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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Subsidio (2,3,4) a Biblia nossa regra de fé (11)





FONTE N.2 e 3
 BETEL REGRA DE FÉ (11)
A Regra da Fé

Em um mundo no qual o mote “viver sem regras” vende filmes, livros de auto ajuda e produtos de alta tecnologia, a ideia de uma “regra de fé” não soa muito bem. Até mesmo em contextos religiosos o discurso sobre uma espiritualidade “sem regras” dá uma sensação de liberdade, de frescor, de algo orgânico e vital.

Mas a vida tem regras; está cheia delas. De leis matemáticas à legislação de trânsito, da biologia humana, que insiste em seguir as mesmas leis sem nenhum interesse especial pelos anseios libertários da cultura hipermoderna à linguagem de programação oculta por trás de uma tela retina de alta tecnologia na qual até uma criança escreve com o dedo. Alguns desses processos são bem mecânicos e intencionais; outros são orgânicos e automáticos; mas as regras estão lá, e não podem ser ignoradas sem que os processos que dela dependem sejam destruídos. E no campo da fé não é diferente.



Uma Regra para a Fé

O ato de crer envolve regras; ele sempre nos coloca, por exemplo, em uma relação de dependência emocional em relação àquilo no que cremos, de modo que quando as expectativas de confiança são frustradas, a sensação de desamparo é profunda. Sempre envolve também um conteúdo noético, que pode ser traduzido em proposições e analisado racionalmente. Outro elemento indispensável da fé é a submissão: aquele que acredita na ciência, sem prejuízo do questionamento racional e do juízo investigativo, deposita confiança em revistas acadêmicas peer-reviewed, nos modelos e tradições dominantes em um campo de pesquisa, na autoridade dos grandes nomes do campo e, é claro, submete-se ao consenso de uma comunidade científica.

As Escrituras Cristãs são a “regra de fé e prática” para os Cristãos protestantes porque literalmente regulam o modo como a nossa confiança em Deus deve se expressar. Os cristãos entendem que a revelação de Deus deve governar o nosso modo de se aproximar dele por uma razão óbvia: nossa confiança em qualquer pessoa (e isso inclui a pessoa de Deus) se fundamenta naquilo que conhecemos sobre essa pessoa, e na palavra que ela nos dá. A confiança é uma resposta que ocorre dentro de um ato de comunicação pessoal, no qual o que ouvimos do outro passa a representar de forma suficiente tudo aquilo que não sabemos mas não temos como verificar. A face e a voz do outro se tornam para nós a evidência suficiente do que precisamos saber.

“As Escrituras Cristãs são a “regra de fé e prática” para os Cristãos protestantes porque literalmente regulam o modo como a nossa confiança em Deus deve se expressar”



Jesus e a Bíblia

A prática de considerar as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento como a própria “Palavra de Deus” é muito antiga e nos foi dada junto com a fé Cristã. Há uma abundância de exemplos de autores bíblicos tratando textos canônicos como a palavra de Deus, sendo que os mais importantes nos foram dados pelo próprio Senhor Jesus Cristo. Para citar um exemplo: em Mt 19.5 Jesus cita Gn 2.24 como se fossem as palavras que o próprio Criador disse, muito embora, em Gênesis, elas pudessem ser interpretadas como palavras do redator humano. Na verdade Jesus estava reproduzindo uma crença corrente no judaísmo da época de que os textos canonizados (reconhecidos como Escritura inspirada por Deus) deveriam ser considerados a própria Palavra de Deus em linguagem humana.

Jesus nada fez para “corrigir” essa noção – como fez sem titubear com muitas outras ideias religiosas da época. Pelo contrário, ele a empregou amplamente e a ensinou aos seus discípulos, tornando inviável a sugestão de que ele havia meramente se “acomodado” às concepções da época. Ele afirmava que a Escritura “não pode falhar” (João 10.35) e, a despeito da sua pluralidade literária e histórica, tratava o seu testemunho de forma orgânica. Depois da ressurreição encontramos Jesus se encontrando com dois discípulos no caminho de Emaús e ensinando que tudo o que lhe aconteceu havia sido predito “na Lei, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44,45).

Para quem não sabe, essa expressão tripla era um modo de referir-se à totalidade dos textos do antigo testamento: a “lei” era o pentateuco; os “profetas”, os textos históricos que tratam dos períodos do ministério profético em Israel e em Judá, e a totalidade dos profetas “maiores” e “menores”; e os “Salmos” eram a senha para o terceiro bloco, também chamado de “escritos”, que incluía os Salmos, textos de sabedoria, alguns documentos históricos tardios e o profeta Daniel.

Ou seja: Jesus toma esses blocos de textos sagrados que compunham o “cânon” (do grego kanon, “medida” e, eventualmente, “regra”) mais aceito na época, colecionado sabe-se lá como e por quem (na verdade, temos uma boa ideia de como isso aconteceu!) e os trata organicamente, assumindo que eles apresentam um testemunho coerente a respeito dele mesmo, o Messias divino. E que esse tratamento não consistia de mera repetição servil da tradição religiosa, fica evidente pelo fato de que essa compreensão orgânica do Antigo Testamento só foi alcançada pelos discípulos depois da ressurreição. O Cristo ressurreto é quem abriu as Escrituras para os seus discípulos.

E os apóstolos realmente herdaram essa forma de ler a Bíblia, não apenas assumindo que o cânon fora de algum modo produzido por Deus para dar testemunho de Jesus, e que suas palavras seriam as palavras de Deus, mas também que seu tema central seria o próprio Jesus Cristo. Leia-se os Evangelhos, o livro dos Atos dos apóstolos, e suas cartas: essa atitude para com as Escrituras está lá, claramente visível.



E o Novo Testamento?

Depois de apontar esse fato – que o Antigo Testamento é a palavra de Deus, para nós, porque era a Palavra de Deus para Jesus Cristo – é comum ouvirmos perguntas sobre o Novo Testamento. Como fica a sua autoridade, já que Jesus validou apenas a Bíblia de sua época?

Para começar, precisamos ter em mente que o Antigo Testamento não se tornou Escritura Sagrada apenas depois de Jesus validá-lo; a Bíblia já era Bíblia quando Jesus a empregou. Não seria muito inteligente, portanto, ignorar o modo como Deus produziu a primeira parte do cânon, ao considerar o que pensamos sobre a segunda parte!

Sabemos que Deus usou profetas e escribas para receber a revelação e colocá-la na forma de livros. Além disso, usou a própria comunidade de fé para colecionar os livros sagrados, reconhecê-los, separando-os de textos espúrios, e transmiti-los. Jesus não validou apenas os textos, mas esse processo longo, comunitário e assistemático. A implicação teológica é clara: foi o próprio Deus quem controlou providencialmente esse processo.

Deus usou a própria comunidade de fé para colecionar os livros sagrados, reconhecê-los, separando-os de textos espúrios, e transmiti-los. Jesus não validou apenas os textos, mas esse processo longo, comunitário e assistemático.

Ocorre que a formação do Novo Testamento segue o mesmo padrão. O período do Novo Testamento caracteriza-se por ser um novo momento revelatório, com muitos profetas e apóstolos em intensa atividade. Os textos que eles produziram foram providencialmente colecionados, transmitidos e reconhecidos pela Igreja entre o século I e o século III. Em termos formais o processo foi semelhante. Se alguém acredita que Deus usou esse processo longo e assistemático para formar a primeira parte da Bíblia, não há porque recusá-lo no tocante à segunda.

Em segundo lugar, não podemos nos esquecer do caráter apostólico da Igreja primitiva. Jesus escolheu apóstolos e profetas porque ele realmente atuaria e falaria através deles, e eles atuariam e falariam em nome de Jesus, como se ele próprio estivesse presente. É claro então, que Jesus também validou o Novo Testamento; só que, dessa fez, ao invés de validá-lo depois, validou-o antes de sua redação, ao autorizar seus representantes e garantir-lhes a assistência especial do Espírito de Deus (Jo 16.13-15; Ef 3.1-6; 1Co 14.37). Ora, tanto a evidência interna dos textos neotestamentários quanto a evidência externa da igreja primitiva mostram que cada um dos documentos do Novo Testamento – os Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse – é produto da atividade evangelística, pedagógica e revelatória dos apóstolos e profetas de Jesus Cristo. Por meio deles, Jesus levou adiante a sua obra.

