Silas Daniel"Escrevi um artigo na revista Obreiro Aprovado, edição 68, referente ao primeiro trimestre deste ano, intitulado “Em Defesa do Arminianismo”, onde falo das razões da adesão ao Calvinismo nos últimos anos por parte de alguns obreiros e irmãos assembleianos e explico o que é, de fato, o Arminianismo, o que realmente ensina e seu lugar na história. O artigo está repercutindo bastante nas redes sociais e blogs de irmãos ligados à denominação, o que muito me alegra"
Lendo alguns comentários sobre o artigo na internet, resolvi publicar este artigo para esclarecer algumas dúvidas:
1) Alguns irmãos assembleianos simpáticos ao Calvinismo, e naturalmente incomodados com a publicação de um artigo, em órgão oficial da denominação, em defesa do Arminianismo, estão me acusando do que eu não disse. Eles, sem dúvida alguma, não leram o meu artigo, pois estão afirmando que estou defendendo uma “caça às bruxas” (ou seja, uma “caça” aos calvinistas) na Assembleia de Deus. Ora, na terceira página do meu artigo em Obreiro Aprovado, escrevi exatamente o contrário disso:
“...o objetivo de lembrar aqui essas exclusões por Calvinismo no passado da AD não é para pregar que agora devemos começar uma espécie de ‘caça às bruxas’ aos calvinistas dentro da Assembleia de Deus. Nada disso. É apenas para lembrar que o Calvinismo nunca fez parte de nossas origens e nem muito menos fez parte do nosso padrão doutrinário, ao ponto de no passado até se excluir por causa disso. E se hoje o Calvinismo é cada vez mais comum no meio assembleiano, isso se deve tão somente ao fato de que temos ensinado pouco ou quase nada sobre o verdadeiro Arminianismo nos púlpitos e seminários de nossas igrejas”.
2) Alguns irmãos assembleianos ligados ao Calvinismo estão me acusando de ser “absolutista” ao defender o Arminianismo em detrimento do Calvinismo. Bem, acho que, por esse critério, os irmãos calvinistas devem ser também “absolutistas” por defenderem o Calvinismo em detrimento do Arminianismo. A verdade é que, em uma época em que está na moda ser relativista, ter convicções é visto como algo negativo. Deus nos livre disso. Mas, independente desse deslize próprio da influência da pós-modernidade em nossos dias, quem me taxa de “absolutista”, no sentido de desprezo a qualquer convicção diferente da minha, também não leu meu artigo, porque em nenhum momento desrespeito as convicções de meus irmãos calvinistas compatibilistas. Assevero que o Arminianismo é biblicamente mais coerente, mas não reconheço como “heresia perniciosa”, como acham alguns, o calvinismo compatibilista. Leiam lá. Dedico as três últimas páginas do meu artigo a explicar isso.
3) Em uma entrevista dada ao blog “Teologia Pentecostal” sobre o meu artigo (para lê-la, clique AQUI), afirmei: “...até entendo que um crente assembleiano possa ter particularmente convicções calvinistas, mas empenhar-se em um projeto de ‘calvinização’ da denominação é demais. Não que eu conheça alguém particularmente empenhado nisso. Falo em hipótese. Se você já não se sente bem na Assembleia de Deus, se não se sente mais um assembleiano, se sente-se mais um calvinista do que assembleiano, é melhor sair da Assembleia de Deus e ir para uma igreja tradicional ou renovada calvinista. Pelo menos em favor da própria coerência”.
Por incrível que pareça, alguns entenderam que eu estava, arrogantemente, convidando todos os assembleianos que têm convicções calvinistas a saírem da denominação. Primeiro, eu não tenho autoridade para isso; segundo, eu não disse isso. É só reler atentamente o que disse e qualquer um perceberá o óbvio dos óbvios: que, em primeiro lugar, eu estava me referindo, com todas as letras, ao caso de um assembleiano que, hipoteticamente, além de ter convicções calvinistas, se dedica a uma campanha de “calvinização” da denominação – ou seja, trata-se de um caso muito específico –; e em segundo lugar, o que disse em seguida, em relação a esse caso muito específico, foi uma argumentação lógica, mais do que natural, atinente à consciência dessa pessoa: se a pessoa não se sente mais um assembleiano (que, por essência, é pentecostal e arminiano), se não se sente mais confortável na sua denominação, ao ponto de iniciar uma campanha para adaptar toda a sua denominação à sua crença pessoal, é bem melhor sair de sua denominação e ir para outra igreja onde se sinta melhor. Eu faria isso, se esse fosse o meu caso.
