Devemos
ressuscitar a escola dominical?
Duas
notícias vindas do Reino Unido me chamaram muita atenção, pois sei que em breve
influenciarão a nossa sociedade. A primeira é referente ao anuncio da nova
diretriz escolar que diz que o ensino do criacionismo será proibido em todas as
escolas na Inglaterra, mesmo as confessionais. Além disso os professores terão
de promover desde as primeiras séries “o respeito pelos direitos dos
homossexuais”. As instituições que se negarem a seguir a nova diretriz, poderão
ser multadas ou terem as sua licenças de funcionamento revogadas.
Uma segunda
é sobre, Eddie, um pedófilo confesso, que em um documentário exibido pelo
Channel 4 (O vizinho pedófilo) busca encorajar a sociedade a dar mais apoio às
pessoas sexualmente atraídas por crianças. O objetivo é levar os ingleses a
discutirem se devem seguir os mesmos passos que a Alemanha que já oferece
tratamento psicológico para quem sente desejos sexuais por crianças.
Com base
nestas notícias pergunto, como distinguir o certo do errado? Seria uma
responsabilidade única do estado estabelecer regras para um bom conviveu em
comunidade? Quem determina se as leis aprovadas pelas autoridades constituídas
são corretas ou não? Qual é a base das leis que nos regulam como sociedade?
Faço essas perguntas, pois o meu certo nem sempre é o seu certo, principalmente
em um período onde nada é absoluto, mas sim relativo, certo? Errado!
Deus é quem
determina os padrões éticos e morais de
sua própria criação. Isto mostra o quão importante a Bíblia é para a nossa
sociedade, pois ela é a Palavra de Deus. A Escola Bíblica Dominical, ou EBD,
tem sido por anos o instrumento de propagação dos ensinos bíblicos. Porém mesmo
sabendo disso é confrontada por muitos que dizem que ela é algo arcaico e
ultrapassado e por isso não atinge os
objetivos de um mundo pós moderno. Críticas que parecem seguir os conselhos de
uma das músicas do Pink Floyd que dizia que não precisamos de educação.
Pergunto então, será que os cíticos possuem razão? Quais as causas da constante
evasão dos alunos? Quais são os desafios da nossa EBD?
A proposta
deste artigo é o de encontrar respostas para estas perguntas e tentar apontar
princípios que ajudem a EBD a retomar uma força perdida ao longo do tempo.
História da
EBD
Nos tempos
do antigo Testamento cabia aos sacerdotes, profetas e reis o ensino da Lei de
Deus. Isto fica claro quando analisamos a Bíblia e encontramos passagens como a
do rei Josafá que enviou levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para
ensinar ao povo a Lei do Senhor.[1] No livro de Neemias encontramos outros
registros de aulas dadas ao povo de manhã ao meio dia, povo ao qual chorava ao
ouvir as palavras da Lei[2]. Aulas religiosas eram também comuns nas sinagogas
sempre ministradas sobre a orientação dos doutores da lei.
No Novo
Testamento encontramos Jesus como um grande professor do Evangelho em
sinagogas, casas, templos e ao ar livre. A igreja primitiva dava também muita
importância a o ensino das Escrituras. Paulo e Barnabé, por exemplo, dedicaram
suas vidas ao ensino da Palavra de Deus. Professores que passaram um ano
ensinando na igreja de Antioquia, um ano e meio na igreja de Corrinto e três
anos na de Éfeso de acordo com o livro de Atos.[3]
Com a
Reforma Protestante, no século 16, o estudo da Bíblia voltou a ser algo
primordial o que trouxe luz a escuridão espiritual que a igreja vivia na Idade
Média. Séculos mais tarde surge na
Inglaterra a EBD com contornos semelhantes aos que existem hoje em nossas
igrejas. O responsável por esta escola foi o jornalista Robert Raikes que
iniciou aulas para crianças pobres aos domingos. Nestas aulas eram ensinadas
várias materiais como aritmética, ensino de textos bíblicos e princípios
cristãos. Este modelo foi muito criticado na época pelas igrejas que
consideravam o seu projeto como “profanador dos domingos”.[4]
Mesmo com
oposições em 1782 na cidade de Gloucester nasceu à primeira escola bíblica
dominical em caráter permanente através do colaborador batista William Fox. No
final de 1784 mais de 250 mil alunos estavam matriculados em escolas espalhadas
por toda a Grã-Bretanha. Esta novidade cruzou fronteiras e já no século 19
estava presente em países como Escócia, Holanda, Alemanha e Estados Unidos. Em
19 de agosto de 1855 os missionários Robert e Sarah Kalley iniciaram em Niteroi,
no Rio de Janeiro, a aula inaugural da primeira EBD no Brasil cumprindo assim a
Grande Comissão.
