Entrevista com Dr. Russell Shedd
sobre o ensino bíblico.
Aos 81
anos de vida, o doutor Russell Shedd mantém-se como referência de integridade,
conhecimento bíblico e vida cristã.
Não é
muito comum um líder religioso chegar aos 80 anos em plena atividade. Mais raro
ainda é ter atravessado todo este tempo mantendo um ministério de visibilidade
internacional. Agora, privilégio mesmo é poder ostentar uma reputação inabalada
e manter-se como referência de conhecimento bíblico e saber teológico em idade
tão avançada. Pois Russell Philip Shedd entrou para o rol dos octogenários em
10 de novembro passado com todas essas características. Missionário de origem
americana, ele está radicado no Brasil desde 1962. Neste quase meio século, tem
prestado decisiva colaboração à Igreja nacional, seja através de seus livros e
trabalhos de cunho teológico, seja com suas pregações, conferências e
palestras.
Shedd é
um teólogo com grande preparo. Com apenas 20 anos, graduou-se no Wheaton
College, nos Estados Unidos. Ali, especializou-se em hebraico e grego – línguas
bíblicas cujo conhecimento considera fundamental para uma correta interpretação
das Escrituras. Em seguida, tornou-se mestre em teologia e, mais tarde, doutor
em filosofia e Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Mas
o saber não fez dele um acadêmico arrogante, desses que enxergam a divindade
com a frieza dos livros. “O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário,
auxilia o nosso relacionamento com Deus”, afirma. “E ainda produz muita
dependência dele também”. Para manter a comunhão com Deus, a receita desse
veterano da fé é simples: “Acordo todo dia antes das cinco da manhã. Assim, é
possível dedicar uma hora ou mais à leitura bíblica e à oração.”
Com vinte livros publicados, Russell Shedd é muito conhecido no
Brasil como fundador de Edições Vida Nova, casa publicadora especializada em
obras teológicas pela qual lançou a Bíblia Vida Nova em 1977, abrindo o mercado para a
popularização das versões de estudo das Escrituras Sagradas. Foi também
professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo durante 30 anos e pastor
da Metropolitan Chapel, congregação fundada por ele na capital paulista, onde
vive e permanece ligado à denominação Batista. Missionário jubilado, Shedd tem
um padrão de vida simples, razão pela qual não aceita que o líder evangélico
ostente riquezas. “Não creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em
algum momento o ato de esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus
nos tem abençoado”, comenta. O “senhor Bíblia” – como muitos o chamam, à sua
própria revelia – concedeu esta entrevista a Cristianismo hoje.
O senhor tem um dos mais invejáveis currículos de formação
teológica entre os líderes cristãos que atuam no Brasil. É difícil conciliar
tanto conhecimento com a simplicidade de um relacionamento com Deus?
RUSSELL SHEDD – Não,
não acho difícil. O conhecimento não enfraquece a fé; pelo contrário,
auxilia o relacionamento com Deus. E produz muita dependência dele também.
De modo geral, como é o nível do conhecimento do crente brasileiro
acerca de Deus e de sua Palavra?
RUSSELL SHEDD –
Creio que um problema em diversas igrejas é a falta de ensinamento que explique
mais detalhadamente a Bíblia toda. Por exemplo: quantos creem num inferno
eterno? E muitos crentes têm uma aversão contra a soberania de Deus, tal como a
Palavra ensina.
Em 1962, quando o senhor chegou ao país, o panorama religioso
nacional era completamente diferente do de hoje. Faça um paralelo entre a
situação espiritual que encontrou naquela época e o que se vê atualmente.
RUSSELL SHEDD – Uma
das principais diferenças foi que, naquele início dos anos 1960, as igrejas
tradicionais condenavam interpretações e práticas pentecostais, como dons de
línguas, profecia e curas miraculosas. Tais manifestações eram consideradas
quase como heréticas. Hoje, as igrejas mais tradicionais tendem a condenar a
teologia da prosperidade e os ensinamentos dos neopentecostais por falta de
base bíblica. Os seminários proliferam, embora o ensino bíblico, em
muitos casos, seja bastante superficial. E o interesse em missões
continua sendo muito precário.
