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sábado, 30 de agosto de 2014
Conceito de leitura escola dominical
O CONCEITO DE LEITURA
Conforme Martins
(2007, p. 22), o conceito de leitura é bem mais abrangente do que um simples
decodificar da escrita, é um ato que implica na formação global do indivíduo e
em sua relação com o mundo que o cerca. Diz ainda a autora, que a leitura
independe do contexto escolar, é para além do texto escrito, permite
compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas, cada
experiência, "Ampliar a noção de leitura em geral pressupõe transformação
na visão de mundo em geral e na de cultura em particular”. Ela quer dizer que
ler não é simplesmente decifrar o que está escrito, mas um ato que resulta na
formação geral do indivíduo, e que faz com que ele se adapte ao mundo em que
vive não se limitando apenas às vivências escolares, mas "enxergando"
além daquilo que está escrito.
Araújo (1972, p. 11)
cita Russel que define a leitura como "um ato sutil e complexo que
abrange, simultaneamente, a sensação, a percepção, a compreensão e a
integração". Com isso ele quer dizer que ler não se limita apenas a
perceber as palavras, mas ao mesmo tempo entender o todo reagindo às idéias
apresentadas procurando integrá-las as suas vivências.
Por ser um
instrumento de aquisição de conhecimentos, a leitura, se levada a efeito
crítica e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate à alienação,
capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude. É preciso
saber, se a organização social onde a leitura aparece e se localiza, em nosso
caso, a Escola Dominical, dificulta ou facilita o surgimento de homens -
leitores críticos e transformadores.
OS BENEFÍCIOS DA
LEITURA PARA O PROFESSOR DA ED
A necessidade e o
incentivo para a prática constante da leitura por parte dos ministros cristãos
podem ser observados através de uma análise do que vários escritores cristãos e
não-cristãos escreveram sobre o assunto.
Como bem colocou
Bamberger (2005, p. 70), o hábito de leitura só será realidade se o indivíduo
perceber que vale a pena, dando-se conta de que a leitura poderá fazer muito
por seus interesses pessoais, profissionais e sociais. No caso da docência
cristã, os interesses do Reino estão acima de todos os outros. Muitos são os
benefícios da leitura. Observemos alguns:
- Possibilidade de
Emancipação Intelectual. A questão emancipadora ou libertadora, envolve a
leitura crítica. Longe de ser uma atividade meramente mecânica e reprodutora de
idéias e conceitos, al leitura crítica é realizada mediante um conjunto de
características que envolve a constatação, o cotejo e a transformação.
Criticidade vai além de compreensão de idéias e da mera reprodução de
doutrinas. Criticidade envolve convicção e posicionamento diante da Palavra de
Deus.
- Desenvolvimento do
Homem. A leitura permite o acesso do povo aos bens culturais já produzidos e
registrados pela escrita e, portanto, como meio de conhecimento e crítica dos
fatores históricos, científicos, literários etc.
A importância da
leitura no exercício do ministério docente cristão é descrita por Sanders
(1985, p. 90-91) como essencial para o homem que deseja crescer, espiritual e
intelectualmente. A leitura deve ser uma prática importante;
- Para obter
avivamento espiritual e proveitoso. Um avivamento proveitoso e espiritual é
aquele que nasce da leitura da Bíblia, de bons livros e do mundo que nos cerca.
Sem estes fundamentos o avivamento tornar-se-á um mero evento transitório,
emotivo e infrutífero;
- Tendo em vista o
estímulo mental. A leitura é instrumento para o estímulo de novos pensamentos e
idéias. MacDonald (apud Habecker, 1998, p. 51) diz que “o crescimento da mente
torna possível que as pessoas sirvam às gerações em que vivem [...]. Se
desenvolvo a minha mente posso fazer com que os outros cresçam”. Um professor
de ED aprovado é aquele que sempre procura estar com as idéias renovadas e
organizadas;
- A fim de obter
cultivo de estilo. Aqui a pregação e o ensino se destacam. A leitura da Bíblia
associada à leitura de bons livros proporcionará como já colocado, um aumento
do vocabulário e desenvolvimento na arte da elocução incisiva e persuasiva. O
aprimoramento da linguagem, da expressão, nos níveis individual e coletivo. Nos
dias atuais, a capacidade comunicação clara e fluente, exige que os professores
de ED desenvolvam suas habilidades de comunicação. Isso implica em um
vocabulário bastante rico. A leitura é uma ferramenta essencial nesse processo.
- Com vistas a
adquirir informações. Devido o volume de informações em nossa época, a leitura
é uma ferramenta essencial para o pastor manter-se bem informado e atualizado.
Sobre isto diz Mendes (1999, p. 44) que “A comunicação eficiente da Palavra de
Deus exige bons conhecimentos da língua pátria e da atualidade”. A leitura pode
ser considerada como condição sine qua non na conquista de qualquer corpo de
informação (SILVA; MALOZE; LEME, 1997, p. 101).
