A EBD e o Discipulado Cristão
Jesus cumprira o seu
ministério terreno, vencera a morte e estava prestes a retornar aos céus. A sua
missão redentora consumara-se. Os Evangelhos nos relatam três intensos anos
ministeriais de milagres, pregações e ensinamentos. Seus apóstolos já estavam habilitados
à continuação da obra por Ele iniciada. Foram discipulados. "Ensinava-lhes
muitas coisas , Mc 4.2. E Mateus finaliza seu Evangelho com as palavras
'imperativas de Jesus: “Portanto ide, ensinai...” Mt 28.39".
Era a vez dos discípulos
aplicarem os ensinamentos adquiridos. Essa determinação transcende os dias
apostólicos enriquecendo a História da Igreja. É imprescindível para os dias
atuais e há de ser dinâmica até que se dê o arrebatamento.
Sabemos que o Brasil
é um dos maiores celeiros evangelísticos do mundo. Ano após ano, milhares de
pessoas são alcançadas pelo Evangelho através dos púlpitos dás igrejas, das
grandes cruzadas, dos programas radiofônicos e de televisão, é especialmente
através do eficaz evangelismo pessoal, o corpo a corpo.
As igrejas traçam metas e
a uma voz proclamam a evangelização. É o "ide" em ação. Somos, sem
sombra de dúvida, bons evangelistas, bons pregadores, bons ganhadores de almas.
Lançamos bem as redes ao mar e quando as puxamos vemos que estão abarrotadas
de.peixes de todas as espécies e tamanhos. Bela pescaria! Aliás, toda boa
pescaria é feita em alto mar, ou seja, além dos portões da igreja.
Discipular
Mas as vidas preciosas
deverão ser trazidas para o cuidado devido. É o discipular. Chegamos até mesmo
a computar nomes e endereços para dados estatísticos que hão de compor os
relatórios mensais ou anuais da igreja. Feito isso, dizemos: “Missão cumprida!”
e paramos por aí.
Entretanto, há lugar para
muito mais na Casa de Deus. E a segunda parte do mandamento, o "ensinai"?
Será que nosso grande anseio em levar vidas preciosas aos pés do Senhor Jesus
não deveria ser acompanhado de maior preocupação em manter o precioso resultado
obtido? Não seria o caso de ultrapassarmos os limites das fronteiras daquele
sublime momento de uma decisão, acompanhando e cuidando?
Integração
Este em jogo a conservação do novo convertido na Casa do Senhor.
Há que se valorizar o imediato momento pós-evangelismo com o útil exercício da
integração.
Isso significa que há
bebês espirituais na Casa do Senhor. Quem lhes dispensará cuidados? A
continuação dessa longa e preciosa jornada dependerá de como eles serão
conduzidos em seus primeiros passos na fé. Normalmente, dispensa-lhes a
primeira atenção aqueles que o geraram na fé; aqueles que o levaram à igreja e,
conseqüentemente aos pés de Jesus.
Como ficará aquele que,
levado pelo extremo de suas necessidades espirituais ou mesmo materiais, muitas
vezes amargando solidão, medo, tristeza, adentra à igreja sem convite? Não
podemos deixá-los sós.
Atenção especial
É hora de criar condições
para a sua integração. O seu novo caminhar será bem mais seguro, no meio de
amigos sinceros que só querem o seu bem-estar, o que lhe proporcionará uma
identificação com a sua nova comunidade. Esse lugar é a igreja que ele escolheu
para servir a Jesus. Ele necessita de atenção especial, capaz de promover em
seu viver a graça e o conhecimento no Filho de Deus. Isso é tão importante
quanto levar a pessoa aos pés do Senhor. Isso é integração.
Início imediato
O discipulado deve ter o seu início no momento seguinte à rendição
do pecador a Cristo. A formação de discípulos se faz necessária, a fim de
tomá-los árvores frondosas e frutíferas. Integrar e discipular, após o
resultado evangelístico, é a perfeita trilogia que promove o crescimento da
Igreja.
Discipuladores bem
treinados darão discípulos fortes e conseqüentemente uma igreja crescente. Se
há novos convertidos, é porque a igreja está crescendo, e se a igreja está
crescendo, é porque há novos convertidos. Filhos gerando filhos!
A igreja é a única
responsável pelo seu próprio crescimento. Para isso, é necessário empreender
esforços e investimentos. Esta não é uma tarefa fácil. Tampouco é atraente ou
lucrativa. Pelo contrário, demanda treinamento, tempo, dedicação, oração,
renúncia e recursos. E um exclusivo exercício de amor.
O discipulador
É um importante agente
integrador do novo crente-igreja. Necessariamente, deve ser um salvo convicto,
com experiências espirituais, de forma a poder auxiliar o novo crente em
questões também espirituais. Seu correto proceder social e devocional deve
transmitir convicção que demonstre ser ele pessoa cumpridora de suas
obrigações, dentro e fora da igreja, ou seja, que vive o que ensina.
