METODOS DE ENSINO N.1
A necessidade de se repensar a Escola Dominical é
ponto pacífico entre os pastores, estudiosos da Educação Cristã,
superintendentes, professores e demais envolvidos. Entretanto, é preciso
esclarecer que o ato de repensar algo não significa, necessariamente, inová-lo
ou mesmo reinventá-lo, antes, implica em reconsiderá-lo resgatando seu
propósito original, ao mesmo tempo em que se busca uma forma de mantê-lo
relevante para o momento histórico, a fim de superar a crise ou solução de
continuidade sofrida pela instituição, empreendimento ou programa.
É calcado neste primeiro saber que nos propomos a
falar da Escola Dominical, pois, a despeito de seus benefícios práticos?
“instrução; evangelização; assimilação, cuidado, comunidade e unidade; vida e
vitalidade espiritual; ação cristã e; preparação para liderança e
ministério”[i] ? ela é o único programa de Educação Cristã que contempla a
totalidade do propósito original de Deus para a Igreja, exposto na Grande
Comissão (Mt 28.19,20). Rob Bukhart, doutor em Educação Cristã, afirma que as
nossas Escolas Dominicais têm perdido a razão de ser por diversos motivos e
entende que não é fácil organizá-las, não obstante, reconhece que:
Para cumprir com os propósitos de Deus no mundo, a
igreja deve alcançar os perdidos e ajudar-lhes a converterem-se em dedicados
discípulos.
A igreja deve ajudar aos crentes a crescerem até
alcançarem a maturidade espiritual e dar expressão do seu amor a Deus tanto em
adoração como em sua vida diária. Isso deve ajudar a forçar os laços de amor e
lealdade dentro da igreja, e em amor e testemunho da verdade de Deus, tanto com
palavras quanto com atos. O fracasso não é uma opção, mas muitos estão
fracassando.
De todos os departamentos que a igreja tem à sua
disposição, a ED tem o maior potencial para lograr estes fins. É o meio ideal.
Já está disponível uma maior infra-estrutura sobressalente de currículo e
preparação. É demonstrado que a igreja pode cumprir melhor com os propósitos de
Deus com a ED do que sem ela.
Finalmente, a igreja necessita de uma ED com
qualidade mais do que nunca. São muitas as congregações que divagam sem visão e
estratégia. É uma fórmula para o desastre. Deus dará a visão e a ED oferece a
estratégia.
É hora de despertar o gigante adormecido.[ii]
A Escola Dominical não é uma opção, mas, como
afirmamos em nosso artigo Marketing na Escola Dominical, novo paradigma para a
administração da Educação Cristã, “é a continuidade da Missão Educativa que
Deus outorgou ao seu povo (Gn 18.18 e 19; Dt 4.1-9; 6.1-25; Mt 28.19 e 20; Ef
4.11-16 etc.), visando formá-lo e satisfazer a sua necessidade de conhecimento:
‘Quando teu filho te perguntar [...]’, disse o Senhor (Dt 6.20)”.[iii]
Quando falamos sobre repensar a Escola Dominical e
seus métodos de crescimento, reconhecemos que existe uma necessidade de
readequá-la ao paradigma educacional dos novos tempos a fim de cooptar novos
alunos e (re)integrar os antigos. Pois, levando “em conta que a nossa tarefa
educativa é gigantesca, pois devemos ensinar ‘todas as coisas’ que Jesus
ensinou a ‘todas as nações’ (Mt 28.19,20), é imprescindível pensar em como
realizarmos o nosso trabalho de maneira cristã em moldes contemporâneos”.[iv]
Para isso, não será necessário fazer “grandes
mudanças” como pensam alguns, mas unicamente termos uma nova visão do que é
Escola Dominical. Qual é essa “nova” visão?
A “nova” visão do que é ED, na verdade, é uma
readequação ao que ela sempre foi, mas que, de um tempo para cá deixou de ser.
[...] Nessa readequação, devemos saber que sem aluno não se tem ED. Por isso,
entender a missão e a visão de Deus para a educação cristã é o ponto crucial
para podermos estabelecer uma “política de qualidade” pela qual a equipe da ED
deverá se pautar.
