poder da morte, e tirado à sepultura a sua vitória. Havendo feito todas estas coisas, subiu ao alto, "levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens.
Ora isto—ele subiu—que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terral Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas" (Ef 4:8-10).
Este é o verdadeiro fundamento da paz e da bem-aventurança e glória da Igreja, para todo o sempre.
A Água da Rocha
Antes de a rocha ser ferida a corrente de bênção estava retida e o homem nada podia fazer. Que poder humano poderia fazer brotar água da pederneira? E do mesmo modo, podemos perguntar, que justiça humana poderia conseguir autorização para abrir as comportas do amor divino1?- Este é o verdadeiro modo de pôr à prova a competência do homem.
Não podia, por seus feitos, suas palavras ou sentimentos, prover um fundamento para a missão do Espírito Santo.
Seja o que for ou faça o que puder, ele não pode fazer isto. Mas, graças a Deus, tudo está consumado; Cristo terminou a obra; a verdadeira Rocha foi ferida, e as águas refrescantes brotaram, de forma que as almas sedentas podem beber. "A água que eu lhe der", diz Cristo, "se fará nele uma fonte de água que salte para ávida eterna" (Jo 4:14). E mais adiante, lemos: "E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado" Qo 7:37 - 39).
Assim como temos no maná uma figura de Cristo, de igual modo temos uma figura do Espírito Santo na água brotando da rocha." Se tu conheceras o dom de Deus (Cristo)... tu lhe pedirias, e ele te daria água viva" — quer dizer, o Espírito. Tal é, portanto, o ensino ministrado à mente espiritual com a rocha ferida; todavia, o nome do lugar no qual esta figura foi apresentada é um memorial perpétuo da incredulidade do homem. "E chamou o nome daquele lugar Massa" (que quer dizer tentação) "e Meribá" (que quer dizer murmurar) "por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou não?" (versículo 7). Levantar uma tal interrogação, depois de tantas e repetidas garantias evidentes da presença de Jeová, prova a incredulidade profundamente arraigada no coração humano. Era, de fato, tentar o Senhor.
Foi assim também que os judeus, tendo a presença de Cristo com eles, pediram um sinal do céu, tentando-o.fé nunca atua assim; crê na presença divina e goza dela, não por meio de um sinal, mas pelo conhecimento que tem do próprio Deus. Conhece que Deus está presente para gozar d'Ele. Que o Senhor nos conceda um espírito de verdadeira confiança n'Ele!
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
II - ISRAEL NO MONTE SINAI
1. O monte Sinai (Êx 19.2).
Finalmente, após três meses da saída do povo do Egito, o acampamento israelita se moveu mais uma vez, chegando ao pé do monte Sinai (Êx 19.1,2), onde o povo ficaria por cerca de um ano.
O Sinai é um lugar especial, porque foi ali que Deus se revelou a Moisés tremendamente, dando os Dez Mandamentos e todas as leis que haveriam de guiar o povo de Israel dali para frente.
A distância do Sinai para a terra de Canaã era de 500 quilômetros e poderia ter sido percorrida por um período curto de tempo, porém acabou durando 38 anos, justamente porque o povo se portou de forma rebelde, fazendo com que Deus os tratasse com mão firme no deserto. A Bíblia diz que Deus esperou que toda aquela geração rebelde passasse para, só então, Israel pudesse entrar na terra de Canaã (Dt 2.14).
E por falar em rebeldia, o episódio mais marcante e emblemático da transgressão israelita em sua peregrinação no deserto, e que seria lembrado no Novo Testamento (1 Co 10.7) como um dos maiores exemplos de apostasia da história, é o que envolve a criação do bezerro de ouro. E é sobre ele que falaremos a seguir.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 62-63.
SINAl. MONTE
I. Termo e Localização Geográfica
II. Observações Bíblicas
Ill. Tentativas de Identificação
IV. Depósito de Manuscritos Bíblicos
I. Termo e Localização Geográfica
O significado da palavra Sinai é desconhecido, mas há diversas sugestões e possíveis derivações. Alguns supõem que quisesse dizer "espinhoso", a partir da palavra seneh (arbusto espinhoso), em referência aos muitos desfiladeiros e ravinas do monte que, com um pouco de imaginação, podem relembrar um conglomerado de arbustos espinhosos. Mas essa poderia ser uma referência ao deus lua Sin, cujo culto havia-se espalhado por toda a Arábia.