- A fim de ter
comunhão com as grandes mentes. Ter contato com grandes pensadores cristãos é
um exercício de grande valor cultural para o professor da ED.
PAULO O LEITOR
O apóstolo Paulo,
grande referencial para os mestres cristãos de todas as épocas (2 Tm 1.11), foi
um grande leitor. Escrevendo em 2 Tímóteo, 4:13 ele diz: “Quando vieres, traze
a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente
os pergaminhos”. Foi em razão do conhecimentos adquirido pela leitura de
diversas obras, que Paulo sobre contextualizar estes escritos em algumas
situações por ele vivenciadas.Quando esteve em Atenas, durante a sua segunda
viagem missionária, ao ser inquirido acerca de sua mensagem pelos filósofos
epicureus e estóicos (Atos 17:18-20), durante sua argumentação fez as seguintes
citações: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28a).
French e Stronstad (2003, p. 731) comentam: “Sua primeira citação é
presumivelmente retirada do poeta e filósofo cretense Epimênides (século VI
a.C.)”.
A segunda citação em
Atos 17.28, “Porque dele também somos geração” é conforme French e Stronstad
(idem, p. 731), atribuída ao poeta Ciliciano Arato (século III a.C.).Outro caso
de citação de literatura secular encontra-se em Tito 1:12: “Foi mesmo, dentre
eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis,
ventres preguiçosos”. Tal citação se refere a Epimenides de Cnosso, em Creta,
um ensinador de religião e adivinho, que viveu aproximadamente em 305-240 a.C
(ibden, p.1510).
Fica dessa forma
evidenciado pelos relatos bíblicos aqui citados, que a leitura, tanto do texto
sagrado como de outras obras, é de fundamental importância na vida daqueles que
foram chamados por Deus para realizarem a sua obra, principalmente para os
professores de ED.
Ler é essencial. O
desenvolvimento do hábito de leitura, não deve, contudo, ser encarado como uma
obrigação, antes, precisa ser percebido e vivenciado como uma atividade
prazerosa.Quando lemos, crescemos espiritualmente, intelectualmente e
ministerialmente. Crescer e continuar crescendo, é necessidade vital para o
exercício do ministério cristão e para a constante atualização.
Longe de ser uma
apologia ao intelectualismo, o ato de ler se constitui numa das maiores fontes
de qualificação para o professor da ED, em plena pós-modernidade, em meio à
sociedade do conhecimento.É preciso se contextualizar sem secularizar-se,
desenvolver-se como pessoa, cristão e educador. O hábito de leitura,
certamente, irá colaborar para o alcance de tais exigências.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Maria Yvonne
Atalício de. Iniciação à leitura. Belo Horizonte: Virgília, 1972.
BAMBERGER, Richard.
Como incentivar o hábito de leitura. 7. ed. Tradução de Octavio Mendes Cajado.
São Paulo: Ática/UNESCO, 2005
BÍBLIA. Português. A
Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2004. Revista e Atualizada no Brasil, 2. Ed.
COSTA, Patrícia.
Hábito de leitura e compreensão de textos: uma análise da realidade de
pós-graduados em Administração. Dissertação (mestrado em Administração).
Universidade Federal de Sta. Maria: Santa Maria, RS, 2006.
MARTINS, Maria
Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.
MARTINS, Lucy Nunes
Ratier; MAESTRI, Marcos; COSENZA, Marisa. Contexto de Leitura em professores
universitários. In Witter, G. P. (Org.), Leitura e psicologia (pp. 78-91).
Campinas: Alínea, 2004.
MENDES, José Deneval.
Teologia pastoral: a postura do obreiro é indispensável para o êxito no
ministério cristão. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
SANDERS, J. OSWALD.
Liderança espiritual: os atributos que Deus valoriza na vida de homens e
mulheres para exercerem liderança. Tradução de Oswaldo Ramos. São Paulo: Mundo
Cristão, 1985.
SILVA, Antonio
Gilberto da. Manual da Escola Dominical: pela excelência do ensino da Palavra
de Deus. 17. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus,
1997.
SILVA, Elza Maria Tavares;
MALOZZE, Gertrudes L. M.; LEME, Maria de Lourdes C. S. Compreensão de leitura
entre universitários do primeiro e quinto anos de Direito. In Witter, G. P.
(Org.), Psicologia leitura & universidade (pp. 101-110). Campinas: Alínea,
1997.
WITTER, Geraldina
Porto (org.) Leitura e psicologia. Campinas, SP: Alínea, 2004.
Fonte http://euvoupraebd.blogspot.com/2012/11/o-professor-da-escola-dominical-e-o.html#ixzz3Bq3ZjLx4
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