A responsabilidade, a constância, a fidelidade, a
liderança, a pontualidade, a assiduidade, a paciência e a disciplina são
virtudes que influenciam positivamente seus liderados. Todo o seu viver deve
estar sob o senhorio de Cristo. Some-se a isso o conhecimento das Escrituras,
sem o que será inapto e desqualificado para discipular.
Estratégias
Como manter o novo
convertido na Casa do Senhor? Não existe receita pré-elaborada, mas destacamos
estratégias que, bem usadas, trarão excelentes resultados.
· O amor evidenciado é a chave-mestra que abre as portas do
discipulado desde o primeiro momento. É tão bom sentir-se amado. Aliás, amar
não é favor nenhum. Pelo contrário, é o nosso dever maior;
· A visita ao lar do novo convertido é importante e imprescindível.
É nessa atitude que demonstramos o interesse da igreja em mantê-lo
congregacionalmente, fazendo-o sentir-se valorizado;
· Deve ser integrado á grupos já existentes na igreja que poderão
ajudá-lo no exercício da fé;
· Deve ser conduzido a uma vida de Oração;
· Deve ser orientado a amar a igreja e conscientizado de que ali é a
Casa de Deus, lugar de adoração, e que os dízimos e ofertas são destinados à
manutenção da obra do Senhor;
· Deve ser realçado o valor da pessoa do pastor, como anjo da igreja
e ungido do Senhor, levantado por Deus para sua orientação espiritual e
doutrinária, a quem se deve obediência, respeito e honra (Hb 13.17);
· Ao novo convertido deve ser ensinado frutificar e gerar outras
ovelhas;
· A Escola Dominical é o departamento indicado para esse fim. Ali
receberá ensinamentos em todos os rudimentos da fé. Ele vai entrar num processo
de aprendizado e desenvolvimento onde terá a compreensão, dentre outras, da
necessidade de:
a) amar e cultuar a Deus;
b) caminhar com alegria
para a Casa do Senhor;
c) manusear bem a Palavra.
Certamente ele passará a se interessar em conhecer mais detalhadamente a
Bíblia, aprender a amá-la e desfrutar de seu alimento diariamente. Caso
contrário, crescerá fraco e será presa fácil dos ventos de falsas doutrinas;
d) ser e fazer parte do
Corpo de Cristo através do batismo nas águas;
e) buscar o poder do alto
atraíres do qual será vitorioso contra as ciladas do inimigo.
Nessa Escola tão singular,
as doutrinas e princípios bíblicos serão o genuíno leite espiritual de que
tanto precisa. O discipulado será ministrado como um curso compacto que lhe
dará a visão do todo. Ele vai amar essa Escola e nela vai adquirir consistência
e maturidade espiritual de forma que procurará prosseguir conhecendo o seu
Senhor (Hb 5.13).
Uma boa preparação
discipular imuniza o novo convertido contra heresias e fanatismos, uma vez que
saberá qual é a fonte da verdade, a Palavra.
ABC da Palavra
Imaginemos um aluno do
ensino fundamental de uma escola secular tendo que assistir a aulas em uma
classe de nível universitário. Como ele entenderá assuntos tão elevados à sua
maturidade intelectual? Da mesma forma, o neófito não entenderá relevantes
assuntos espirituais se não passar pelo abc da Palavra. A Escola Dominical, através
do discipulado, o auxiliará nesse trânsito.
A distinção desse aprendizado faz-se necessária
devido ao seu conteúdo programático acessível ao nível espiritual do
principiante. Ele é um iniciante nas coisas espirituais e só com o tempo e no
momento certo aprenderá e compreenderá as doutrinas básicas sobre Deus, Jesus
Cristo, Espírito Santo, Igreja, anjos, pecado e salvação.
No currículo normal das classes já existentes, muitas
vezes a lição do trimestre vem tratando de assuntos profundos e difíceis até
mesmo para os que se dizem maduros na fé. O que dizer, por exemplo, dos
assuntos escatológicos? Daí a necessidade de uma classe à parte para assistir
os novos na fé.
Temos em Barnabé o exemplo
típico de integrador e discipulador quando tão bem posicionou Paulo entre os
apóstolos. Este, por sua vez, posicionou a Timóteo e Filemom.
Também não podemos deixar
de mencionar a feliz atuação de Filipe, o evangelista, quando socorreu o eunuco
da rainha de Candace esclarecendo-lhe sobre as Escrituras. Seu ensinamento foi
tão eficaz que resultou na formação de um discípulo convicto (At 8.26-38).
Sob a orientação do
Espírito Santo, a igreja, através da Escola Dominical, deve empreender atuação
no sentido de criar a classe dos novos convertidos. E se ela já existir,
aperfeiçoá-la de forma a contribuir para o seu crescimento quantitativo e
qualitativo. Assim estaremos cumprindo não apenas o "ide", mas também
o "ensinai" que Jesus determinou.
FONTE ESCRIBA DIGITAL
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