O dever dos filhos com os pais (6.1-3)
O apóstolo menciona três motivos que devem levar os filhos a ser obedientes aos pais: a natureza, a lei e o evangelho:
Em primeiro lugar, a natureza (6.1). “Filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, pois isso é justo.” A obediência dos filhos aos pais é uma lei da própria natureza; é o comportamento-padrão de toda a sociedade. Os moralistas pagãos, os filósofos estoicos, a cultura oriental (chineses, japoneses e coreanos), as grandes religiões, como confucionismo, budismo e islamismo, também defendem essa bandeira. Lloyd-Jones tem razão quando diz que é algo antinatural os filhos desobedecerem aos pais.293 A desobediência aos pais é um sinal de decadência moral da sociedade e um sinal do fim dos tempos (Rm 1.28-30; 2Tm 3.1-3).
Em segundo lugar, a lei (6.2,3). “Honra teu pai e tua mãe; este é o primeiro mandamento com promessa, para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra.” Honrar é mais do que obedecer (Ex 20.12; Dt 5.16). Os filhos não devem prestar só obediência aos pais, mas também devotar amor, respeito e cuidado a eles. É possível obedecer sem honrar. O irmão do filho pródigo obedecia ao pai, mas não o honrava. Há filhos que desamparam os pais na velhice. Há filhos que trazem flores para o funeral dos pais, mas jamais os presentearam com um botão de rosa enquanto estavam vivos.
Honrar pai e mae é honrar a Deus (Lv 19.1-3). A desonra aos pais era um pecado punido com a morte (Lv 20.9; Dt 21.18-21). Resistir a autoridade dos pais é insurgir-se contra a autoridade do próprio Deus.
Honrar pai e mãe traz benefícios (6.2,3). A promessa consiste em prosperidade e longevidade. No Antigo Testamento, as bênçãos eram terrenas e temporais, como a posse da terra. No Novo Testamento, nós somos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3). O filho obediente livra-se de grandes desgostos. Vejamos, por exemplo, algumas coisas que são importantes: 1) ouvir os pais — quantos desastres, casamentos errados, perdas, lágrimas e mortes seriam evitados se os filhos escutassem os pais; 2) ter cuidado com as seduções (Pv 1.10) — drogas, sexo, namoro, abandono da igreja e amigos.
Em terceiro lugar, o evangelho (6.1): “Filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor” (grifo do autor). Colossenses 3.20 fala que os filhos devem obedecer aos pais em tudo; já Efésios 6.1 equilibra a ordem dizendo que devem obedecer no Senhor. O que Paulo está ensinando? Os filhos devem obedecer aos pais porque eles são servos
LOPES, Hernandes Dias. EFESIOS Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 161-164.
1 Diferente do caso das mulheres, a exortação aos filhos (como também aos escravos nos v. 5ss) é introduzida com o imperativo “obedecei”. Também essa expressão remete a uma ordem à qual os interpelados devem se ajustar.
A desobediência a essa ordem é expressão do castigo divino e ao mesmo tempo sinal do iminente fim dos tempos: “Nos últimos dias” serão “desobedientes aos pais” (2Tm 3.2; Rm 1.30; cf. também Tt 1.6).
No entanto, também neste caso a exortação geral é inserida imediatamente no horizonte da comunhão de Cristo, que envolve pais e filhos: “Obedecei a vossos pais no Senhor.”
No texto paralelo de Cl 3.18-4.1 a ênfase nesse relacionamento singular com o Senhor da igreja ocorre com freqüência e de maneira bastante similar: “Submetei-vos… no Senhor” (Cl 3.18; cf. v. 20); “no temor do Senhor” (Cl 3.22); “Fazei tudo no Senhor” (Cl 3.23); “Recebereis do Senhor a recompensa” (Cl 3.24); “Considerai que também vós tendes um Senhor no céu” (Cl 4.1). Isso explicita que também a ordem para o relacionamento entre pais e filhos, estabelecida na criação, não é anulada no âmbito da igreja cristã, sendo antes colocada sob o governo do Cristo. Portanto, também aqui são combatidas todas as distorções dessa ordem causadas pelo pecado.
Por um lado, a justificativa para a obediência aos pais é genérica: “Porque isso é justo.” Via de regra Paulo utiliza o termo “justo” em oposição a “pecador”: embora por natureza “ninguém seja justo, nem sequer um só” (Rm 3.10), todavia “o justo viverá por fé” (Rm 1.17). Apesar disso ele também usa o termo “no sentido da justiça na vivência, que corresponde ao direito divino”.
2 A menção do quarto mandamento deixa claro que tal obediência é concretamente exigida pela ordem de Deus. Ele é reproduzido textualmente da versão da LXX para Êx 20.12. Contudo, a locução “na boa terra que o Senhor teu Deus te dará” é abreviada para “na terra”. Dessa forma Paulo adapta a citação à realidade dos leitores gentios cristãos: para eles a terra prometida Canaã foi substituída pela “riqueza da glória de sua herança”, que está pronta no céu (cf. Ef 1.18).
O sentido de “honrar pai e mãe” é elucidado por Jesus em Mt 15.3ss (par. Mc 7.10ss): o cuidado com os pais necessitados é dever irrenunciável dos filhos, que tampouco pode ser eliminado consagrando (korban) o dinheiro disponível ao templo (i. é, a Deus). Por meio deste exemplo Jesus deixa claro que a explicação que os escribas dão para esse mandamento na realidade visa dissimular seu esvaziamento: em nome de uma suposta “finalidade” superior (templo/Deus) contorna-se a dedicação aos pais concretamente demandada pelo mandamento de Deus. Assim os supostos praticantes da lei revelam-se hipócritas. Jesus também cita esse mandamento ao enumerar os mandamentos para o “jovem rico” (Mt 19.19; par.).
