Lições Bíblicas CPAD
Jovens 3º Trimestre de 2015
Título: Novos Tempos, Novos Desafios —
Conhecendo os desafios do Século XXI
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 12: A secularização mais presente
Data: 20 de Setembro de 2015
TEXTO DO DIA
“Na verdade, que já os fundamentos se transtornam:
que pode fazer o justo?” (Sl 11.3).
SÍNTESE
O avanço do secularismo alerta-nos
para a necessidade de uma maior atuação de todos nós, Igreja de Cristo, como
luz do mundo e sal da terra.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Jr 8.5
A apostasia de Israel
TERÇA — 1Sm 8.1-8
A rejeição do governo divino
QUARTA — Jz 21.25
A anarquia em Israel
QUINTA — Mt 9.36
Ovelhas sem pastor
SEXTA — Sl 11.3
Fundamentos transtornados
SÁBADO — 2Tm 3.1-5
Tempos trabalhosos
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
COMPREENDER que
estamos vivendo tempos trabalhosos.
·
CONSCIENTIZAR de
que jamais devemos nos amoldar a este mundo.
·
EXPLICAR a
importância de se utilizar o “ciclo histórico do mundo”, como uma forma
didática de “Ler” a realidade.
INTERAÇÃO
Prezado professor, nesta lição
estudaremos acerca da secularização, um perigo que ronda a Igreja de Cristo.
Veremos que o avanço do secularismo, já anunciado por Jesus nas Escrituras
Sagradas, aponta para a necessidade de uma maior vigilância e atuação da
igreja. Muitos cristãos estão se deixando levar pelas sutilezas malignas da
secularização. Como consequência a fé de muitos tem sido destruída. Que jamais
venhamos ser seduzidos pelas coisas deste mundo, pois quem ama e se deixa
amoldar pela filosofia deste século, não pode desfrutar do amor divino. Sigamos
a recomendação bíblica: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há” (1Jo 2.15).
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o quadro abaixo
em folhas de papel pardo. Divida a turma em três grupos. Em seguida dê uma
folha para cada grupo e canetas hidrocores. Explique que cada grupo terá cinco
minutos para preencherem os quadros. Depois, reúna os grupos novamente e peça
que cada grupo exponha o seu quadro, explicando seus apontamentos. Conclua
enfatizando que é urgente que reconheçamos a necessidade de buscarmos mais a
Deus, sua Palavra e o conhecimento do que ocorre à nossa volta para levarmos
adiante a obra do Senhor.
TEXTO BÍBLICO
2Timóteo 3.1-5.
1 — Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos;
2 — porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos,
3 — sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4 — traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5 — tendo aparência de piedade, mas negando a
eficácia dela. Destes afasta-te.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje aprenderemos que em
nenhum outro lugar o reflexo da secularização é tão evidente quanto na igreja.
Apesar de serem as artes e a ciência (e a filosofia por trás delas) os grandes
propulsores da chamada modernidade tardia, no campo religioso suas influências
se revelam ainda mais presentes. A flexibilização dos valores do Evangelho,
visando amoldá-los às mudanças da pós-modernidade, é um dos perigos mais sutis
deste tempo para a Igreja.
O que seria, de fato, a
“secularização”? A inserção de pensamentos puramente materiais na esfera
religiosa ou a atribuição de uma dimensão religiosa às coisas puramente
temporais? Tais indagações precisam ser devidamente esclarecidas a fim de que
possamos saber a melhor forma de levar adiante a nossa missão.
I. OS TEMPOS TRABALHOSOS
1. A profecia paulina acerca dos
“tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). Ao
jovem pastor Timóteo, o apóstoLo Paulo adverte acerca de um período que ele
classificou como “tempos trabalhosos” (2Tm 3.1). Tal época seria caracterizada
pela completa anulação dos valores humanos mais nobres, bem como àqueles que
foram ensinados pelo Senhor Jesus Cristo (Mt 5—7). A despeito de o texto ter
uma audiência imediata, ele igualmente aponta — profeticamente — para o futuro.