4) Tem gente que acha absurdo uma denominação querer preservar sua identidade. Acho mais do que natural. Os presbiterianos preservam a sua, os congregacionais, os batistas e os metodistas idem. Até mais do que nós. Na Igreja Presbiteriana, por exemplo, para ser ordenado ao ministério, o candidato a ministro deve empenhar palavra de honra que crê no Calvinismo e sempre pregará e ensinará o Calvinismo. E se ele, depois de ordenado, descumprir seus juramentos ordenatórios, sofrerá um processo para ser retirado do ministério. É assim que a coisa é tratada lá: como uma questão inegociável de consciência. Parece que nem sempre valorizamos isso, mas trata-se de algo muito importante. Deixe-me dar outro exemplo: alguém pode ser considerado ainda assembleiano se não crê mais no batismo no Espírito Santo? Seria coerência se dizer ainda assembleiano mesmo não se crendo mais nisso? A resposta, obviamente, é "não". Mas isso não significa que sairemos agora fazendo "caça às bruxas" para saber quem, no fundo, no fundo, pensa ou não assim nas ADs pelo Brasil. Até aqui, a coisa é um problema pessoal, de consciência da própria pessoa. O problema passa do forum pessoal quando a pessoa resolve confrontar sua denominação para que ela se curve à sua crença pessoal divergente, ou quando sai disseminando-a explicitamente na denominação, o que se constitui também uma atitude de confronto.
Graças a Deus, não vejo isso na Assembleia de Deus. Não vejo assembleianos calvinistas subindo no púlpito para confrontar pregando o Calvinismo. Aliás, eu acrescentaria também que, mesmo considerando que há, sim, um grande número de assembleianos que professam hoje alguma simpatia pelo Calvinismo, eles ainda parecem ser minoria em relação ao número de assembleianos inconscientemente semipelagianos por falta de ensino do que é o verdadeiro Ariminianismo. Não tenho nenhuma pesquisa científica para provar isso - é conclusão apenas do meu dia-a-dia viajando pelas ADs no Brasil. Portanto, posso estar equivocado, mas é o que me parece sinceramente.
Ambos os casos - assembleianos semipelagianos e assembleianos calvinistas - são fenômenos de um mesmo e antigo problema: a falta de ensinar o Arminianismo.
Enfim, voltando ao leito deste tópico, todos são livres para aderirem ao que crêem. Ninguém é obrigado a permanecer em um lugar que prega aquilo do que discorda. Permanecer em um lugar assim, guardando sua divergência só para si, é incoerente, mas ainda é aceitável. Mas brigar com toda a sua denominação por causa disso é mais do que incoerente: é gritantemente incoerente. Ainda mais que não estamos falando da hipótese apenas de alguém tentar mudar a identidade de toda uma denominação à sua imagem e semelhança, mas de também estar brigando para isso por causa de uma doutrina secundária (no caso do embate Arminianismo x Calvinismo, a mecânica da salvação, e não a mensagem e o método da salvação).
5) Ainda na referida entrevista ao blog “Teologia Pentecostal”, eu disse que “A Assembleia de Deus é do jeito que é não apenas por ser pentecostal, mas por ser também arminiana. Se a Assembleia de Deus deixa de ser arminiana, ela se torna outra coisa, e não mais o que é”.
Por incrível que pareça, houve gente que entendeu que eu estivesse dizendo que seja impossível um pentecostal ser também calvinista e vice-versa. Claro que não acho impossível um pentecostal ser calvinista. Estou falando em termos de identidade de uma denominação. Se a Assembleia de Deus deixa de ser arminiana para se tornar calvinista, ela simplesmente deixa de ser Assembleia de Deus. Ela se torna outra igreja, porque, como eu já disse, “a identidade consiste em tudo aquilo que nos faz ser o que somos”. A AD é o que é não apenas por ser pentecostal, mas por ser também arminiana. Faz parte de sua essência. Assim como uma Igreja Presbiteriana que se torna pentecostal deixa de ser Igreja Presbiteriana. Ela se torna outro tipo de igreja, mesmo que mantenha a mesma nomenclatura. Pode até manter muito do que tinha antes, mas já não é mais a mesma igreja. É outra bem diferente.