A relevância da instrução é sublinhada pelo adendo: “Esse é o primeiro mandamento com promessa.” Depois da primeira parte dos Dez Mandamentos, que se referem ao relacionamento do ser humano com Deus, a exigência de honrar pai e mãe aparece em primeiro lugar na lista das regulamentações para a convivência. Desse modo o cerne da sociedade, a família, é colocado debaixo da proteção do mandamento divino. Por essa razão também o desprezo dessa exigência (“desobediente aos pais”; cf. o exposto sobre o v. 1) aponta para a dissolução escatológica da ordem divina e, conseqüentemente, para o iminente caos, ou juízo. Em contrapartida, a obediência ao mandamento recebe uma promessa especial.
Eberhard Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora Evangélica Esperança.
III. SUSTENTO
1. CUIDADO.
Honrar pai e mãe é muito abrangente e envolve cuidar dos pais, principalmente na velhice: "Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer” (Pv 23.22). O termo "filho meu", frequentemente empregado em Provérbios, em geral se aponta para o aconselhamento de um mestre a seus discípulos, mas aqui ambos são mencionados, pai e mãe, referindo-se, portanto, aos pais naturais. O quinto mandamento vai além do sustento dos pais na velhice. É dever dos filhos proteger os pais, a sanção da lei é dura contra os que descumprem o quinto mandamento: "O que ferir a seu pai ou a sua mãe certamente morrerá... E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe certamente morrerá" (Êx 21.15, 17). O v. 15 fala sobre violência fisica, e o v. 17, que é reiterado mais adiante de forma expandida (Lv 20.9), vai além do desprezo e do abandono. Amaldiçoar aqui significa depreciar e repudiar a autoridade dos pais. Além da agressão e do menosprezo em relação aos progenitores, a lei estabelecia a pena capital para o filho desobediente, o rebelde contumaz (Dt 21.18-21). Qualquer atitude de desonra era um grave insulto, e a punição da lei era a mesma para ambos os casos: agressão física e moral, violência e desrespeito. Por isso, a lei impõe respeito e honra aos pais (Êx 20.12; Dt 5.16). Desonrar a pai e mãe é desonrar a Deus.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 63.
A vontade de Deus é que os filhos tenham uma alta estima pela sabedoria e experiência de seus pais. Devem considerar que a sabedoria não se adquire na escola, mas sim num longo aprendizado da vida. A experiência de errar e acertar, meditar e avaliar, ganhar e perder vão formando uma base para conduzir outros na vida.
Quando os filhos apreciam seus pais, é fácil respeitá-los e honrá-los. O respeito brota de uma atitude interior de reconhecimento e apreço pela função dos pais. Esse respeito se manifesta pelo trato cordial, amável, cuidadoso. O contrário, ou seja, faltar de respeito se manifesta por gestos e palavrões, prepotência, altivez e desprezo. Isto é muito comum no mundo. Ao se converter, o jovem terá que aprender como tratar seus pais. Será como que remar contra a correnteza deste mundo e não se deixar influenciar pelos exemplos negativos tão abundantes hoje em dia.
Muitos pais, quando atingem uma idade avançada, são abandonados e considerados como algo pesado. Sobretudo quando ficam enfermos e precisam de cuidados especiais. São deixados de lado, ignorados e muitos são levados aos asilos para que morram. Isso é fruto da rebelião e do menosprezo.
Honrar os pais é o primeiro mandamento com promessa. Quem o fizer, pode ter a segurança de que será próspero e terá longa vida (1Tm 5.4,8; Lv 19.32).
Honrar é um ato de amor, por exemplo: dizer a eles o quanto são importantes, falar deles a outros, presenteá-los fora das datas especiais, passar tempo com eles e conversar sobre o que eles gostam, etc.
A Família Série de Conselhos de Deus.
2. OFERTA CORBÃ.
«Corbã» simplesmente significa «oferta»; mas, neste caso, alude a algo dedicado a propósitos religiosos, como o templo. Jesus frisa que eles, com uma piedade fingida, tinham descoberto um meio de desobedecer ao quinto mandamento. Isso é bastsmte comum. Muitas pessoas acham conveniente ignorar princípios espirituais encastoados em passagens bíblicas claras, mediante algum «caso especial» ou «necessidade pessoal», o que, para eles, transcende a claros ensinamentos espirituais. Essa tradição de «Corbã» proferida sobre uma oferta, era tão forte que quem fazia tal voto era proibido de usar tal coisa, qualquer que fosse, com outras finalidades. No entanto, tinham descoberto um modo de evitar isso, tomando vagos os seus votos, a fim de que pudessem interpretá-los como bem quisessem.
A má intenção resulta no feito perverso. A mãe do indivíduo passa fome, os credores roubam-lhe sua propriedade, o filho retém o dinheiro, enganando tanto sua mãe quanto o templo; e tudo isso é possibilitado por uma tradição humana que fora elevada à posição de verdade divina. Mas desde o começo era péssima tradição. Mesmo que aquele filho desse uma dádiva ao templo, devido às circunstâncias, o que poderia ser digno de encômios torna-se um ato vergonhoso. Esse princípio pode ser lato bastante para servir de cautela aos ministros, para que cuidem de seus familiares e não negligenciem aos mesmos devido ao trabalho religioso em que se acham, sacrificando tudo pelo trabalho.
Sem duvida os ministros devenam buscar um—equibrio—apropriado em tomo da questão. E é óbvio que o «principio» exarado no texto, mesmo que não seja o problema em foco, muito tem a ver com responsabilidade dos pais para com seus filhos. Pensemos nos missionários que permitem que seus filhos sejam criados por outros, a fim de que não se ocupem com os cuidados de uma família. Essa prática, apesar de ter algum senso prático —está longe de ter «senso espiritual». Não é mal maior negligenciar a própria mãe do que negligenciar um filho ou uma filha. Pois três coisas um pai deve a seus filhos; exemplo, exemplo, exemplo. Como pode um pai dar exemplo á um filho ausente?
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 718.
Eles rejeitaram jeitosamente o preceito de Deus (7.9-12). Os escribas e fariseus chegaram a ponto de anular e invalidar um preceito infalível de Deus para confirmar sua tradição fraca e miserável. Jesus fala sobre o arranjo jeitoso que os rabinos fizeram para deturpar o quinto mandamento e liberar os filhos avarentos da responsabilidade de cuidarem de seus pais na velhice. Esses líderes proclamavam amar a Deus, mas não tinham amor pelos pais. O mandamento para honrar pai e mãe está fartamente documentado nas Escrituras. Honrar pai e mãe é mais do que simplesmente obedecer-lhes. O que realmente importa é a atitude interior do filho em relação aos seus pais. Essa atitude é o que, na verdade, produz honra. Toda obediência interesseira e relutante, ou produzida pelo terror é, descartada. Honra implica amor e alta consideração.
