II. A EDUCAÇÃO DE JESUS
JESUS, apesar de ser o Filho de DEUS e Senhor de tudo, era tão humano como qualquer outro menino. Não convém pensar que era um menino anormal, com mentalidade de adulto, desenvolvido, nem que quando “se esvaziou, tomando a forma de servo”, deixou de ser divino. Era sempre Aquele que estava com o Pai antes que houvesse mundo. Quando, porém, se encarnou, foi feito “em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado.” Era um menino inteiramente normal e o nosso exemplo para criar filhos. Ele crescia física, intelectual e espiritualmente:
1) Fisicamente. “Crescia” (v.40) “em estatura” (v.52). O Moço não era nazareno melancólico, pálido e doentio. O labor na oficina de carpinteiro e a obediência às leis de DEUS contribuíram para o desenvolvimento do físico. O servo de DEUS carece de corpo sadio e robusto.
2) Intelectualmente, “Cheio de sabedoria” (v.40), “crescia JESUS em sabedoria” (v.52). Enquanto se desenvolvia no físico, crescia intelectualmente; não se tornou gigante em mentalidade de criança.
3) Espiritualmente. “A graça de DEUS estava sobre Ele.” O menino JESUS tinha, também, de crescer, como homem, no conhecimento do DEUS invisível e guardar o contato com Ele por oração e leitura da Sua Palavra. O Seu crescimento era simétrico; enquanto crescia em corpo, crescia igualmente em mente, mas não foi de forma alguma a custo do Seu desenvolvimento espiritual.
Orlando S. Boyer. Espada Cortante 2. Editora CPAD. pag. 47.
INSTITUIÇÃO DE ENSINO - NO CONTEXTO CULTURAL
A Sinagoga. Os eruditos supõem que, como uma instituição formal, a sinagoga desenvolveu-se durante o cativeiro babilônico. A palavra «sinagoga» encontra-se em Sal. 74:8, mas ali significa apenas «assembléia», não havendo qualquer alusão à instituição que recebeu esse nome. A palavra aparece por cinquenta e seis vezes no Novo Testamento. Antes do exílio babilônico, o templo era o centro de todas as atividades religiosas. Quando o templo foi destruído, então as sinagogas tornaram-se células dessa atividade, bem como de aprendizado. Ê possível, contudo, que as sinagogas tenham surgido antes mesmo do exílio babilônico, e que este apenas consolidou a importância das mesmas. Seja como for, a sinagoga tornou-se um centro de todas as atividades religiosas, sociais e de instrução. Na sinagoga não havia altar e nem sacrifícios. O estudo e a leitura ida Tora, bem como a oração, tornaram-se as atividades centrais ali. A sinagoga era o centro do governo de Israel. Ela provia uma espécie de sistema de educação de adultos em massa, onde a Tora era estudada sistematicamente, semana após semana. Todos quantos frequentavam a sinagoga tornavam-se estudantes da lei. Quando o povo judeu não mais era capaz de entender o hebraico, as explicações eram feitas em aramaico.
O Desenvolvimento de Escolas.
A primeira escola de um judeu era o seu lar. Os mestres eram os pais e os alunos eram os filhos. O lar nunca perdeu a sua importância como o lugar primário de aprendizado. Então surgiram as escolas de profetas, que dirigiram o primeiro ensino sistemático e constante fora dos lares. Eles encontravam em Moisés a sua grande inspiração (Deu. 34:10; 18:15 ss). Os profetas tomaram-se os mestres e instrutores de Israel de uma classe de homens eruditos, que se tornaram líderes da nação. Pela época da monarquia, havia grupos ou companhias de profetas, de tal modo que eles formaram uma classe distinta dentro da nação (I Sam. 10:5,10; 19:20). Os «filhos dos profetas» eram os discípulos das escolas que haviam sido formadas. Ver I Reis 19:16; II Reis 2:3 ss. Então surgiram as sinagogas; que representaram um passo vital no desenvolvimento das escolas, conforme nós as conhecemos. Entretanto, nenhuma escola era separada da sinagoga e nenhum sistema escolar formal formou-se em Israel, senão já dentro do período helenista e isso por motivo de competição com as escolas gregas. A literatura rabínica informa-nos que um sistema escolar compulsório foi criado pelos fariseus, no século I a. C. Sabemos que Simão ben Shetach (75 a. C.) ensinava às pessoas de uma maneira sistemática e regular; mas o texto que ele usava era a Tora.