A Grande
Comissão
Jesus tem o
ensinamento das escrituras como algo fundamental para os seguidores de ontem e
de hoje também. Quando Jesus apareceu para os seus discípulos, após a sua
ressurreição, ele deixou uma ordem para que conforme os discípulos fossem
fazendo discípulos de todas as nações e batizando-os, deveriam também
ensiná-los a guardar todas as coisas que Jesus já havia ensinado (Mateus 28.19-20).
Por isso é
impossível existir uma igreja verdadeira que não ensine a palavra de Deus. Digo
verdadeira, pois Jesus não nos deixou uma opção ou uma sugestão, mas sim uma
ordem. Deixar de realizar o estudo da Bíblia é desobediência. É isso que nos
difere daqueles que o seguiam, mas logo o abandonaram por tomar conhecimento de
que: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” (Mateus
10.38).
Dizer que
não precisamos da EBD ou qualquer outra
forma de discipulado ou ensino da palavra, e deixar de cumprir parte
desta comissão.[5] Deixar de estudá-la e como ser um analfabeto espiritual
correndo um sério risco de cometer erros, não gramaticais, mais sim espirituais
conhecidos como pecado. A EBD é uma ferramenta para a execução da grande comissão
é não algo predestinado a extinção. Mas como não interromper esse ciclo?
Desperte o
interesse dos alunos
Quando
alguém é alcançado, ou seja, ouve as Boas Novas do evangelho, aceita a Cristo
por meio do Espírito Santo e é
batizado precisa amadurecer a fé por
meio do estudo da Palavra de Deus. Por que?
A fim de ser enviado e fazer um outro discípulo. Esse é o ciclo, da
grande comissão, que só tem fim com a vinda de Cristo.
Não podemos
esperar com que as pessoas se interessem pelo estudo da Palavra de Deus como
que num toque de mágica. São os líderes professores que devem esclarecer a toda
a igreja que o aprendizado é algo fundamental na vida cristã. O autor do livro
Socorro sou professor da Escola Dominical, Lécio Dornas salienta que: “É tarefa
do pastor e dos educadores da igreja despertar o interesse, motivar e
conscientizar os professores da EBD da sua importância e valor no ministério de
ensino da igreja”.[6]
Muitas
igrejas, não completam o ciclo da grande comissão. Igrejas que estão cheias de
pessoas que param no estágio do batismo
e de lá não saem mais. Pessoas que não se aprofundam no conhecimento das
escrituras e assim se acomodam e não se preparam para serem enviadas. Não é de
se assustar como alguns ministérios cressem numa velocidade assustadora e
outras não. Igrejas que não prezam a Palavra de Deus, não pregam a
verdade, e que ignoram o arrependimento.
Ensine a
Bíblia com toda a responsabilidade
O professor
é um privilegiado por exercer o ministério do ensino da Palavra de Deus
obedecendo e executando a missão dada por Jesus a nós. Ele nunca se esquece de
preparar as suas aulas, contextualizar os assuntos que serão abordados em sala,
dedicar tempo com Deus em oração, ser pontual e dar todo o louvor a Deus. O
resultado disso é que os alunos terão zelo no estudo da palavra e na aplicação
do que aprenderam.
Sem alguém,
com muita responsabilidade, para explicar a Bíblia é impossível conhecer as
escrituras corretamente. Esta é a razão pela qual o professor tem um papel
fundamental na vida da igreja. Ele é a ponte entre as escrituras e os alunos.
Veja o que Dornas diz em seu livro sobre esta ponte chamada professor:
O professor
encontra prazer em ver pessoas atingindo o outro lado do rio. Sem ponte, o
outro lado é sonho, com ela é topia, é realidade. Sem a ponte, o mar e o abismo
são invencíveis, com ela ambos são domados e superados. Sem a ponte os
benefícios da travessia se relativizam, com ela tornam-se desafios. Ser
professor da Escola Dominical é ser ponte.[9]
Em seu livro
Dornas diz também que o professor é um eterno aluno em constante aprendizado. É
um servo de Deus que renuncia uma infinidade de coisas se propondo a ensinar.
Diz também que o professor é um canal de crescimento da igreja. O autor cita
Valdir Steuernagel ao dizer: “A qualidade de discípulos que o evangelho
produzir, no contexto de uma igreja, será o atestado de quão saudável ou
enfermo foi o crescimento desta igreja”.[10] Howard Hendricks em seu livro,
Ensinado para transformar vidas, diz que:
Há muitos
professores que vão para a sala de aula totalmente despreparados ou preparados
apenas em parte. São como mensageiros sem mensagem. Falta-lhes a energia e o
entusiasmo necessários para produzirem os resultados que, centralizado por
direito, devemos esperar de seu trabalho[11].
