Lições Bíblicas CPAD
Jovens 3º Trimestre de 2015
Título: Novos Tempos, Novos Desafios —
Conhecendo os desafios do Século XXI
Comentarista: César Moisés Carvalho
Lição 9: A nova religiosidade
Data: 30 de Agosto de 2015
TEXTO DO DIA
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3.13 — ARA).
SÍNTESE
Se não agirmos como sal da terra e
luz do mundo, não seremos conhecidos como discípulos de Cristo.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Ez 34.1-10
A condenação dos pastores de Israel
TERÇA — Os 6.6; Am 5.21-27; Mq 6.1-8
A exposição profética do desejo
divino
QUARTA — Mt 5.9,14
Doutrinas de guias cegos
QUINTA — Jo 13.34,35
Devemos ser conhecidos pelo amor
SEXTA — 1Pe 2.12; 3.16
Devemos ser conhecidos pelo bom
exemplo
SÁBADO — Tg 1.26,27
A verdadeira religião
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
DISSERTAR a
respeito da falência da religião oficial de Israel.
·
CONSCIENTIZAR dos
perigos do novo “fenômeno dos desigrejados”.
·
COMPREENDER que
a Igreja, como organismo vivo, precisa ser preservada.
INTERAÇÃO
Caro professor, nesta lição
estudaremos a respeito de um fenômeno religioso e social que vem ocorrendo na
atualidade, a nova religiosidade e o chamado “movimento dos desigrejados”. O
avanço científico, as novas tecnologias e as mudanças sociais e econômicas
pelas quais o mundo vem sofrendo, não promoveram o ateísmo como alguns
apregoavam. O homem tem sede de Deus e continua tentando encontrá-lo através
das muitas religiões do nosso tempo. O ateísmo não “assusta” ou preocupa mais a
igreja. Todavia, um novo fenômeno tem chamado a atenção dos teólogos e
sociólogos e a igreja deveria também estar atenta a ele, é o grande número de
pessoas que a cada dia se decepcionam com a igreja enquanto instituição.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Reproduza, segundo as suas
possibilidades, o quadro abaixo. Peça que os alunos observem com atenção o ranking dos
grupos por número de adeptos, segundo dados do censo do IBGE de 2010. Em
seguida faça a seguinte indagação: “O que tem contribuído para que o número dos
sem religião no Brasil venha crescendo?”. Ouça a todos com atenção e faça as
considerações que achar necessárias. Conclua enfatizando a necessidade de a
igreja refletir e avaliar a sua postura enquanto igreja visível e
institucional, pois temos uma tarefa e essa é inadiável e intransferível (Mt
28.19,20).
TEXTO BÍBLICO
Romanos 2.17-24.
17 — Eis que tu, que tens por
sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
18 — e sabes a sua vontade, e
aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
19 — e confias que és guia dos
cegos, luz dos que estão em trevas,
20 — instruidor dos néscios,
mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;
21 — tu, pois, que ensinas a
outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar,
furtas?
22 — Tu, que dizes que não se
deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio?
23 — Tu, que te glorias na lei,
desonras a Deus pela transgressão da lei?
24 — Porque, como está escrito, o
nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Desde o início do século passado, com
as novas descobertas científicas, temia-se que o mundo se tornasse ateu.
Todavia, o mundo tem se mostrado extremamente propenso à religiosidade. Dentro
de cada ser humano existe um vazio existencial que só pode ser preenchido pelo
Criador.
Neste início de século, um novo
fenômeno já começa a despontar; trata-se do que está sendo chamado de movimento
dos “desigrejados”. A cada dia muitos dizem estar desiludidos com a igreja
enquanto instituição. Porém, não podemos nos esquecer de que a Igreja, como
Corpo de Cristo, deve reunir-se e os irmãos precisam estar juntos, pois tal
postura não é algo opcional (Hb 10.25). Esse fenômeno é, na verdade,
cumprimento das Escrituras, que afirmam que “por se multiplicar a iniquidade, o
amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12).
Como lidar com estes que se dizem
desiludidos com a igreja? É sobre este assunto que estaremos refletindo neste
domingo.