Como os escribas e fariseus anularam esse preceito bíblico? Pela errada aplicação da lei de Corbã. Quando um filho mau tinha a intenção de desamparar pai e mãe, sonegando a eles a assistência devida, dizia a eles que não poderia ajudá-los, porque havia dedicado esses recursos financeiros como oferta ao Senhor. Dessa maneira, ficavam “legalmente” isentos de socorrer os pais e não necessariamente, dedicavam essas ofertas a Deus. O filho que declarava: É Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para seu próprio uso. Ernesto Trenchard coloca essa questão como segue:
A palavra Corbã quer dizer “dedicado a Deus”, e se empregava quando um homem queria dedicar seus bens à tesouraria do Templo. Contudo, por um acordo com os sacerdotes israelitas, podia “dedicar” seu dinheiro ou sua propriedade ao Templo, ao mesmo tempo, em que os desfrutava durante a sua vida, deixando-os como um legado a serviço do Templo. Caso esse homem, segundo a santa obrigação natural e legal, tivesse o dever de manter os pais idosos ou enfermos, os mesmos sacerdotes lhe impediam de ajudá-los com esses fundos que eram “Corbã”, para não subtrair o legado do Templo. Esse caso suscitou a justa indignação do Senhor, pois por um ímpio subterfúgio, e sob uma aparência de piedade, se violava um dos principais mandamentos de Deus.
LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos.
E fácil deduzir que é dever dos filhos, se os pais são pobres, ajudá-los, conforme a sua capacidade; e se os filhos que maldizem os seus pais merecem a morte, muito mais a merecem aqueles que não os sustentam. Se alguém estivesse de acordo com todos os pontos da tradição dos anciãos, eles descobririam um expediente pelo qual ele poderia ser liberado dessa obrigação (v. 11). Se os pais estivessem em necessidade, e o filho tivesse os recursos necessários para ajudá-los, mas não tivesse a intenção de fazer isso, ele poderia jurar pelo Corbã, ou seja, pelo “ouro do templo”, e pela “oferta que está sobre o altar”, e assim os seus pais não seriam beneficiados por ele; esse filho não os ajudaria. E, se eles lhe pedissem qualquer coisa, bastava que ele lhes respondesse isso, e seria suficiente.
Como se pela obrigação desse juramento iníquo alguém pudesse se liberar da obrigação imposta pela santa lei de Deus. Observe a interpretação do Dr. Hammond: Um antigo cânone dos rabinos diz que os juramentos devem acontecer com referência a coisas ordenadas pela lei, e também a coisas indiferentes, para que, se alguém fizer um juramento (ou um voto) que não possa ser ratificado sem infringir um mandamento, o juramento seja ratificado, e o mandamento violado. Esta opinião está de acordo com a interpretação do Dr. Whitby. Os papistas ensinam uma doutrina como essa, isentando os filhos de qualquer obrigação para com os seus pais, por meio dos seus juramentos (ou votos) monásticos, e da sua admissão à religião, como eles os chamam. O Senhor Jesus conclui: “E muitas coisas fazeis semelhantes a estas”.
Onde os homens irão parar, quando tiverem feito com que a Palavra de Deus dê lugar às suas tradições? Esses que avidamente impunham tais cerimônias, no início somente menosprezavam os mandamentos de Deus em comparação com as suas tradições; mas, posteriormente, anulavam os mandamentos de Deus, se estes entrassem em conflito com as suas tradições. Tudo isso, na verdade, Isaías tinha profetizado; aquilo que ele dizia sobre os hipócritas na sua época, aplicava-se também aos escribas e fariseus (v. 6). Observe que quando vemos a iniquidade dos tempos atuais, e reclamamos dela, se dissermos que os dias passados foram melhores do que estes, estaremos mostrando que não investigamos esse assunto mais a fundo (Ec 7.10). O pior dos hipócritas e malfeitores já teve os seus predecessores.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 441.
3. ENSINO DE JESUS.
JESUS CONTRASTA aqui as práticas humanas errôneas com a milenarmente honrada Palavra de Deus. Há quem professe honrar a essa Palavra acima de tudo, mas vive repleto de falhas morais perversas, que destroem o sentido espiritual das Escrituras.
«À tradução de Goodspeed sobre essas palavras é muito sugestiva—e embaraçosa; ‘Anulais o que Deus disse pelo que transmitistes'. Levanta a questão; Qual é vosso ato privativo de anulação? Que porção da Palavra de Deus apagais e deixais sem efeito? Podemos dizer que nunca fizemos tal coisa? As de nós anulam as palavras de Jesus: ‘perdoai setenta vezes sete’. Nesse ponto o ‘galileu é graiide demais para nossos minúsculos corações'. Além de inflexíveis e vingativos, achamos que essas palavras são desconcertantes. ‘Invalidais’, disse Jesus. ‘Tomai a cruz e segui-me’ (Marc. 8:34). Mas é dificílimo tomar uma cruz. Isso estraga nossa carreira ansiosa, desimpedida através da vida». (Luccock, in loc.).
NOTEMOS como Jesus lança as Escrituras contra sua interpretação farisaica. Esse tipo de contraste, se for honestamente empregado, além de servir de estudo informativo, poderia melhorar nosso conhecimento e nossas ações, livrando-nos de certos dogmas que se baseiam somente sobre as tradições humanas.
O «etc.» de Jesus —muitas outras cousas semelhantes—, no fim deste versículo, envolve a todos nós, e não meramente aqueles fingidos religiosos. O seu «etc.» foi uma frase «retórico redundante... que expressa desprezo». (Bruce, in loc.). Essas são as «muitas coisas semelhantes» em que os modernos religiosos se envolvem. Todo aquele que segue os dogmas de qualquer denominação certamente se vê envolvido nessas coisas.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 719.