A célebre pergunta do marketing não é “O que
queremos vender?”, mas “Quem é o nosso cliente?” É preciso saber quem são os
nossos alunos potenciais, qual o seu perfil, e assim, sem modificarmos a
Verdade, readequarmos nossos métodos de atração, conquista, atendimento e
manutenção dos mesmos. É preciso, a exemplo de Jesus, oferecer respostas ao que
as pessoas buscam (Jo 3.1-21; 4.1-30). É fato que elas poderão não gostar de
todas as respostas, mas, a satisfação proporcionada nas ocasiões anteriores assegurará
a freqüência e dirão, parafraseando Pedro: “Para onde iremos nós? Só a ED tem
as Palavras de vida eterna” (Jo 6.68).
O que aquelas crianças e adolescentes precisavam
para viver bem e se sentirem humanas e encontraram no trabalho de Robert Raikes
há 225 anos, são as mesmas necessidades que motivam as pessoas pós-modernas a
buscarem uma ED:
• Um propósito para o qual viver;
• Pessoas com quem viver;
• Princípios pelos quais viver;
• Força para seguir vivendo.
Uma ED que não oferece satisfação e repostas para
essas quatro necessidades básicas não está à altura de representar o Reino de
Deus como agência de educação cristã. Evidentemente que cada pessoa, de acordo
com a faixa etária, maturação biológica e mental, e condição social, possui
carências de diferentes matizes e formas de manifestar diante das quatro
necessidades acima elencadas. Um exemplo típico do que está sendo colocado pode
ser visto na diferença que existe entre lecionar para uma classe de adultos na
faixa etária dos 25 aos 40 anos e lecionar para pessoas da Terceira Idade. Os
anseios e motivos podem ser os quatro enunciados acima, no entanto, a forma
pela qual irá se manifestar a necessidade bem como a sua satisfação serão
diferentes. Os interesses de ambos os grupos são distintos.
A administração, ou a gestão dessa demanda é o que
deverá orientar o trabalho da equipe da ED. A missão educativa da Igreja está
determinada há dois mil anos. Devemos ensinar e educar. A pergunta inquietante
é: Como atrair as pessoas pós-modernas para a ED, quando a mídia, o estresse e
outras coisas oferecem a ‘tentação’ de prendê-las ao conforto do sofá aos
domingos? A resposta é simples: Precisamos motivá-las. E isso representa um
duplo desafio: criar ou identificar a necessidade e apresentar um elemento adequado
para satisfazer essa carência.[v]
Aqui chegamos ao ponto crucial de nossa reflexão. A
fim de alavancarmos a Escola Dominical, tomaremos como base o exemplo da
reconstrução do templo e dos muros de Jerusalém, e percorreremos o caminho
protagonizado por Esdras e Neemias ? exemplos de liderança comprometida ? e
verificaremos Sete Passos imprescindíveis para reiniciar e implantar uma nova
dinâmica no maior e mais popular programa de Educação Cristã da Igreja.
PASSO 1
Capacitar Docentes
Uma leitura desarticulada de textos como 1 Coríntios
12.28; Efésios 4.11; 1 João 2.20,27 etc. comumente nos fazem acreditar que
aqueles que possuem o dom de ensinar ou o ministério de ensino ? os mestres ou
doutores ? prescindem de alguma formação ou preparação técnica e/ou acadêmica,
podendo apoiar-se no Espírito Santo e confiar unicamente na capacitação divina.
Pois, afinal, “a letra mata” (2Co 3.6). Evidentemente que esta é uma visão
equivocada de passagens bíblicas que são lidas e interpretadas isoladamente sem
levar em consideração o contexto ou analogia geral da Bíblia Sagrada sobre
determinado assunto.
Um simples exemplo, como o texto de Romanos 12.7b,
que diz: “se é ensinar, haja dedicação ao ensino”, mostra a impossibilidade em
harmonizar esse pensamento com o ensino bíblico sobre o tema. Outra versão
substitui a palavra “dedicação” por “esmero”. O que é esmero? Segundo o
Dicionário Aurélio Eletrônico, esmero é “Cuidado excepcional em qualquer
serviço ou atividade”.