Mas acima de tudo está o fato de todos esses textos neotestamentários terem surgido sob o impacto do mais alto evento revelatório da história da salvação, a manifestação do próprio Verbo de Deus em carne, e terem no testemunho desse evento a sua mensagem central (Hb 1.1-4). É isso que lhes dá o caráter de Escritura: assim como Jesus mostrou que o Antigo Testamento dava testemunho dele, cada um desses textos do Novo Testamento dá testemunho de Jesus Cristo. O fato de todos estarem plenos do Evangelho de Jesus é o que os coloca lado a lado com as Escrituras judaicas. E assim temos uma obra completa: o Antigo Testamento anuncia a Jesus como promessa, e o Novo Testamento o anuncia como cumprimento. Mas ambos tem Jesus Cristo como o seu fundamento e sua mensagem central.

“…acima de tudo está o fato de todos esses textos neotestamentários terem surgido sob o impacto do mais alto evento revelatório da história da salvação…”



O Tema Central e os Limites do Cânon

É por isso também que dizemos que o cânon das Escrituras está “fechado”. Não são poucos os Cristãos que me perguntam se Deus não teria mais coisas para revelar, e porque o cânon foi fechado com os livros atuais. Isso não seria uma limitação da liberdade do Espírito?

Mas a compreensão da fonte da autoridade bíblica dá também a solução desse problema. Deus não vai revelar “mais coisas”, e provavelmente não teremos mais livros inspirados para serem postos no cânon, porque não há nada mais para ser revelado, qualitativamente falando. Pois a revelação não é feita de bites de informação. A revelação é algo qualitativamente supremo e definitivo; se o próprio Verbo de Deus se manifestou, e Deus, que antes usou profetas, agora nos falou pelo seu Filho (Hb 1.1-4), que outra revelação pode haver? O que pode “complementar” o evangelho da encarnação, morte e ressurreição do Filho de Deus, ensinado por ele próprio e por seus apóstolos?

O cânon não está fechado porque Deus reteve novas informações, mas porque nenhuma informação jamais será maior do que o conhecimento de Deus o Pai, por meio de Jesus Cristo, o unigênito, no Espírito Santo.

Não há outra revelação depois dessa, a não ser a própria volta do Filho de Deus, a parousia. Não porque Deus queira reter alguma informação, mas porque nenhuma informação jamais será maior do que o conhecimento de Deus o Pai, por meio de Jesus Cristo, o unigênito, no Espírito Santo. Só uma coisa poderá ser “maior” do que isso: o momento de vermos face a face aquele que hoje vemos como por um espelho (1Co 13.10-12); mas mesmo então não será “outra” revelação, e sim a mesma, em toda a sua clareza e extensão, transformando e elevando o significado de todas as outras coisas que pensamos saber e da nossa história, a ponto de nos parecer que éramos crianças, e que jamais soubemos coisa alguma. Mas já temos esse saber hoje, de forma seminal; e é disso que as Escrituras testemunham: a respeito de Jesus, o Filho de Deus, e de nossa adoção por meio dele (Jo 5.39, 46, 47; Lc 24.44-48; At 18.24,28; Rm 1.1-4).



Toda a Escritura é Inspirada

As Escrituras não são a palavra de Deus apenas porque foram “eleitas” para tanto e incluídas em um cânon, e nem unicamente porque testificam de Jesus. Fica implícito no fato de Deus ter usado profetas, escribas e apóstolos, e de ele garantir a unidade orgânica do testemunho dos documentos bíblicos, que cada um dos livros da Escritura tem uma gênese especial. Não são livros comuns.

Em 2Tm 3.16 o apóstolo Paulo diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça”. Temos aqui dois fatos muito importantes sobre a Bíblia. O primeiro é a expressão “inspirada por Deus”, do grego theopneustia. Temos aqui a ideia de inspiração divina: Deus moveu homens para escrever, “soprou” neles significados divinos, de tal modo que as próprias palavras de Deus foram postas em linguagem humana. Uma ideia semelhante encontra-se em 2Pe 1.21: que as profecias bíblicas foram o resultado de um discurso humano movido pelo Espírito de Deus. Deus, então, causa atos de discurso; ele fala por meio da fala de um ser humano.

Há quem pense que Deus se revelou aos profetas e eles escreveram o que viram por sua própria conta, sem uma assistência divina especial. Contra isso, Pedro nos diz que o seu discurso foi movido pelo Espírito Santo. Mas ainda assim, há quem pense que os profetas e apóstolos falaram sob inspiração divina, mas a Bíblia seria um registro falível e secundário desses discursos. Nada disso faz justiça ao ensino bíblico sobre inspiração, no entanto. Paulo nos diz que não apenas os autores foram inspirados, mas a própria Escritura foi inspirada. A inspiração é uma qualidade do texto, e não apenas dos autores.

Quais textos tem essa qualidade? 1Tm 3.16 nos diz que seria “toda a Escritura”. Essa declaração de Paulo é muito esclarecedora. Ele não diz que “as Escrituras que são inspiradas” são úteis para o ensino, mas que “toda a Escritura é inspirada” e por isso útil para o ensino. O que ocorre é que o termo “Escritura” aqui tem um sentido técnico, equivalente a “Bíblia” ou “textos canônicos”. Paulo está dizendo que todo o texto que estiver no cânon deve ser considerado inspirado e por isso útil. Em outras palavras, ter sido canonizado e incluído no conjunto chamado “Escritura” é um marcador, para nós, de que o texto foi inspirado por Deus. Deus usou a canonização como meio para disponibilizar os textos que ele inspirou.



A Formação Cristã

Uma vez que se reconheça o caráter da Escritura como Palavra de Deus, nossa atitude em relação a ela precisa mudar. Tire-a da estante! Leia com cuidado, com frequência, e com vontade de compreender. Não apenas assuma que ela tem algo de essencial para lhe ensinar; ouça-a com reverência e com imaginação, como se fosse a voz do próprio Deus, no instante em que você lê – e na verdade, você descobrirá que ela é exatamente isso. Deus usa a sua Palavra para nos dar sabedoria e nos conduzir em sucesso (Js 1.7-8), para curar as nossas almas e abrir nosso coração para a vontade de Deus (Sl 19.7-11), e para nos educar para a vida no reino de Deus (2Tm 2.15; 3.14-17).

O texto do Sl 19 chama a minha atenção: a palavra do Senhor cura, ilumina o coração, orienta a vida, e alegra o coração (vs 8). Será que o leitor já pensou sobre isso? Que a alegria do Cristão dependa da meditação nas Escrituras? Quantos Cristãos sofrem com a tristeza não exatamente em razão dos dissabores da vida (que estão aí, em abundância), mas porque carecem de recursos para enfrentar esses mesmos dissabores. Será que o leitor já descobriu em sua Bíblia uma fonte de consolo e alegria?

Nada na igreja funciona sem a Bíblia. E se funcionar, já não é mais igreja; é outra coisa.

E quanto a 2Tm 2.15 e 3.16-17? É trágico que tantas igrejas evangélicas desprezem completamente o ensino sistemático e inteligente das Escrituras como estratégia básica de formação Cristã. No entanto ela é necessária não apenas para formar Cristãos, mas também para formar obreiros Cristãos. Assim, nada na igreja funciona sem a Bíblia. E se funcionar, já não é mais igreja; é outra coisa.