Eles invalidaram a Palavra de Deus (7.13). Os escribas e fariseus estavam não apenas ignorando, mas também invalidando a Palavra de Deus. Eles estavam retirando a autoridade divina do quinto mandamento. De outro lado, estavam colocando em seu lugar uma tradição injusta e iníqua. Jesus deixa claro que a oferta de Corbã era apenas um exemplo dos muitos desvios desses falsos mestres.
O grande pilar da ortodoxia evangélica é a verdade de que a Palavra de Deus é nossa única regra de fé e prática. Esse marco tem sido removido ainda hoje. Preceitos de homens têm sido colocados no lugar da bendita Palavra de Deus.
LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos.
Mc 7.13 Pela terceira e última vez (v. 8,9,13) Jesus pronuncia uma acusação fulminante contra aqueles que se consideravam guardiães da Torá e se tinham colocado como juízes dele: invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes. Na passagem paralela de Mt 15.13s, Jesus nega diretamente que a motivação deles tenha qualquer origem divina. Por isso Deus haveria de exterminá-los. A seus discípulos ele ordena que se separem radicalmente deles. No fundo da cena pode-se ver a figura do tentador para a apostasia de Dn 7.15, cuja principal característica é a anulação dos mandamentos de Deus. Emoção semelhante, à beira da explosão, constatamos no missionário Paulo quando encontra tendências judaizantes nas igrejas (Gl 1.6-9; 2.5,14; 3.1; 4.16-20; Fp 3.2). Legalismo e missões combinam como fogo e água
.
Adolf Pohl. Comentário Esperança Evangelho de Marcos. Editora Evangélica Esperança.
Mc 7.13 O voto Corbã colocava efetivamente a tradição acima da Palavra de Deus. Ser capaz de se isentar de um dos mandamentos de Deus, adotando um voto humano, significava que os fariseus estavam invalidando a Palavra de Deus.
Jesus acrescentou que os fariseus faziam muitas e muitas coisas como essa. E esse era apenas um exemplo da premeditada mesquinhez desses líderes religiosos que se colocavam acima de todas as pessoas, mas que, de fato, destruíam as leis que tinham tanto orgulho de parecer obedecer. Nesse exemplo, Jesus deixou claro a esses líderes religiosos hipócritas que a lei de Deus, e não a tradição oral, deveria ser a verdadeira autoridade na vida das pessoas.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 234.
IV. ENTRE A LEI E A GRAÇA
1. AUTORIDADE DOS PAIS.
Os judeus colocam o quinto mandamento como dever do homem para com Deus. Os mandamentos de caráter vertical, do compromisso do israelita com Deus, de amar a Deus acima de todas as coisas, de acordo com o ensino de Jesus, são teológicos e estão registrados na primeira tábua; os outros são de caráter horizontal, são preceitos éticos que constam da segunda tábua, resumidos no segundo mandamento de amar o próximo como a si mesmo. Esta é a interpretação judaica. Esta linha de pensamento mostra a relevância de honrar os pais, os quais são representantes de Deus. Honrar pai e mãe ocupa um lugar de elevada consideração na lei porque a autoridade deles foi delegada por Deus. Desobedecer a eles, portanto, é desobedecer a Deus, pois eles estão investidos de autoridade sobre a vida e receberam a responsabilidade do bem-estar dos filhos.
O apóstolo Paulo ensina obedecer aos pais e explica, "porque isto é justo" (Ef 6.1). Ele está falando a respeito de uma lei natural que existe desde o princípio do mundo. Deus já havia colocado a sua lei no coração de todos os homens, mesmo antes de se revelar a Moisés no Sinai (Rm 1.19; 2.14, 15). Essa prática existe em todas as civilizações antes e depois de Moisés. Todos esses povos já reconheciam a importância de obedecer e respeitar aos pais como fundamento para uma sociedade estável. Sua inobservância sinaliza a decadência da estrutura social. Infelizmente, o que se vê na atualidade é inversão desses valores; os pais estão perdendo o direito de opinar e decidir sobre a vida dos filhos adolescentes por imposição até do Estado.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 81.
1. A obediência dos filhos a seus pais é algo moralmente justo, porque segue a ordenança divina.
2. Tal obediência também é socialmente correta, por refletir um arranjo conveniente e correto na sociedade humana.
3. Também é beneficentemente correta, devido aos seus bons resultados.
4. Também é biblicamente correta, pois concorda tanto com o Antigo como com o Novo Testamentos, em suas respectivas revelações.
5. Também é legalmente correta, pois foi ordenada nas Escrituras Sagradas, escritas por inspiração divina.
6. Também é naturalmente correta, pois segue as leis naturais.
7. Essa obediência dos filhos a seus pais é justa de acordo com os ditames do bom senso, porquanto é óbvio que uma pessoa mais velha, de forma geral, sabe o que deve ser feito nesta ou naquela oportunidade, do que os jovens inexperientes.
8. Portanto, tal obediência também é racionalmente correta, isto é, apropriada para as relações entre pais e filhos, pois seria uma monstruosidade se os filhos ditassem as ordens e seus pais as obedecessem.
9. Finalmente, a obediência dos filhos a seus pais é humanamente correta, pois todas as culturas humanas reconhecem quão prudente é que assim seja.
É interessante que vários intérpretes argumentam, com base neste versículo, em favor do «batismo infantil» ou do «batismo de crianças», supondo que a obediência exigida deve ser efetuada dentro dás relações cristãs, e pensando que somente o batismo em água pode levar a criança, a tal relação. Mas isso reflete uma maneira absurda de caçar textos do N.T. em favor de alguma prática, boa ou má, mas que não conta com qualquer apoio dogmático da parte do novo pacto.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 636.