Outro exemplo, que, independentemente do ministério
de ensino, é princípio geral para a atual eclesiástica, é o texto de 2 Timóteo
2.15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Segundo Deborah Menken Gill,
comentarista das epístolas pastorais do colossal Comentário Bíblico Pentecostal
(CPAD), esse texto de segunda Timóteo 2. 15, assim como aparece na versão
Almeida Revista e Corrigida (ARC) ou como apresenta-se na
tradução da KJV [King James Version], “que
compartilha corretamente” ? “a palavra da verdade” ? são expressões que ocorrem
somente no Novo Testamento. Este verbo significa literalmente “ser objetivo,
compartilhar a palavra da verdade diretamente, sem distrações” (Zerwizk e
Grosvenor, 1979, p.641). Tem múltiplas analogias: “um arado preparando um sulco
em linha reta” (Crisóstomo), “uma máquina abrindo uma estrada em linha reta”,
“um sacerdote preparando corretamente um sacrifício”, e “um pedreiro medindo e
cortando uma pedra para ajustá-la em seu devido lugar” (uma definição baseada
em Pv 3.6; 11.5). A palavra era frequentemente usada nas liturgias para
descrever os deveres do bispo e para denotar a ortodoxia (“que é o ensino
direto ou correto”) (Lock, 1973, 98-99; Rienecker, 1980, 642).[i][i]
A respeito de ambos os textos paulinos (Rm 12.7b;
2Tm 2.15), também comenta Hurst, em sua obra E Ele concedeu uns para mestres
(Vida):
Paulo ao escrever aos Romanos, parece estar
exortando cada um dos seus leitores a concentrar seus esforços na procura da perfeição
no dom que recebeu individualmente, para o bem do “corpo” como um todo (Romanos
12.6-8). Inclui nisto o mestre, e insiste em que o mestre desenvolva o seu
ministério de ensino. Escrevendo a Timóteo, Paulo o admoesta a “procurar
apresentar-se aprovado”, a ser “obreiro que não tem de que se envergonhar”, e
que “maneja bem a Palavra da Verdade” (II Timóteo 2.15). Paulo apela à
diligência no estudo, e apela a Timóteo no sentido de ele pensar na aprovação
de Deus, e na possibilidade de passar vergonha se não se dedicar à tarefa de
todo o seu coração, bem como da necessidade de exatidão, sem erros, na
exposição da Palavra. Tal lembrança, e tal apelo, deve se repetir no caso de
todo professor cristão. A tarefa exige da parte do mestre o melhor que ele possa
vir a ser![ii][ii]
Concordamos com Roy B. Zuck que, ao dissertar sobre
O Papel do Espírito Santo no Ensino Cristão na excelente obra Manual de Ensino
para o Educador Cristão (CPAD), afirma o seguinte:
[Alguns] pedagogos realçam a obra do Espírito Santo
em favor da negligência de professores humanos. Eles sugerem que a educação é
inimiga da espiritualidade; a educação é obra da carne e entra em conflito e
opõe-se à obra do Espírito. Este ponto deixa passar o fato de que nos
primórdios do Cristianismo Deus usava professores humanos (Mt 28.19; At 5.42;
15.35; 18.11,25; 28.31; 2Tm 2.2), e o Senhor concedeu o dom de ensinar paras
alguns crentes (Rm 12.6,7; 1Co 12.28; Ef 4.11). Professores humanos, como
instrumentos do Espírito Santo, podem estimular e desafiar os alunos,
guiando-os em uma adequada compreensão e aplicação da Palavra de Deus.
Ressaltar o papel do Espírito Santo no processo
pedagógico não sugere que os professores não precisem estudar e preparar-se.
Longe disso! “Só o professor que está bem preparado pode cumprir a tarefa com
mais eficiência, enquanto que, ao mesmo tempo, confia no Espírito Santo para
agir por meio dele e de seus alunos”.[iii][iii] Visto que ensinar na Igreja é
um processo divino-humano, um ministério que conjuntamente envolve o Espírito
Santo e os professores, o preparo torna o professor um instrumento melhor, uma
ferramenta mais afiada nas mãos de Deus. Depender do Espírito Santo no ensino
que o crente transmite não significa estar despreparado e “deixar que o
Espírito Santo fale por mim”, como se a preparação competisse com a
espiritualidade. Justamente o oposto é verdade. O despreparo não é sinal de ser
“mais espiritual”. Às vezes, porém, o Espírito Santo pareceu usar esforços
pedagógicos parcamente preparados e manifestamente realizou muito. Como
explicar este fato? Porquanto seja verdade que o Espírito Santo anule e
realmente reduza a nada o serviço malfeito de um professor, a falta de
preparação não é encorajada em nenhuma parte da Bíblia.