6) No meu referido artigo de Obreiro Aprovado, tratei extensamente sobre o Semipelagianismo na teologia popular da Assembleia de Deus, lembrando que isso é fruto de, durante décadas, os doutrinadores assembleianos terem se preocupado mais em combater o Calvinismo do que em ensinar ao povo o que é, de fato, o Arminianismo – além de, como também frisei no artigo, muitas vezes confundirem calvinismo fatalista com calvinismo de forma geral. Isso resultou em duas coisas: primeiro, muitos assembleianos, na prática, confundiam Arminianismo com Semipelagianismo ou até, em casos mais raros e graves, com Pelagianismo; e em segundo lugar, quando os assembleianos passaram a ter contato maior com a teologia reformada, muitos deles, justamente por terem uma visão meramente fatalista do calvinismo e por não conhecerem perfeitamente o Arminianismo, se tornaram facilmente suscetíveis à teologia reformada.
Qual a solução para o fim do Semipelagianismo da teologia popular que vemos em alguns púlpitos e igrejas? É ensinar o Arminianismo de fato.
Os problemas para os excessos ou distorções no Arminianismo é ensinar o Arminianismo de fato, que tem sido pouquíssimo ensinado nas últimas décadas na Assembleia de Deus, e não descambar para o Calvinismo, como alguns assembleianos vitimados e ressacados pelas mensagens semipelagianas fizeram e propõem.
Segue-se uma analogia. Não é perfeita, mas serve para fins ilustrativos.
Sabemos que nos aeroportos há uma norma que proíbe as pessoas de levarem para o avião objetos perfurantes em bagagens de mão. Imaginemos, portanto, um aeroporto que estabelece essa norma pela primeira vez, mas nunca a massificou entre o seu público, que sempre manteve o hábito de levar bagagem de mão. Logo, se tornarão freqüentes os casos de passageiros encontrados com objetos perfurantes nas suas bagagens de mão. Mesmo assim, apesar do grande índice de casos, o aeroporto continua não massificando que a implicância com certos objetos em bagagens de mão não é aleatória, mas específica: ocorre exclusivamente em relação a objetos perfurantes. Daí, alguns passageiros resolvem abandonar de vez a sua tradição de viajar com bagagem de mão, e assim nunca mais são incomodados. Muito bem, mas desnecessário. Bastava levar bagagens de mão sem objetos perfurantes, o que a maioria faria se o aeroporto massificasse que a proibição é só para objetos perfurantes.
Nessa analogia imperfeita, os assembleianos que aderiram ao Calvinismo são os que preferem não levar bagagem de mão, quando bastava não levar objetos perfurantes nas bagagens de mão.
A solução para o Semipelagianismo popular é ensinar o Arminianismo de fato, e não descambar para o Calvinismo.
Ensinemos, pois, o Arminianismo, que faz parte da nossa essência histórica como denominação.notas CPADNEWS
Lendo alguns comentários sobre o artigo na internet, resolvi publicar este artigo para esclarecer algumas dúvidas:
1) Alguns irmãos assembleianos simpáticos ao Calvinismo, e naturalmente incomodados com a publicação de um artigo, em órgão oficial da denominação, em defesa do Arminianismo, estão me acusando do que eu não disse. Eles, sem dúvida alguma, não leram o meu artigo, pois estão afirmando que estou defendendo uma “caça às bruxas” (ou seja, uma “caça” aos calvinistas) na Assembleia de Deus. Ora, na terceira página do meu artigo em Obreiro Aprovado, escrevi exatamente o contrário disso:
“...o objetivo de lembrar aqui essas exclusões por Calvinismo no passado da AD não é para pregar que agora devemos começar uma espécie de ‘caça às bruxas’ aos calvinistas dentro da Assembleia de Deus. Nada disso. É apenas para lembrar que o Calvinismo nunca fez parte de nossas origens e nem muito menos fez parte do nosso padrão doutrinário, ao ponto de no passado até se excluir por causa disso. E se hoje o Calvinismo é cada vez mais comum no meio assembleiano, isso se deve tão somente ao fato de que temos ensinado pouco ou quase nada sobre o verdadeiro Arminianismo nos púlpitos e seminários de nossas igrejas”.
2) Alguns irmãos assembleianos ligados ao Calvinismo estão me acusando de ser “absolutista” ao defender o Arminianismo em detrimento do Calvinismo. Bem, acho que, por esse critério, os irmãos calvinistas devem ser também “absolutistas” por defenderem o Calvinismo em detrimento do Arminianismo. A verdade é que, em uma época em que está na moda ser relativista, ter convicções é visto como algo negativo. Deus nos livre disso. Mas, independente desse deslize próprio da influência da pós-modernidade em nossos dias, quem me taxa de “absolutista”, no sentido de desprezo a qualquer convicção diferente da minha, também não leu meu artigo, porque em nenhum momento desrespeito as convicções de meus irmãos calvinistas compatibilistas. Assevero que o Arminianismo é biblicamente mais coerente, mas não reconheço como “heresia perniciosa”, como acham alguns, o calvinismo compatibilista. Leiam lá. Dedico as três últimas páginas do meu artigo a explicar isso.