E da mesma forma que aquele relacionamento começou com a chamada à submissão, aqui também os filhos são chamados: obedecei a vossos pais. Tanto aqui como em Colossenses 3:20 a “honra” do primeiro mandamento recebe a orientação especifica de obediência. Então, no modo típico desta epístola, o apóstolo acrescenta a expressão no Senhor. Seu uso aqui não se deve ao fato de o apóstolo ter em mente “a situação onde as ordens dos pais possam contrariar a lei de Cristo” (Bruce), e sim, a situação de um lar cristão. A epístola aos Colossenses pode ajudar a interpretar esta passagem quando diz que o fato de os filhos obedecerem aos pais “é grato diante do Senhor”. (RV) . Mesmo uma criança em sua simplicidade pode saber o que significa amar no Senhor e obedecer por Sua causa. Então a razão dada para a obediência choca por sua austeridade: pois isto é justo. Talvez seu pensamento seja o de que isso é aceito como correto em cada sociedade; é certo segundo a lei do Antigo Testamento; está de acordo com o exemplo do próprio Cristo (Lc 2:51). Ou pode ser que a forma de sua expressão tivesse o objetivo de lembrar que em algumas coisas as crianças devem aceitar e obedecer antes de poderem compreender todas as razões.
Francis Foulkes. Efésios Introdução e comentário. Editora Vida Nova. pag. 134-135.
O apóstolo presume que entre aqueles que estarão ouvindo a leitura desta carta nas várias congregações se incluem as crianças. Elas integram o pacto de Deus (Gn 17.7; At 2.38,39), e Jesus as ama (Mc 10.13-16). Se Paulo estivesse conosco hoje, sem dúvida que ficaria estupefato ante o espetáculo de crianças que assistem à Escola Dominical e logo depois vão embora sem se importarem com o culto de adoração que vem em seguida. Ele tem uma mensagem direta e especialmente dirigida às crianças. A implicação é evidente, ou seja, que também os sermões de hoje devem ser de tal natureza que mesmo as crianças possam entendê-los e receber deles alegria, ao menos em certo grau, segundo sua idade, etc., e em certas ocasiões o pastor deve dirigir sua atenção especialmente para elas.
A mensagem do apóstolo às crianças é que elas devem obedecer a seus pais. Além disso, essa obediência deve fluir não só do sentimento de amor, gratidão e estima por seus pais, embora essas motivações sejam muito importantes, mas também, e especialmente, da reverência devida ao Senhor Jesus Cristo. Paulo diz que essa obediência deve ser no Senhor, e acresce: porque esta obediência é justa. A atitude correta do filho ao obedecer a seus pais deve ser, portanto, esta: Devo obedecer a meus pais porque o Senhor me ordena que assim o faça. O que ele diz é justo pela simples razão de ser ele quem o diz! É ele quem determina o que é justo e o que é injusto. Por isso, quando desobedeço a meus pais, estou desobedecendo e contrariando a Deus mesmo. É verdade que, quando Deus – ou, se se preferir, Cristo – dá esta ordem, ele está exibindo sua sabedoria e amor. Por uma mercê de Deus, esses filhos devem sua própria existência a seus pais. Além do mais, os pais, por sua vez, têm mais ideais, mais experiência, sabem mais, e por via de regra são mais sábios. Por outro lado, dadas as condições normais, até o tempo do matrimônio, ninguém ama a esses filhos com mais ternura do que seus pais. E mesmo depois que a relação pais-filhos tenha sido substituída (em certo sentido) pelos laços mais íntimos de esposoesposa, os pais, se ainda vivem, continuam a amar seus filhos não menos que antes.
HENDRIKSEN. William. Exposição De Efésios. Editora Cultura Cristã. pag. 306-307.
2. O SISTEMA MOSAICO.
Os quatro primeiros mandamentos da lei mosaica tratam dos deveres do homem para com Deus. Os últimos seis, tratam dos relacionamentos humanos. Por isso mesmo, as tábuas do testemunho, onde tinham sido inscritos os mandamentos, eram duas. Essas duas tábuas da lei incorporavam todas as atitudes apropriadas aos seres humanos.
Honrar aos próprios progenitores não somente é uma forma de piedade do mais alto calibre, como também é uma regra social de suprema importância, pois os conflitos domésticos naturalmente têm reflexos sobre a sociedade como um todo. Visto que os pais atuam como representantes de Deus, ocupando o lugar de Deus no seio da família, este quinto mandamento, na realidade, é uma aplicação dos dois primeiros mandamentos. Assim, honrar a Yahweh implica em honrar aos pais. A solidariedade familiar jamais poderá tomar-se um fato nos lugares onde houver filhos desobedientes, que tentem impingir sua voluntariedade às expensas dos pais. Dentro do contexto hebreu, honrar os próprios pais era uma parte vital da existência, tão vital quanto a respiração. Um filho que ousasse ferir seus pais sofria a pena de morte (Êxo. 21.15). Idêntico castigo cabia a quem amaldiçoasse qualquer de seus pais (Êxo. 21.17). Somente os zombadores insensatos rejeitariam esse princípio de respeito pelos próprios pais, e o fim deles é triste (Pro. 30.17).
Paulo reitera esse mandamento em Efésios 6.1-3. Todavia, o apóstolo também frisou sabiamente a responsabilidade dos pais para com seus filhos (vs. 4). E lembrou que o quinto mandamento é o primeiro mandamento que envolve uma promessa, ou seja, que os filhos obedientes serão abençoados com uma vida longa e feliz (Efé. 6.3). Nesse ponto, Paulo citou o trecho de Deuteronômio 5.16. A punição capital (ver a esse respeito no Dicionário) era imposta no caso de quatro crimes, mencionados em Êxo. 21.12-17 (que vide). Entre esses queremos destacar aqui a quebra do sexto mandamento (o homicídio; Êxo. 21.12,14) e a quebra do quinto mandamento (os abusos contra os pais; Êxo. 21.17).
Entre certas tribos indígenas do Rio Negro, no estado do Amazonas, Brasil, somente dois atos são tidos como aquilo que chamamos de pecados, ou seja, atos errados: abusar de qualquer modo da própria mãe e furtar. Entre eles, esses atos são considerados piores do que o homicídio, o qual, entre eles, é tão comum que deixou de ser censurado. Assim sendo, o código de ética daqueles indígenas incorpora somente o quinto e o oitavo mandamentos do decálogo mosaico.