Mas de todos os textos, talvez 2Tm 3.15 seja o mais chocante: “as sagradas letras … podem tornar-te sábio para a salvação”. Tenho conversado com muitos líderes cristãos sobre a minha preocupação com o analfabetismo religioso dos cristãos médios, como os tenho encontrado por aí. Cresce a minha sensação de que muitos membros de igreja hoje nada sabem sobre Deus, sobre Jesus, e sobre o Espírito Santo. Antes eu tratava isso como um problema de subnutrição espiritual, ou de falha pedagógica, apenas. Mas trata-se de uma falha missiológica. Pois as Escrituras é que nos tornam sábios para a salvação. Sinto que muitos desses membros de igreja na verdade nem são Cristãos mesmo. E não são Cristãos por culpa do púlpito evangélico, que substituiu a Bíblia por mensagens moralistas ou motivacionais. Reaprender a “regra da fé” é uma questão de vida ou morte para os evangélicos de hoje.(Fonte notas ultimato.com)



SUBSIDIO (3) BETEL A BIBLIA REGRA  DE FÉ (11)

Por que estudar a Bíblia? É de primeira necessidade que o cristão conheça profundamente sua fé e sua base doutrinária. Sem o conhecimento adequado da Palavra de Deus, um cristão não possui qualquer condição de prevalecer contra as falsas doutrinas, e muito menos de entender e praticar o Cristianismo.

Tendo em vista a necessidade de um conhecimento amplo e profundo da fé e teologia cristã, esse estudo abordará as Sagradas Escrituras, para que o cristão:
1. “Saiba responder a quem lhe perguntar sobre a razão da sua fé”. (1Pe. 3.15);
2. Apresente-se aprovado a Deus. (2Tm. 2.15);
3. Não seja condenado por não conhecer corretamente sua fé. (Os. 4.6 e Mt. 22.29);
4. Entender que a única forma de fé aceitável à Deus emana do padrão das Escrituras. (Rm. 10.17 e Hb. 11.3);
5. Ser habilitado a batalhar pela fé cristã com qualidade (Jd. 3).
6. Saber identificar e se guardar das heresias, dos equívocos e das falsas interpretações bíblicas (Mt. 16. 6-11/12).

O que a Bíblia significa para nós?

Por fim, o estudante sincero das Escrituras deve saber que a Bíblia é o próprio Deus infinito se revelando ao homem e que tudo que podemos descobrir de Deus é o que Ele mesmo revela de si próprio (Jo. 1.1), igualmente devemos compreender que a Bíblia é a nossa própria vida (Dt. 32.47) e que contém em si um padrão de mandamentos, conceitos e regras a ser conhecido e obedecido (Os. 6.3 e Tg. 1.22). 

1.1  INTRODUÇÃO

“Mas, para que nos reluza a verdadeira religião, é preciso considerar isto: que ela tenha a doutrina celeste como seu ponto de partida; nem pode alguém provar sequer o mais leve gosto da reta e sã doutrina, a não ser aquele que se faz discípulo da Escritura. Donde também provém o princípio do verdadeiro entendimento: quando abraçamos reverentemente o que Deus quis testificar nela acerca de si mesmo. Ora, não só a fé consumada, ou completada em todos os seus aspectos, mas ainda todo reto conhecimento de Deus nascem da obediência à Palavra.” (CALVINO, João. Institutas. Tradução: Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 79).

“(…) porque a verdade se dirime de toda dúvida quando, não se apoiando em suportes alheios, por si só ela própria é suficiente para suster-se.
Quão peculiar, porém, é esse poder à Escritura, transparece claramente disto: que dos escritos humanos, por maior que seja a arte com que são burilados, nenhum sequer nos consegue impressionar de igual modo. Basta ler a Demóstenes ou a Cícero; a Platão ou a Aristóteles, ou a quaisquer outros desse plantel: em grau admirável, reconheço-o, são atraentes, deleitosos, comoventes, arrebatadores. 
Contudo, se te transportares dali para esta sagrada leitura, queiras ou não, tão vividamente te afetará, a tal ponto te penetrará o coração, de tal modo se te fixará na medula, que, ante a força de tal emoção, aquela impressividade dos retóricos e filósofos quase que se desvanece totalmente, de sorte que é fácil perceber que as Sagradas Escrituras, que em tão ampla escala superam a todos os dotes e graças da indústria humana, respiram algo de divino.” (CALVINO. João. op. cit. p. 88-89).O vocábulo Bíblia é proveniente da palavra grega biblos ou bíblion, que significa rolo, livro, livros ou coleção de livros, esta última, a forma como atualmente é empregada, ou seja, como um conjunto de livros divinamente inspirados, que foram agrupados, passando a ser a fonte de autoridade e regra de fé cristã.

A Bíblia foi composta em um período de aproximadamente 1.545 anos, desde seus cinco primeiros livros, escritos por Moisés, que recebem a denominação de Pentateuco, até seu último livro, chamado Apocalipse, escrito pelo apóstolo João. A Bíblia contém 66 livros, divididos em Antigo e Novo Testamentos, e foi escrita por aproximadamente 46 escritores diferentes.
Fato importante de se salientar é que apesar de a Bíblia ter sido escrita por uma variedade tão grande de pessoas e em épocas diferentes, manteve em sua essência o mesmo ensino e doutrina, ocorrência essa que somente soma a favor de sua qualidade como a Palavra inerrante, autêntica e inspirada de Deus, que conduziu toda a sua escrita, através de homens que Ele mesmo separou para essa importantíssima tarefa. 


1.2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS TERMOS RELACIONADOS À BÍBLIA


Abaixo relacionamos alguns termos que são costumeiramente empregados em relação à Bíblia:
– Canônico à Do grego kanon, que siginifica cana, regra, medida. Faz referência aos 66 livros considerados como autênticos, inerrantes e inspirados por Deus, que compõem a Bíblia protestante atual.
– Deuterocanônico à Do grego deutéro + kanon, que significa do outro cânon, ou daoutra regra, significando que tais livros não foram considerados “Escrituras” pela comunidade cristã ou judia fiéis, nos tempos de sua composição.
– Apócrifos ou Pseudo-Epígrafos à Do grego apókryphos, que significa não-autêntico, falso, secreto, e pseudés-epigrápho, que significa falso responsável pela escrita. Diz-se dos livros tidos como não-fidedignos pela cristandade e pelo judaísmo, ou seja: são aqueles considerados falsos, mentirosos ou incompatíveis com a história, cultura, fatos e espiritualidade da época. São os seguintes livros: O Primeiro Livro de Adão e Eva, O Segundo Livro de Adão e Eva, Livro dos Segredos de Enoque, Livro das Ascenção de Isaías, Conto dos Patriarcas, O Martírio de Isaías, Melchizedek, Narração do Dilúvio da Epopéia de Gilgamesh (Relato Babilônico), O Testamento de Abraão, A Assunção de Moisés, Caverna dos Tesouros, Livro de Enoque (I Enoque), Testamento dos Doze Patriarcas, O Hino da Pérola Sobre a Origem do Mundo, O Livro dos Jubileus, Livro da Infância do Salvador, A História de José, o Carpinteiro, Evangelho Árabe da Infância, Excertos do Evangelho Armênio da Infância José e Asenath, Evangelho Pseudo-Mateus da Infância, Evangelho Pseudo-Tomé, Evangelho de Judas, Proto-Evangelho de Tiago, Evangelho de Nicodemus, Descida de Cristo ao Inferno (versão grega), Descida de Cristo ao Inferno (versão latina), Evagelho de Bartolomeu, Evangelho de Pedro, Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo, Excertos do Evangelho de Maria, Agrapha Extra-Evangelho, Evangelho Segundo Felipe, O Evangelho da Verdade, O Evangelho de Valentino, Ciclo de Pilatus, Julgamento e Condenação de Pilatus, Declarações de José de Arimatéia, Aquele que reclamou o Corpo do Senhor, e que Contem a Causa dos dois ladrões, Cartas do Senhor, Discurso Sobre o Domingo, Apócrifos da Assunção, Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria, Didaquê: O Ensino dos Doze Apóstolos, Apocalipse de Baruch, Apocalipse de Adão, Apocalipse de Abraão, Apocalipse de Moisés, Apocalipse de Elias, Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Tomé. 
– Bíblia Stuttgartensia (Hebraica) à Versão mais recente da Bíblia em hebraico, composta diretamente dos Textos Massoréticos, tidos como os mais fiéis. Engloba apenas os livros do Tanakh judeu, isto é, o Velho Testamento dos protestantes. 
– Bíblia Septuaginta, LXX (Grega) à É a versão grega da Bíblia hebraica, que foi elaborada entre os séculos III e I antes de Cristo, por 72 rabinos judeus, daí seu nome ser Septuaginta, ou “versão dos setenta”. A Septuaginta inclui livros apócrifos, que não constam do cânon hebraico, sendo que os protestantes excluem esses livros adicionais, contudo, os cristãos católicos mantém alguns dos livros constantes da Septuaginta em seu cânon. 
– Bíblia Vulgata (Latina) à Versão em latim de toda a Bíblia, produzida no século VI, por Jerônimo, a pedido do papa Dâmaso I. É uma tradução do Antigo Testamento em hebraico e do Novo Testamento em grego, diretamente para o latim vulgar, falado em todo Império Romano à época. Possui alguns livros à mais que a Bíblia protestante, chamados de deuterocanônicos. 