Outros supõem que a palavra signifique lamacento, barrento ou brilhante. O local exato do monte no qual a Lei foi dada não pode ser determinado, mas foi próximo à península triangular ou mesmo na própria península que fazia fronteira com o norte pelo mar Mediterrâneo, a oeste pelo golfo de Suez, e a leste pelo golfo de Ácaba.
O terreno se eleva gradativamente à medida que se aproxima do platô Ijma, que fica próximo ao centro da península. A região ao sul torna-se montanhosa antes de descer e nivelar-se na costa. As montanhas da área são ricas em cobre, e a mineração tem sido realizada ali desde o quarto milênio a.C. A área pode ser dividida em três partes: a do extremo sul, a vizinhança do Sinai; o deserto de Tih, onde Israel vagueou por 40 anos; o Neguebe, ou país do sul onde Abraão, lsaque e Jacó uma vez viveram. O Sinai fica no centro da península que está entre os dois "chifres" do mar Vermelho. O monte é uma massa de granito e de outros tipos de rocha, com ângulos agudos que chegam a atingir altitudes de 3 mil m. Como o Sinai é o deserto mais próximo ao Egito, é provável que em alguma parte daquela região estivesse localizado o monte Sinai (ver Núm. 33.8-10; Deu. 1.1; Josefo, Apion, 2.2.25).
Designações. Às vezes esse monte é chamado apenas de "a montanha de Deus" (Exo. 3.1; 4.27); ou Sinai (presumivelmente das fontes J e P do Pentateuco); ou Horebe (presumivelmente das fontes E e D do Pentateuco).
Essas variações podem referir-se ao mesmo monte, ou podem estar em vista montanhas diferentes (picos altos). Talvez, como dizem alguns, Horebe tenha sido a designação original, porém mais tarde o monte foi chamado de Sinai, assumindo tal nome por causa da península. Outros dizem que Sinai é o nome mais antigo, e Horebe seria mais recente, ou que os dois nomes designavam dois picos posicionados proximamente.
II. Observações Bíblicas
A maioria das referências a esse local está no Pentateuco, onde ele é mencionado 31 vezes. Ver Êxo. 16.1 e Deu. 33.2 para mais exemplos; depois ver Juí. 5.5; Nee. 9.13; Sal. 68.8, 17; Atos 7.30, 38; Gál. 4.24, 25. Deixando Elim, os israelitas chegaram ao deserto de Sim e dali a Refidim, onde montaram acampamento (Êxo. 16.1 ss.; 17.1). No terceiro mês após o êxodo, alcançaram o deserto do Sinai (19.1). Ali Moisés recebeu uma comunicação preliminar de Yahweh, lembrando-o da orientação passada e garantindo-lhe que haveria orientação no futuro. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! (19.36). Yahweh convocou o povo a reunir-se para um comunicado direto. Ocorreu uma manifestação divina no Sinai e nenhum homem pôde aproximar-se por temer por sua vida. As pessoas deixaram o acampamento para encontrar com Yahweh, mas permaneceram na parte inferior do monte (19.17). Relâmpagos, trovões e um terremoto informaram ao povo que Yahweh estava próximo. As pessoas moveram-se, assim, a uma distância maior, pois as manifestações eram grandes demais para suportar (20.18).
Moisés recebeu as tábuas da lei duas vezes, inclusive os dez mandamentos e outras revelações que instruíam sobre o culto a Yahweh (Êxo. capo 20; 31.18; capo 34; Lev. 7.36). Assim foi estabelecido o Pacto Mosaico, o maior evento na história de Israel e no qual se baseou toda a história subsequente. Ver as observações introdutórias a Êxo. 19 no Antigo Testamento Interpretado, para maiores detalhes sobre esse pacto, e ver também o artigo Pactos.
Ver Juí. 5.5; Nee. 9.13; Sal. 69.8, 17; Mal. 4.4; Atos 7.30, 38. Elias visitou Horebe em uma época de desânimo e depressão (I Reis 19.4-8). Paulo falou a respeito do Sinai como símbolo da aliança da Lei, enquanto Jerusalém, que está acima, representa a liberdade trazida pelo Evangelho de Cristo. Israel transformou-se em uma nação distinta pelo que aconteceu no Sinai.(estudaalicao.blogspot.com).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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