2. O tema dos “tempos trabalhosos”
nos escritos paulinos. Como um dos mais profícuos escritores do Novo
Testamento, Paulo trata de alguns temas em mais de uma ocasião (1Co 5.9). O
assunto dos “tempos trabalhosos”, por exemplo, cerca de uma década antes, já
havia sido tratado pelo apóstolo dos gentios em sua Epístola dirigida aos
judeus que viviam em Roma (1.18-32).
3. Características dos “tempos
trabalhosos”. Escrevendo a Timóteo, Paulo destaca como
características dos tempos trabalhosos que, segundo ele, também são os últimos
tempos, a anulação dos valores e a perversão religiosa através de um ascetismo
que se parece com piedade (1Tm 4.1-5; 2Tm 3.1-5). Em Romanos 1.18-32, o
apóstolo dos gentios realça os aspectos pagãos, religiosos, filosóficos e
imorais que caracterizarão tal momento histórico. Com o quadro que o apóstolo
apresenta, é possível avaliar a sociedade atual e o tempo de hoje,
comparando-os e verificando se há algum paralelo e até similaridade entre si.
Pense!
Cientes de que a advertência paulina
é circunstancial, mas também profética, podemos dizer que estamos vivendo nos
“tempos trabalhosos” referidos por Paulo?
Ponto Importante
Em cada período da história, o povo de
Deus sempre enfrentou desafios difíceis de superar, portanto, é preciso evitar
qualquer especulação escatológica.
II. A IGREJA EM UM MUNDO PÓS-CRISTÃO
1. A secularização. Por
incrível que pareça, a secularização, ou seja, a perda da influência da
religião sobre a sociedade, decorre em parte do Iluminismo (chamado também de
“século das luzes”) que, por sua vez, juntamente com a Renascença (ou
Renascimento, das artes, da filosofia e da cultura pré-cristã, chamada de
“antiguidade clássica”), é fruto da Reforma Protestante que acabou com a
hegemonia do catolicismo romano.
Por isso, quando se fala em
secularização e imediatamente a relacionamos à fé, tem-se a impressão de que
tal postura afeta unicamente a igreja. Não é bem assim, mas pelo fato de o
Ocidente ser o que é por causa da cultura judaico-cristã e pelo longo período
do predomínio da igreja na Idade Média, é fato que a comunidade de fé acaba
sentindo — muito mais que qualquer outro setor da sociedade —, de forma mais
sensível e agressiva, os reflexos da secularização (Mt 7.21-23; 2Tm
2.14-21,23-26).
2. A pós-modernidade (2Tm 3.1-5). Também
conhecida como hipermodernidade ou ainda modernidade tardia, de forma simples é
uma reação ao mundo moderno (que foi criado confiando cegamente na razão, e
formou-se no impacto de três acontecimentos: Reforma Protestante, Iluminismo e
Renascença) e, ao contrário deste, é a desconstrução das certezas, tanto as que
se baseiam na ciência como as que se fundamentam na revelação. Entre as suas
características mais marcantes, figura a inaceitabilidade da ideia de qualquer
narrativa que pretenda ter uma abrangência global. Por isso, ela anuncia o fim
da história como a conhecemos e herdamos da visão judaico-cristã, possuindo
início, meio e fim, e procura retomar a antiga noção cíclica do tempo: sem
início, sem fim e, portanto, sem possibilidade alguma de se pensar em
transmutação dos valores ocidentais, ou quaisquer outros, como norma para o
mundo, pois não há civilização que tenha autoridade, ou que seja melhor que as
demais, para prescrevê-los.