I. A FALÊNCIA DA RELIGIÃO OFICIAL DE
ISRAEL
1. O nascimento da religião oficial
de Israel. A religião de Israel, o judaísmo, é a
institucionalização do sistema de vida prescrito por Deus para o povo eleito
(Dt 4.5-8). Ao passar 430 anos no Egito, o povo da promessa assimilou suas
práticas gentias, inclusive religiosas, que passaram a ser reproduzidas entre
os santos (Êx 12.40; 32.1-24; Lv 18.1-5). Após o cisma israelita que dividiu
Israel em Reino do Sul e Reino do Norte (1Rs 12.1-33), os profetas tornaram-se
cada vez mais incisivos em suas denúncias da apostasia nacional, principalmente
em relação aos reis e aos sacerdotes (Jr 7.21-26; 25.4; 29.19).
Tal denúncia chamava a atenção para a
verdade de que os rituais sem a observação dos mandamentos era apenas liturgia
mecânica e vazia.
Assim, após a extinção de ambos os
Reinos, quando o povo foi para o cativeiro e retornou, é que, segundo alguns
estudiosos, de fato nasceu o judaísmo — a religião oficial e institucionalizada
de Israel —, durante a restauração dos muros de Jerusalém sob a liderança
política de Neemias, e a religiosa de Esdras (Ne 8.1-18).
2. A boa consciência de Esdras e a
distorção posterior. Além de sacerdote, Esdras também era escriba, ou
seja, um copista que, ao retornar do cativeiro babilônico, inspirado pelo
Senhor, tornou-se “hábil na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel”
(Ed 7.6). Assim, como “Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei
do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os
seus direitos” (Ed 7.10), depois do assentimento desse propósito, ele deixa de
ser apenas um copista estatal e passa a ser “o escriba das palavras, dos mandamentos
do SENHOR e dos seus estatutos sobre Israel” (Ed 7.11). Depois dessa decisão,
uma mudança de paradigma ocorreu: Não somente o próprio Esdras, mas toda a
classe de escribas (contemporânea e posterior), passaram a serem professores do
povo.
O fato de o Senhor Jesus, séculos
depois, referir-se aos escribas de forma negativa (Mt 23.1-39; Lc 11.37-54) é
claramente explicável, visto que nesse tempo eles já pertenciam à seita dos
fariseus, que “complementavam” a Lei com suas tradições, tornando-a obscura e sem
efeito. É assim que, em o Novo Testamento, Jesus depara-se com um Israel em que
não faltava ensino da Lei, mas vivência (Mt 7.28,29); havia prática
tradicionalista exterior e mecânica, mas não sinceridade interior (Mt 15.1-9).
3. Um perigo para a igreja do
primeiro século e para a de hoje. Um
dos grandes adversários internos da igreja do primeiro século foi justamente o
judaísmo (At 15.1-29). Quem continuasse apegado a ele não poderia servir a
Cristo verdadeiramente (Gl 2.1-21; 5.1-15). Apesar de Israel ter sido escolhido
para representar a Deus, Paulo diz que o tradicionalismo os cegou e eles então
promoviam a vergonha do nome do Senhor por causa do mau testemunho (Rm
2.17-24). Jesus então inicia um novo tempo (Mc 1.1,15), institui a Igreja (Mt
16.18) e esta agora passa a ser a fiel representante de Deus na terra (1Pe
2.9).
É importante relembrar que tal
representatividade significa cumprir o que Israel fora chamado para fazer, e
não desfrutar de benefícios que, de forma equivocada, o Povo Escolhido pensou
que tinha. Em Êxodo 19.6, o texto mostra claramente que Deus chamou Israel para
ser um “reino sacerdotal”. Em o Novo Testamento, especificamente em 1 Pedro
2.9, a Palavra de Deus afirma que a igreja é o “sacerdócio real”. O que fazia o
sacerdote? Além de oficiar o culto, intercedia a Deus pelo povo (Êx 30.30; 1Sm
2.35; Hb 5.1). A igreja foi chamada para apresentar sacrifícios espirituais,
que consiste no ato de anunciar as obras maravilhosas do Deus que nos tirou das
trevas e nos trouxe para sua maravilhosa luz (1Pe 2.5,9). Portanto, a Igreja
assim deve proceder como forma de gratidão e chamado, e não a fim de ser
premiada.