Então, apesar da haver
mais seminários, o panorama do ensino teológico no Brasil não é bom?
RUSSELL SHEDD – Muitas
igrejas montaram suas próprias escolas teológicas. Claramente, hoje temos
muitas escolas sem professores treinados. O liberalismo teológico tem sido
tirado de algumas escolas, enquanto em outras continua sendo uma opção que os
alunos não têm habilidade para julgar ou avaliar. A leitura de autores
como Tillich e Bultmann pode dar a ideia de que não há muita diferença entre o
liberalismo e ortodoxia. Um bom número de autores teológicos modernistas está
aí, no mercado editorial. Ao mesmo tempo, há um crescente número de excelentes
opções de autores que abraçam firmemente a inspiração plenária das Escrituras e
a ortodoxia tradicional.
O reconhecimento dos cursos teológicos evangélicos pelo
Ministério da Educação [tema tratado em reportagem nesta edição] pode ser uma
solução?
RUSSELL SHEDD – Não
acho que esse reconhecimento seja positivo, uma vez que os professores precisam
adquirir graus de mestrado e doutorado, muitas vezes orientados por professores
liberais. E a vantagem de fazer um curso reconhecido se perde na medida em que
os pastores se tornam mais, digamos, profissionais.
Como um ex-editor, o que o senhor acha do segmento editorial
evangélico hoje? A realidade do mercado sufoca a vocação ministerial?
RUSSELL SHEDD – Não há
dúvida de que, se não existir um mercado editorial, as editoras não podem
sobreviver. Claro, elas também têm de ter um caráter de missão, para poder
escolher títulos que o povo precisa ler. É óbvio que há muitos títulos no
mercado que acho de pouca importância, mas isso não quer dizer que não haja
muitos leitores que buscam informação e encorajamento nesses
livros. Existe também uma outra questão. Algumas editoras evangélicas têm
receio de publicar livros liberais, que poderiam destruir a fé dos
leitores. Mas aquelas que publicam tais livros têm interesse no mercado e
no aparecimento de outros autores “famosos”, mesmo que não sejam crentes
evangélicos.
A popularização das Bíblias de estudo temáticas – como Bíblia da
mulher, Bíblia das profecias, Bíblia dos pequeninos, Bíblia do executivo – tem
beneficiado as editoras, que investem cada vez mais em novos lançamentos do
gênero. Essa corrida pelo mercado é boa ou ruim?
RUSSELL SHEDD – Não
acho ruim, uma vez que qualquer ajuda que o leitor recebe dessas bíblias
somente poderia trazer benefícios. Não seria o caso se as notas fossem
tendenciosas, oferecendo interpretações falsas.
Na diversidade de versões e edições que hoje existem da Bíblia,
qual deve ser o parâmetro de escolha do crente em termos de fidedignidade?
RUSSELL SHEDD – O que
importa é que a tradução escolhida não acrescente alguma ideia que o autor do
original não tinha. Fidelidade na tradução sempre tem que reproduzir a ideia do
original. Ela não pode incluir nem excluir algo que o texto hebraico ou grego
diga.
O senhor é o presidente emérito de Edições Vida Nova, casa
publicadora que ao longo dos anos tornou-se referência em obras de cunho
teológico, e consultor da Shedd Publicações. Num mercado dominado por livros de
cunho motivacional, a literatura teológica ainda encontra espaço?
RUSSELL SHEDD – Graças
a Deus, sim. As vendas de livros publicados pelas Edições Vida Nova, bem
como de Shedd Publicações, têm aumentado ano a ano, juntamente como o crescimento
do público evangélico.
O que deve ser feito pelas editoras para que as obras de
conhecimento teológico não sejam apenas livros de referência para professores e
estudiosos, mas também tenham apelo para o crente comum, o membro de igreja?
RUSSELL SHEDD – Os
editores estão de olho naquilo que vende. Eles sempre seguirão o que a pesquisa
de mercado indica que será um sucesso. Mas para aproximar as obras teológicas
dos leitores comuns será evidentemente necessário tornar esses livros mais
populares. Por exemplo, os manuais bíblicos. Hoje existem manuais de todos os
níveis.
