INCENTIVO A LER
Neste ensaio ressaltamos, entre as várias
construções do ato de ler, a leitura como ato político e como processo de
crescimento cognitivo, e algumas possibilidades educativas para despertar novos
leitores, estimular a leitura e o estudo de livros e da Sagrada Escritura desde
a infância.
Ler como ato político
Paulo Freire (1987) afirmara que “a leitura da
palavra é sempre precedida da leitura do mundo”. Na concepção freireana, ler é
interpretar a si mesmo e ao mundo. Não se trata de mera decodificação de sinais
gráficos e códigos linguísticos, mas de apropriação de uma ação libertadora.
Ler é exercício de cidadania e de práxis do indivíduo no mundo. A verdadeira
função da escrita e leitura é capacitar o sujeito a aprender a ler o mundo,
compreender o seu contexto em uma relação dinâmica que vincula linguagem e
realidade, alfabetização e leitura.
A verdadeira leitura não é aquela que manipula
mecanicamente o texto, mas a que implica em percepção crítica das relações
entre o texto e o contexto do ledor. Assim, portanto, a educação freireana
prioriza a leitura e a alfabetização como um ato político libertador. A
educação, assim como a leitura, não deve estar dissociada da realidade e do
contexto dos aprendentes, muito menos ser alienante. Quem lê deve ser capaz de
interpretar o seu mundo, de pensar e cogitar sobre o lido, de criticar e
repensar a leitura, de rever cosmovisões e construir novos caminhos.
Certo axioma atribuído a Albert Einstein diz que “a
leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas
reflexões criadoras. Todo o homem que lê de mais e usa o cérebro de menos
adquire a preguiça de pensar.”
A crítica de Einstein não é contra a leitura, mas
contra aqueles que usam a leitura como alienação e fuga. Talvez, Mario Quintana
desejasse afirmar a mesma coisa quando escreveu que “os verdadeiros analfabetos
são os que aprenderam a ler e não leem”. Analfabeto não é aquele que não sabe
ler, mas o que nunca se apropriou da função social e política da leitura e da
escrita.
Nas palavras de Foucambert (1994), a leitura e a
escrita são os instrumentos pelos quais o sujeito alcança a democracia e o
poder individual que, segundo ele, “é a capacidade de compreender por que as
coisas são como são” (p.123). Lê-se, portanto, para interpretar e transformar a
realidade.
A leitura, nesse aspecto, traduz-se em direito
individual e coletivo que acompanha a alfabetização de crianças, jovens e
adultos. Não se dissocia a leitura da alfabetização e, portanto, ambos
constituem-se em ato político. Sonia Kramer (2001) afirma que o acesso à
alfabetização – enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a
língua – à leitura e à escrita é direito assegurado que exige um projeto de
toda sociedade para a democratização e a plena realização da justiça social.
Ler como processo de crescimento cognitivo
Atribui-se ao filósofo Sêneca o aforismo que afirma:
“A leitura nutre a inteligência”. Todavia, Machado de Assis, com a pujança e
ironia que lhe são próprios, na Teoria do Medalhão (1882), recomenda ao seu
estimado filho, Janjão, que se afaste das ideias, das leituras e atividades que
exercitam o cérebro. Dizia ao mancebo que, ao dirigir-se à livraria, deveria ir
não para aguçar as ideias por meio de excelentes leituras, mas para
[...] falar do boato do dia, da anedota da semana,
de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer cousa [...] uma
tal monotonia é grandemente saudável. Com este regímen, durante oito, dez ou
dezoito meses – suponhamos dois anos –, reduzes o intelecto, por mais pródigo
que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum. Não trato do
vocabulário, porque ele está subentendido no uso das ideias; há de ser
naturalmente simples, tíbio, apoucado, sem notas vermelhas, sem cores de
clarim... (2001, p.15).
Crítico da sociedade de seu tempo, Machado desfere
sua crítica ferina contra aqueles que usavam de artifício, sim, o artifício do
medalhão, para manter as aparências numa sociedade hipócrita. Contudo, o
contrário é verdadeiro. A leitura estimula novas ideias, desenvolve a
criatividade e o intelecto, além de alargar o vocabulário. Mas para que isto
seja potencialmente possível, é necessário, como afirma Solé (1988), de
estratégias de leituras. Estratégias de leituras, segundo Solé, “são
capacidades cognitivas ligadas à metacognição, que permitem uma atuação
inteligente e planejada da atividade de leitura” (FERREIRA & DIAS, 2002,
p.46). Para o pleno desenvolvimento cognitivo do leitor, Solé (1998, p.70)
afirma que: (1) As estratégias leitoras precisam ser ensinadas; (2) O ensino de
estratégias leitoras deve privilegiar o desenvolvimento de estratégias que
possam ser generalizadas a outras situações e não se atenham a técnicas
precisas, receitas infalíveis ou habilidades específicas.
Possibilidades de Estímulo à Leitura e à Formação de
Novos Leitores
Da parte da Escola Dominical
1. Implantação de projetos de incentivo à leitura
com a presença de autores, editores e educadores;
2. Implantação de uma biblioteca com literatura
diversificada que atenda das crianças ao adulto;
3. Criação do “Clube da Leitura”;
4. Premiar os alunos e professores com literatura;
5. Criar feiras de livros, com vendas, trocas e
doações.
Da parte da Família
1. Propiciar um ambiente doméstico que valorize a
leitura, a cultura e os livros;
2. Estimular os filhos a montar uma pequena
biblioteca que atenda exclusivamente o interesse da criança;
3. Ler e contar histórias para os filhos;
4. Levar as crianças, adolescentes, jovens e adultos
às livrarias e bibliotecas;
5. Participar de feiras de livros;
6. Dar certa quantia em dinheiro para que o leitor
compre o seu próprio livro;
7. Os pais devem ser os primeiros a ler;
8. Criar “cantinhos” de leitura para as crianças;
9. Instruir as crianças a reservarem um “tempinho”
para a leitura;
10. Controlar o tempo gastos na televisão e dedicar
mais tempo à leitura
fonte cpad
veja mais www.avivamentonosul21.comunidades.net
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