Aristóteles pensava que as relações entre filho e progenitor são análogas àquelas que existem entre o homem e Deus (Ethics, Nic. vii.12 par.5). O confucionismo alicerça toda a sua moralidade sobre as relações entre pais e filhos. Os egípcios enfatizavam a questão a ponto de ameaçarem a uma má vida pós-túmulo aos filhos que fossem desobedientes a seus pais (apud Lenormant, Histoire Ancienne, vs. 1, pág. 343 s.).
Interessante é notar que se os egípcios prometiam uma boa vida pós-túmulo aos filhos obedientes, o código mosaico só prometia uma boa vida neste mundo, uma vida longa e abençoada, mas nenhuma promessa de vida pós-túmulo, o que é típico no Pentateuco. Se existem alguns indícios sobre uma vida para além da morte biológica (como na doutrina do homem como partícipe da imagem divina; Gên. 1.26,27), essa doutrina só passou a ser destacada formalmente, no Antigo Testamento, nos Salmos e nos Profetas.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 392.
Na verdade, esse mandamento diz: “Honra teu pai e ma mãe” (Êx 20.12). O verbo honrar (hebraico, kabbêct) tem o sentido literal de “ver com intensidade, ou seja, intensa autoridade e responsabilidade e, portanto, digno de máximo respeito”. Portanto, a atitude do indivíduo em relação aos pais não devia ser de fidalga indiferença, isso para não mencionar a atitude de zombaria e de insubordinação. Na hierarquia da criação, eles representavam a autoridade divina, assim, deviam ser reverenciados como se o Senhor fosse avaliado pela atitude deles. Como isso devia ser realizado na vida diária fica para ser visto junto com suas implicações para a vida contemporânea à parte da estrutura teocrática do Antigo Testamento.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 334.
12. Honra a teu pai e a tua mãe. Tal como o versículo 8, este é um mandamento categórico formulado positivamente. O mesmo princípio sob outra forma pode ser encontrado em 21:15,17: “ Quem ferir/amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será morto” . Este é chamado “ o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6:2), e assim o é, no sentido mais estrito da palavra, embora o versículo 6, onde Deus demonstra “ o amor da aliança” aos que O amem e obedeçam, também seja virtualmente uma promessa.
A promessa divina, contudo, é mais clara aqui, produzindo seus resultados na sociedade. Os que constroem uma sociedade na qual a velhice ocupa lugar de honra podem esperar confiantemente desfrutar do mesmo lugar algum dia. Tal doutrina não é muito popular em nossos dias, quando a juventude é adorada, e a velhice temida ou desprezada. O resultado é a loucura que leva homens e mulheres a lutarem por permanecer eternamente jovens, e acabar descobrindo ser isso impossível. Este mandamento é parte da atitude geral para com a Velhice em Israel (como símbolo e, idealmente, personificação da sabedoria prática da vida), elogiada em todo o Velho Testamento (Lv 19:32), c encontrada em muitos outros povos antigos, notavelmente entre os chineses. Não se pode precisar se o mandamento está relacionado à ideia de que sendo a vida sagrada e dom de Deus, os doadores humanos da vida devem ser tratados com respeito: talvez um israelita não analisasse o mandamento deste modo. Para que se prolonguem os teus dias.
Às vezes, indivíduos supersensíveis questionam a validade de uma promessa ligada a um mandamento. O hebraico, entretanto, não implica necessariamente em que a bênção prometida seja nosso motivo para obedecer o mandamento, ao passo que assegura definitivamente qual seja o resultado de tal obediência.
Outros questionam a natureza material da promessa. Em dias do Velho Testamento, todavia, as promessas divinas eram normalmente formuladas em termos materiais, compreensíveis para aqueles que, por assim dizer, ainda estavam no jardim-de-infância de Deus. Para aqueles que, até àquela altura, não tinham conhecimento definido de uma vida futura, “ dias prolongados” significavam possibilidade de continuada comunhão com Deus, e eram por isso muito importantes. Por outro lado, alguns consideram esta promessa como um seguro de propriedade da terra que Deus lhes daria: isto, por sua vez, traria glória a Deus, por demonstrar Sua fidelidade às Suas promessas. Nós, com revelação mais completa, podemos “ espiritualizar” tal promessa sem esvaziá-la de seu conteúdo. Este mandamento é o ponto em que a atenção é desviada do relacionamento para com Deus e se concentra no relacionamento com a comunidade que Ele criou. Assim, o conteúdo total dos dez mandamentos pode ser resumido em duas “ palavras” , não uma apenas: amor a Deus e amor ao nosso próximo (Dt 6:5; Lv 19:18). Mais uma vez, não há contradição: a realidade de nosso amor declarado a Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor expresso para com nossos semelhantes (Jr 22:16).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 152-153.
3. ADAPTADO SOB A GRAÇA.
Nós vivemos essas coisas como resultado da nossa nova vida em Cristo e não por coerção da lei, que condena à morte os filhos rebeldes (Êx 21.15,17; Lv 20.9; Dt 21.18-21). O cristão está debaixo da graça e é guiado pelo Espírito Santo para as boas obras que "Deus preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Cabe a cada um de nós não desperdiçarmos o privilégio e a oportunidade de honrar pai e mãe para não perdermos as bênçãos de Deus.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 85.
Ef 6.2,3 Paulo acrescentou a autoridade da lei revelada à lei natural descrita em 6.1, citando o quinto mandamento, registrado em Exodo 20.12: Honra a teu pai e a tua mâe. Obedecer e honrar são coisas diferentes. Obedecer significa fazer aquilo que o outro diz para fazer; honrar significa respeitar e amar.
Os filhos devem obedecer enquanto estiverem sob os cuidados de seus pais, mas devem honrá-los por toda vida. Este é o primeiro mandamento com promessa, a promessa de uma vida longa, cheia de bênçãos. De que modo este é realmente o primeiro mandamento que tem uma promessa? Alguns pensam que ele não é, nem o primeiro mandamento, nem o primeiro com uma promessa, pois o segundo mandamento contém uma promessa. Os comentaristas oferecem muitas explicações. Duas delas são muito úteis: (1) Este é o primeiro mandamento (após os primeiros quatro, que são mandamentos gerais) que trata de envolvimentos sociais e normas comportamentais. (2) Mais provavelmente, este é o primeiro mandamento básico destinado aos filhos, e contém uma promessa que se aplica a eles. Quando os filhos obedecem o mandamento de honrar os seus pais, demonstram uma atitude de amor e respeito e a levam para o seu relacionamento com Deus. Tal atitude cria uma comunidade que sustenta e protege os mais velhos. Em nível individual, quando cada pessoa cuida dos mais velhos, estes vivem mais, e os mais jovens ajudam a transmitir esses valores para a próxima geração.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 350.