1.3 TESTEMUNHOS DE GRANDES PERSONALIDADES SOBRE A BÍBLIA

– Johannes Kepler (fundador da astronomia física, alemão) à “Astronomia é pensar os pensamentos de Deus, depois Dele”.
– Francis Bacon (lorde, diplomata e filósofo inglês, pai do moderno método científico) à “Há dois livros que devemos sempre estudar: As Escrituras, que nos previnem do erro e revelam a vontade de Deus, e a Criação, que expressa o Seu poder”.
– Isaac Newton (físico inglês) à “Nós encontramos mais marcas da autenticidade da Bíblia que da história secular”.– Louis Pasteur (microbiologista francês) à “Quanto mais conheço a Bíblia, mais minha fé aumenta”.
– Werner von Braun (engenheiro físico alemão) à “Não consigo entender como um cientista tem a capacidade de não reconhecer a presença de uma racionalidade superior e divina por trás da existência do universo. Seria o mesmo que um teólogo que resolvesse negar os avanços da ciência moderna”.
– Sir William Ramsey (arqueólogo inglês) à “Os grandes historiadores são os mais raros escritores…Eu reconheço Lucas entre os historiadores de primeira classe”.
– William Foxwell Albright (arqueólogo chileno, possuidor de mais de 30 títulos de doutorado honoris causae) à “Não há a menor dúvida que a arqueologia confirma a historicidade substancial da tradição do Antigo Testamento… Descoberta após descoberta tem confirmado a exatidão de inúmeros detalhes, e feito crescer o reconhecimento da Bíblia como uma valiosa fonte histórica”.
– Nelson Blueck (arqueólogo judeu, presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém) à “Pode-se afirmar, categoricamente, que nenhuma descoberta arqueológica tem jamais desmentido uma referência bíblica”.
– Victor Hugo (escritor francês) à “Alguns homens, de fato, negam o Deus infinito. Alguns, também, negam o Sol: são os cegos”. 

1.4 RECENTES PESQUISAS SOBRE A BÍBLIA E SEU CONHECIMENTO PELA POPULAÇÃO

Um renomado instituto de pesquisas dos Estados Unidos, chamado Instituto Barna, sediado em Greendale, Califórnia, elaborou uma pesquisa nos EUA, América Latina, África e Europa, acerca do conhecimento bíblico dos entrevistados. Abaixo seguem os resultados assustadores.

1 – Quais pessoas normatizam seu comportamento de vida pela Bíblia ou por uma filosofia de vida não cristã?
Resposta: 25% por uma filosofia bíblico-cristã; 24% se declararam não-cristãos; e 51% disseram não ter nenhuma filosofia de vida.
2 – Dos que se disseram cristãos, quantos possuíam Bíblias?
Resposta: 93% possuíam uma ou mais Bíblias; 7% não possuíam um único exemplar da Bíblia.

3 – Dos que possuíam Bíblias, quantos a liam e nela criam?
Resposta: 12% liam diariamente a Bíblia; 38% recorriam à ela momentaneamente, em períodos de necessidade; e 42% não concordavam que a Bíblia é a legítima Palavra de Deus, correta em seus ensinos.

4 – Dos que liam a Bíblia, qual seu nível de conhecimento?

Resposta: 69% criam que “Deus ajuda quem cedo madruga” é um texto bíblico; 48% acharam que o “Livro de Tomé” fazia parte do Novo Testamento; e 58% não souberam responder quem pregou o “Sermão do Monte”.
Em nova pesquisa de campo, o sociólogo norte-americano Jeffrey Haden enviou 10 mil cartas à pastores e líderes religiosos nos EUA, contendo várias perguntas. Abaixo o resultado apurado:
– 50% Não criam que Jesus nasceu de uma virgem;
– 80% Não criam que Jesus era o legítimo Filho de Deus;
– 80% Não criam que a Bíblia é um livro sagrado e inspirado por Deus; e
– 36% Não criam na ressurreição física e corpórea de Jesus.

Não é de se espantar a razão da atual apostasia que os EUA têm experimentado e exportado para todos os continentes da Terra, entretanto, quando da sua fundação, suas bases bíblico-cristãs eram extremamente sólidas, tanto que sua maior universidade, chamada Harvard, foi fundada por piedosos cristãos, como um local de ensino teológico, que possuía como lema a palavra Veritas, do latim Verdade.
Também na fundação dos EUA, um renomado diplomata e jurista francês foi enviado até lá, com o objetivo de “descobrir qual o segredo daquela grande nação”. De volta à França, Alexis de Tocqueville escreveu: “Os Estados Unidos da América são grandes porque são bons”.

1.5 EVIDÊNCIAS DA AUTENTICIDADE DAS ESCRITURAS

Segundo o capítulo A Palavra Inspirada de Deus, escrito por John R. Higgins, para o livro Teologia Sistemática, Uma Perspectiva Pentecostal, as evidências da autenticidade tanto do Antigo quanto do Novo Testamento podem ser divididas no apoio interno e no apoio externo, que corroboram em favor da identidade da Bíblia como a Palavra de Deus.

1.5.1 APOIO INTERNO

É legítimo procurar a origem e o caráter de uma obra escrita por meio do exame de seu conteúdo. A Bíblia revela unidade e consistência espantosas quanto ao seu conteúdo, levando-se em conta a grande diversidade havida em sua composição.
O conjunto foi escrito no período de aproximadamente quinze séculos, por cerca de 46 autores diferentes, provenientes de várias classes sociais – políticos, pescadores, agricultores, médicos, reis, etc. Cada um deles escreveu em diferentes locais – palácios, prisões, navios, viagens, exílios, entre outros lugares. Seus textos variavam entre relatos históricos, genealogias, legislações, poesias, profecias e cartas epistolares.
Cada um de seus autores possuía antecedentes únicos em sua constituição como pessoas, carregando suas escritas com experiências, virtudes e fraquezas pessoais. Escreveram em três idiomas diferentes (hebraico, aramaico e grego), e trataram de centenas de temas.Ainda assim, diante de tão grande diversidade, seus escritos combinados formam entre si um todo homogêneo e consistente, que aponta para o relacionamento entre Deus e a humanidade.

Nas palavras de Josh McDowell a Bíblia não possui “uma unidade superficial, mas profunda. Quanto mais profundamente a estudamos, mais completa essa unidade se nos revela”.A Bíblia é totalmente relacionada à natureza complexa do ser humano, tratando de todas as áreas inerentes à sua vida (Sl. 119:96). Ainda que tenha sido escrita há milhares de anos atrás, a Bíblia continua atendendo às necessidades de cada geração. As Escrituras dirigem continuamente aquele que as lê em direção ao Deus verdadeiro, lhe possibilitando um encontro pessoal e transformador com Ele.

