Lições Bíblicas CPAD
Adultos 3º Trimestre de 2015
Título: A Igreja e o seu Testemunho — As
ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 7: Eu sei em quem tenho crido
Data: 16 de Agosto de 2015
TEXTO ÁUREO
“[...] porque eu sei em quem tenho crido e estou
certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2Tm
1.12).
VERDADE PRÁTICA
O crente, assim como o líder, precisa
ter convicção de sua chamada e de sua condição de salvo em Jesus Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Pv 25.13
O mensageiro fiel para com os que o
enviam
Terça — At 24.14
Crendo em tudo quanto está escrito na
Lei e nos Profetas
Quarta — Jo 6.69
Crendo em Jesus Cristo, Filho de Deus
Quinta — 1Co 4.2
Os despenseiros devem ser achados em
fidelidade
Sexta — 1Tm 1.12
Para que o nome do Senhor Jesus
Cristo seja glorificado
Sábado — Hb 10.22
Crendo com inteira certeza de fé e
tendo o coração purificado
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Timóteo 1.3-8; 2.1-4.
2
Timóteo 1
3 — Dou graças a Deus, a quem, desde os meus
antepassados, sirvo com uma consciência pura, porque sem cessar faço memória de
ti nas minhas orações, noite e dia;
4 — desejando muito ver-te, lembrando-me das
tuas lágrimas, para me encher de gozo;
5 — trazendo à memória a fé não fingida que em
ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou
certo de que também habita em ti.
6 — Por este motivo, te lembro que despertes o
dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos.
7 — Porque Deus não nos deu o espírito de
temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.
8 — Portanto, não te envergonhes do testemunho
de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das
aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,
2
Timóteo 2
1 — Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça
que há em Cristo Jesus.
2 — E o que de mim, entre muitas testemunhas,
ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os
outros.
3 — Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom
soldado de Jesus Cristo.
4 — Ninguém que milita se embaraça com negócio
desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
HINOS SUGERIDOS
62,
369 e 577 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Evidenciar que, uma das provas de que
o líder é chamado por Deus, refere-se a sua capacidade de suportar o sofrimento
por amor a Cristo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
·
I.
Refletir a respeito das orações e ação de graças em favor da
liderança.
·
II.
Saber que o líder e o crente necessitam ter convicções
fortes em Deus.
·
III.
Compreender que o sofrimento também faz parte da vida cristã.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado
professor, a partir desta lição estaremos estudando a respeito da Segunda Epístola
de Timóteo. É importante ressaltar que esta foi a última carta de Paulo. Esta
epístola foi escrita em uma época em que os crentes estavam enfrentando uma
forte oposição por parte do imperador Nero. Paulo estava sob a custódia do
governo romano, sendo tratado como um criminoso comum e abandonado por alguns
amigos (1.15). O apóstolo tinha consciência de que sua carreira estava chegando
ao fim, porém diante de todas as adversidades e sofrimentos, ele não perdeu a
esperança. Paulo se despede do amigo Timóteo, exortando-o a perseverar na fé
cristã como um bom soldado cristão.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Com a lição de hoje estaremos dando
início ao estudo da Segunda Epístola de Timóteo. Esta segunda carta foi escrita
enquanto Paulo se encontrava preso. A prisão é lugar que destrói a fé e a
esperança de muitos, levando-os ao desespero e à descrença. No entanto, Paulo
comprova que podia estar preso fisicamente, confinado a uma cela romana, mas
seu espírito e sua fé estavam perfeitamente livres para continuar servindo a
Deus e que “a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9). Esta foi a última vez
que ele esteve na prisão, pois veio a perder nela a sua vida. Nesta epístola,
ele faz um balanço de sua trajetória. Também aproveita para se despedir de
Timóteo e dar suas últimas exortações e advertências.
PONTO CENTRAL
O líder precisa ter segurança de sua salvação em
Jesus Cristo.
I. ORAÇÕES E AÇÃO DE GRAÇAS (1.3-5)
1. “Ao amado filho” (v.2). Paulo
dá início a Segunda Carta a Timóteo chamando o jovem pastor de “amado filho”. A
palavra no original é agapatos e significa “muito amado”. Paulo sabia que logo
morreria, talvez por isso, tenha demonstrado, de uma forma tão intensa, sua
afeição e amor por Timóteo. Isso nos mostra que o líder precisa ter afeição,
amor e saber demonstrá-los por aqueles que estão ao seu lado, cooperando na
obra do Senhor.