3) Em uma entrevista dada ao blog “Teologia Pentecostal” sobre o meu artigo (para lê-la, clique AQUI), afirmei: “...até entendo que um crente assembleiano possa ter particularmente convicções calvinistas, mas empenhar-se em um projeto de ‘calvinização’ da denominação é demais. Não que eu conheça alguém particularmente empenhado nisso. Falo em hipótese. Se você já não se sente bem na Assembleia de Deus, se não se sente mais um assembleiano, se sente-se mais um calvinista do que assembleiano, é melhor sair da Assembleia de Deus e ir para uma igreja tradicional ou renovada calvinista. Pelo menos em favor da própria coerência”.
Por incrível que pareça, alguns entenderam que eu estava, arrogantemente, convidando todos os assembleianos que têm convicções calvinistas a saírem da denominação. Primeiro, eu não tenho autoridade para isso; segundo, eu não disse isso. É só reler atentamente o que disse e qualquer um perceberá o óbvio dos óbvios: que, em primeiro lugar, eu estava me referindo, com todas as letras, ao caso de um assembleiano que, hipoteticamente, além de ter convicções calvinistas, se dedica a uma campanha de “calvinização” da denominação – ou seja, trata-se de um caso muito específico –; e em segundo lugar, o que disse em seguida, em relação a esse caso muito específico, foi uma argumentação lógica, mais do que natural, atinente à consciência dessa pessoa: se a pessoa não se sente mais um assembleiano (que, por essência, é pentecostal e arminiano), se não se sente mais confortável na sua denominação, ao ponto de iniciar uma campanha para adaptar toda a sua denominação à sua crença pessoal, é bem melhor sair de sua denominação e ir para outra igreja onde se sinta melhor. Eu faria isso, se esse fosse o meu caso.
4) Tem gente que acha absurdo uma denominação querer preservar sua identidade. Acho mais do que natural. Os presbiterianos preservam a sua, os congregacionais, os batistas e os metodistas idem. Até mais do que nós. Na Igreja Presbiteriana, por exemplo, para ser ordenado ao ministério, o candidato a ministro deve empenhar palavra de honra que crê no Calvinismo e sempre pregará e ensinará o Calvinismo. E se ele, depois de ordenado, descumprir seus juramentos ordenatórios, sofrerá um processo para ser retirado do ministério. É assim que a coisa é tratada lá: como uma questão inegociável de consciência. Parece que nem sempre valorizamos isso, mas trata-se de algo muito importante. Deixe-me dar outro exemplo: alguém pode ser considerado ainda assembleiano se não crê mais no batismo no Espírito Santo? Seria coerência se dizer ainda assembleiano mesmo não se crendo mais nisso? A resposta, obviamente, é "não". Mas isso não significa que sairemos agora fazendo "caça às bruxas" para saber quem, no fundo, no fundo, pensa ou não assim nas ADs pelo Brasil. Até aqui, a coisa é um problema pessoal, de consciência da própria pessoa. O problema passa do forum pessoal quando a pessoa resolve confrontar sua denominação para que ela se curve à sua crença pessoal divergente, ou quando sai disseminando-a explicitamente na denominação, o que se constitui também uma atitude de confronto.
Graças a Deus, não vejo isso na Assembleia de Deus. Não vejo assembleianos calvinistas subindo no púlpito para confrontar pregando o Calvinismo. Aliás, eu acrescentaria também que, mesmo considerando que há, sim, um grande número de assembleianos que professam hoje alguma simpatia pelo Calvinismo, eles ainda parecem ser minoria em relação ao número de assembleianos inconscientemente semipelagianos por falta de ensino do que é o verdadeiro Ariminianismo. Não tenho nenhuma pesquisa científica para provar isso - é conclusão apenas do meu dia-a-dia viajando pelas ADs no Brasil. Portanto, posso estar equivocado, mas é o que me parece sinceramente.
Ambos os casos - assembleianos semipelagianos e assembleianos calvinistas - são fenômenos de um mesmo e antigo problema: a falta de ensinar o Arminianismo.