Cada porção das Escrituras revela um padrão ético e moral que supera em muito os padrões esperados de homens e mulheres comuns. O foco da ética e moralidade bíblicas não se atém apenas ao que a pessoa faz, mas ao que a pessoa é.
Muitos críticos (da ala chamada alta crítica) têm procurado diminuir a credibilidade do AT, por meio da atribuição de novas datas aos seus livros, mais recentes, no interesse de minimizar o caráter acertado das predições proféticas. Entretanto, Peter Stoner analisou oito predições a respeito de Jesus e concluiu que “na vida de uma só pessoa, a probabilidade de elas se coincidirem é de 1 em 100.000.000.000.000.000 (cem quatrilhões). Logo “a única explicação racional de tantas predições exatas, específicas, a longo prazo, é que o Deus onisciente, soberano sobre a história, haja revelado tais conhecimentos aos escritores sagrados”.

1.5.2 APOIO EXTERNO

A Bíblia exerce uma influência marcante sobre toda a sociedade, e isso se comprova factualmente, pois ela já foi impressa, no todo ou em parte, em mais de dois mil idiomas (a ONU afirma que atualmente existem 3 mil idiomas ou dialetos falados no mundo), se tornando o livro mais difundido e lido na história da Terra.“Tem se dito que se a Bíblia fosse perdida, poderia ela ser reconstruída em suas partes-base a partir das citações tiradas dos livros que se acham nas prateleiras das bibliotecas públicas”.

Os princípios revelados pelas Escrituras serviram para a formulação de todo o sistema legal das nações modernas. Thiessen disse “a Bíblia… produziu os resultados supremos em todas as profissões existentes na vida humana. Tem inspirado sublimemente as artes, a arquitetura, a literatura e a música… Não há livro que se compare a ela na sua influência benéfica sobre a raça humana”.
“A exatidão da Bíblia em todas as áreas, incluindo pessoas, locais, costumes, eventos e ciência, têm sido demonstrada pela história e pela arqueologia. Às vezes, pensa-se que a Bíblia está historicamente errada, mas as descobertas têm dado testemunho de sua veracidade. Por exemplo: há algum tempo, pensava-se que a escrita não havia sido inventada senão depois de Moisés. Mas agora, sabemos que essa ciência remonta até 3.000 a.C. Houve tempos quando os críticos negavam a existência de Belsazar. As escavações, contudo, identificam-no com seu nome babilônico: Bel-shar-usur. Os críticos diziam que os heteus, mencionados 22 vezes na Bíblia, nunca existiram. Agora sabemos que eles foram uma grande potência no Oriente Médio”.
Em muitas épocas foi intentada a destruição da Bíblia (edito de Diocleciano, de 303, ordenando sua completa destruição), ou sua leitura foi proibida à população (Idade Média), contudo, nenhuma delas obteve êxito.
Levando-se em conta que durante muitos séculos ela foi copiada manualmente, grande era a probabilidade dela ter desaparecido. Um célebre filósofo, chamado Voltaire predisse que “dentro de cem anos, o Cristianismo desapareceria”. Cinquenta anos depois da sua morte, ocorrida em 1778, a Sociedade Bíblia de Genebra estava usando o seu prelo e a sua casa para produzir grandes pilhas de Bíblias, conforme relata Sidney Collett.
Por fim, Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, “no século III a.C., os estudiosos em Alexandria indicavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade. Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da Índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. Isto contrasta com mais de 99,5% de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamento. Esse meio por cento de diferença consiste principalmente nos erros de ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão.

Explicando as variantes gregas do NT o Dr. Philip Schaff, presidente do Comitê Americano de Revisores diz:
“Esta grande quantidade de variantes do texto grego não deve desconcertar ou alarmar cristão algum. Ela é o resultado natural da grande riqueza de nossas fontes documentais; ela é um testemunho da imensa que o Novo Testamento tem; ela não afeta, mas, ao contrário, assegura a integridade do texto; e ela é um estímulo útil ao estudo.
Somente cerca de 400 das 100.000 ou 150.000 variantes afetam materialmente o sentido. Destas, não mais do que cerca de cinquenta são realmente importantes por alguma razão ou outra; e mesmo destas cinquenta uma sequer afeta um artigo de fé ou um preceito de dever que não seja abundantemente mantido por outras passagens sobre as quais não há dúvida, ou pelo teor total do ensino da Escritura.O Textus Receptus de Stephens, Beza e Ezevir, e das versões inglesas, ensina exatamente o mesmo cristianismo que o texto uncial dos manuscritos Sinaítico e Vaticano, as versões mais antigas, e a revisão Anglo-Americana”. (SCHAFF, Philip. Companion to the New Testment apud CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática. Vol. 1. São Paulo: Hagnos, 2003. p. 122). 

1.6 REVELAÇÃO, INSPIRAÇÃO E ILUMINAÇÃO

O estudo da revelação, inspiração e iluminação ensina ao homem como a verdade de Deus pôde ser transmitida sem erro, por homens falíveis, e de como o Deus eterno “abre” (iluminação) o entendimento para que os homens compreendam àquela verdade.
A revelação é a influência divina direta que comunica a verdade de Deus ao homem.
A inspiração é a influência divina direta que assegura uma transferência correta da verdade numa linguagem que outros possam entender.

A inspiração bíblica é:

1. Verbal: que significa que o Espírito Santo guiou a escolha das próprias palavras que estão na Bíblia, em meio às palavras conhecidas pelos autores; e
2. Plenária: que significa que toda a Bíblia é infalível e final, em todas as suas porções.
A iluminação é a tarefa efetuada pelo Espírito Santo para possibilitar ao homem, com uma relação correta com Deus, a entender as Escrituras (Lc. 24.44-45, 1 Jo. 2.27).A revelação, inspiração e iluminação podem ser vistas claramente na passagem de 1Co. 2.9-13 (v. 10, revelação; v. 11-12, iluminação e v. 13, inspiração).


1.7 A FORMAÇÃO DO CÂNON E A AUTENTICIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO

“Estabelecer o cânon da Bíblia não foi, porém, a decisão dos escritores, nem dos líderes religiosos, nem de um concílio eclesiástico. Pelo contrário: o processo da aceitação desses livros como Escritura deu-se mediante a influência providencial do Espírito Santo sobre o povo de Deus. O Cânon foi formado por um consenso, e não por um decreto. A Igreja não resolveu quais livros deveriam estar no cânon sagrado, mas limitou-se a confirmar aqueles que o povo de Deus já reconhecia como a sua Palavra. Fica claro que a Igreja não era a autoridade; mas percebia a autoridade na Palavra inspirada.”

 (HIGGINS, John R. A palavra inspirada de Deus. In. HORTON, Stanley M. Teologia sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 114-115).

“É importante observar que a determinação do cânon, ou lista dos livros da Escritura Sagrada, não é obra da Igreja como entidade organizada. Nós os recebemos, como os Pais e os Concílios os receberam, pois temos evidência de que eles são os escritos dos homens, das classes de homens, cujos nomes eles detêm, merecem crédito, e são inspirados.” (STRONG, Augustus Hopkins. Teologia sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 265).
“A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.
Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações.” 
(INGLATERRA. Confissão de fé de Westminster. Da escritura sagrada. Londres, 1647).

O Antigo Testamento constitui a parte inicial da Bíblia cristã e a totalidade da Bíblia hebraica, chamada de Tanakh. Segundo a tradição judaica, o AT pode ser divido em Torah ou livros da Lei, que contém a lei mosaica, Nevi’im ou livros dos profetas e Ketuvim ou escritos (formando o acrônimo Tanakh). A tradição cristã divide o AT em Pentateuco (os cinco livros da Lei e Deus), Livros Históricos, Livros Poéticos e Sapienciais e Livros Proféticos, somando um total de 39 livros.A genuinidade do Antigo Testamento é, nas palavras de A. H. Strong: “sinceridade de propósito e liberdade de qualquer coisa falsa ou intencionalmente enganosa a respeito da época ou da autoria dos documentos”.