Ef 6.2 A menção do quarto mandamento deixa claro que tal obediência é concretamente exigida pela ordem de Deus. Ele é reproduzido textualmente da versão da LXX para Êx 20.12. Contudo, a locução “na boa terra que o Senhor teu Deus te dará” é abreviada para “na terra”. Dessa forma Paulo adapta a citação à realidade dos leitores gentios cristãos: para eles a terra prometida Canaã foi substituída pela “riqueza da glória de sua herança”, que está pronta no céu (cf. Ef 1.18).
O sentido de “honrar pai e mãe” é elucidado por Jesus em Mt 15.3ss (par. Mc 7.10ss): o cuidado com os pais necessitados é dever irrenunciável dos filhos, que tampouco pode ser eliminado consagrando (korban) o dinheiro disponível ao templo (i. é, a Deus). Por meio deste exemplo Jesus deixa claro que a explicação que os escribas dão para esse mandamento na realidade visa dissimular seu esvaziamento: em nome de uma suposta “finalidade” superior (templo/Deus) contorna-se a dedicação aos pais concretamente demandada pelo mandamento de Deus. Assim os supostos praticantes da lei revelam-se hipócritas. Jesus também cita esse mandamento ao enumerar os mandamentos para o “jovem rico” (Mt 19.19; par.).
A relevância da instrução é sublinhada pelo adendo: “Esse é o primeiro mandamento com promessa.” Depois da primeira parte dos Dez Mandamentos, que se referem ao relacionamento do ser humano com Deus, a exigência de honrar pai e mãe aparece em primeiro lugar na lista das regulamentações para a convivência. Desse modo o cerne da sociedade, a família, é colocado debaixo da proteção do mandamento divino. Por essa razão também o desprezo dessa exigência (“desobediente aos pais”; cf. o exposto sobre o v. 1) aponta para a dissolução escatológica da ordem divina e, conseqüentemente, para o iminente caos, ou juízo. Em contrapartida, a obediência ao mandamento recebe uma promessa especial.
Ef 6.3 Não é possível transferir a abastança, vida longa e propriedade de terras diretamente para a nova aliança. Já mencionamos que “na terra” generaliza a expressão original. Ao mesmo tempo isso impede a espiritualização da promessa no sentido da vida eterna ou da herança celestial.
A promessa é conscientemente mantida no contexto do AT, mas ao mesmo tempo é aplica aos destinatários cristãos da carta aos Efésios. Da mesma maneira como riqueza e vida longa são a essência da bênção no AT, a múltipla bênção espiritual dos que creem é a dádiva singular enviada em Jesus Cristo (cf. Ef 1.3). A comunhão com Cristo é a bênção concedida àquele que anda no amor como “seguidor de Deus” (Ef 5.1s), cumprindo assim os mandamentos de Deus. Sem dúvida uma bênção possui um significado essencialmente espiritual, porém também pode ter aspectos físicos. No entanto, cabe levar em conta que – na perspectiva humana – também circunstâncias sumamente adversas, como sofrimento, aflição ou perseguição, são capazes de transmitir a bênção de Deus.
Eberhard Hahn. Comentário Esperança Efésios. Editora Evangélica Esperança.
A palavra «...honra...», é tradução do termo grego «timao», que quer dizer «dar um preço a», «valorizar», «estimar», ou seja, honrar, através do respeito apropriado. Inclui também a ideia de «reverência». No fundo de tudo rebrilha o «amor cristão», que se expressa mediante palavras e ações. Assim, pois, a criança que ama a seus pais mui naturalmente «honrará» ou «estimará» os mesmos, procurando fazer aquilo que lhes agrada. Esse amor e essa honra são o alicerce mesmo da obediência verdadeira, tornando-a uma atitude voluntária e livre, e não como se fora uma imposição, que a criança só atende aos muxoxos.
O mandamento aqui aludido é aquele que figura nos trechos de Êxo. 20:12 e Deut. 5:16, conforme o mesmo aparece na Septuaginta (versão grega do A.T., completada cerca de duzentos anos antes da era cristã). (Ver igualmente Mat. 15:4). Ã criança compete servir, amar e estimar seus pais, estando sujeita às suas ordens. Uma criança nada deveria fazer que desonre o nome de seus pais, mas tão-somente aquilo de que seus pais se possam sentir orgulhosos, e através do que o nome deles é exaltado perante outros, e ao seus próprios olhos.
«...o primeiro mandamento com promessa...» Essa declaração de Paulo tem provocado dificuldades entre os intérpretes. Alguns pensam que os dez mandamentos da legislação mosaica estão em foco. Nesse caso, esse é o único mandamento com promessa, e não apenas o «...primeiro...», embora também seja exatamente isso. O mandamento em pauta é o quinto do decálogo. Também existem intérpretes que consideram que o mandamento relativo ao sábado envolve uma espécie de «promessa geral», a saber, que Deus abençoou esse dia e o santificou, ficando subentendida alguma forma de promessa de bênção àqueles que o guardarem. Nesse caso, então o «segundo» mandamento, e não o «quinto» é que tem a promessa aqui anexa. Ainda outros intérpretes argumentam que o quinto mandamento do decálogo ainda assim foi o primeiro mandamento divino a ser instituído, pois tal obediência foi determinada muito antes do sábado haver sido instituído como mandamento, como também a todos os demais mandamentos da legislação mosaica.