Paulo sabia das necessidades e lutas
que Timóteo enfrentava como líder, por isso, orava constantemente em favor de
seu amigo (v.3). Será que atualmente oramos em favor daqueles que fazem a obra
de Deus? Precisamos orar sempre por todos os que estão empenhados na obra do
Senhor.
2. A sensibilidade de Paulo. Paulo
diz para Timóteo, que estava cumprindo sua missão em Éfeso, que desejava muito
vê-lo de perto, pessoalmente (v.4). A saudade era grande! Paulo se lembrava das
lágrimas de Timóteo quando da despedida deles. As lágrimas nos mostram quão
profundo era o relacionamento entre eles. Hoje em dia, infelizmente, os
relacionamentos parecem cada vez mais superficiais.
3. A fé de Timóteo (v.5). Timóteo
era um jovem obreiro de caráter exemplar. Seu discipulado começou no lar, com o
exemplo de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, ambas judias, mas convertidas
ao evangelho. Seu pai era grego. Não se sabe se ele se converteu ao evangelho.
Mas sua formação foi motivo de referência para Paulo. Na Segunda Carta, o
apóstolo diz: “[...] trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual
habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que
também habita em ti” (v.5). A educação familiar de Timóteo serve de exemplo
para as famílias cristãs atuais.
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Paulo ora e agradece a Deus pela vida de
Timóteo, seu filho na fé.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Desejando muito ver-te (1.4). Paulo
agora está encarcerado em Roma, aguardando a morte, abandonado por muito dos
seus amigos e desejando ver Timóteo mais uma vez. Roga a este seu fiel
cooperador que permaneça fiel à verdade do evangelho e que se apresse a ir até
ele, nos seus últimos dias aqui na terra (2Tm 4.21).
Despertes o dom de Deus (1.6). O
‘dom’ (gr. charisma) concedido a Timóteo é comparado a
uma fogueira (cf. 1Ts 5.19) que ele precisa manter acesa. O ‘dom’ era,
provavelmente, o poder específico do Espírito Santo sobre ele para realizar o
seu ministério. Note aqui que os dons e o poder que o Espírito Santo nos
concede não permanecem automaticamente fortes e vitais. Precisam ser alimentados
pela graça de Deus, mediante nossa oração, fé, obediência e diligência” (Bíblia
de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.1877).
II. A CONVICÇÃO EM DEUS (vv.6-14)
1. Dons espirituais (v.6). Paulo
lembra a Timóteo o momento em que ele foi ordenado ao santo ministério. Ele
relata que nesta ocasião o jovem pastor recebeu dons espirituais que o
capacitariam no serviço de Deus. O que Paulo desejava afirmar a Timóteo quando
disse: “despertes o dom de Deus, que existe em ti”? Certamente Paulo estava
encorajando Timóteo a perseverar em seu ministério. Este texto nos mostra
também que a imposição de mãos sempre foi um gesto de grande valor na vida
ministerial da igreja cristã. Jesus usou as mãos para efetuar várias curas (Lc
4.40). É uma prática solene que é seguida, e ainda hoje utilizada em todas as
igrejas evangélicas.
2. “Espírito de fortaleza, e de amor,
e de moderação” (v.7). Ao que parece Timóteo estava enfrentando uma grande
oposição a sua liderança. Paulo então exorta a Timóteo para que ele tenha
coragem. Um líder precisa ser corajoso. O medo paralisa e acaba por neutralizar
as nossas ações em favor da obra de Deus. O Espírito Santo nos ajuda a superar
o medo e nos encoraja a prosseguir. Por isso, o líder precisa ser alguém cheio
do Espírito Santo (Ef 5.18). Ele é o nosso ajudador. Sem sua presença é
impossível ser bem-sucedido na liderança. Conte com a ajuda do Espírito Santo e
tenha coragem para seguir em sua caminhada, realizando a obra para a qual você
foi vocacionado e chamado pelo Senhor.