Pense!
O que significa dizer que a Igreja é,
atualmente, a fiel representante de Deus na face da terra?
Ponto Importante
O sacerdócio da igreja consiste em
representar o Senhor na face da terra de tal forma, que as pessoas tenham
desejo de servir a Jesus Cristo por causa do bom exemplo de seus
representantes.
II. O “FENÔMENO DOS DESIGREJADOS”
1. O fenômeno. O
fenômeno dos desigrejados é novo, nasceu no final do século 20 nos Estados
Unidos, e lá foi denominado de Emerging Church (Igreja Emergente). Há no Brasil
adeptos dessa nova forma de “ser igreja”. Porém, não é este fenômeno específico
apontado pelo censo 2010 do IBGE, mas algo que possivelmente faça parte do que
o instituto classifica como sendo os “sem religião”. Esse “grupo” — que não tem
nada em comum a não ser a crença, ou não, em Deus e o não nutrir simpatia por
nenhuma denominação — já é o segundo maior do país. É possível que entre as
pessoas pesquisadas haja adeptos do “movimento igreja emergente”, porém, tanto
um quanto o outro, erroneamente, desistiram das igrejas convencionais (1Jo
2.19). Sabemos que “estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida,
e poucos há que a encontram” (Mt 7.14).
2. As possíveis causas. Não
há dúvida que muitos desse grupo foram enganados e seduzidos por ideias,
doutrinas e demais pensamentos que têm origem nas ações ou nas astutas ciladas
do Maligno (Ef 6.11). Outros saem por insubordinação, falta de compromisso e
também por quererem dominar sobre o povo (At 15.24; Tt 1.10-16). Contudo, é
preciso ponderar o fato inegável de que existem também outras causas, dentre
estas, questões de ordem pessoal (Rm 2.24). A despeito disso, a recomendação da
Palavra de Deus é clara: O crente não pode deixar de congregar com os irmãos
(Hb 10.25).
3. A pior causa da rejeição. Em
relação aos que já pertenciam às igrejas e por uma razão ou outra saíram,
talvez a preocupação seja menor. Entretanto, para os que nunca pertenceram a
igreja alguma e dizem acreditar em Deus, mas não querem pertencer a nenhuma
denominação por causa de maus testemunhos, é algo que deve nos preocupar (Lc
17.1). A igreja deve comportar-se como sal da terra e luz do mundo. Precisa
demonstrar à sociedade secularizada e relativista que não existe outro caminho,
outra verdade que não seja Jesus Cristo — cabeça da Igreja (Ef 4.15). Além do
mais, não podemos nos esquecer que, um dia, todos — líderes, liderados e desigrejados
— teremos de prestar contas dos nossos atos Àquele que conhece todas as coisas
e sonda os corações (Rm 14.12).
Pense!
O que podemos fazer para conter o
crescimento desse novo grupo de pessoas?
Ponto Importante
Apesar de não ser correto deixar de
congregar, é preciso sensibilidade para compreender as causas especificas que
ocasionaram o afastamento de cada uma dessas pessoas
III. PRESERVANDO A IGREJA COMO ORGANISMO
VIVO
1. O perigoso ciclo da igreja como
instituição. Um perigoso ciclo forma o caminho da igreja
enquanto instituição. Ele é composto de avivamento, movimento e monumento. De
fato, a história mostra-nos esse percurso: A Igreja nasceu no Pentecostes (At
2.1-13), tornou-se um poderoso movimento (At 2.42-47) e foi preciso reformá-la
na Idade Média, por ter se transformado em um monumento. E quando no século 17
ela caiu no formalismo, Deus soprou o seu Espírito, culminando em avivamentos,
a exemplo dos que aconteceram nos EUA no início do século passado,
alcançando-nos aqui no Brasil.
2. Avaliando nossa atuação. Se
por um lado o fenômeno dos sem-igreja é um sinal da falta do senso de pertença
que está em sintonia com o espírito dos novos tempos, por outro, deve, no
mínimo, levar-nos a refletir qual tem sido o nosso testemunho (1Co 10.32). Como
novos representantes de Deus na face da terra, precisamos ter muito cuidado
para não escandalizarmos o nome do Senhor. O exemplo de Israel deve nos ensinar
tal cuidado (Rm 2.24).