Prova-se a genuinidade do AT através dos seguintes argumentos:

1 – O Novo Testamento faz citação ou alusão a todos os livros do Antigo Testamento como genuínos, exceto seis deles, que são: Juízes, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Ester, Esdras e Neemias, entretanto, apesar destes livros não serem citados diretamente no Novo Testamento, eles não trazem nenhum ensino ou doutrina que anule qualquer outra porção das Escrituras.
Juízes – Não se sabe, ao certo, quem seja o autor desse livro de transição, que liga o período de conquista de Canaã por Josué, até os dias da monarquia hebraica. O Talmude aponta Samuel como seu provável autor. Além de não conter nenhuma inscrição que contrarie qualquer ponto bíblico-doutrinário, o livro de Juízes apresenta uma verdade perene por toda a Bíblia: Deus usa somente pessoas cheias do Espírito Santo para sua obra (cf. 3:10, 6:34, 14:6 e At. 1:8, 4:33).
Eclesiastes – Sua autoria, pelo estilo, majestade e tema, é atribuída ao rei Salomão. Apesar de não possuir menções específicas no Novo Testemunho, o livro contem verdades espirituais que se coadunam perfeitamente às doutrinas neotestamentárias (cf. 9:9-10 – Hb. 9:27 / 11:9, 12:14 – Mt. 16:27, Rm. 2:6-8 /  5:15 – I Tm. 6:7).

Cantares de Salomão – É um livro, que pela tradição judaica, foi escrito durante a juventude do rei Salomão, para descrever seu amor pela bela Sulamita. É o livro bíblico que mais trata do relacionamento pré e pós-nupcial, que coloca em relevo a grandeza da vida afetiva entre o homem e a mulher. Apesar de não haver nenhuma referência explícita em outros livros da Bíblia, seu tema foi utilizado pelo autor de Hebreus para exaltar a nobreza de um casamento santo (13:4), e ainda tem sido utilizado como uma alegoria ao amor entre Cristo e a Igreja (cf. Ef. 5:22-23, Ap. 21:1-2, 9-10).
Ester – Seu autor permanece desconhecido até os dias atuais, contudo as evidências literárias intrínsecas apontam para um autor judeu, ou de profundo conhecimento dos costumes hebraicos. O tema desse livro (que não menciona nenhuma vez o nome de Deus) revela uma íntima ligação com o ódio e raiva que desfrutam aqueles que são escolhidos como “povo de Deus”. Trata-se de uma clara alusão ao sofrimento suportado por aqueles que vivem em uma terra alheia, governada por líderes demoníacos, contudo, são livrados sempre pela mão poderosa do Deus ao qual servem.
Esdras – É um livro escrito por um sacerdote e escriba (que empresta seu nome ao livro), com o propósito de relatar os eventos históricos e genealógicos de seu tempo, bem como a volta do povo judeu do exílio babilônico. Contém um dos princípios mais patentes de oração fervorosa e arrependida do AT (cap. 9), onde seu autor é tomado de quebrantamento pelo pecado da nação israelita, princípio esse encontrado, mais vividamente, nos profetas Daniel, Jeremias, Joel e em Neemias.
Neemias – Este livro foi escrito pelo governador Neemias, auxiliado pelo sacerdote Esdras. Sua historicidade foi comprovada no começo do séc. XX, através dos Papiros de Elefantina, que fazem referência à personagens constantes do livro (Sambalate e Joanã), e também à substituição de Neemias como governador em 410. A.C. Este livro se amolda perfeitamente ao restante das Escrituras Sagradas, apesar de não ser mencionado em outro livro bíblico, pois apresenta a figura de um governador piedoso e dirigido por Deus, constantemente em oração, em semelhança ao rei Davi, e ao Rei dos Reis Jesus.

2 – Por meio do testemunho das autoridades judias antigas e modernas que declaram que somente os livros constantes do atual cânon são sagrados.
Nessa esteira estão, segundo A.H. Strong, o historiador Flávio Josefo que “enumera esses livros ‘que, com justiça, desfrutam crédito’”; Filo, que “nunca cita um apócrifo, apesar de que ele cita quase todos os livros do AT”; George Adam Smith, que ensina que “os fatos não apóiam a teoria que atribui o cânon do AT a uma simples decisão da igreja judia nos dias da sua inspiração. O desenvolvimento do cânon do AT foi gradual”, ou seja, ele foi sendo firmado pelo tempo, através de Esdras e Neemias e, finalmente, nas decisões do concílio de rabinos em Jâmnia, entre 90 e 118 d.C. Nesse concílio foi decidido acerca da inclusão de Cantares de Salomão e de Eclesiastes, encerrando assim o cânon do AT.
3 – Através da descoberta do “livro da Lei” no templo (621 a.C), no reinado do rei Josias (II Re. 22:8). Foi justamente nessa data que a Lei, ou Torah, começava a ser observada como a “lei da terra” em Israel (semelhante à força da legislação nacional nos países atuais). Tal descoberta comprova a já existência de porções do AT em formas escritas, juntamente com as passagens de Os. 8:12 (743 – 737 a.C.) e Am. 2:4 (759 – 745 a.C.). 

1.8 A FORMAÇÃO DO CÂNON E A AUTENTICIDADE DO NOVO TESTAMENTO

Os elementos que garantem a autenticidade do Novo Testamento foram apresentados no capítulo anterior, intitulado Bibliologia, Aspectos Históricos, no item Evidências da autenticidade das Escrituras. Abordaremos, neste momento, a formação e consolidação do cânon do NT, com base na obra O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, do Dr. Russell Norman Champlin (São Paulo: Hagnos, 2002, p. 158-160).

Situações que influenciaram a formação do cânon do Novo Testamento:
1 – O AT, que forneceu o impulso criador de um novo testamento;
2 – A vida e as palavras de Jesus Cristo e, em conseqüência a necessidade de criar uma nova autoridade além da autoridade do AT;
3 – A nova religião cristã, que criou a necessidade de mais Escrituras além das Escrituras judaicas, para formar a base da nova revelação;
4 – Os apóstolos, primeiros grandes líderes da nova religião revelada, os quais, com seus livros e epístolas, forneceram a base das novas Escrituras;
5 – Os pais apostólicos, que criaram os cânones primitivos e uma nova autoridade na igreja cristã primitiva;
6 – Os concílios da igreja primitiva e medieval.

Foram adotados na elaboração do cânon do NT, basicamente, sete princípios orientadores, para que os livros fossem considerados como de inspiração divina e, portanto, obrigatórios de constarem no NT, são eles:
1. Circulação Universal – Alguns livros jamais foram aceitos por falta de circulação, enquanto outros foram aceitos tardiamente por falta de circulação na igreja universal, pois circulavam somente em certos setores da igreja.
2. Autoria dos Apóstolos – Ou dos discípulos dos apóstolos. Dentre os apóstolos temos as epístolas de Paulo e de Pedro, e os evangelhos de Mateus e João. Dentre os discípulos temos os evangelhos de Marcos e de Lucas, o livro de Atos, a epístola aos Hebreus, etc.
3. Livros Segundo a Tradição – E a doutrina dos apóstolos: Lucas, Atos, Hebreus, Apocalipse e II Pedro.
4. Rejeição – Houveram livros rejeitados mais tarde, após o tempo dos apóstolos. Isso explica a rejeição final das epístolas de Clemente e outras.
5. Rejeição de Escritos Notadamente Falsos – Também foram rejeitados escritos ridículos ou fabulosos. Entre esses podemos enumerar a maior parte dos livros apócrifos, o evangelho de Tomé e de André, os Atos de Paulo, o Apocalipse de Pedro, entre outros.
6. Rejeição de Livros Heréticos – A literatura que visava propagar heresias, como o evangelho de Tomé e diversos outros livros apócrifos.
7. Uso Universal – Por parte da igreja universal. Alguns livros foram aceitos apenas por determinados setores da igreja, ou somente por alguns indivíduos. Finalmente, os vinte e sete atuais livros do NT foram aceitos e passaram a ser universalmente usados na igreja cristã.O cânon oriental foi fixado, de forma quase universal, no Concílio de Alexandria, em 325, por Atanásio de Alexandria. Esse cânon continha os vinte e sete livros que temos hoje no NT.

