Lições Bíblicas CPAD Adultos
3º Trimestre de 2015
Título: A Igreja e o seu Testemunho — As
ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 2: O Evangelho da Graça
Data: 12 de Julho de 2015
TEXTO ÁUREO
“[...] contanto
que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor
Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24).
VERDADE PRÁTICA
O evangelho da graça de Deus é por excelência o evangelho da libertação
do homem através do sacrifício salvífico de Jesus Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — 1Tm 1.7
Falsos doutores da lei que não compreendiam o que ensinavam
Terça — 1Tm 1.9,10
A Lei não foi feita para os justos, mas para os injustos
Quarta — 1Tm 1.17
A Deus honra e glória para sempre
Quinta — 1Tm 1.20
Entregues a Satanás para que aprendam a não blasfemar
Sexta — 2Tm 4.7
Combatendo o bom combate da fé cristã
Sábado — Gl 1.15
Paulo foi chamado pela graça de Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo 1.3-10.
3 — Como te roguei, quando parti para
a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem
outra doutrina,
4 — nem se deem a fábulas ou a
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 — Ora, o fim do mandamento é o amor
de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 — Do que desviando-se alguns, se
entregaram a vãs contendas,
7 — querendo ser doutores da lei e não
entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.
8 — Sabemos, porém, que a lei é boa,
se alguém dela usa legitimamente,
9 — sabendo isto: que a lei não é
feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e
pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas,
para os homicidas,
10 — para os fornicadores, para os
sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e
para o que for contrário à sã doutrina.
HINOS SUGERIDOS
27, 156, 464 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Explicar o que é o evangelho da graça de Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor
deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I
com os seus respectivos subtópicos.
- I.
Mostrar porque as
falsas doutrinas corrompem o evangelho da graça.
- II.
Conscientizar-se de que a
graça superabundou com a fé e o amor.
- III.
Compreender o
significado do bom combate.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Paulo foi escolhido e enviado pelo Senhor para anunciar e
ensinar o verdadeiro significado da graça. No Antigo Testamento apenas Israel
era o povo eleito de Deus. Porém, como prova do seu amor altruísta, Deus enviou
seu filho Jesus Cristo para morrer na cruz por toda a humanidade. Jesus veio
trazer salvação a todos. Em Cristo não há judeu, gentio, servo, livre, homem ou
mulher (Gl 3.28). O evangelho da graça, diferente do judaísmo, não exclui
ninguém. Todos são alvos do favor de Deus. Somos salvos não pelas obras da Lei,
nem pelas obras que realizamos, mas recebemos o presente da salvação unicamente
pela graça. Que você, juntamente com seus alunos, louvem a Deus por sua
infinita e abundante graça.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Ao se despedir dos anciãos de Éfeso, Paulo expressou seu
sentimento de preocupação com o rebanho de Deus, pois tinha receio de que na
sua ausência as ovelhas do Senhor fossem atacadas (At 20.29,30). Sem dúvida,
foi um sentimento dado pelo Senhor, pois sete anos depois, Paulo estava
deixando Timóteo em Éfeso, para combater os “lobos cruéis”, que queriam
“devorar” o rebanho sob seus cuidados pastorais. Nos dias de hoje, há igrejas
que abrigam falsos obreiros, que pervertem a sã doutrina matando ou dispersando
as ovelhas.
PONTO CENTRAL
Os
falsos ensinos corrompem o Evangelho da graça de Deus.
I. AS FALSAS DOUTRINAS CORROMPEM O EVANGELHO DA GRAÇA
1. O evangelho da graça. É o Evangelho libertador que Cristo trouxe ao
mundo, por bondade de Deus, independente das obras humanas (Ef 2.8,9). Paulo se
referiu a esse Evangelho de maneira muito eloquente (At 20.24). Ele conhecia
esse Evangelho, não apenas na teoria, mas por experiência própria. De modo
inexplicável, o blasfemo e perseguidor dos cristãos, foi escolhido para ser um
dos maiores pregadores do Evangelho de Cristo (1Tm 1.12-14). Será que daríamos
oportunidade a um indivíduo com tal histórico?
2. As falsas doutrinas (v.3). Os falsos mestres seriam presbíteros, a quem
cabia a tarefa de ministrar o ensino à igreja (1Tm 5.17; 3.2). As falsas
doutrinas eram apresentadas como “fábulas ou genealogias intermináveis” (1.4).
As “fábulas” (gr.mythoi) eram narrativas imaginárias, lendas, ficção. Na literatura,
têm seu lugar. Mas, na Igreja, não deve haver espaço para fábulas ou mitos. No
texto, não fica claro qual o conteúdo das “genealogias”, mas, ao lado das
fábulas, eram ensinos que traziam especulações e controvérsias inúteis que não
edificavam os irmãos em nada. Timóteo foi o mensageiro, enviado por Paulo, para
enfrentar e combater tais ensinos. Há igrejas evangélicas que aceitam esse tipo
de ensino e permitem que o emocionalismo tome lugar do verdadeiro avivamento
espiritual.