Tudo isso, entretanto, parece ser mero jogo de palavras, criado pelos intérpretes, na tentativa de oferecer explicações razoáveis sobre o que o autor sagrado queria dizer. E a tudo isso acrescente-se ainda o fato que alguns estudiosos pensam que a palavra «primeiro» deve ser traduzida aqui como «principal». Na opinião deles, esse seria o mandamento «mais importante», pois há uma promessa vinculada ao mesmo.Também há aqueles que pensam que esse teria sido o «primeiro» mandamento da segunda tábua, ao passo que há quem pense que se trata do primeiro mandamento quanto ao «tempo», e que o decálogo nem está em vista aqui. especificamente. Orígenes costumava explicar que todos os dez mandamentos eram «primeiros», isto é, em relação à legislação mosaica inteira; mas tal explicação não tem aplicação aqui.
Talvez a melhor explicação seja simplesmente aquela que diz que esse mandamento é o «primeiro e único com uma promessa a ele vinculada». Ou então, o que quer que Paulo tivesse em mente, ao assim dizer, isso se perdeu para nós, pois quiçá somente seus leitores judeus pudessem entendê-lo, embora nós mesmos não possamos alcançar seu raciocínio, motivo pelo qual sua ideia caiu para nós em obscuridade. Seja como for, não há nada de vital nessa questão. O que importa é que tal mandamento era tão importante, dentro da legislação do A.T., que mereceu o adorno de uma promessa a ele ligada, para encorajar a sua observância.
A passagem de Êxo. 12:20 é citada aqui. Tratava-se de promessa de bem-estar e de vida macróbia na terra de Canaã. Não se deve pensar aqui em vida eterna ou em vida espiritual, embora isso também esteja implícito. De fato, a observância de todos os mandamentos mosaicos estava vinculada à «vida», talvez tanto em seu aspecto físico como em seu aspecto espiritual. (Ver os trechos de Lev. 18:5 e Rom. 10:5, onde a «vida» é vinculada à observância dos mandamentos de Deus).
É interessante observarmos que uma longa vida física foi prometida àquele que se mostrasse tão terno com as aves que não matasse a mãe dos filhotes, que porventura encontrasse em um ninho, embora pudesse retirar dali os filhotes ou os ovos ainda em processo de incubação (ver Deut. 22:6,7).
«...sobre a terra...» No grego e no hebraico há palavras diferentes para indicar o globo terrestre e uma região qualquer, embora em português ambas as idéias possam ser expressas pela palavra «...terra...» Portanto, erri português não se nota a modificação havida na citação. A passagem de Êxodo falava na região de Canaã, mas Paulo usou em grego a palavra que significa o «globo terrestre», a fim de dar-lhe um sentido geral, não limitado à nação de Israel e à Terra Prometida.
Tal promessa de longa vida, naturalmente, não se revestiria de interesse particular para os cristãos primitivos, quando perseguições e martírios se multiplicavam. Além disso, a «adversidade» em geral caracteriza o homem abençoado, de conformidade com o N.T., ao passo que o A.T. ligava a «prosperidade material» com as bênçãos divinas. Outrossim, tal motivação não parece da mais elevada ordem para os crentes do N.T.. como deveria sê-lo para os judeus, que enfatizavam tão-somente a vida terrena e seus benefícios.
O cristianismo se prende muito mais ao «outro mundo» do que o judaísmo. De fato, Crisóstomo sugeriu uma motivação superior a essa para os crentes, em relação a seus filhos: «Buscai não uma longa vida terrena para as crianças, mas que elas tenham vida sem limites e interminável no além». (Eph. Hom. xxi, 161A). Isso está mais de conformidade com o ponto de vista do cristianismo, que antecipa as felicidades celestes mais do que fixa os olhos na prosperidade atual. Não obstante, nada há de errado com uma vida longa à face deste planeta, contanto que essa vida seja usada para cumprir missões dignas, em prol da causa de Cristo, bem como para benefício da humanidade em geral. Outrossim, os crentes, como toda e qualquer outra pessoa, fazem tudo quanto lhes é possível para terem vida longa, com a ajuda da medicina, de condições de vida melhoradas, etc. Nada há de errado com essa promessa. Ela é desejável, ainda que não seja a bênção mais elevada que um crente possa buscar.
Não há neste texto qualquer indício de espiritualização de uma promessa do A.T., como se a «vida eterna» estivesse inclusa na mesma, mesmo que a lei mosaica não incorporasse o pensamento de outra vida que não a física, conforme já pudemos salientar nas notas sobre este versículo. Nenhuma «Canaã celestial» é prometida aqui.Tal promessa deve ser aceita literalmente, em seu contexto terrestre. E devemos notar que, além de vida física prolongada, é prometido «bem-estar». O que aqui é prometido é uma vida longa, próspera e feliz, o que dá a este mandamento e sua promessa um ponto de vista tipicamente judaico. No dizer de Barry (in loc.): «Essa promessa não é tão importante para nós como o era para os antigos; mas mesmo assim continua entre nós»..
Devemos acrescentar, ainda, que neste texto não há qualquer ideia que a antiga lei mosaica continua em vigor para os crentes do N.T., e que somente os «acidentes» da lei mosaica, isto é, como ela era particularmente aplicada a Israel, em seu arcabouço cerimonial, foram eliminados.
É uma estupidez um intérprete cristão tirar tal conclusão, porquanto é algo totalmente contrário ao que reza os trechos de Rom. 10:4 e Gál. 3:23-25, bem como contrário à teologia paulina e neotestamentária em geral. No entanto, não há nenhum erro ou dano para aquele que pensa que a ação moral correta, de conformidade com as recomendações da lei, não trazem as mesmas bênçãos que a ação moral correta o faz em qualquer época. A justificação não está em foco aqui. Mas a moralidade, em qualquer período da história, será acompanhada pelas bênçãos divinas, da maneira como ele resolver abençoá-la. Deus pode conferir vida longa na terra aos obedientes; e o presente texto promete exatamente isso aos filhos que obedecerem e honrarem a seus pais, de acordo com a vontade de Deus, em cada caso, não deixando de haver exceções—quando os pais exigirem de seus filhos coisas errôneas, ou quando o próprio Deus quiser que alguém tenha vida curta à face da terra. Para isso, só Deus sabe as razões. O que é dito aqui, pois, é dito em sentido geral, não visando necessariamente cada criança em particular.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 4. pag. 636-637.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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