O cânon ocidental foi realizado através dos seguintes concílios: Concílio de Laodicéia, em 363, que proibiu o uso dos livros não-canônicos, esse concílio somente excluiu o livro de Apocalipse; Concílio de Nicéia, em 325, que aceitou o cânon de Atanásio de Alexandria; Concílio de Hipona, em 393, que aceitou os vinte e sete livros atuais; Concílio de Cartago I, em 397, aprovou os atuais vinte e sete livros; Concílio de Cartago II, em 419, que confirmou o anterior, mas separou a epístola aos Hebreus das que são atribuídas ao apóstolo Paulo, Agostinho participou ativamente desses dois últimos concílios.
Finalmente, as várias confissões de fé protestantes confirmaram os vinte e sete livros do NT como os temos atualmente (Confissão de Fé Alemã (Augsburgo) de 1530, por Philipp Melanchthon, Confissão de Fé Escocesa de 1560, por John Knox e outros, Confissão de Fé de Westminster de 1647, Confissão de Fé Batista de 1689). 

1.9 CARACTERES INTEGRADORES E DISTINTIVOS DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

Há muitos que apontam para uma diferenciação (e mesmo um antagonismo) entre os pactos e o Deus do AT, e a aliança e graça do Deus do NT. Tais pessoas vêm no AT um Deus perfeccionista e irado, pronto a “vingar toda desobediência”, com Suas vontades voltadas exclusivamente para lhe “garantir um grande nome”, enquanto, no NT, nos deparamos com um Senhor humilde e compassivo, atento e prestativo às carências humanas.
O maior ensino sobre o vínculo existente entre o AT e o NT está em Gálatas, capítulo 3, para o qual remetemos o aluno.Para comprovarmos, teologicamente, o elo de continuidade existente entre os Antigo e Novo Testamentos, utilizaremos a precisão lição do Dr. Alister E. McGrath, em sua obra Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica (São Paulo: Shedd, 2007, p. 204-205).
João Calvino, o reformador suíço, defende a existência de uma fundamental semelhança de continuidade entre os dois testamentos, valendo-se de três argumentos:
1 – Ele enfatiza a imutabilidade da vontade divina. Não é plausível que Deus aja de uma determinada forma no Antigo Testamento e, logo a seguir, aja de uma totalmente distinta no Novo Testamento. Deve existir uma continuidade fundamental de ação e intenção entre os dois testamentos.
2 – Ambos celebram e proclamam a graça de Deus manifestada em Jesus Cristo. Pode ser que o Antigo Testamento seja capaz de oferecer em testemunho da vinda de Jesus apenas “à distância e de forma obscura”; no entanto, seu testemunho da vinda de Cristo é real.

3 – Ambos os testamentos possuem os “mesmos sinais e sacramentos”, dando testemunho da mesma graça por parte de Deus.
Desta maneira, Calvino defende que os dois testamentos são, basicamente, idênticos, diferindo apenas em administratio, porém não em substancia. Com o intuito de comprovar as diferenças entre ambos apenas quanto à forma, e não quanto à substância, Calvino apresenta cinco detalhadas explicações:

1 – O Novo Testamento é mais claro do que o Antigo, em particular com relação às coisas invisíveis. O Antigo Testamento tende a ser impregnado de certas preocupações relativas a coisas visíveis e tangíveis, que pode por vezes obscurecer os propósitos, esperanças e valores intangíveis que estão por trás daquilo que é visível. Calvino exemplifica esse aspecto com uma referência à terra de Canaã. O Antigo Testamento tende a tratar essa propriedade terrena como fim em si mesma, ao passo que o Novo Testamento a considera como reflexo da herança futura, reservada aos cristãos no céu.

2 – Os Antigo e Novo Testamentos adotam uma abordagem diferente em relação à linguagem figurativa. O Antigo Testamento utiliza um modelo de representação da realidade que, conforme sugere Calvino, leva a um encontro indireto com a verdade, por meio de diversas figuras de linguagem e imagens; o Novo Testamento possibilita uma experiência imediata da verdade. O Antigo Testamento apresenta “apenas um reflexo da verdade… a sombra no lugar da substância”, proporcionando uma “antecipação daquela sabedoria que viria a ser um dia claramente revelada”; o Novo Testamento apresenta a verdade de forma direta, em toda sua plenitude.

3 – Há uma diferença entre a lei e o evangelho, ou entre a letra e o espírito. Falta ao Antigo Testamento a ação poderosa e capacitadora do Espírito Santo, ao passo em que o Novo Testamento é capaz de liberar esse poder. A lei é capaz, portanto, de instruir mandamentos, proibir e prometer, mas faltam-lhe recursos necessários para operar algum tipo de transformação fundamental na natureza humana, o que representa, antes de tudo, a razão da necessidade de mandamentos. O evangelho é capaz de “transformar ou corrigir a perversidade que é inerente a todos os seres humanos.” A lei e o evangelho guardam entre si uma relação de continuidade, assim como não se encontram em posições diametralmente opostas.

4 – Percebe-se uma diferença nas emoções desiguais evocadas pela lei e pelo evangelho. O Antigo Testamento evoca temor e tremor, mantendo a consciência em estado de servidão, ao passo que o Novo Testamento provoca uma resposta de liberdade e júbilo.
5 – A revelação do Antigo Testamento era restrita à nação de Israel; a revelação do Novo Testamento possui escopo universal. Calvino restringe a esfera de atuação da antiga aliança a Israel; com a vinda de Cristo, essa separação chegou ao fim, à medida que foi abolida a diferença entre judeu e grego, entre circuncisos e incircuncisos. Assim, o chamado dos gentios distingue o Antigo Testamento do Novo.
Em uma das poucas obras de teologia escritas por um rei (Rei James I da Inglaterra, que também foi o mandante da confecção de uma nova versão da Bíblia em inglês, chamada de King James Version), este apresenta a seu filho, Príncipe Henry, a precisa relação existente entre o Antigo e o Novo Testamento, conforme abaixo:
“Toda a Bíblia é ditada pelo próprio Espírito de Deus para, dessa maneira (assim como por meio de sua palavra viva), instruir e governar toda a igreja em ação, até os confins do mundo. Ela compõe-se de duas partes, os Antigo e Novo Testamentos. A base do Antigo Testamento é a Lei, que expõe nosso pecado e traz em si a justiça. A base do Novo Testamento é Cristo, aquele que perdoando os pecados, encerra em si a graça. A síntese da lei são os Dez Mandamentos, mostrados de forma mais detalhada na Lei e interpretados pelos Profetas: por intermédio de suas histórias são apresentados exemplos da obediência ou desobediência aos mandamentos e qual praemiun ou poena era, conseqüentemente, atribuído por Deus. Contudo, tendo em vista que homem algum foi capaz de cumprir a Lei, nem sequer uma parte dela, aprouve a Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, enviar seu próprio Filho como um de nós, segundo a nossa natureza, para alcançar sua justiça mediante o sacrifício de seu Filho por nós: para que, uma vez que não pudemos ser salvos pelas nossas obras, pudéssemos ser (ao menos) salvos pela fé. Portanto, a base da Lei da Graça encontra-se nas histórias do nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo.” 
(JAMES I da Inglaterra. Basilikon dorom [Dom real]). 

1.10 PRESERVAÇÃO DAS ESCRITURAS

Como relatado nos capítulos anteriores, por diversas vezes a Bíblia foi alvo de tentativas de destruição completa ou parcial. As línguas em que foi escrita, os locais geográficos de difícil acesso, as características pessoais dos escritores e todas as intempéries às quais seus pergaminhos foram submetidos poderiam ter colaborado para que o texto se perdesse ou que fosse gravemente deturpado.