Em seus livros O
líder que Deus usa e A oração e o preparo de líderes
cristãos, o senhor enfatiza a necessidade do caráter e
do exemplo que o pastor deve dar às suas ovelhas. Qual sua impressão sobre a
integridade pastoral hoje?
RUSSELL SHEDD –
Infelizmente, temos ouvido sobre casos tristes de quedas de líderes no
adultério, no nepotismo e na corrupção. Os pecados que destroem o ministério do
líder muitas vezes são esquecidos pelas igrejas, que acham que o pastor é um
homem de Deus e não deve ser demitido por um “tropeço”, especialmente se for um
líder muito popular. A verdade é que sempre tivemos quedas de líderes durante a
história, mas parece que a integridade deles hoje sofre desgaste maior.
Como evitar a excessiva vinculação da congregação a seu dirigente,
de modo que a eventual queda do líder não represente um golpe inevitável na
comunidade?
RUSSELL SHEDD –
A queda de líderes muito proeminentes, isolados e sem o acompanhamento de bons
auxiliares, torna-se um desastre para a igreja. Quando presbíteros e diáconos –
ou seja, o segundo escalão na liderança da igreja – são muito responsáveis,
acompanhando de perto o ministério do dirigente da congregação, é possível, em
muitos casos, amenizar os efeitos de uma eventual queda.
Uma das expressões dessa concentração de poder nas mãos dos
líderes é o uso de título eclesiais, como o de bispo ou apóstolo. Biblicamente,
qual é a legitimação disso?
RUSSELL SHEDD – O
ensinamento de nosso Senhor sobre a necessidade de humildade e disposição de
servir deve nos advertir sobre o perigo de procurar alguma autoridade que deve
ser unicamente de Cristo. Não acho positiva a adoção de títulos que não sejam
bíblicos. Bispo é um título bíblico, mas significa apenas “supervisor” e não
alguém que domina a vida de outros líderes e pastores. Aliás, o único texto que
menciona pastor humano no Novo Testamento é o de Efésios 4.11, onde o grego dá
a entender que o pastor deve ser um mestre.
Já a
nomenclatura apóstolo, a não ser em raros casos, refere-se às pessoas que Jesus
apontou pessoalmente – razão pela qual Paulo argumenta, na sua primeira
Epístola aos Coríntios, que viu o Senhor ressurreto e que Cristo apareceu para
ele em último lugar. Já Filipenses 2.25 registra o termo “apóstolo” no
original, fazendo referência a Epafrodito, que foi autorizado especificamente
para levar os donativos da igreja de Filipos a Paulo. Logo, ele foi apóstolo da
igreja de Filipos, tal como Barnabé e o próprio Saulo o foram da igreja de
Antioquia.
Muitos dirigentes denominacionais justificam a própria opulência
argumentando que a prosperidade financeira do líder é sinal da bênção de Deus.
Isso tem base bíblica?
RUSSELL SHEDD – Não
creio que o ensinamento do Novo Testamento favoreça em algum momento o ato de
esbanjar ou gastar somas grandes para provar que Deus nos tem abençoado. Jesus
mandou o jovem rico vender o que ele tinha para dar o produto aos pobres. Fica
evidente que o Senhor é completamente contrário a que os líderes gastem
dinheiro em luxo ou desnecessariamente.
O que faz um líder cair e ficar pelo caminho, transformando seu
ministério em motivo de escândalo?
RUSSELL SHEDD – Creio
que a falta de cuidado em buscar uma intimidade com Deus todos os dias,
evitando a aparência do mal. Acredito que quedas ocorrem quando não achamos
possível cair, ou quando ficamos seguros e até orgulhosos de nossa
espiritualidade.
Quais têm sido as suas fontes de sustento ao longo desses anos
todos?
RUSSELL SHEDD – Nós
chegamos de Portugal em 1962, sustentados pela Missão Batista
Conservadora. Ao longo desse tempo, igrejas e crentes da América do Norte
enviaram suas ofertas missionárias para manter nossa família [Shedd é casado
com Patricia e tem cinco filhos]. Hoje, esta entidade chama-se World Venture e
continua sustentando missionários em muitos paises do mundo. O nível de
sustento é determinado pela missão de acordo com o custo de vida do país no
qual o missionário vive. Desde janeiro de 2008, nossos recursos vêm do
plano previdenciário Social Security e de uma aposentadoria fornecida pela
própria missão. Não temos sofrido nenhuma falta.