Faça com que
a igreja transmita os ensinos como testemunhas vivas
Jerry
Wilkins em um dos seus livros diz que: “Os não crentes não conhecem os
benefícios e valores da EBD”.[13] Isso acontece, pois achamos que as pessoas
precisam descobrir a Bíblia e sua relevância por elas mesmas. Porém, guardar os
ensinos de Cristo não significa retê-los, mas obedecê-los. O discípulo que
obedece ensina, pois sabe que essa não é uma atribuição só de teólogos,
pastores ou professores da EBD, mas sim de todo o seguidor de Cristo.
Todo
discípulo deve ser um conhecedor da palavra de Deus para que poça pregar com
convicção e autoridade a outros. A divulgação do evangelho, só deve acontecer
se os alunos realmente acreditarem nos ensinamentos da Bíblia. “Se alguém
promove o que faz, crê na sua eficácia”, diz Dornas em seu livro.[12]
Uma pessoa
convicta de que a Bíblia é poder para a salvação prega sem mesmo abir a boca,
só por meio de ações. Jesus, Paulo e outros discípulos pregavam com autoridade
por conhecerem a palavra de Deus e colocar todo ensino em prática.
Contextualize
a Bíblia tendo em mente os não crentes
Um colega de
trabalho me disse que gostaria de estudar a Bíblia e me perguntou qual seria os
livros mais fáceis de serem compreendidos. Disse para ele ler os Evangelhos. No
outro dia, ele me disse que havia corrido todas as paginas da Bíblia por várias
horas, na tentativa de encontrar o livro chamado “Evangelhos”, mas não achou.
Errei por não conhecer o contexto de meu amigo.
Os
professores devem saber transmitir o conhecimento de forma com que os alunos e
visitantes entendam as aulas da EBD. Devem utilizar um linguajar claro para os
dois públicos, contextualizando sempre a palavra de Deus. Precisam transmitir
conhecimento de forma simples ainda que com conteúdo. Deve conhecer o contexto
de sua comunidade e estar pronto para a mudança.
O professor
Eudes Martins da Silva, editor da Editora Vida, diz que: “Não adianta seguir
modelos rígidos, é preciso adaptar-se”.[14] Isto quer dizer que os educadores
devem estar prontos para atender as necessidades daqueles que por algum motivo
não podem frequentar a EBD no domingo pela manhã, mas que pode assistir a aulas
em dias e horários diferentes dos tradicionais. Isto pode ser realizado pelos
professores, evangelistas ou pastores da igreja.
Conduza os
alunos a um culto verdadeiro
Em
entrevista para a revista Vinde, edição 46, a jornalista Mirian Leitão disse
que o estudo da Bíblia influenciou muito a sua conduta profissional e ética e
que a EBD foi fundamental para a formação de seu caráter.[15] Esta é na verdade
o resultado de uma EDB verdadeira que tem como objetivo educar discípulos para
serem semelhantes ao nosso mestre Jesus Cristo.
A EBD tem
como um de seus mais sublimados objetivos justamente a educação do homem.
Prestemos atenção a estas palavras de Paulo: “Toda Escritura é devidamente
inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17).
A Escola Bíblica
Dominical é o local onde a liderança fiel a escritura deve deixar claro as suas
posições sobre todos os assuntos que envolvem a igreja como: homossexualismo,
aborto, liturgia, louvor e adoração, estilo de música, pecados entre outros.
Igrejas com problemas doutrinários e que estão se dividindo são em grande parte
igrejas que não tem a EBD e seus ensinos como um dos focos principais. Membros
que não sabem ao certo a posição de suas igrejas para determinados assuntos,
acabam se chocando com opiniões divergentes.
Conclusão
O estudo da
Bíblia e o plano de Deus e nossa responsabilidade é avaliar as nossas Escolas
Dominicais continuamente para que elas não percam o foco. Os educadores e
líderes da EBD, devem se preparar continuamente para acompanhar o mundo e se
manter atual e relevante. Isto faz com que a EBD deixe de ser algo
ultrapassado, para se tornar um dos grandes instrumentos de evangelização. Além
disso, nós pais, não podemos terceirizar
a tarefa de ensinar a Bíblia aos nossos filhos. Desafio você a redescobrir a
alegria não só das manhãs de domingo, mas também do conhecer a palavra de Deus
e anunciá-la principalmente aos seus filhos dia após dia.
fonte gospelprime
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