3. Apóstolo dos gentios (v.11). Paulo
tinha consciência de que recebeu, da parte de Deus, a vocação e o chamado para
pregar aos gentios. Tem você também consciência da sua vocação e chamado? Paulo
exorta Timóteo a manter-se firme na fé, conservando “o modelo das sãs palavras”
que o jovem discípulo recebeu, da parte de Paulo, “na fé e na caridade que há
em Cristo Jesus” (2Tm 1.13).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O pastor, assim como os crentes,
necessita ter convicção de sua salvação em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Porque Deus não nos deu o espírito
de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação (1.7). A palavra deilia significa ‘covardia’. Em contexto com outras
passagens destas duas cartas, ela indica a natureza tímida e hesitante de
Timóteo. Mas Timóteo não está limitado por sua fraqueza, da mesma forma como
nem você nem eu estamos limitados pela nossa. Deus nos deu seu próprio Espírito
— um Espírito que transmite poder, amor e autodisciplina à vida do crente”
(RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.475).
III. UM CONVITE AO SOFRIMENTO POR CRISTO
(2.1-13)
1. O fortalecimento na graça (v.1). Todo
cristão precisa ser forte, principalmente no aspecto espiritual. Timóteo
certamente enfrentava desafios além de suas forças. Diante dessa realidade,
estando tão distante, Paulo diz que ele devia fortificar-se “na graça que há em
Cristo Jesus”, ou seja, confiar inteiramente em Cristo e em seu poder. Diante
das lutas, tribulações e tentações, o crente só vence se tiver a força que vem
do alto. Escrevendo aos efésios, Paulo disse: “No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10).
2. Soldado de Cristo (v.3). A
vida cristã é um misto de alegrias e tristezas; de lutas e vitórias. Jesus
advertiu seus discípulos sobre as aflições da vida cristã (Jo 16.33). Para os
que aceitam tomar a cruz (Mt 16.24), renunciando a si mesmos, a vida cristã é
uma luta sem tréguas. Sua vida pode ser comparada a de um soldado que está na
frente da batalha. É na luta, nos combates espirituais, “pela fé que uma vez
foi dada aos santos” (Jd 3), que o servo de Deus se fortalece e acumula
experiências que lhe capacitam a ser mais que vencedor (Rm 8.37).
3. O lavrador (v.6). O
agricultor precisa trabalhar com afinco a fim de preparar a terra para receber
as sementes. Depois, precisa regar, adubar a semente para que surjam os frutos.
Muitos querem colher sem esforço ou onde não plantaram. Esses não merecem a
recompensa do Dono da “lavoura” espiritual que é a Igreja do Senhor Jesus. É
preciso labutar na “lavoura de Deus” (1Co 3.9) até que os frutos apareçam. Há
uma recompensa para aqueles que labutam com afinco. Paulo diz para Timóteo que
quem primeiro deve gozar dos frutos da plantação é o “lavrador que trabalha”
(2Tm 2.6).
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A nossa fé em Jesus não nos isenta de
enfrentar perseguições e sofrimentos.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Seja bom soldado de Jesus Cristo
(2.3,40). ‘De que forma o líder cristão pode se condicionar
para esta tarefa?’. A resposta de Paulo está nestes versículos: ‘Sofre, pois,
comigo (suporta comigo, NVI),
as aflições, como bom soldado de Cristo’. Aqui e nos versículos seguintes, o
apóstolo se serve de três analogias: o soldado, o atleta e o agricultor. A
analogia militar é a favorita de Paulo, não porque ele fosse de mente militar,
mas porque no império romano era comum as pessoas verem soldados, e, ainda,
porque a vida de soldado era uma analogia esplêndida para a vida cristã.
Felizmente, nós também estamos familiarizados com as exigências impostas ao
soldado. Servir nesta atividade rigorosa requerer um extensivo condicionamento
físico. Todos que passam pelo campo de treinamento de recrutas sabem como é
difícil fortalecer o corpo ao ponto em que a força seja igual às exigências
requeridas. Mas é necessário algo comparável a isso para o cristão sobretudo
para o ministro. ‘Sofre... as aflições’, diz Paulo. Aceita as dificuldades,
privações e perigos com um espírito submisso como parte da tarefa de soldado no
exército de Cristo.