Em sua opinião, por que entidades associativas de pastores e
líderes, como a Associação Evangélica Brasileira (AEVB), enfrentam problemas de
continuidade? Falta interesse dos pastores em participar desses movimentos
associativos?
RUSSELL SHEDD – Vários
motivos explicam a falta de interesse em entidades associativas. Poucos
acham importante, ou de grande benefício, esse tipo de associação. A maioria dos
pastores estão tão ocupados com seus programas, planos e ministérios que não
acham que vale a pena contribuir e trabalhar para alguma entidade além da
própria denominação.
Em que o conhecimento das línguas bíblicas originais pode ajudar
na prática da pregação?
RUSSELL SHEDD – A
importância de estudo das línguas originais reside no fato de que através dele
se pode explicar melhor o significado que certos termos e frases tinham quando
o autor escreveu o texto bíblico. A diferença entre as culturas bíblicas
e a cultura ocidental em que vivemos hoje requer bastante cuidado para se
entender a visão de mundo e os valores que regeram os escritos bíblicos. Além
disso, as línguas originais ajudam chegar a conclusões mais seguras acerca do
que dizem as Escrituras. Trabalhar com o texto original leva o pastor a
pregar com mais cuidado e a poder afirmar: “Assim diz o Senhor”. Bons
comentários também ajudam na tarefa de buscar o sentido do texto.
Essa falta de conhecimento é o motivo de tantas pregações
superficiais?
RUSSELL SHEDD – Não é
apenas isso. Imagino que os pastores e professores de Escola Bíblica Dominical
não têm tempo ou muito interesse em examinar as Escrituras para saber de fato o
que o autor queria comunicar. Preferem usar uma hermenêutica que recorre
a alegorias sobre o texto bíblico. Assim, é possível dar uma interpretação
muito diferente daquela que a Bíblia ensina.
Qual o tempo adequado para o preparo de uma mensagem consistente?
RUSSELL SHEDD –Varia
muito. Alguns pregadores podem chegar à proposição, ou seja, ao ensinamento
central do texto, com mais facilidade do que outros. Daí, procurar os
argumentos dentro do texto que sustentem a proposição demora também. O
professor Karl Lachler, que lecionou muitos anos na Faculdade Teológica Batista
de São Paulo, dizia que uma hora de estudo por cada minuto de mensagem parece
exagerado… Porém, aquele que estuda e medita para chegar ao cerne da mensagem
do texto, além de buscar os argumentos dentro do trecho escolhido que comprovem
essa proposição, pode gastar bastante tempo. Infelizmente, cuidado no preparo
de mensagens que alimentem o rebanho e a realização de visitas para conhecer
bem as vidas dos membros e confrontar aqueles que não estão obedecendo às
ordens do Senhor têm sido práticas esquecidas em muitas igrejas. Pastores
santos, crentes firmes na veracidade da Bíblia, com famílias ajustadas, que
buscam ao Senhor com muita oração e fé, produzem igrejas de qualidade.
A Igreja contemporânea está sempre buscando novas formas de
crescer, e muitas congregações recorrem a modelos empresarias de gestão e
marketing. O que o senhor pensa de incorporação de tais elementos à obra de
Deus?
RUSSELL SHEDD – Não
tenho nada contra o crescimento das igrejas, desde que ele não ocorra em
detrimento da qualidade da formação dos membros na imagem de Cristo, conforme
preconiza o texto de Romanos 8.29. Sou muito a favor do crescimento do número
dos genuinamente convertidos e nascidos de novo. O problema surge quando, no
interesse de aumentar o tamanho da igreja, deixa-se de lado a santificação dos
membros. Ora, sem a santificação, conforme Hebreus 12.14, ninguém verá o
Senhor! Ocorre que modelos de gestão eclesiástica não têm tido muito sucesso no
discipulado e na formação de homens e mulheres de Deus. Uma igreja muito grande
pode ter dificuldades em integrar os fiéis num plano de crescimento espiritual
verdadeiro. Com o aumento do número dos membros, é muito fácil perder os
indivíduos de vista. Além disso, numa igreja grande os crentes muitas
vezes não se sentem responsáveis para servir, contribuir, discipular ou
alcançar novos convertidos, especialmente se houver na comunidade líderes pagos
para cumprir esse papel. Por outro lado, uma igreja grande tem recursos
pessoais e financeiros para se comprometer com grandes projetos e muitos
ministérios.