3. O “fim do mandamento” e a finalidade da Lei. Paulo chamou a atenção de Timóteo, seu enviado
a Éfeso, para a doutrina de Deus e de Cristo, a que ele resumiu no
“mandamento”, e sua finalidade (1Tm 1.5,6). Em seguida, Paulo ensina acerca do
objetivo da Lei, e para quem ela se destinava, discriminando, no texto, uma
longa lista de tipos de pessoas ímpias que eram alvo dos preceitos legais (1Tm
1.9-11).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Paulo alerta a respeito das falsas doutrinas, pois elas acabam
corrompendo o evangelho da graça.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os
presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a
verdadeira mensagem de Cristo. Agora que isso já estava acontecendo, Paulo
exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem pastor não devia
transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei quanto o
evangelho. Ele deveria travar contra eles o bom combate mediante a proclamação
da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2Tm 1.13,14). A
expressão ‘outra doutrina’ vem do grego heteros e significa ‘estranha’, ‘falsificada’,
‘diferente’” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1864).
II. A GRAÇA SUPERABUNDOU COM A FÉ E O AMOR
1. Gratidão a Deus. Uma das
características marcantes do caráter de Paulo é o ser grato a Deus (Rm 7.25;
1Co 1.4; 14.18; 2Tm 1.3). Nesta parte da Epístola, ele expressa sua gratidão a
Cristo por tê-lo escolhido e posto no ministério apostólico e pastoral, apesar
de ter sido um terrível opositor do Evangelho de Jesus (1Tm 1.12,13). É mais
uma demonstração do que o “evangelho da graça de Deus” pode fazer na vida de um
homem. Deus tem seus santos caminhos. O evangelho é a expressão do amor de
Deus, em Cristo Jesus, que alcança um homem no mais baixo nível de pecado e o
faz uma “nova criatura” (2Co 5.17), e mais, ainda, o faz parte da “família de
Deus” (Ef 2.19). Paulo reconhece que “[...] a graça de nosso Senhor
superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo” (1 Tm 1.14). Foi Jesus
quem o salvou e o transformou mediante sua graça.
2. Humildade. Paulo não
era mais um novo convertido ou neófito quando escreveu suas cartas a Timóteo.
Ele não estava usando de falsa modéstia quando declarou ser o principal pecador
que Jesus veio salvar (1Tm 1.15). Paulo tinha convicção de que fora salvo pela
graça, e não por seus méritos. Mesmo na condição de salvo, o crente deve saber
que não merecíamos o dom (presente) da salvação.
Como salvos em Jesus Cristo, não temos mais prazer no pecado.
Aquele que ainda tem prazer no pecado, não experimentou o novo nascimento:
“Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; porque a sua
semente permanece nele; e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”
(1Jo 3.9).
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Paulo reconhece que a graça de Jesus superabundou com a fé e o amor
que há em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Não obtemos por boas obras (a essência da religião legalista) o
direito à libertação do pecado e da morte. Jamais! Graça significa que tudo
começa e termina com Deus. A salvação é, então, um presente de nosso Criador.
Nós criamos a nossa própria ruína, mas nele reside nosso socorro. O Criador
restaura com as próprias mãos sua obra-prima arruinada. Enquanto a graça é a
origem ou fonte da nossa salvação, a fé é o seu meio ou instrumento. A fé não
faz reivindicações, para que não seja dito que foi por ‘mérito’ ou ‘obra’” (Comentário
Bíblico Beacon. 1ª Edição.
Volume 9. RJ: CPAD, 2006, p.136).
III. UM CONVITE A COMBATER O BOM COMBATE (vv.18-20)
1. A boa milícia. Depois de
orientar Timóteo sobre a difícil missão de combater as heresias, na igreja de
Éfeso, Paulo dá uma palavra de ânimo, encorajamento e incentivo ao jovem
pastor. Como um verdadeiro “pai na fé”, o apóstolo diz: “Este mandamento te
dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti,
milites por elas boa milícia” (1Tm 1.18). Paulo lembra a Timóteo que seu
ministério foi confirmado por profecia. Deduz-se, do texto, que as profecias
eram tão consistentes, que Timóteo deveria militar “a boa milícia”, ou o bom
combate, com base naquilo que Deus lhe havia falado (1Tm 1.18).
2. A rejeição da fé e suas consequências (1Tm 1.5). Quem rejeita “a fé não fingida” e a “boa
consciência” cristã colhe os resultados de sua má escolha. O resultado é o
“naufrágio na fé”. Paulo toma como exemplo Himeneu e Alexandre, obreiros que
entraram por esse caminho. Quanto a Himeneu, sua postura é tão terrível que ele
é citado em 2 Timóteo 2.17. Seu nome deriva de Himen, “deus do casamento”, na
mitologia grega. Não se sabe ao certo qual “doutrina” falsa ele semeava.