Em Israel não havia educação liberal. As escolas elementares, para as crianças, não parecem ter surgido antes do século I d. C. Joseph ben Gamala (cerca de 65 d. C.) tentou fazer a educação elementar tomar-se compulsória e universal, com escolas onde as crianças entravam com seis ou sete anos de idade. As escolas elementares eram chamadas Casa do Livro.
O currículo continuava sendo, essencialmente, orientado segundo a Bíblia. Toda e qualquer referência às ciências, em quaisquer de suas formas, era feita de modo inteiramente incidental. Foram desenvolvidas escolas secundárias para os alunos mais promissores. A religião continuava sendo o centro de todas as atividades educacionais. Além da Bíblia e da Mishnah, foi instituído o debate teológico. As escolas que funcionavam desse modo eram chamadas Casas de Estudo. Finalmente, foram formadas academias autênticas, que eram reputadas a lugares sagrados, e não apenas lugares de aprendizagem. O Talmude resultou das atividades dessas escolas e grandes líderes se salientaram então, como Hilel, Shamai e Gamaliel. Paulo educou-se na escola de Gamaliel.
Isso significa que, em Israel, havia três instituições de ensino diferentes: a sinagoga, as escolas elementares e as academias, ou casas de estudos. As academias funcionavam separadas das sinagogas, em seus próprios edifícios, ou talvez na residência do mestre principal.
O Lar. O lar era a unidade básica da sociedade, bem como a primeira escola que um menino judeu conhecia. O Antigo Testamento mostra o grande valor dado às crianças e grande responsabilidade pesava sobre os ombros dos pais, porquanto os filhos eram tidos como dons de DEUS (Jó 5:25; Sal. 127:3; 128:3,4. Ver também Gên. 18,19 e Deu. 11:19 quanto à importância da instrução doméstica). As crianças eram treinadas em seus deveres, religiosos ou outros (I Sam. 16:11; II Reis 4:18). O treinamento artístico fazia parte da instrução recebida (Juí. 21:21; Lam. 5:14). Às meninas eram ensinadas prendas domésticas, por suas mães (Êxo. 35:25; II Sam. 13:8). Os meninos aprendiam negócios e ofícios. As casas numerosas, como aquelas de pessoas ricas, estavam sujeitas a uma instrução global (Gên. 18:19). O elemento religioso sempre ocupava o primeiro plano (Deu. 6:4-9; Sal. 78:3-6; Pro. 4:3). Algumas poucas mulheres, segundo todas as aparências, eram bem educadas e chegaram a tomar-se líderes (Juí. 4:4 ss, II Reis 22:14-20).
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Editora Hagnos. pag. 270-271.
III. UM FILHO QUE CRESCIA DE ACORDO COM A VONTADE DE DEUS
JESUS CRESCEU FISICAMENTE
“Não sabemos muito sobre a família de Jesus; entretanto, fica claro, conforme o relato dos Evangelhos, que os pais, irmãos e irmãs de Jesus eram muito conhecidos na cidade de Nazaré (Mt 13.54-56). Os primeiros anos da vida de Jesus foram tão normais que as pessoas que o viram crescer ficaram surpresas com o fato de que Ele pudesse ensinar com autoridade sobre Deus e fazer grandes milagres — achavam que era apenas um carpinteiro como José”. Guia Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD, p.28.
JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
1. Jesus e a família. No antigo Israel do tempo de Jesus, havia uma estrutura familiar consolidada. Os estudiosos observam que a família hebraica obedecia a seguinte estrutura social: endógama — casam-se com parentes; patrilinear — descendência pai-filho; patriarcal — poder do pai; patriolocal — a mulher vai para a casa do marido; ampliada — reúne os parentes próximos todos no grupo, e polígena — tem muitas pessoas.
A Bíblia fala da família de Jesus dentro desse contexto. Como homem perfeito, Jesus aprendeu a viver em família (Lc 2.51). Como membro da família, Ele viveu em obediência a seus pais. Isso mostra que os papeis sociais dentro da família precisam ser respeitados. Somente dessa forma, a família continua sendo um instrumento importante na formação do caráter.
2. Jesus e a cultura local. A Bíblia afirma que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). O vocábulo habitar traduz o verbo grego skenoo e tem o sentido de “fazer a sua tenda”. Deus se humanizou e fez a sua tenda ou morada entre nós. Como homem perfeito, Jesus viveu no meio da cultura dos seus dias. Fazia parte dessa cultura, qual seja, o povo, o espaço geográfico, a língua e a família. Jesus foi criado em Nazaré da Galileia e, como nazareno, Ele possivelmente espelhava a cultura desse lugar. Jesus aprendeu a ler as Escrituras (Lc 4.16); aprendeu uma profissão (Mc 6.3) e até mesmo aprendeu a maneira de falar que era peculiar dos habitantes dessa região (Mt 26.73. Mc 14.70). Todavia, um fato fica em evidência — Jesus estava pronto a confrontar a cultura quando esta contrariava os princípios da Palavra de Deus (Lc 11.38,39).
JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
A dimensão psicológica de Jesus. O texto de Lucas 2.52 informa que Jesus crescia em “sabedoria”. Crescer em sabedoria é crescer em conhecimento. É desenvolver-se intelectual e mentalmente. É o desenvolver da psique humana. Como homem perfeito, Jesus também possuía uma dimensão psicológica. Ele, por exemplo, angustiou-se em sua alma (Lc 12.50; Mt 26.37; Jo 12.27). Lucas ainda diz que Jesus “enchia-se de sabedoria” (Lc 2.40). Esse crescimento mental e intelectual vem pela assimilação dos conhecimentos da vivência humana do dia a dia. É o acúmulo cultural que se forma ao longo dos anos. Como todo menino judeu de sua época, Jesus tinha o seu intelecto treinado pelo estudo das Sagradas Letras (2Tm 3.15).
JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
Crescendo na graça e fortalecendo o espírito. Nos dois textos bíblicos citados por Lucas para se referir ao crescimento de Jesus Cristo, o homem perfeito, a palavra “graça” se destaca (Lc 2.40,52). A palavra grega traduzida como graça é charis. Graça é um favor de Deus. Jesus cresceu na graça quando viveu a vida como ela é. Ele aprendeu a viver com as limitações que uma família pobre possuía na Palestina do primeiro século. Graça é ter consciência de que, em meio a tudo isso, a vocação e chamada tiveram origem em Deus. Graça é saber que Deus está em nosso crescimento enquanto vivemos em comunidade, enquanto o adoramos, meditamos, contemplamos e, também, quando vivemos a vida, mesmo quando ela se mostra dura em sua rotina.
Conclusão
Jesus Cresceu em um lar humilde apesar dos poucos recursos que seus pais tinham, ele foi obediente . Nosso Senhor foi uma criança comum, crescendo e desenvolvendo-se como qualquer criança da Antiga Palestina. Assim o texto lucano destaca a humanidade do nosso Senhor desde a tenra infância: “a apresentação do menino ao Senhor no Templo” (Lc 2.21-40); “e a única história do texto bíblico sobre Jesus na adolescência” (Lc 2.41-52). Portanto, a narrativa do nascimento de Jesus Cristo está alocada no Evangelho de Lucas como uma introdução de quem é a pessoa do meigo nazareno, destacando sua paternidade divina e a sua característica humana.
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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