Não preciso estudar a Bíblia… Será? A IDEIA ERRONEA .
Existe
no Brasil uma igreja com expressivo número de membros, que por questão de ética
o signatário irá se esquivar da responsabilidade de nominá-la, a qual é
terminantemente contra o estudo da Bíblia. Sua liderança alega e seus membros
compartilham do mesmo pensamento, que o Espírito Santo é quem ensina todas as
coisas, e, portanto, segundo eles, o exame minucioso das Sagradas Escrituras em
forma de estudo é terminantemente desnecessário. Lamentavelmente, este também é
o pensamento de alguns cristãos que estão listados no rol de membros de nossa
denominação.
É bem verdade que o Espírito Santo de fato orienta nossa vida de
forma ampla. Inclusive, é ele quem nos direciona pelo caminho da verdade, quem
nos consola diante dos dissabores inerentes a esta vida terrena, quem nos
concede dons, etc., entretanto, apegar-se a estes fatos ou a algum texto
bíblico isolado e extraído fora de seu contexto para em autodefesa justificar a
negligência pessoal em relação ao estudo e meditação acerca das Sagradas
Escrituras, parece ser algo que não passa pelo crivo da própria Palavra de
Deus. Logo, o mesmo Espírito que nos “ensina todas as coisas” é o mesmo que nos faz lembrar daquilo
que lemos e estudamos.
“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em
meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e VOS FARÁ LEMBRAR de tudo quanto
vos tenho dito” (João 14.26 – grifo do autor).
O texto supra é muito claro, tanto é que logo após o trecho “…vos
ensinará todas as coisas…” o
evangelista acrescenta as seguintes palavras: “…vos fará lembrar de tudo
quanto vos tenho dito”. Destarte, com relação ao fato de o Espírito
Santo ensinar “todas as coisas”,
além de referir-se aquilo sobre o qual os discípulos seriam ensinados após a
ascensão de Cristo (1 Coríntios 11.23ª), por inferência, muito provavelmente o
escritor sacro estivesse aludindo também ao evento que muito tempo depois o
reformador e monge agostiniano Martinho Lutero viria chamar de “clareza
interna das Escrituras”.
Segundo o reformador, a “clareza externa” é
possibilitada a todos por meio do simples conhecimento gramatical do texto,
contudo, a clareza interna é
facultada somente a quem possui o Espírito Santo, sem o qual, se torna
impossível a compreensão dos mistérios ali revelados (Marcos 4.11,12; Lucas
8.10), visto que a Bíblia não é um livro qualquer da literatura popular. Logo,
para interpretarmos corretamente a Bíblia, precisamos evidentemente, da
iluminação da mente proporcionada pelo agir do Espírito de Deus, contudo, este
evento não exclui o processo de estudo, mas acontece por meio dele, fato
evidenciado a luz de todo o contexto bíblico (Deuteronômio 6.6-9; 11.18-21;
17.19,20; Neemias 8.7,8; Atos 8.30-35; Romanos 12.7; 15.4; 1 Timóteo 4.13).
É necessário observar ainda que, o Espírito Santo não apenas “ensina” conforme
já foi explanado anteriormente, mas também nos fará “lembrar
de tudo”, principalmente daquilo que está escrito
(João 12.16). Assim, antes de prosseguir com o raciocínio em questão, é necessário
fazer breve consideração sobre o significado do verbo “lembrar”. De acordo com
o Dicionário Eletrônico Houaiss, lembrar é “trazer algo à memória, recordar”.
Destarte, cabe acrescentar que só podemos trazer à memória ou recordar, aquilo
que de antemão conhecemos. Não há como nos lembrarmos de algo que nunca
tenhamos visto, ouvido ou lido. Ou, por acaso, você é capaz de lembrar de um
lugar no qual nunca tenha ido? É óbvio que não. Assim também esta assertiva é
verdadeira em relação ao conteúdo bíblico, isto é, só poderemos lembrar daquilo
que em outro momento nos foi oportunizado conhecer.
Deste
modo, objetivando fortalecer a ideia de que o exame, análise e estudo da
Palavra de Deus é algo incentivado e orientado pela própria Bíblia, analisemos
o clássico Salmo de número 1:
Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos
ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e NA SUA LEI MEDITA DE
DIA E DE NOITE. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a
qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto
fizer prosperará. (Salmo 1.1-3 – grifo do autor).
A
questão é: como meditar sem conhecer? Aliás, meditar em que, se não houve
leitura, logo, conhecimento prévio? Meditar significa estudar e ponderar a
respeito do conteúdo de alguma coisa através de profundas e longas reflexões.
De modo resumido e em paráfrase, este é o conceito apresentado pelos
dicionários de língua portuguesa para o vocábulo “meditar”.
Vejamos
mais algumas passagens bíblicas que fundamentam o teor deste raciocínio:
Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o CONFORME
A TUA PALAVRA. Com todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos
teus mandamentos. ESCONDI A TUA PALAVRA no meu coração, para eu não pecar
contra ti. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos. Com os meus
lábios declarei todos os juízos da tua boca. Folguei tanto no caminho dos teus
testemunhos, como em todas as riquezas. MEDITAREI NOS TEUS PRECEITOS, e terei
respeito aos teus caminhos. Recrear-me-ei nos teus estatutos; NÃO ME ESQUECEREI
DA TUA PALAVRA (Salmo 119.9-16 – grifo do autor).
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que MANEJA BEM A PALAVRA DA VERDADE(2 Timóteo 2.15 – grifo
do autor).
Persiste em LER, EXORTAR e ENSINAR, até que eu vá (1 Timóteo
4.13 – grifo do autor).
Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de
Carpo, e os LIVROS, principalmente os pergaminhos (2 Timóteo 4.13 – grifo
do autor).
Observe
que Paulo, um dos maiores nomes do período neotestamentário, era um homem sábio
e um exímio escritor/leitor/estudante. Perceba que nas epígrafes textuais
supracitadas, além de escrever sobre a necessidade que há de os obreiros
manejarem bem a Palavra da Verdade e de orientar o jovem pastor Timóteo a
persistir na leitura, exortação e ensino, ele demonstra clara preocupação com
os seus “livros”.
Certa
feita, perguntaram para um sábio homem de Deus: “O que é mais importante: ler a
Palavra de Deus ou orar?’. Ele sabiamente respondeu: “O que é mais importante
para um pássaro, a asa da direita ou a da esquerda?” (A. W. Tozer)
Portanto,
negligenciar o estudo da Bíblia em defesa de uma suposta “espiritualidade”, que
se jacta ao ponto de abrir mão do conhecimento bíblico, é algo tão ignorante
quanto dizer que 1 + 1 é igual a 3. Isto pode ser algo tão antropocêntrico
quanto à tentativa de colocar-se no lugar de Deus, afinal de contas, o Eterno
nos deixou sua palavra para nosso ensino, repreensão, correção e educação na
justiça a fim de sermos habilitados para toda boa obra.
Não obstante, já dizia o salmista: “Lâmpada
para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”(Salmo
119.105).
Fraternalmente
em Cristo,
fonte gospelprime em 02/10/2014
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