Estudiosos dizem que ambos eram representantes do gnosticismo no meio da igreja
de Éfeso. Com relação a Alexandre, aliado de Himeneu na semeadura das falsas
doutrinas, era tão pernicioso, que Paulo o considera desviado ou “naufragado”
na fé. Sua influência era tão maliciosa que Paulo os entregou “a Satanás, para
que aprendam a não blasfemar” (1Tm 1.20). Que o Senhor livre sua Igreja dos
falsos mestres.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Paulo convida Timóteo a combater o bom combate, mesmo diante das
dificuldades.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Conforme Timóteo 1.18, houve profecias concernentes à vontade
de Deus para o ministério de Timóteo na igreja (1Co 14.29). Paulo exorta a
Timóteo a permanecer fiel àquela vontade revelada para sua vida. Como pastor e
dirigente da igreja, Timóteo devia permanecer leal à verdadeira fé apostólica e
combater as falsas doutrinas que estavam penetrando insidiosamente na igreja.
Paulo adverte Timóteo várias vezes a respeito da terrível
possibilidade da apostasia e abandono da fé” (Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, p.1865).
CONCLUSÃO
O cristianismo nasceu debaixo de perseguição e confronto com
heresias e ensinos desvirtuados. Na consolidação de igrejas abertas em suas
viagens missionárias, Paulo teve que oferecer resistência e ação decidida
contra os “lobos vorazes”, que haveriam de surgir, até mesmo no seio das
igrejas, como no caso da igreja de Éfeso. Com a graça de Deus e o apoio de
homens fiéis, como Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo fez frente aos falsos
mestres que se levantaram para prejudicar o trabalho iniciado e desenvolvido em
muitas igrejas cristãs.
PARA REFLETIR
A respeito
das Cartas Pastorais:
Segundo a
lição, o que é o evangelho da graça?
É o evangelho
libertador de Cristo.
Como eram
apresentadas as falsas doutrinas?
Eram apresentadas
como fábulas ou genealogias.
De acordo
com a lição, cite uma característica marcante do caráter de Paulo?
Sua gratidão
a Cristo.
O
ministério de Timóteo havia sido confirmado mediante o quê?
Havia sido
confirmado por profecia.
Segundo a lição,
qual o resultado da rejeição à fé?
O resultado é
o naufrágio na fé.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Evangelho da Graça
Professor, iniciando a aula, leia o seguinte versículo: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus”
(Ef 2.8). Faça uma reflexão com os alunos mostrando que se hoje estamos firmes
com Cristo é porque um dia nós fomos alcançados pela maravilhosa Graça de Deus.
Além de nos salvar pelo ato da sua graça, Deus nos preparou as boas obras para que
andássemos por elas. Explique que as boas obras não salvam, mas dá um poderoso
testemunho diante da sociedade sobre o quanto fomos alcançados pela graça
divina.
A doutrina da Graça de Deus é uma das verdades mais gloriosas
das Sagradas Escrituras. A convicção de que não há nada na pessoa humana capaz
de preencher o vazio da alma, isto é, o restabelecimento da nossa ligação com
Deus e o significado do sentido último da vida, e saber que só Deus é capaz de
fazer esse milagre em nós, mostra-nos o quão miserável nós somos e quão
misericordioso Deus é.
A doutrina da Graça apresenta-nos o misericordioso Deus, que em
Jesus Cristo estava reconciliando o mundo consigo mesmo (2Co 5.19), operando em
nós para o reconhecermos Pai amoroso. Por isso, apresentar a doutrina da Graça
ao pecador é conceder-lhe libertação da prisão do pecado, a autonomia da fé em
Cristo e o privilégio em sabermos que não há nada que pode separar-nos do amor
de Deus (Rm 8.33-39).
Caro professor, quando falamos da Graça de Deus,
inevitavelmente, chegaremos ao tema da eleição divina. Como a graça de Deus nos
alcançou? A graça de Deus é arbitrária sem levar em conta a responsabilidade
humana? Qualquer estudo sobre a eleição divina tem de partir obrigatoriamente
da Pessoa de Jesus. Em Jesus não achamos qualquer particularidade divina em
eleger alguns e deixar outros de fora, resultado de uma escolha divina
arbitrária e individualizada antes da fundação do mundo. A escolha de Deus se
deu em Jesus (Ef 1.4; Rm 8.29). Nele, a salvação é oferecida a todos (2Pe 3.9;
cf. Mt 11.28), e, pela sua presciência, o nosso Senhor sabe quem há de ser
salvo ou não. A eleição de Deus leva em conta a volição humana, pois é um dom
dEle mesmo à humanidade. Assim, quando levamos em conta a volição humana não
esvaziamos a soberania de Deus e da sua Graça. Pelo contrário, afirmamos a sua
soberania, pois Deus escolheu fazer um homem autônomo. Afirmamos também que a
graça de Deus opera, restaurando a capacidade do homem de se arrepender e crer
no Evangelho (1Tm 4.1,2; Mt 12.31,32).
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