As palavras de Paulo em 1 Coríntios 3.6: “Eu
plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”, deixam claro que o esforço
humano é acompanhado, não substituído, pela obra divina do próprio Deus. Em vez
de ser desculpa para a preguiça ou ignorância, o papel do Espírito no processo
educacional proporciona um desafio para a excelência.[iv][iv]
No Mensageiro da Paz, edição de março deste ano,
nosso maior expoente da Escola Dominical nas Assembléias de Deus, pastor
Antonio Gilberto, falando sobre esse assunto, afirmou que é “fundamental a dependência
do Espírito Santo”, e acrescentou que o “ensinador eficiente não é simplesmente
aquele que sabe lançar mão de fontes de consulta”, mas que este “deve depender
do Espírito Santo para o guiar na escolha, iluminar sua mente e também conduzir
o trabalho”.[v][v] Alguém pode então pensar que tudo o que foi dito até aqui
não tem importância. Espere! Quando perguntaram ao pastor Antonio Gilberto “o
que é mais importante para o ministério de ensino”, sua resposta foi enfática:
“O mais importante é a pessoa dedicar-se mais, ou seja, não julgar que aquilo
que já sabe é tudo que existe. Ao contrário, o universo de Deus nessa parte é
infinito, de modo que quem ensina precisa estar aberto para aprender
mais”.[vi][vi]
Insistimos neste ponto sobre capacitação docente,
por saber que “o principal responsável pelo atendimento de necessidades
discentes é o professor da ED, pois as aulas podem ser elementos satisfatórios
na busca de respostas espirituais”.[vii][vii] E, como dissemos em nosso mais
recente artigo ? Educar adolescentes cristãos na pós-modernidade: desafio e
necessidade ? publicado na Revista Ensinador Cristão (CPAD), “ser atualmente um
educador cristão é algo que demanda muito mais que conhecimento e boa didática,
é uma posição que reclama equilíbrio emocional e um bom relacionamento intra e
interpessoal. Isso exige docentes que sejam éticos, instigadores, criativos,
dedicados e profundamente interessados com as demandas educacionais do
Reino”.[viii][viii]
Nada menos que isso é suficiente para este tempo,
pois é preciso que os educadores sejam como o sacerdote Esdras, do qual a
Bíblia afirma que “era escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus
de Israel” (Ed 7.6b). Bem, podemos até pensar que não temos nenhuma novidade na
informação de que Esdras “era escriba hábil na Lei de Moisés”, pois, sabemos
que o “cargo de escriba, de acordo com o que se lê no Antigo e no Novo
Testamento, era ocupado somente por homens hábeis e capazes, competentes e
instruídos, homens que soubessem descrever todos os acontecimentos históricos
de sua época”.[ix][ix] Portanto, a “habilidade” de Esdras tinha uma origem: sua
dedicação.
Mas, o que levou Esdras a fazer a diferença? Ele não
se limitou a ser apenas mais um sacerdote nem mais um escriba, pois já havia
muitos em Israel. O que o destaca dos demais está registrado em três momentos
do mesmo capítulo 7: a “mão do Senhor estava sobre ele” (vv. 6,9,28). Por ter
um compromisso sério com Deus e com a Palavra, Esdras percebeu que se quisesse
fazer alguma coisa para mudar a situação e buscar uma renovação espiritual, não
poderia limitar-se a fazer apenas o que era sua obrigação.
Qual era a função de um escriba? Responde-nos com
propriedade John D. Davis em seu clássico Dicionário da Bíblia (Juerp):
1. Notário público, Ez 9.2, empregado como amanuense
para escrever o que lhe ditavam, Jr 36.4, 18, 32, e lavrar documentos públicos,
32.12.
2. Secretário do governo para correspondência
oficial e registro dos dinheiros públicos, 2 Rs 12.10; Ed 4.8. Os levitas
serviam de escribas para tomar conta dos negócios com a reparação do templo, 2
Cr 34.13.
3. Homem encarregado de fazer cópias do livro da lei
e de outras partes das Escrituras, Jr 8.8. O mais notável dos escribas foi o
sacerdote Esdras, doutor muito hábil na lei de Moisés e que tinha preparado o
seu coração para buscar a lei do Senhor e para cumprir e ensinar em Israel os
seus preceitos e as suas ordenanças, Ed 7.6, 10. Neste respeito é ele o
protótipo dos escribas dos últimos tempos, e que era ao mesmo tempo intérprete
oficial da lei. Em o Novo Testamento tem ele o nome de grammateis, ou mais
exatamente, nomikoi, doutores da lei, e nomodidaskaloi, que ensinam leis.