Então, qual deve ser o objetivo de uma igreja?
RUSSELL SHEDD – O alvo
bíblico descrito em Colossenses 1.28 – proclamação, advertência, ensino com
toda sabedoria e entendimento espirituais – é o objetivo que todo pastor e
igreja devem considerar como prioridade.
Na sua opinião, a mídia eletrônica é um bom púlpito?
RUSSELL SHEDD – A
televisão pode, sim, ser um bom canal para se explicar o Evangelho. Mas ela tem
sérias deficiências também: as pessoas não são discipuladas se não se tornam
membros ativos da família de Deus. Um compromisso muito sério com uma igreja
local que ensine a Palavra de Deus com autoridade é o caminho do discipulado e
do crescimento espiritual.
De alto de sua experiência, o que o deixa preocupado em relação ao
futuro da Igreja brasileira?
RUSSELL SHEDD – A
minha preocupação se concentra na qualidade espiritual da liderança e dos
membros das igrejas. É assustador ver a quantidade de divórcios que ocorrem
hoje entre casais evangélicos e a falta de integridade por parte dos líderes.
Também fico muito preocupado com a proliferação de ensinamentos que não são
bíblicos, como a teologia da prosperidade, que nega a necessidade de o crente
negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.
Qual a sua compreensão acerca do que seja um avivamento?
RUSSELL SHEDD – O
avivamento tem algumas evidências. Uma delas é quando o Senhor e sua Palavra
têm mais importância do que o dinheiro ou qualquer outra coisa material.
Avivamento cria arrependimento profundo pelos pecados cometidos e muita alegria
no Senhor ao reconhecer seu perdão. Para uma Igreja avivada, o evangelismo se
torna algo natural e as missões transculturais, uma prioridade, uma vez que
Jesus mandou seus servos fazerem discípulos de todas as nações.
Logo, ao contrário do que se diz, a Igreja brasileira hoje não
experimenta um avivamento?
RUSSELL SHEDD – Não
acredito que o que acontece hoje, com o rápido crescimento da Igreja, seja um
avivamento de verdade. O que eu vejo é que falta temor do Senhor,
arrependimento profundo e interesse por missões.
O senhor é filho de missionários americanos que aqui chegaram na
primeira metade do século passado, época em que obreiros estrangeiros tinham
grande influência no Brasil. Hoje em dia, sendo o país uma potência evangélica,
ainda há espaço para eles?
RUSSELL SHEDD – De
fato, a influência de missionários estrangeiros aqui é cada vez menor. Mas
ainda há áreas em que obreiros vindos de fora poderiam ser úteis, como no
preparo para as missões transculturais. O treinamento em determinadas áreas,
como antropologia, linguística e informação acerca de povos não alcançados
continua sendo uma área em que os missionários estrangeiros podem ser muito
úteis à Igreja brasileira.
Pode-se dizer que já existe uma teologia genuinamente nacional?
RUSSELL SHEDD – Creio
que teologia nacional, brasileira, seria aquela alicerçada em nossa história e
cultura. Não acho que poderia encontrar uma visão como essa bem divulgada no
Brasil. Ainda há muita dependência dos livros estrangeiros e de modelos
de igrejas que tendem a copiar o que se faz em outros países.
Do que o senhor sente falta na Igreja de hoje e que já viu em
outros tempos?
RUSSELL SHEDD – De um
lado, mais ensino da Palavra, mais preocupação com santificação e mais
investimento em missões transculturais. De outro, uma Escola Dominical
mais forte, uma hinologia alicerçada na teologia bíblica e mais livros de
ensino sério.
FONTE Cristianismo Hoje no dia 18/03/2013
FONTE CACP.ORG.COM
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PAZ DO SENHOR
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