Enfim, voltando ao leito deste tópico, todos são livres para aderirem ao que crêem. Ninguém é obrigado a permanecer em um lugar que prega aquilo do que discorda. Permanecer em um lugar assim, guardando sua divergência só para si, é incoerente, mas ainda é aceitável. Mas brigar com toda a sua denominação por causa disso é mais do que incoerente: é gritantemente incoerente. Ainda mais que não estamos falando da hipótese apenas de alguém tentar mudar a identidade de toda uma denominação à sua imagem e semelhança, mas de também estar brigando para isso por causa de uma doutrina secundária (no caso do embate Arminianismo x Calvinismo, a mecânica da salvação, e não a mensagem e o método da salvação).
5) Ainda na referida entrevista ao blog “Teologia Pentecostal”, eu disse que “A Assembleia de Deus é do jeito que é não apenas por ser pentecostal, mas por ser também arminiana. Se a Assembleia de Deus deixa de ser arminiana, ela se torna outra coisa, e não mais o que é”.
Por incrível que pareça, houve gente que entendeu que eu estivesse dizendo que seja impossível um pentecostal ser também calvinista e vice-versa. Claro que não acho impossível um pentecostal ser calvinista. Estou falando em termos de identidade de uma denominação. Se a Assembleia de Deus deixa de ser arminiana para se tornar calvinista, ela simplesmente deixa de ser Assembleia de Deus. Ela se torna outra igreja, porque, como eu já disse, “a identidade consiste em tudo aquilo que nos faz ser o que somos”. A AD é o que é não apenas por ser pentecostal, mas por ser também arminiana. Faz parte de sua essência. Assim como uma Igreja Presbiteriana que se torna pentecostal deixa de ser Igreja Presbiteriana. Ela se torna outro tipo de igreja, mesmo que mantenha a mesma nomenclatura. Pode até manter muito do que tinha antes, mas já não é mais a mesma igreja. É outra bem diferente.
6) No meu referido artigo de Obreiro Aprovado, tratei extensamente sobre o Semipelagianismo na teologia popular da Assembleia de Deus, lembrando que isso é fruto de, durante décadas, os doutrinadores assembleianos terem se preocupado mais em combater o Calvinismo do que em ensinar ao povo o que é, de fato, o Arminianismo – além de, como também frisei no artigo, muitas vezes confundirem calvinismo fatalista com calvinismo de forma geral. Isso resultou em duas coisas: primeiro, muitos assembleianos, na prática, confundiam Arminianismo com Semipelagianismo ou até, em casos mais raros e graves, com Pelagianismo; e em segundo lugar, quando os assembleianos passaram a ter contato maior com a teologia reformada, muitos deles, justamente por terem uma visão meramente fatalista do calvinismo e por não conhecerem perfeitamente o Arminianismo, se tornaram facilmente suscetíveis à teologia reformada.
Qual a solução para o fim do Semipelagianismo da teologia popular que vemos em alguns púlpitos e igrejas? É ensinar o Arminianismo de fato.
Os problemas para os excessos ou distorções no Arminianismo é ensinar o Arminianismo de fato, que tem sido pouquíssimo ensinado nas últimas décadas na Assembleia de Deus, e não descambar para o Calvinismo, como alguns assembleianos vitimados e ressacados pelas mensagens semipelagianas fizeram e propõem.
Segue-se uma analogia. Não é perfeita, mas serve para fins ilustrativos.
Sabemos que nos aeroportos há uma norma que proíbe as pessoas de levarem para o avião objetos perfurantes em bagagens de mão. Imaginemos, portanto, um aeroporto que estabelece essa norma pela primeira vez, mas nunca a massificou entre o seu público, que sempre manteve o hábito de levar bagagem de mão. Logo, se tornarão freqüentes os casos de passageiros encontrados com objetos perfurantes nas suas bagagens de mão. Mesmo assim, apesar do grande índice de casos, o aeroporto continua não massificando que a implicância com certos objetos em bagagens de mão não é aleatória, mas específica: ocorre exclusivamente em relação a objetos perfurantes. Daí, alguns passageiros resolvem abandonar de vez a sua tradição de viajar com bagagem de mão, e assim nunca mais são incomodados. Muito bem, mas desnecessário. Bastava levar bagagens de mão sem objetos perfurantes, o que a maioria faria se o aeroporto massificasse que a proibição é só para objetos perfurantes.
Nessa analogia imperfeita, os assembleianos que aderiram ao Calvinismo são os que preferem não levar bagagem de mão, quando bastava não levar objetos perfurantes nas bagagens de mão.
A solução para o Semipelagianismo popular é ensinar o Arminianismo de fato, e não descambar para o Calvinismo.
Ensinemos, pois, o Arminianismo, que faz parte da nossa essência histórica como denominação.notas CPADNEWS
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