Empregam-se: (a) No estudo e interpretação da lei, tanto civil como religiosa,
e nos pormenores de sua aplicação na vida prática. As decisões dos grandes
escribas constituíam a lei oral, ou tradição. (b) Dedicavam-se ao estudo das
Escrituras em geral, sobre assuntos históricos e doutrinais. (c) Ocupavam as
cadeiras de ensino que ministravam a um grupo de discípulos [...]. A profissão
de escriba recebeu grande impulso, depois que os judeus voltaram do cativeiro,
quando havia cessado a profecia, restando apenas o estudo das Escrituras para
servir de alicerce à vida nacional.[x][x]
O diferencial é exatamente o fato de que “Esdras
tinha decidido dedicar-se e estudar a Lei do SENHOR, e a praticá-la, e a
ensinar os seus decretos e mandamentos aos israelitas” (Ed 7.10 – Nova Versão
Internacional). A esse respeito nos fala o saudoso “apóstolo da imprensa
evangélica pentecostal no Brasil”, Emílio Conde, em seu Tesouro de
Conhecimentos Bíblicos (CPAD):
Desde a Babilônia, os judeus se apegaram à religião
para defender sua integridade nacional. Quando retornaram, o ressurgimento religioso
baseou-se na Lei, a cujo estudo se dedicaram de todo o coração. Esdras foi o
iniciador do movimento, porque instituiu a leitura da Torá (“Tõrãh”) aos
sábados, nas festas e em todas as ocasiões públicas. A leitura era uma
exposição e uma interpretação da Lei.
Foram os escribas que, sem dúvida, fixaram o cânon
do Antigo Testamento hebraico, tanto que nos séculos seguintes foram
denominados de homens de Grande Assembléia. Seu trabalho principal era o de
mestre e comentarista da Torá e dos demais escritos bíblicos do cânon hebraico.
Assim, surgiu o “Halãkãh”, a tradição oral e o “Aggãdãh”, fruto de exegese
edificante das Escrituras. Dos dois, surgiu o Talmude.
O método que os escribas usavam para a interpretação
das Escrituras era analítico, levando em conta que cada palavra ou frase da
“Tõrãh” tinha um significado especial. Assim, davam uma interpretação plena e
pormenorizada. Os escribas incutiram a idéia de que as formas práticas de
solução estavam implícitas no Pentateuco. Essas atividades interpretativas
abriram o caminho para novos estudos e maior desejo de conhecer a Lei.
Depois de Esdras, o escriba foi classificado como
tal e era versado na Torá, chamado também de doutor da lei, mestre, ou rabino
(Mt 22.35; Lc 5.17). Desde que em Israel cessaram os profetas, os sábios se
ocuparam profissionalmente da interpretação das Sagradas Escrituras; assim foi
formado um grupo de doutores da lei, os escribas, que logo chegaram à categoria
de condutores do povo.[xi][xi]
A partir deste propósito, Esdras deixa de ser apenas
um copista estatal e passa a ser então “o escriba das palavras, dos mandamentos
do SENHOR e dos seus estatutos sobre Israel” (Ed 7.11), ou seja, há uma mudança
de paradigma aqui que afetou não somente o próprio Esdras, mas toda a classe de
escribas (contemporânea e posterior), conforme comentários supracitados, pois,
eles passaram a ser professores do povo. O fato de o Senhor Jesus se referir
aos escribas de forma negativa (Mt 23.1-39; Lc 11.37-53) é claramente
explicável, visto que nesse tempo eles já pertenciam à seita dos fariseus, que
“complementavam” a Lei com suas tradições, tornando-a obscura e sem efeito.
Assim, a “função de escriba era nobre e digna, porém os que a exerciam falharam
em observá-la”.[xii][xii]
O professor de Escola Dominical não deve se
menosprezar diante dos professores da escola laica ou mesmo por causa de outras
funções e departamentos da igreja, mas ver-se como o professor das coisas de
Deus. Um dos maiores erros cometidos ? inclusive repetidos durante muitos anos
? por quem liderava a Escola Dominical era escolher pessoas despreparadas para
o corpo docente. Agora, percebe-se uma busca desenfreada pela qualidade do
ensino, pois essa é a única esperança da igreja para combater as heresias e os
modismos da pós-modernidade.
fonte cpad
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PAZ DO SENHOR
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