Quando o indivíduo se torna soldado,
ele é separado da sociedade, com a qual esteve familiarizado por toda a vida, e
apresentado a uma comunidade nova e altamente especializada. Ele é despido de
roupas próprias com um equipamento fornecido pelo governo. Suas idas e vindas
são feitas unicamente sob ordens ou com permissão expressa. Dorme onde lhe
dizem para dormir e come o que lhe for dado. Na verdade, sua vida está à
disposição do governo” (Comentário Bíblico Beacon. Volume
9. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.518).
CONCLUSÃO
Mesmo sabendo que em breve iria
morrer, Paulo não perdeu sua esperança e fé. Até em seus últimos momentos
procurou incentivar e orientar seu filho amado e companheiro de ministério,
Timóteo. Seja você também um intercessor e incentivador daqueles que estão
labutando na obra do Mestre.
PARA REFLETIR
A respeito das Cartas Pastorais:
Como Paulo chama Timóteo na Segunda
Carta?
“Amado filho”.
De acordo com a lição, qual o
significado da palavra “agapatos” no original?
A palavra no original significa “muito amado”.
O que as lágrimas de Paulo por Timóteo
revelam?
Revelam uma profunda afeição e cuidado.
Quando teve início o discipulado de
Timóteo?
Ainda na sua infância.
A educação familiar de Timóteo deve
servir de exemplo para quem?
Deve servir de exemplo para os líderes e para os pais.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Eu sei em quem tenho crido
Caro professor, esta lição iniciará a
abordagem da segunda Epístola de Paulo a Timóteo. Nesta oportunidade, o
apóstolo encontrava-se preso. É a última vez que ele falara da sua prisão, pois
de onde estava o apóstolo, este iria para o “matadouro”, isto é, o martírio.
Uma das características mais tocantes
nesta carta é a comprovação da fé inabalável do apóstolo Paulo. Numa prisão, e
do ponto de vista humano, perder a esperança é explicável. Na história da
Igreja de Cristo, ao longo das perseguições do império romano, muitos cristãos
negaram oficialmente a sua fé, pelos menos apenas de lábios, para não perderem
as suas vidas e protegerem a integridade da sua família. Mas a vida do
apóstolo, ainda que “presa” em sua dimensão física, confinada pela prisão
romana, tinha liberdade plena e confiança em Deus para propagar livremente a
palavra divina.
O apóstolo dos gentios tinha uma
convicção internalizada na alma de que estava cumprindo sua missão, mesmo preso
numa prisão abjeta. Toda a sua vida se dava em torno da dimensão proclamatória
do Evangelho a todos os povos. Isso fazia Paulo compreender que tudo o que
acontecia com ele, direta ou indiretamente, levaria prosperar o Evangelho nas
regiões habitadas por povos gentílicos. Paulo cria firmemente que Deus, segundo
a sua maravilhosa graça, estava conduzindo a sua vida e a expansão do Evangelho
como um tapeceiro que, por intermédio de movimentos ondulado, tece o tapete.
Então, como o “tapeceiro da vida”, Deus “tecia” a existência do apóstolo. Por
isso, é possível vermos na epístola expressões como “dou graças a Deus, a quem,
desde os meus antepassados, sirvo com uma consciência pura, porque sem cessar
faço memória de ti nas minhas orações, noite e dia” (v.3). Diante de todas as
circunstâncias que o apóstolo estava imerso, ele dava “graças a Deus”, o servia
“com uma consciência pura”, e fazia “memória de ti [Timóteo] nas minhas
orações, noite e dia”. Ou seja, o jovem pastor de Éfeso constantemente era
objeto das orações do apóstolo Paulo, mesmo este preso.
Ao longo dos capítulos 1 e 2, o
apóstolo expõe uma série de conselhos que perpassa pelo despertamento da
vocação de Timóteo (v.6), de sentir-se valorizado por testemunhar o Senhor pela
mensagem que o apóstolo pregava (v.8), da conservação do modelo das sãs
palavras aplicadas pelo apóstolo (v.13), do fortalecimento na graça que há em
Cristo Jesus (2.1), um convite a sofrer as aflições como um bom soldado de Cristo
(2.3) etc. Eis os convites de um preso do Senhor!
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