3. A cultura pós-cristã. Atualmente,
tornou-se comum falar de era ou cultura pós-cristã. Esta é resultado direto do
processo de secularização e da filosofia pós-modernista. Pós-cristianismo é a
ideia de que a visão de mundo que o cristianismo apresentava como forma de
explicar a realidade já não dá mais conta de fazê-lo. Não obstante, a cultura
pós-cristã não é anticristã como muitos, equivocadamente, pensam. Ao contrário,
a secularização e o pensamento pós-modernista tornaram possível ao mundo saltar
de uma época em que era praticamente impossível ser ateu, para outra em que se
pode não apenas ser ateu, mas agnóstico, cético, crente, místico, panteísta,
etc. Os seus defensores dizem não existir verdade absoluta em nenhuma área,
seja na religião, seja na ciência, na ética e até mesmo na moralidade. Com
isso, tem-se a falsa impressão de que assim o mundo será melhor, mais tolerante
e respeitoso em relação ao diferente e não convencional.
Pense!
De acordo com as características
elencadas da hipermodemidade, você considera o seu país, culturalmente,
pós-modemo?
Ponto Importante
Todos os períodos históricos possuem
aspectos positivos e negativos, por isso, é preciso saber a melhor maneira de
viver em cada momento.
III. NÃO SE AMOLDEM AO MUNDO
1. “Quando os fundamentos se
corrompem, o que os justos podem fazer?”. O
questionamento do salmista no Salmo 11.3, é o mesmo em que nos encontramos atualmente.
Constatamos, sem sombra de dúvidas, que os fundamentos estão sendo
transtornados, mas a grande questão é: O que podemos fazer?
2. “Não se amoldem às estruturas
deste mundo”. Não tomar a forma ou entrar na fôrma não é
necessariamente ser reacionário; implica não aceitar acriticamente o que nos é
imposto pelo sistema pecaminoso da sociedade. A recomendação paulina não se
encerra na negação e na resistência de amoldar-se às estruturas deste século,
mas avança instruindo que devemos transformar-nos pela renovação do
entendimento, ou seja, fazer uma manutenção constante em nossa visão de mundo
cristã, a fim de conhecer ou distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom,
o que é perfeito e o que é agradável a Ele (Rm 12.2).
3. Saber interpretar o tempo. Em
1 Crônicas 12.32, há uma informação interessante sobre a pequena tribo de
Issacar: “dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saberem o
que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes e todos os seus irmãos, que
seguiam a sua palavra”. É claro que a habilidade dos descendentes de Issacar a
que faz referência o cronista, dizia respeito à capacidade estratégica para
guerrear. No entanto, o Senhor Jesus Cristo, ao falar sobre os últimos tempos e
censurar a postura hipócrita do povo que sabia distinguir o clima estiado de
quando poderia chover, questionou: “Hipócritas, sabeis discernir a face da
terra e do céu; como não sabeis, então, discernir este tempo?” (Lc 12.56). Interpretando
o tempo e não tomando a forma do sistema pecaminoso em vigência no mundo,
podemos continuar cumprindo nossa missão de sermos salda terra e luz do mundo
(Mt 5.13,14).
Pense!
É possível conterá marcha evolutiva —
ou involutiva — do mundo?
Ponto Importante
O conhecimento da realidade é
fundamental, não apenas para quem quer preservar a cultura, mas, sobretudo,
para quem pensa em transformá-la.
IV. O CICLO HISTÓRICO DO MUNDO
1. O “encantamento” do mundo. Apesar
de parecer simplista, a ideia de divisão histórica pelo âmbito das perspectivas
com as quais se enxerga o mundo, é um exercício didático e aceitável. Partindo
desse ponto de vista, é possível não apenas dividir a história passada, mas,
até mesmo, em termos de ciclo civilizatório, pensar a sociedade de forma
futura.
Como se sabe, o mundo antigo fora
marcado pela tentativa humana de se explicar a realidade através dos mitos. Tal
atitude corresponde com o surgimento da religião, ou do sentimento religioso,
entre a humanidade. O mundo era “encantado” e todas as coisas se explicavam
através do mito. A filosofia foi uma tentativa de racionalizar a fala a
respeito dos mitos, procurando questionar respostas simplistas e oferecendo
“explicações” mais elaboradas e menos transcendentais. Falando-se em ocidente,
tal postura perdurou até a Idade Média.
2. O “desencantamento” do mundo. Com
a descoberta progressiva da física, ou seja, de como funciona o universo, as
explicações religiosas são substituídas por explicações lógicas e racionais. No
mundo ocidental esse período corresponde à modernidade, chamada por Max Weber
de “desencantamento do mundo”.