Contudo, devido à sua autoria divina, esse incomparável livro foi preservado no passado, permanece resguardado no presente e continuará preservado pelos anos que ainda se fizerem necessários até a volta de Cristo, e mesmo depois desse evento, estará em pleno cumprimento no céu!

“Acerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para sempre”. (Sl. 119.152)

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. (Mt. 24.35)

“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”. (1Pe. 1.23)(notas fonte emdefesadoevangelho.com)


SUBSIDIO (4) BETEL N.4 A BIBLIA É A REGRA DE FÉ (11)

A inspiração e a credibilidade das Escrituras 


INTRODUÇÃO

Nesta oportunidade, partilho com os meus queridos leitores um estudo acerca da inspiração divina da Bíblia Sagrada. Minha sincera oração é que este esboço o ajude no ministério do ensino.Oportunamente, estarei, querendo Deus, compartilhando outros esboços e estudos.Orem por mim. Sem a ajuda do Pai Celeste, nada poderei fazer.Vejamos, pois, por que a Bíblia é a inspirada, inerrante, infalível, absoluta e completa Palavra de Deus.

I. A BÍBLIA É A INSPIRADA PALAVRA DE DEUS

1. O que é inspiração. [Do lat. tard. inspiratione] É o ato de inspirar-se ou de ser inspirado. Fisiologicamente, é a ação de introduzir o ar nos pulmões, de inspirar.
2. Sentido original da palavra grega. A palavra inspiração, no grego, vem de dois vocábulos: Theo, Deus e pneustos, sopro. Literalmente, inspiração significa: aquilo que é dado pelo sopro de Deus.
3. Definição teológica. “Ação sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores sacros, que os levou a produzir de maneira inerrante, infalível, única e sobrenatural, a Palavra de Deus - a Bíblia Sagrada” (Dicionário Teológico da CPAD).
4. A inspiração plenária e verbal da Bíblia Sagrada. Doutrina que assegura ser a Bíblia, em sua totalidade, produto da inspiração divina. 1) Plenária: Todos os livros da Bíblia, sem qualquer exceção, foram inspirados por Deus. 2) Verbal: O Espírito Santo guiou os autores não somente quanto às idéias, mas também quanto às palavras dos mistérios e concertos do Altíssimo (2 Tm 3.16).
A inspiração plenária e verbal, todavia, não eliminou a participação dos autores humanos. Pelo contrário: foram eles usados de acordo com seus traços personais, experiências e estilos literários.Trata se de uma inspiração única. Além da Bíblia, nenhum outro livro foi produzido de igual forma. Eis porque a Palavra de Deus é a obra prima por excelência da raça humana 
(Dicionário Teológico da CPAD).

5. Declaração doutrinária das Assembléias de Deus no Brasil. “Cremos na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão”.

II. A PALAVRA DE DEUS É INERRANTE

1. O que é a inerrância. [Do lat. inerrantia] Qualidade do que é inerrante. Ou seja: que não contém quaisquer erros.
2. Definição teológica. “Doutrina, segundo a qual a Bíblia Sagrada não contém quaisquer erros. Ela é, pois, inerrante em todas as informações que nos transmite, e, nos propósitos que esboça. O testemunho da arqueologia e das ciências afins tem confirmado a inerrância da Bíblia. Por conseguinte, a inerrância da Bíblia Sagrada é plena e absoluta”.

3. Definição de Wayne Gruden. “A Bíblia sempre diz a verdade a respeito de todas as coisas de que trata”.

4. O testemunho da própria Bíblia quanto à sua inerrância:
“As palavras do SENHOR são palavras puras como prata refinada em forno de barro e purificada sete vezes” (Sl 12.6).“Toda palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele” (Pv 30.5). “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?” (Nm 23.19).“A toda perfeição vi limite, mas o teu mandamento é amplíssimo” (Sl 119.96).5. Concluindo: Nas Sagradas Escrituras, não há quaisquer erros, quer doutrinários, teológicos, culturais, geográficos, cronológicos etc.

III. A PALAVRA DE DEUS É INFALÍVEL

1. O que é a infalibilidade. Qualidade, ou virtude, daquilo que é infalível; é algo que não pode falhar.
2. Definição teológica. “Doutrina que ensina ser a Bíblia infalível em seus propósitos. Eis porque a Palavra de Deus pode ser assim considerada: 1) Suas promessas são rigorosamente observadas; 2) Suas profecias cumprem se de forma detalhada e clara (haja vista as Setenta Semanas de Daniel); 3) E o Plano de Salvação é executado apesar das oposições satânicas. Nenhuma de suas palavras jamais caiu, nem cairá, por terra” (Dicionário Teológico da CPAD).

3. A Bíblia dá testemunho de sua infalibilidade.

“Quando o tal profeta falar tem nome do SENHOR, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.22).

“E crescia Samuel, e o SENHOR era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (1Sm 3.19).“No ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.2).“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta” (Mt 1.22).“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31).“Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus” (At 1.3).                                

IV. A PALAVRA DE DEUS É A SUPREMA AUTORIDADE EM MATÉRIA DE FÉ, PRÁTICA, CONDUTA E TUDO O QUE DIZ RESPEITO AO RELACIONAMENTO DO HOMEM COM O SEU CRIADOR E COM O SEU SEMELHANTE

1. Autoridade. Oriunda do vocábulo latino autoritatem, esta palavra significa: Direito absoluto e inquestionável de se fazer obedecer, de dar ordens, de estabelecer decretos e, de acordo com estes, tomar decisões e agir a fim de que cada decreto seja rigorosamente observado.
2. Definição teológica. “Poder absoluto e inquestionável reivindicado, demonstrado e sustentado pela Bíblia em matéria de fé e prática. Tal autoridade advém-lhe do fato de ela ser a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus” 
(Dicionário Teológico da CPAD).

3. O testemunho da Bíblia a respeito de sua autoridade:

A expressão “assim diz o Senhor” é encontrada aproximadamente 2.600 vezes na Bíblia Sagrada.
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Is 8.20).
“Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Isaías 30.21).
“Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Co 14.37).

V. A CLAREZA DAS ESCRITURAS SAGRADAS

1. O que é clareza. Qualidade do que é claro, inteligível e perfeitamente compreensível.
2. Definição teológica. “É uma das principais características das Sagradas Escrituras, através da qual tornam-se elas perfeitamente inteligíveis aos que se põem a estuda-las com um coração sincero, humildade e predisposto a aceitá-las como a inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus”. 
A clareza é conhecida também como perspecuidade.

3. O testemunho da Bíblia quanto á sua clareza.

• “A lei do SENHOR é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Sl 19.7).
• “A exposição das tuas palavras dá luz e dá entendimento aos símplices” (Sl 119.130).
• “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás ha teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 6.6,7).

VI. A NECESSIDADE DAS SAGRADAS ESCRITURAS

1. O que é necessidade. Oriundo do vocábulo latino necessariu, a palavra necessidade significa: aquilo que não se pode dispensar, pois essencial e indispensável.
2. Definição teológica. A necessidade das Escrituras é o caráter de sua essencialidade e urgência para a vida espiritual e prática do ser humano; pois sem elas jamais entraremos de posse da vida eterna.

3. A Bíblia dá testemunha de sua necessidade:

“E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o SENHOR chamar” (Jl 2.32).
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105).
“O homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem” (Dt  8.3).
“Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra, a que, passando o Jordão, ides para possuí-la” (Dt 32.47).

VII. A SUFICIÊNCIA DA PALAVRA DE DEUS

1. O que é suficiência. É aquilo que, pela excelência de suas qualidades, satisfaz plenamente.
2. Definição teológica. Assim Wayne Gruden define a suficiência: “A Bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seru povo em cada estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus de que precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer”.

3. O testemunho da Bíblia quanto à sua suficiência.

“E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2Tm 3.15).

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm 3.16).“Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.2).
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, tse alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão escritas neste livro. Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor Jesus! A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém!” (Ap 22.18-21).(Notas fonte CPADNEWS),
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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PAZ DO SENHOR

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