3. O valor do pentecostalismo
clássico. Uma das características desse novo “grupo
religioso” é a valorização da experiência religiosa que, para eles, deve ser
pessoal e significativa. Não existe segmento do cristianismo que valorize mais
esse aspecto que o pentecostalismo clássico. Por isso, podemos oferecer-lhes, de
forma bíblica, exatamente o que tanto procuram (At 19.2-6).
Por outro lado, mesmo entre aqueles
que pertencem a uma denominação, é inegável o fato de que existe um clamor,
praticamente geral, por um novo avivamento ou por uma nova reforma. Isso aponta
para a verdade de que carecemos diuturnamente da presença do Espírito Santo de
Deus.
Pense!
O clamor por uma nova reforma aponta
para o quê?
Ponto Importante
O valor da experiência de fé onde cada
pessoa, individualmente, experimenta o seu encontro com Deus é algo que deve
ser preservado.
CONCLUSÃO
É urgente que vivamos como sal e luz
deste mundo, pois temos uma tarefa que é inadiável e intransferível (Mt
28.19,20). Sejamos exemplo em tudo, para que o nome do nosso Pai celestial seja
glorificado pelas nossas boas obras (Mt 5.16).
ESTANTE DO PROFESSOR
DANIEL, Silas: A Sedução das Novas Teologias: O perigo por trás de modismos como Igreja
Emergente, Teologia Narrativa, Teismo Aberto, Teologia Quântica, Ortodoxia
Generosa e Evangelho da Auto-Ajuda.
1ª Edição. RJ: CPAD, 2007.
HORA DA REVISÃO
1. O
que era a religião oficial de Israel?
A religião de Israel, o judaísmo, era a institucionalização do sistema
de vida prescrito por Deus para o povo eleito.
2. Quem
fundou o judaísmo?
Segundo alguns estudiosos foi Neemias e Esdras.
3. Qual
é a pior causa da rejeição da igreja pelos “desigrejados”?
O fato das pessoas não quererem pertencer a nenhuma denominação por
causa de maus testemunhos.
4. Quais
são os três estágios da igreja enquanto instituição?
Avivamento, movimento e monumento.
5. O
que os “sem-igreja” mais valorizam?
Valorizam a experiência religiosa que, para eles, deve ser pessoal e
significativa.
SUBSÍDIO
“A
Igreja Emergente e seus Pressupostos Enganosos
O modismo denominado igreja Emergente
é muitíssimo novo. Nasceu no final do século XX, mas floresceu no início do
século XXI. Trata-se de um movimento que prega a necessidade de uma nova
compreensão do evangelho e da espiritualidade, e de uma nova teologia com uma
nova abordagem da Bíblia. Um de seus mais famosos proponentes é o pastor
americano Dan Kimball, que lançou em 2003 o livro The
Emerging Church: Vintage Christianity for New Generations (Zondervan).
Um pouco antes, porém, pesquisas de institutos cristãos já haviam constatado
uma tendência diferente no meio evangélico dos Estados Unidos e que nada mais
era do que o movimento já em formação. O livro de Kimball foi apenas o marco
para que o movimento da Igreja Emergente finalmente ganhasse corpo, se
cristalizasse e se tornasse uma realidade.
Em síntese, a Igreja Emergente ou a
Igreja Pós-moderna, como também é chamada, é um movimento nascido no meio
evangélico e que procura atrair cristãos influenciados pela pós-modernidade,
principalmente aqueles cristãos sem igreja ou que se definem como desiludidos
ou insatisfeitos com suas igrejas ou com todas as igrejas. Gente que se diz cansada
ou frustrada com a organização e a tradição de suas denominações (o que chamam
invariavelmente de ‘legalísmo’, termo que também tem outros sentidos para os
emergentes) e com o ‘sistema’ e ‘jeito de ser’ do meio evangélico” (DANIEL.
Silas. A Sedução das Novas Teologias. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2007, pp.30-31).
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PAZ DO SENHOR
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