3. O “reencantamento” do mundo. O
próximo estágio só é possível quando se descobre que nem tudo pode ser
explicado de forma racional. O ser humano não vive sem mistério e de forma
puramente lógica. As coisas mais importantes da vida ainda são inexplicáveis:
Quem somos, de onde viemos, para onde vamos? Esse momento, ocidentalmente
falando, corresponde à pós-modernidade. Nesta, é possível coexistir fé e razão,
ciência e religião.
Pense!
Em qual momento do ciclo histórico
você acha que a sociedade encontra-se?
Ponto Importante
A teoria dos ciclos históricos
demonstra que é possível experimentar tais momentos de forma concomitante.
CONCLUSÃO
É urgente, para dizer o mínimo, que
reconheçamos a necessidade de buscarmos mais a Deus, sua Palavra e o
conhecimento do que ocorre à nossa volta para levarmos adiante a obra do
Senhor. Em todas as épocas, a Igreja sempre enfrentou dificuldades e jamais desistiu.
Que possamos cumprir a nossa parte, pois talvez sejamos a geração da última
hora da Igreja na face da terra (Lc 18.8; 1Jo 2.18).
ESTANTE DO PROFESSOR
BERGSTÉN, Euríco. Teologia Sistemática. 4ª
Edição. RJ: CPAD, 2005.
LEBAR, Lois E. Educação que é Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
LEBAR, Lois E. Educação que é Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009.
HORA DA REVISÃO
1. Cite
as características dos “tempos trabalhosos” apontadas na lição.
Anulação dos valores cristãos e a perversão religiosa através de um
ascetismo que se parece com piedade.
2. A
secularização, involuntariamente, foi originada por qual acontecimento?
Iluminismo, Renascença e Reforma Protestante.
3. A
cultura pós-cristã é anticristã? Por quê?
Não. Porque a secularização e o pensamento pós-modernista tornaram
possível ao mundo saltar de uma época em que era praticamente impossível ser
ateu, para outra em que se pode não apenas ser ateu, mas agnóstico, cético,
crente, místico, panteísta etc.
4. O
que significa não se amoldar ao mundo?
Significa não aceitar acriticamente o que nos é imposto pelo sistema
pecaminoso da sociedade.
5. Quais
as duas atitudes que a igreja precisa tomar para restabelecer os fundamentos?
Interpretar o tempo e não tomar a forma do sistema pecaminoso em
vigência no mundo.
SUBSÍDIO
“Da
Cosmovisão Centrada em Deus para a Cosmovisão Centrada no Homem
Duzentos anos depois da Reforma do
século XVI, a Europa conheceu o iluminismo. O iluminismo não era contra a
religião; apenas declarava que nosso conhecimento de Deus não deveria vir da
Bíblia, mas pela luz universal da natureza. Como tais, todas as religiões do
mundo eram essencialmente iguais, fundamentadas como estavam na observação
natural e na experiência. A Bíblia foi vista como um livro proveitoso, mas não
considerada a revelação de um Deus pessoal. A razão humana foi elevada acima da
revelação.
O iluminismo foi uma bênção mesclada.
Por um lado, enfatizou a liberdade religiosa e a tolerância no melhor sentido
da palavra. Dois séculos antes, a Reforma tinha inspirado nova vida espiritual
em religiões da Europa. Esta luz. porém, era frequentemente oculta, senão
extinta, pelas controvérsias religiosas que se seguiram anos mais tarde.
Podemos entender por que as pessoas foram alimentadas com a intolerância da
era. Ele deu ênfase muito necessária na liberdade de aprendizagem e na
liberdade da consciência.
Infelizmente, o iluminismo também
introduziu densas trevas” (LUTZER, Erwin E. Cristo
Entre Outros Deuses: Uma defesa da fé cristã numa era de tolerância. 1ª Edição. RJ: CPAD. 2000, pp. 34-35).
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PAZ DO SENHOR
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